Às vezes, na minha ignorância das coisas da vida, eu busco pistas sobre a minha própria existência no meio da vida dos outros, nos registros, nas fotos. Nem sempre encontro muito sentido. Nem sempre encontro uma linha reta. Mas é bom para passar o tempo.
Eu tenho um grupo de amigos de muito tempo e comecei a pedir a todos as fotos em que eu aparecia, para copiar. E eu aparecia em muitas. Num instante, juntei um pacote com dezenas de fotos das mais diversas fases da minha vida. Comecei a montar um álbum por temas. Festa, viagem, formatura, casamento, filhos, batizado, aniversário. Aí parei. Perdi o interesse. Fui fazer outra coisa. Esqueci desse projeto de álbum.
Até aí, tudo bem. Mas hoje encontrei o pacote, com as fotos. E tentei revigorar o projeto original, abandonado após aquela primeira separação. Notei que havia uma porção de fotos que extrapolavam a temática etiquetada dos maços de fotografias. Em “Festas”, por exemplo, ali estava eu, com uma cara de perdido, vestido com uma fantasia de Barney Rubble, o amigo do Fred Flintstone. Sim, eu poderia deixar essa no álbum, mas preferi separar e colocar no canto.
Em uma outra foto, alguém colocava uma casca de melancia atrás da minha cabeça. Eu ficava com um par de chifres. Também separei essa. Havia um monte de fotos com gente fazendo chifrinho, mas essa com casca de melancia eu achei um abuso.
Numa terceira, alguém me flagrou pulando numa piscina com uma cadeira de plástico. Foi numa pousada em Pirinópolis. A mulher que tomava conta da pousada só faltou chamar a polícia. Felizmente, não quebrei nada. Coloquei de lado.
Não são fotos mostráveis para os filhos, embora sejam educativas: filhotes, não paguem mico desse jeito, faz favor. Aí cansei desse tema do álbum.
Folheando o maço “Viagens”, encontrei uma foto em que estou numa rede, em Jericoacoara, numa casa de pescador. É uma foto muito boa que me traz zilhões de recordações. Em outra, meus pés flutuam sobre o mar azul de Cancun, na minha primeira e única experiência de esportes radicais. Sentado e sem proteção alguma, fui puxado de para-quedas por uma lancha pela praia mexicana. Foram dez minutos de pura adrenalina a cinqüenta dólares. Faz vinte anos que fiz esse passeio, mas até hoje me lembro como se fosse ontem. A foto dos meus próprios pés, com a unha do meu dedão encravada, é a única prova da minha aventura. A câmara disparou sozinha e teria caído no mar, lá de cima, se não estivesse presa no meu pulso.
Resumindo. Passei um tempão vendo foto velha. Aí encontrei um pacote de fotos que não entraram no álbum de fotos do casamento. Fiquei um tempão olhando as fotos do que tempo em que eu e a minha mulher éramos mais jovens. Então encontrei uma foto sensacional. A minha foto Don Vito Corleone jovem. Eu, fazendo cara de mau, com chapéu, gravata e sobretudo. Nem sei onde tirei essa foto. Mas ali, de braços cruzados, com cara de bravo, a boca fazendo um arco para baixo, eu sou Robert de Niro. Sou mesmo.
8 comentários:
careca, você tem uma pinta na bochecha?
Quem nunca tirou uma foto assim, de Don Vito? Eu tenho a minha por aí perdida, mas preciso tirar outra.
Franka, de longe parece uma pinta, mas é uma verruga.
Rodrigo, a gente podia fazer um blog só de fotos Don Vito, que tal?
uma vez, num casamento.
tentei tirar uma meio Michael Corleone. Ficou legal não.
pareceu mais o pinguim do batman.
grande abraço, Carecone
Careca, sugiro que as fotos que você decidiu que ficariam fora do álbum virem um álbum temático, algo como "dez coisas que eu fiz e não mostraria pros meus filhos" ou "não reproduza a cena em casa, riscos à sua segurança" ou "simplesmente as melhores coisas da vida antes dos meus filhos"... Ah, mas seu dedo apareceu até em Cancun? Putz dedo aparecido!!! rsrsrs Abraços!
Bono, depois mande para colocarmos no blog "A família Corleone". :)
Janaína, uma idéia excelente. Tenho certeza de que esse álbum seria um campeão de audiência. Vou postar a foto do dedão em Cancun. Aguarde. :)
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