Meu filho estava com uma gripe leve, mas com dor de cabeça, na última quinta-feira. Por isso, fricou em casa. Na sexta-feira ele ainda estava resfriado. Mas visivelmente recuperado. No sábado, brincou até cansar. No domingo, ele já acordou preventivo.
_Pai, amanhã é melhor eu não ir para a escola.
_Mas por quê, filhote?
_É que eu acho que eu vou ter dor-de-cabeça, paiê!
_E daí?
_Daí que eu não quero passar minha dor-de-cabeça pros meus colegas!
domingo, 31 de maio de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
A frustração costumeira
Ele está dormindo no sofá. Os outros meninos estão deitados sobre vários colchões vendo Homem Aranha 3, projetado na parede. Eu passo por trás, para não atrapalhar a projeção. Consigo pescar o meu garoto. Tenho experiência e carregá-lo dormindo. Sei contrabalançar o peso. Consigo ajeitá-lo rapidamente, a cabeça apoiada no meu ombro. Ele apaga, quando dorme. E hoje, na casa desse amigo, deve ter corrido muito.
Eu o coloco com cuidado, no banco de trás, ajeito o cinto de segurança. Dirijo com cuidado, observo o trânsito. Diversas coisas já mudaram nos caminhos que faço. Já faz tempo que não dirijo à noite. Levo quase uma hora para voltar para casa.
Ao chegar, o adolescente do quarto andar segura a porta do elevador para mim. Caramba, o garoto vai sair agora. São onze e trinta e o garoto vai sair agora.
Fico pensando no meu menino, daqui a dez anos. Quando ele estiver com dezesseis, a que horas sairá?
Aos vinte, revolucionário. Aos quarenta, um conservador arbitrário. Na adolescência, incendiário. Bombeiro aos trinta. Como é mesmo o ditado?
Meu filho ligou lá pelas nove horas. Pediu para ficar na casa do amigo, para dormir. Eu não deixei. O combinado tinha sido de ficar na casa do amigo até as nove e meia, dez horas da noite. Depois eu iria buscar. Foi o que eu fiz.
Às vezes eu acho que tenho que manter todos os combinados.
Às vezes eu acho que não faz mal relaxar um pouquinho. Depois me arrependo de ter relaxado.
Uma vez um amigo me disse que o pai era psicólogo. Esse amigo era filho único.
_Pô, filho único é super-mimado, um tremendo reizinho – eu disse.
_Que nada, com o meu velho era só não. Ele sempre negava. Dizia que era pra me acostumar com frustração.
_E você se acostumou?
_Sim, com o tempo achei natural ele ser frustrante.
Eu o coloco com cuidado, no banco de trás, ajeito o cinto de segurança. Dirijo com cuidado, observo o trânsito. Diversas coisas já mudaram nos caminhos que faço. Já faz tempo que não dirijo à noite. Levo quase uma hora para voltar para casa.
Ao chegar, o adolescente do quarto andar segura a porta do elevador para mim. Caramba, o garoto vai sair agora. São onze e trinta e o garoto vai sair agora.
Fico pensando no meu menino, daqui a dez anos. Quando ele estiver com dezesseis, a que horas sairá?
Aos vinte, revolucionário. Aos quarenta, um conservador arbitrário. Na adolescência, incendiário. Bombeiro aos trinta. Como é mesmo o ditado?
Meu filho ligou lá pelas nove horas. Pediu para ficar na casa do amigo, para dormir. Eu não deixei. O combinado tinha sido de ficar na casa do amigo até as nove e meia, dez horas da noite. Depois eu iria buscar. Foi o que eu fiz.
Às vezes eu acho que tenho que manter todos os combinados.
Às vezes eu acho que não faz mal relaxar um pouquinho. Depois me arrependo de ter relaxado.
Uma vez um amigo me disse que o pai era psicólogo. Esse amigo era filho único.
_Pô, filho único é super-mimado, um tremendo reizinho – eu disse.
_Que nada, com o meu velho era só não. Ele sempre negava. Dizia que era pra me acostumar com frustração.
_E você se acostumou?
_Sim, com o tempo achei natural ele ser frustrante.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
O motim no Bounty
Nem sei mais porque comprei esse livro da Caroline Alexander. Acho que não foi pelo tema, embora já conhecesse a história das versões do cinema. Vi uma versão com o Marlon Brando. E uma em preto e branco, acho que foi com o Humphrey Bogart. Gostei das duas. Do cinema, guardei na memória a impressão de que o filme retratava uma rebeldia contra as regras excessivamente rígidas da marinha da época. O filme seria um embate entre o que é novo e amante da liberdade e o que é conservador, severo, rígido e brutal.
A história do Bounty é muito diferente. Não é como a minha memória traiçoeira me fazia lembrar. Eu torci, eu lembro, para o Brando-Fletcher Christian, o jovem oficial que lidera os homens contra a brutalidade e rigidez do comandante Bligh. Não é nada disso. O livro de Caroline Alexander mostra por a mais b que não foi nada disso. Mas ainda assim é essa a versão que permanece.
Caroline Alexander escreveu Endurance. Conta a trajetória de Shackleton para chegar à Antartica. Foi um dos melhores livros sobre fatos históricos que eu jamais li. Conta a história real baseada em documentos e registros, tintim por tintim. É genial. Por causa do Endurance, reli Moby Dick e uma série de livros e autores que sempre adorei, de Melville a Maugham, de Conrad a Alexander.
E por causa desses livros e autores excelentes, comecei a montar barcos de madeira da Artesania Latina, Constructo, Midwest, Great Models e outros. Depois tive que parar, por causa de poeira, cola e alergia. E também porque é um hobby super caro. Tenho dois modelos inacabados. Um grande barco que precisa ser restaurado. E muita preguiça de começar.
Tantos livros e autores excelentes.
Às vezes dá vontade de ser só consumidor.
A história do Bounty é muito diferente. Não é como a minha memória traiçoeira me fazia lembrar. Eu torci, eu lembro, para o Brando-Fletcher Christian, o jovem oficial que lidera os homens contra a brutalidade e rigidez do comandante Bligh. Não é nada disso. O livro de Caroline Alexander mostra por a mais b que não foi nada disso. Mas ainda assim é essa a versão que permanece.
Caroline Alexander escreveu Endurance. Conta a trajetória de Shackleton para chegar à Antartica. Foi um dos melhores livros sobre fatos históricos que eu jamais li. Conta a história real baseada em documentos e registros, tintim por tintim. É genial. Por causa do Endurance, reli Moby Dick e uma série de livros e autores que sempre adorei, de Melville a Maugham, de Conrad a Alexander.
E por causa desses livros e autores excelentes, comecei a montar barcos de madeira da Artesania Latina, Constructo, Midwest, Great Models e outros. Depois tive que parar, por causa de poeira, cola e alergia. E também porque é um hobby super caro. Tenho dois modelos inacabados. Um grande barco que precisa ser restaurado. E muita preguiça de começar.
Tantos livros e autores excelentes.
Às vezes dá vontade de ser só consumidor.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Reunião de condomínio
Durante muito tempo eu me furtei de participar de reunião de condomínio.
Aí comecei a prestar atenção.
E parei de me furtar.
E também de me deixar ser furtado.
Hoje participo de todas.
E discuto com paixão todos os centavos extras que alguns querem cobrar.
A reunião de hoje acabou de acabar.
Aí comecei a prestar atenção.
E parei de me furtar.
E também de me deixar ser furtado.
Hoje participo de todas.
E discuto com paixão todos os centavos extras que alguns querem cobrar.
A reunião de hoje acabou de acabar.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Duas histórias dos outros
O caminho certo
Minha irmã me conta como foi difícil encontrar a panificadora onde comprou uma deliciosa torta de framboesa, recomendada por uma amiga.
_Achei o endereço na lista. Era uma sigla engraçada do Setor Sudoeste. Fiquei andando em círculos e nada de encontrar a loja. Liguei para o telefone da loja e uma mocinha foi me ensinando o caminho – e aqui, minha irmã faz a voz da mocinha ajudante.
_Está vendo uma entrada à esquerda, para um prédio cinza? Pois então, segue reto. Na placa de vire à direita, vire à esquerda. E aí é só olhar para frente, tem um prédio rosa, não é? Pois não é esse prédio não. Atrás tem outro prédio azul, também não é esse, e nem o que está do lado, que é xadrezinho. Mas dá para ver a curva, de frente para o prédio quadrado, onde tem uma árvore bem grande. Quando chegar lá, me liga de novo.
Por um milagre, minha irmã conseguiu encontrar a panificadora.
E a torta ficou mais saborosa com a história.
A educação das crianças
No trabalho, uma colega me conta o diálogo que teve com o filho, que vai fazer sete anos.
_Mãe, eu tirei 4 em português.
_Só quatro?!
_É, mas nem precisa brigar comigo, mãe, porque eu tirei dez em Educação Física.
_!
_Educação Física é bem difícil, mãe. Tem que dar dez voltas na quadra, correndo. E ainda tem que chutar bola.
Minha irmã me conta como foi difícil encontrar a panificadora onde comprou uma deliciosa torta de framboesa, recomendada por uma amiga.
_Achei o endereço na lista. Era uma sigla engraçada do Setor Sudoeste. Fiquei andando em círculos e nada de encontrar a loja. Liguei para o telefone da loja e uma mocinha foi me ensinando o caminho – e aqui, minha irmã faz a voz da mocinha ajudante.
_Está vendo uma entrada à esquerda, para um prédio cinza? Pois então, segue reto. Na placa de vire à direita, vire à esquerda. E aí é só olhar para frente, tem um prédio rosa, não é? Pois não é esse prédio não. Atrás tem outro prédio azul, também não é esse, e nem o que está do lado, que é xadrezinho. Mas dá para ver a curva, de frente para o prédio quadrado, onde tem uma árvore bem grande. Quando chegar lá, me liga de novo.
Por um milagre, minha irmã conseguiu encontrar a panificadora.
E a torta ficou mais saborosa com a história.
A educação das crianças
No trabalho, uma colega me conta o diálogo que teve com o filho, que vai fazer sete anos.
_Mãe, eu tirei 4 em português.
_Só quatro?!
_É, mas nem precisa brigar comigo, mãe, porque eu tirei dez em Educação Física.
_!
_Educação Física é bem difícil, mãe. Tem que dar dez voltas na quadra, correndo. E ainda tem que chutar bola.
terça-feira, 26 de maio de 2009
A princesa e a ervilha
Eu era menino e me contaram a história da princesinha que não dormiu direito por causa de uma ervilha, do conto do Hans Christian Andersen.
Mas a minha versão é diferente.
Não é sobre o príncipe que quer se casar com uma verdadeira princesa.
É uma menina aparece no castelo dizendo que era a princesa sumida e ninguém a reconhece. Mas ela sabe o nome de todo mundo, conhece as passagens secretas, lembra onde está o anel perdido do selo real (estava no pescoço dela, num colar) , reconhece o brasão da família e mostra os armários que têm esqueletos, além do resto e tudo mais.
Mesmo assim, o pai da princesa, por teimosia, resolve fazer o último teste. Ele manda empilhar vinte e oito colchões e depois diz que a pilha de colchões é a cama da princesa. Sem que ninguém perceba, ele coloca uma pequena ervilha debaixo do último dos colchões, debaixo de tudo. No dia seguinte, a princesinha acorda. O pai, piscando o olho para o bobo da corte, pergunta se ela dormiu bem.
_Sim, papai.
_Tudo ok, mesmo? Pra valer? – insistiu o rei.
_Bom, já que você perguntou, estou com uma dorzinha no ombro, acho que dormi em cima de uma pedra.
E a risada que a minha princesa solta quando eu finjo a dor no ombro é a melhor música das últimas semanas.
Mas a minha versão é diferente.
Não é sobre o príncipe que quer se casar com uma verdadeira princesa.
É uma menina aparece no castelo dizendo que era a princesa sumida e ninguém a reconhece. Mas ela sabe o nome de todo mundo, conhece as passagens secretas, lembra onde está o anel perdido do selo real (estava no pescoço dela, num colar) , reconhece o brasão da família e mostra os armários que têm esqueletos, além do resto e tudo mais.
Mesmo assim, o pai da princesa, por teimosia, resolve fazer o último teste. Ele manda empilhar vinte e oito colchões e depois diz que a pilha de colchões é a cama da princesa. Sem que ninguém perceba, ele coloca uma pequena ervilha debaixo do último dos colchões, debaixo de tudo. No dia seguinte, a princesinha acorda. O pai, piscando o olho para o bobo da corte, pergunta se ela dormiu bem.
_Sim, papai.
_Tudo ok, mesmo? Pra valer? – insistiu o rei.
_Bom, já que você perguntou, estou com uma dorzinha no ombro, acho que dormi em cima de uma pedra.
E a risada que a minha princesa solta quando eu finjo a dor no ombro é a melhor música das últimas semanas.
domingo, 24 de maio de 2009
Sem festa!
Neste ano, acredito que é pura coincidencia, o número de comemoração de aniversários está bem reduzido.
Ou então não estou sendo convidado.
Ou então não estou sendo convidado.
sábado, 23 de maio de 2009
O covarde do chuveiro
Sempre tive pavor de chuveiro elétrico. Levei muito choque num chuveiro que tinha na casa da minha vó. Aí fiquei covarde de chuveiro. Imaginava que era algo complicado, trocar um chuveiro. Mas nunca tinha nem olhado para um chuveiro com atenção antes. Hoje, resolvi encarar a troca do que havia no banheiro das crianças. Foi super, mas super fácil.
E depois que eu terminei, sobraram dois parafusos.
Dois.
Revisei o manual de instalação umas trintas vezes.
Aí guardei os dois parafusos numa gaveta.
O chuveiro é muito bom. E as crianças também aprovaram.
E depois que eu terminei, sobraram dois parafusos.
Dois.
Revisei o manual de instalação umas trintas vezes.
Aí guardei os dois parafusos numa gaveta.
O chuveiro é muito bom. E as crianças também aprovaram.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Eu tô voltando pra casa
_Tchau, pai, a gente se vê – disse o pingo de gente, arrastando a mochila com rodinhas.
Meu filho, seis anos completos, estava decidido a sair de casa naquela manhã mesmo. Exatos dois minutos e quarenta e três segundos depois de eu ter falado em cortar o vídeo game pelo resto do sábado. Foi só o prazo de entulhar a mochila com os brinquedos preferidos, sempre mantidos ao alcance da mão.
_Tchau, filhote. Até a próxima – eu disse, fingindo não tirar o olho de cima do livro “O Motim no Bounty”, de Caroline Alexander.
_Pai, eu estou indo embora, estou falando sério.
Cortei o brinquedo porque ele havia gritado comigo duas vezes. Diversas regras daqui de casa foram copiadas dos shoppings. Duas delas são básicas. Aqui também não pode correr e nem gritar. Embora, às vezes, eu também grite. E como eu já o havia advertido na primeira vez, no segundo grito uma punição não poderia ser postergada. E o resto do sábado sem vídeo-game foi a única coisa em que consegui pensar. Quer dizer, também pensei em tapa no bumbum, mas isso é punição rara, reservada para delitos maiores e graves.
_É isso aí. Apareça outro dia, venha tomar um café com a gente – eu disse. Não sei direito o que falei. Foi uma coisa assim, sei lá, aquelas coisas manjadas que a gente sempre diz quando não é pra valer.
_ Adeus – insistiu o meu filho.
_Gudibái – falei.
Ele nem se deu ao trabalho de fechar a porta do apê. Sem tirar o olho do livro , mas sem entender nem uma vírgula do que estava olhando, eu adivinhei que ele ainda me vigiava.
_Pai, eu já vou – ainda sem olhar, eu adivinhei o lábio trêmulo, a emoção quase impossível de conter.
_Vai pela sombra – eu falei, durão.
Fletcher Christian estava fazendo o quê? Onde estava Bligh? Raios, raios duplos. Fruta-pão a bombordo. Tahiti. Como uma onda no mar. Como uma onda no mar. Nada do que foi será. Nada do que foi será.
E eu dou um pulo do sofá para encontrá-lo ainda no corredor, chorando.
_Pai, eu queria água.
Eu estendo a mão e ele a segura, com força. E enquanto ele bebe do copo de vidro de requeijão me olha desapontado, triste.
_Eu também senti muita saudade, filho.
Meu filho, seis anos completos, estava decidido a sair de casa naquela manhã mesmo. Exatos dois minutos e quarenta e três segundos depois de eu ter falado em cortar o vídeo game pelo resto do sábado. Foi só o prazo de entulhar a mochila com os brinquedos preferidos, sempre mantidos ao alcance da mão.
_Tchau, filhote. Até a próxima – eu disse, fingindo não tirar o olho de cima do livro “O Motim no Bounty”, de Caroline Alexander.
_Pai, eu estou indo embora, estou falando sério.
Cortei o brinquedo porque ele havia gritado comigo duas vezes. Diversas regras daqui de casa foram copiadas dos shoppings. Duas delas são básicas. Aqui também não pode correr e nem gritar. Embora, às vezes, eu também grite. E como eu já o havia advertido na primeira vez, no segundo grito uma punição não poderia ser postergada. E o resto do sábado sem vídeo-game foi a única coisa em que consegui pensar. Quer dizer, também pensei em tapa no bumbum, mas isso é punição rara, reservada para delitos maiores e graves.
_É isso aí. Apareça outro dia, venha tomar um café com a gente – eu disse. Não sei direito o que falei. Foi uma coisa assim, sei lá, aquelas coisas manjadas que a gente sempre diz quando não é pra valer.
_ Adeus – insistiu o meu filho.
_Gudibái – falei.
Ele nem se deu ao trabalho de fechar a porta do apê. Sem tirar o olho do livro , mas sem entender nem uma vírgula do que estava olhando, eu adivinhei que ele ainda me vigiava.
_Pai, eu já vou – ainda sem olhar, eu adivinhei o lábio trêmulo, a emoção quase impossível de conter.
_Vai pela sombra – eu falei, durão.
Fletcher Christian estava fazendo o quê? Onde estava Bligh? Raios, raios duplos. Fruta-pão a bombordo. Tahiti. Como uma onda no mar. Como uma onda no mar. Nada do que foi será. Nada do que foi será.
E eu dou um pulo do sofá para encontrá-lo ainda no corredor, chorando.
_Pai, eu queria água.
Eu estendo a mão e ele a segura, com força. E enquanto ele bebe do copo de vidro de requeijão me olha desapontado, triste.
_Eu também senti muita saudade, filho.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Um pesadelo meu
Detesto ficar descalço. Isso aumenta a minha sensação de estar desprotegido, minha insegurança crônica. Mas, obviamente, eu acordei dentro daquele quarto branco e acolchoado. Eu estava vestido de branco, sem sapatos, sem meias. E as mangas da minha camisa de lona reforçada eram muito, muito compridas. Para evitar que eu tropeçasse, alguém muito gentil havia enrolado as mangas, cruzadas, em volta dos meus braços. As mangas estavam amarradas. Eu não estava confortável, mas conseguia respirar sem problemas.
Depois de algum tempo olhando para a porta, também acolchoada, eu percebo um orifício, do tamanho de um olho mágico. Com alguma dificuldade, eu me levanto e vou até a porta. É mesmo um olho mágico. Eu olho e vejo um quarto, muito parecido com o meu. De costas para mim, vejo um louco agachado junto à porta acolchoada, um grande e forte nó na camisa de lona.
Subitamente, o louco se afasta da porta. Está no centro do quarto. Ele treme e chora, desesperado. Tento adivinhar o que aconteceu, mas não consigo ver direito. E continuo sem ouvir som algum.
Tudo o que vejo é o louco, agachado de costas para a porta, de frente para mim.
Por um tempo, nada acontece. O louco do outro lado não chora. Subitamente, ele para um instante e aperta os olhos. Tenho a impressão que me vê. E abre a boca num grito longo para o qual estou surdo.
Estou confuso. Chego mesmo a pensar que o louco que vejo sou eu mesmo. Só para me desmentir, a porta do louco se abre. Três homens fantasiados de gorila entram, abruptamente. Eu grito para avisar o louco, esquecido de que ele não me escuta. Algo horrível está prestes a acontecer, posso apostar.
Um dos gorilas acerta um violento pontapé na cabeça do louco. Outro gorila chuta as suas pernas. O terceiro monstro acerta golpes repetidos no tronco.
Os homens-gorilas continuam a espancar o louco. Não ouço nada. É como se assistisse a um filme mudo e ultra-violento, com um olho só. Estou perplexo, mas tudo que penso é que a fantasia de gorila não tem nada de realista. Parece daquelas fantasias de filmes mudos de antigamente. A principal diferença é a cor. Não tem cor.
Mas agora as fantasias começam a ficar manchadas de vermelho.
Estou chorando de horror. Os homens-gorilas não têm piedade. Chutam e socam o maluco sem parar. De repente, se cansam. Ao terminarem, existe vermelho por toda parte. As máscaras dos gorilas estão respingadas.
Não consigo mais olhar. Estou de costas para a minha porta e o olho mágico.
Agora estou tremendo. E olho para a frente.
Subitamente, compreendo. Mas é tarde demais, a porta já se abre atrás de mim.
Depois de algum tempo olhando para a porta, também acolchoada, eu percebo um orifício, do tamanho de um olho mágico. Com alguma dificuldade, eu me levanto e vou até a porta. É mesmo um olho mágico. Eu olho e vejo um quarto, muito parecido com o meu. De costas para mim, vejo um louco agachado junto à porta acolchoada, um grande e forte nó na camisa de lona.
Subitamente, o louco se afasta da porta. Está no centro do quarto. Ele treme e chora, desesperado. Tento adivinhar o que aconteceu, mas não consigo ver direito. E continuo sem ouvir som algum.
Tudo o que vejo é o louco, agachado de costas para a porta, de frente para mim.
Por um tempo, nada acontece. O louco do outro lado não chora. Subitamente, ele para um instante e aperta os olhos. Tenho a impressão que me vê. E abre a boca num grito longo para o qual estou surdo.
Estou confuso. Chego mesmo a pensar que o louco que vejo sou eu mesmo. Só para me desmentir, a porta do louco se abre. Três homens fantasiados de gorila entram, abruptamente. Eu grito para avisar o louco, esquecido de que ele não me escuta. Algo horrível está prestes a acontecer, posso apostar.
Um dos gorilas acerta um violento pontapé na cabeça do louco. Outro gorila chuta as suas pernas. O terceiro monstro acerta golpes repetidos no tronco.
Os homens-gorilas continuam a espancar o louco. Não ouço nada. É como se assistisse a um filme mudo e ultra-violento, com um olho só. Estou perplexo, mas tudo que penso é que a fantasia de gorila não tem nada de realista. Parece daquelas fantasias de filmes mudos de antigamente. A principal diferença é a cor. Não tem cor.
Mas agora as fantasias começam a ficar manchadas de vermelho.
Estou chorando de horror. Os homens-gorilas não têm piedade. Chutam e socam o maluco sem parar. De repente, se cansam. Ao terminarem, existe vermelho por toda parte. As máscaras dos gorilas estão respingadas.
Não consigo mais olhar. Estou de costas para a minha porta e o olho mágico.
Agora estou tremendo. E olho para a frente.
Subitamente, compreendo. Mas é tarde demais, a porta já se abre atrás de mim.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Meus planos para dominar o mundo
Eu, no início daquelas sessões da tarde, simpatizava com aqueles loucos dos filmes de 007, de Superman, de qualquer herói.
Os malucos que tentavam dominar o mundo.
No início dos filmes, eu confesso, eu torcia por eles.
Eu também queria ver e saber como eles fariam para dominar o planeta.
Cheguei a fazer os meus próprios planos, num passado distante.
Eu sou um megalomaníaco pacífico.
Dominaria o mundo sem violência.
Eu descobriria um elemento mágico, que me daria o poder de dominar o cérebro dos homens.
E das mulheres.
E também dos outros animais.
Eu desenvolveria um jeito de hipnotizar qualquer pessoa que olhasse nos meus olhos.
Eu inventaria um aparelho que disparava um raio-onda de dominação.
Eu encontraria um meteoro que me daria o poder de prever o futuro.
Desisti de uma vez por todas de dominar o mundo há muito tempo.
E não foi por causa do 007, nem Superman.
Foi por pura preguiça.
Dominar qualquer coisa dá muito trabalho.
E por melhor dominador que eu seja, eu sempre esqueço uma coisinha ou outra.
Além disso, tem que ouvir muita reclamação, subordinado adora reclamar, é um saco.
Essas coisas acabam com a graça de dominar o mundo.
Então reduzi o meu horizonte.
Planeta, continente, país, estado, cidade, bairro, prédio, apê, escritório, mesa.
Ao invés de dominar o mundo, hoje faço planos para dominar uma página em branco.
Rapidamente.
E se eu uso espaço duplo, a coisa acaba num instante.
Viu.
Os malucos que tentavam dominar o mundo.
No início dos filmes, eu confesso, eu torcia por eles.
Eu também queria ver e saber como eles fariam para dominar o planeta.
Cheguei a fazer os meus próprios planos, num passado distante.
Eu sou um megalomaníaco pacífico.
Dominaria o mundo sem violência.
Eu descobriria um elemento mágico, que me daria o poder de dominar o cérebro dos homens.
E das mulheres.
E também dos outros animais.
Eu desenvolveria um jeito de hipnotizar qualquer pessoa que olhasse nos meus olhos.
Eu inventaria um aparelho que disparava um raio-onda de dominação.
Eu encontraria um meteoro que me daria o poder de prever o futuro.
Desisti de uma vez por todas de dominar o mundo há muito tempo.
E não foi por causa do 007, nem Superman.
Foi por pura preguiça.
Dominar qualquer coisa dá muito trabalho.
E por melhor dominador que eu seja, eu sempre esqueço uma coisinha ou outra.
Além disso, tem que ouvir muita reclamação, subordinado adora reclamar, é um saco.
Essas coisas acabam com a graça de dominar o mundo.
Então reduzi o meu horizonte.
Planeta, continente, país, estado, cidade, bairro, prédio, apê, escritório, mesa.
Ao invés de dominar o mundo, hoje faço planos para dominar uma página em branco.
Rapidamente.
E se eu uso espaço duplo, a coisa acaba num instante.
Viu.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Leia o texto de ontem
Hoje não vou postar texto grande. Por favor, leia o texto de segunda-feira, inclusive os comentários. Foi uma surpresa muito boa para mim mesmo.
A minha primeira ligação para Obama
_Alô Obama? Tu não ia acabar com a tortura em Guantânamo?
É super ser super
De vez em quando eu pego o meu filho para conversar sobre superpoderes. Acho ótimo esse negócio de ter superpoder. Eu mesmo queria ter um. Queria ser super-peludo, às vezes. Eu diria a frase mágica "Em pêlo!" e imediatamente ficaria coberto de pelos. Talvez eu pudesse salvar o mundo, se meus super-pêlos fechassem a camada de ozônio. Mas aí eu olho para o espelho e quero ser outro tipo de super. O super-barriga. Minha barriga é como uma couraça de gordura! O super-ruga. O super-olheira.
II - Obama é do Barack-o!
Obama, deixa eu ir, Obama, eu vou só
Obama, deixa eu ir, para o sertão do Caicó
Uma maneira bacana de sair do sistema
É verdade. É verdade. Estamos longe de encontrar uma solução para a enrascada em que nos metemos. A parte rica do mundo consome quase tudo o que é produzido e deixa as migalhas para os pobres. Uma parte da parte rica do mundo afirma que isso não é sustentável, que desse jeito não vai sobrar nada para os netinhos.
Sobre blogar – um trecho do já disse antes
O blog é reinvenção pública. Inventamos uma persona que bloga. E ali abrimos um espaço de considerações abertas, observadas por alguns curiosos. O blog é como se fosse um diário de salão, escrito sob os olhos dos outros e para os outros. Um diário é só para os meus olhos.
A minha primeira ligação para Obama
_Alô Obama? Tu não ia acabar com a tortura em Guantânamo?
É super ser super
De vez em quando eu pego o meu filho para conversar sobre superpoderes. Acho ótimo esse negócio de ter superpoder. Eu mesmo queria ter um. Queria ser super-peludo, às vezes. Eu diria a frase mágica "Em pêlo!" e imediatamente ficaria coberto de pelos. Talvez eu pudesse salvar o mundo, se meus super-pêlos fechassem a camada de ozônio. Mas aí eu olho para o espelho e quero ser outro tipo de super. O super-barriga. Minha barriga é como uma couraça de gordura! O super-ruga. O super-olheira.
II - Obama é do Barack-o!
Obama, deixa eu ir, Obama, eu vou só
Obama, deixa eu ir, para o sertão do Caicó
Uma maneira bacana de sair do sistema
É verdade. É verdade. Estamos longe de encontrar uma solução para a enrascada em que nos metemos. A parte rica do mundo consome quase tudo o que é produzido e deixa as migalhas para os pobres. Uma parte da parte rica do mundo afirma que isso não é sustentável, que desse jeito não vai sobrar nada para os netinhos.
Sobre blogar – um trecho do já disse antes
O blog é reinvenção pública. Inventamos uma persona que bloga. E ali abrimos um espaço de considerações abertas, observadas por alguns curiosos. O blog é como se fosse um diário de salão, escrito sob os olhos dos outros e para os outros. Um diário é só para os meus olhos.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Segunda-feira na parede
Minha incapacidade cognitiva já foi lendária. Hoje esse problema está mais reduzido. Mas já foi monumental. Algumas coisas simplesmente demoravam a entrar na minha cabeça. Pois foi nessa época que inventamos a estória do emparedamento.
Se não me engano, a coisa começou com o Natal. Acontece que o Natal é um dos sujeitos mais simpáticos do mundo. E tranqüilo também. Além disso, é distraído. O Natal simplesmente se esquecia do que havia combinado com a gente, mesmo se fosse lembrado a cada cinco minutos. Na verdade, o Natal se esquecia mesmo das coisas que ele mesmo havia combinado.
Uma vez, num carnaval, nós resolvemos visitar o Natal na Fazenda da Família do Natal atendendo a insistentes convites do mesmo.
_Pô, Pessoal. Estou sozinho na fazenda. Venham passar o carnaval comigo, por favor! Se não der pra ficar, venham ao menos pra um almoço leve, uma leitoazinha.
Tolos. Confiantes. Ingênuos. Nós fomos. Era longe pra dedéu. Era pra lá de bem distante. E as indicações natalinas não eram muito precisas. Mas conseguimos. Um longo caminho separava a porteira da sede da Fazenda. E a fazenda aparentava estar deserta. E a minha fome era tão grande quanto a solidariedade que nos levava a encontrar um amigo, solitário, tristonho e ilhado numa fazenda gigantesca(O Natal foi meu primeiro e único amigo latifundiário!) em pleno carnaval.
Mas isso tudo mudou depois de uma curva, antes da Casa Grande. De repente, lá estava o Natal e a Família do Natal inteira e mais os maridos das irmãs do Natal, os filhos, os primos, as primas, os tios e os agregados da Família do Natal. Tinha mais gente na fazenda que em pipoca de trio elétrico da Bahia. E nós, tolos, confiantes e ingênuos tínhamos passado por lá na maior inocência, na hora do rango, para filar um almoço. É lógico que não tinha mais arroz, na panelada de arroz com pequi. É lógico que da leitoa só restava um pedacinho de pururuca crestado, uns ossos bem rapados, e uma coisa preta e incomível, grudada numa travessa engordurada. É absolutamente lógico que do feijão tropeiro só havia um leve vestígio. Só tinha laranja. Mas tinha marimbondo no pé.
_Pô, Pessoal. Vocês podiam ter avisado! – brincou o Natal.
E foi nessa ocasião que a mãe do Natal apresentou o Cabeça para toda a família Natal e agregados.
_Esse aqui é o Doutor Cabeça, excelente médico lá de Brasília! – ela disse, orgulhosa, tomando apelido por nome e nome por apelido, metonimicamente.
Mas isso foi antes do Natal se casar. Quando se casou, nós imaginamos que a coisa tomaria jeito. Pra começar, o Natal casou com uma libanesa que se chamava Natalie, o que era uma completação de nome e de personalidades. O Natal e a Natalie sempre andavam juntos, grudados. Onde um ia, o outro ia também. Eles pensavam parecido. Enchiam a cara de um jeito parecido. Estavam sempre felizes. E todo mundo adorava os dois.
E nessa época, quando quase todos estavam casados, havia sempre um almoço num boteco, no final de semana. E os amigos eram os de sempre. Um ou outro podia estar de plantão. Um ou outro poderia estar de ressaca. Mesmo assim, o índice de comparecimento era de encher os olhos dos garçons de lágrimas de alegria. Era uma galera enorme, parecida com turma de direito em Dia da Pendura, com a diferença que todo mundo sempre pagou a conta direitinho.
_Ô Natal , você emparedou a Natalie? – alguém começou. Deve ter sido o Cabeça que perguntou. Ele é que é fã do Edgar Allan Poe e do simbolismo gótico de emparedar os outros.
Pois o Natal não tinha emparedado ninguém. Na verdade, a Natalie tinha ido visitar os pais e sumiu uns tempos, antes de sumir de vez e antes do Natal se mudar para o Rio de Janeiro e começar a levar um vidão por lá.
Foi assim, então, que surgiu a expressão “você emparedou fulano?”, muito usada no início dos anos 2000, e ainda em voga em alguns círculos demodé. Eu mesmo, sempre uso essa expressão no início da semana, numa segunda-feira que nem essa. A gente parece até emparedado.
Se não me engano, a coisa começou com o Natal. Acontece que o Natal é um dos sujeitos mais simpáticos do mundo. E tranqüilo também. Além disso, é distraído. O Natal simplesmente se esquecia do que havia combinado com a gente, mesmo se fosse lembrado a cada cinco minutos. Na verdade, o Natal se esquecia mesmo das coisas que ele mesmo havia combinado.
Uma vez, num carnaval, nós resolvemos visitar o Natal na Fazenda da Família do Natal atendendo a insistentes convites do mesmo.
_Pô, Pessoal. Estou sozinho na fazenda. Venham passar o carnaval comigo, por favor! Se não der pra ficar, venham ao menos pra um almoço leve, uma leitoazinha.
Tolos. Confiantes. Ingênuos. Nós fomos. Era longe pra dedéu. Era pra lá de bem distante. E as indicações natalinas não eram muito precisas. Mas conseguimos. Um longo caminho separava a porteira da sede da Fazenda. E a fazenda aparentava estar deserta. E a minha fome era tão grande quanto a solidariedade que nos levava a encontrar um amigo, solitário, tristonho e ilhado numa fazenda gigantesca(O Natal foi meu primeiro e único amigo latifundiário!) em pleno carnaval.
Mas isso tudo mudou depois de uma curva, antes da Casa Grande. De repente, lá estava o Natal e a Família do Natal inteira e mais os maridos das irmãs do Natal, os filhos, os primos, as primas, os tios e os agregados da Família do Natal. Tinha mais gente na fazenda que em pipoca de trio elétrico da Bahia. E nós, tolos, confiantes e ingênuos tínhamos passado por lá na maior inocência, na hora do rango, para filar um almoço. É lógico que não tinha mais arroz, na panelada de arroz com pequi. É lógico que da leitoa só restava um pedacinho de pururuca crestado, uns ossos bem rapados, e uma coisa preta e incomível, grudada numa travessa engordurada. É absolutamente lógico que do feijão tropeiro só havia um leve vestígio. Só tinha laranja. Mas tinha marimbondo no pé.
_Pô, Pessoal. Vocês podiam ter avisado! – brincou o Natal.
E foi nessa ocasião que a mãe do Natal apresentou o Cabeça para toda a família Natal e agregados.
_Esse aqui é o Doutor Cabeça, excelente médico lá de Brasília! – ela disse, orgulhosa, tomando apelido por nome e nome por apelido, metonimicamente.
Mas isso foi antes do Natal se casar. Quando se casou, nós imaginamos que a coisa tomaria jeito. Pra começar, o Natal casou com uma libanesa que se chamava Natalie, o que era uma completação de nome e de personalidades. O Natal e a Natalie sempre andavam juntos, grudados. Onde um ia, o outro ia também. Eles pensavam parecido. Enchiam a cara de um jeito parecido. Estavam sempre felizes. E todo mundo adorava os dois.
E nessa época, quando quase todos estavam casados, havia sempre um almoço num boteco, no final de semana. E os amigos eram os de sempre. Um ou outro podia estar de plantão. Um ou outro poderia estar de ressaca. Mesmo assim, o índice de comparecimento era de encher os olhos dos garçons de lágrimas de alegria. Era uma galera enorme, parecida com turma de direito em Dia da Pendura, com a diferença que todo mundo sempre pagou a conta direitinho.
_Ô Natal , você emparedou a Natalie? – alguém começou. Deve ter sido o Cabeça que perguntou. Ele é que é fã do Edgar Allan Poe e do simbolismo gótico de emparedar os outros.
Pois o Natal não tinha emparedado ninguém. Na verdade, a Natalie tinha ido visitar os pais e sumiu uns tempos, antes de sumir de vez e antes do Natal se mudar para o Rio de Janeiro e começar a levar um vidão por lá.
Foi assim, então, que surgiu a expressão “você emparedou fulano?”, muito usada no início dos anos 2000, e ainda em voga em alguns círculos demodé. Eu mesmo, sempre uso essa expressão no início da semana, numa segunda-feira que nem essa. A gente parece até emparedado.
domingo, 17 de maio de 2009
É um longo caminho
Eu, a minha mulher e a minha cunhada fomos ver o show do Caetano ontem, aqui em Brasília. Foi muito bom. Fazia tempos que eu não ia ver um show. Dessa vez foi decisivo o comentário do Rodrigo (Café com Pop), que fez um avaliação superinteligente e positiva de Zie,Zie. Por isso, quando minha mulher me ligou perguntando se eu iria, eu disse que sim.
Chegamos cedo. Sentamos numa fileira distante, mas com uma excelente visão do palco e dos telões. E curtimos. Nunca tinha ouvido nenhuma das músicas do álbum novo Zie, Zie. Foi bom mesmo assim, porque ele volta e meia apresentava uma nova versão de uma velha música. E todo mundo cantava junto. A nova versão de "It´s a long way" ficou ótima, com uma guitarra bem nervosa e uma marcação de baixo e bateria mais incisiva. A banda do artista é excelente e Caetano estava super-descontraído, cantando muito e falando pouco. No final, um acidente. Empolgado com o acompanhamento da platéia, no meio do refrão de "por isso uma força, me leva a cantar...", Caetano caiu do palco.
Foi um reboliço. Um corre-corre danado. Socorrido, ele se recompôs rapidamente e pediu com gestos para a platéia continuar a cantar. Foi bacana. Bonito. O ingresso não custou uma fortuna, a cadeira era confortável, o show começou com apenas 23 minutos de atraso, cantei aos berros "Irene" e me deslumbrei com um show super-correto com músicas tão empolgantes e inspiradas quanto na época de "London, London" e "O Estrangeiro". Valeu mesmo. Se passar por sua cidade, não perca o Caetano, um dos maiores artistas desse país.
Chegamos cedo. Sentamos numa fileira distante, mas com uma excelente visão do palco e dos telões. E curtimos. Nunca tinha ouvido nenhuma das músicas do álbum novo Zie, Zie. Foi bom mesmo assim, porque ele volta e meia apresentava uma nova versão de uma velha música. E todo mundo cantava junto. A nova versão de "It´s a long way" ficou ótima, com uma guitarra bem nervosa e uma marcação de baixo e bateria mais incisiva. A banda do artista é excelente e Caetano estava super-descontraído, cantando muito e falando pouco. No final, um acidente. Empolgado com o acompanhamento da platéia, no meio do refrão de "por isso uma força, me leva a cantar...", Caetano caiu do palco.
Foi um reboliço. Um corre-corre danado. Socorrido, ele se recompôs rapidamente e pediu com gestos para a platéia continuar a cantar. Foi bacana. Bonito. O ingresso não custou uma fortuna, a cadeira era confortável, o show começou com apenas 23 minutos de atraso, cantei aos berros "Irene" e me deslumbrei com um show super-correto com músicas tão empolgantes e inspiradas quanto na época de "London, London" e "O Estrangeiro". Valeu mesmo. Se passar por sua cidade, não perca o Caetano, um dos maiores artistas desse país.
sábado, 16 de maio de 2009
É muita água
Eu vi na televisão, com a minha mulher ao lado. Eu sou um chato para ver televisão. Fico fazendo comentário o tempo inteiro. Especialmene no telejornal.
_Essa campanha de fazer xixi só no chuveiro é interessante – ela disse.
_Ajuda a economizar muita água, né? Doze litros de cada vez – eu falei
_A nossa amiga, lembra?, já faz isso em casa há anos.
_Ela é bem ecológica.
_Lá em casa, quando eu era menina, eu e as minhas irmãs seguíamos a regra da descarga coletiva. Pela manhã, só podia dar uma descarga. Valia para as três.
_Seu pai é um homem sábio.
_Era dureza.
_Lá em casa, minha mãe também regulava. Menino gosta demais de banheiro e de brincar com água. Por falar nisso, cadê as crianças? – eu pergunto.
_Essa aula de natação é muito boa, os nossos estão dormindo super-bem. Água é vida e tranqüilidade – ela filosofou.
_A nossa amiga faz xixi no box?
_Não lembra? Teve aquela vez que ela insistiu em que isso era muito saudável.
_Sempre achei uma nojeira. Aliás, já reparou que esse papo de ecologia quase sempre termina no esgoto? – eu indago(indagar é o cúmulo do pernóstico, né?).
_E em verde.
_Tem esgoto verde?
_Não sei, deve ter. Em algum lugar deve ter.
_Les egouts de Paris – eu disse. É de uma lição de francês, da Aliança. Falava de um roteiro turístico de Paris, para conhecer os esgotos da cidade.
_E quem vai a Paris para conhecer esgoto?
_Tem esgoto pra tudo.
_Ai.
_Essa campanha de fazer xixi só no chuveiro é interessante – ela disse.
_Ajuda a economizar muita água, né? Doze litros de cada vez – eu falei
_A nossa amiga, lembra?, já faz isso em casa há anos.
_Ela é bem ecológica.
_Lá em casa, quando eu era menina, eu e as minhas irmãs seguíamos a regra da descarga coletiva. Pela manhã, só podia dar uma descarga. Valia para as três.
_Seu pai é um homem sábio.
_Era dureza.
_Lá em casa, minha mãe também regulava. Menino gosta demais de banheiro e de brincar com água. Por falar nisso, cadê as crianças? – eu pergunto.
_Essa aula de natação é muito boa, os nossos estão dormindo super-bem. Água é vida e tranqüilidade – ela filosofou.
_A nossa amiga faz xixi no box?
_Não lembra? Teve aquela vez que ela insistiu em que isso era muito saudável.
_Sempre achei uma nojeira. Aliás, já reparou que esse papo de ecologia quase sempre termina no esgoto? – eu indago(indagar é o cúmulo do pernóstico, né?).
_E em verde.
_Tem esgoto verde?
_Não sei, deve ter. Em algum lugar deve ter.
_Les egouts de Paris – eu disse. É de uma lição de francês, da Aliança. Falava de um roteiro turístico de Paris, para conhecer os esgotos da cidade.
_E quem vai a Paris para conhecer esgoto?
_Tem esgoto pra tudo.
_Ai.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Recompensa
Sempre soube que não era importante.
Foi esnobado a vida inteira.
Nunca lhe reconheceram valor.
Quando morreu, por descuido, trocaram seu túmulo pelo de um figurão.
Acabou num caixão elegante, jazigo de mármore e granito.
Começou a ter romaria, reza forte em dia santo.
Um dia, correu notícia de que o túmulo fazia milagre.
O cemitério começou a encher, todos os dias.
E aí começaram a sumir pedacinhos pequenos do jazigo.
De madrugada, uma multidão depredou o lugar.
Milhares de lascas de pedras milagreiras desapareceram.
Só ficou o caixão.
E as pessoas começaram a tirar lasquinhas do caixão.
E depois, começaram a tirar lasquinhas do defunto.
No fim, não sobrou nada.
E com os pedacinhos de pedra, de osso e cabelo o povo fez colar, pedra fundamental, anel milagreiro.
E de tudo o figurão levou a fama.
Dele, o santo verdadeiro, ninguém sabe o nome.
Foi esnobado a vida inteira.
Nunca lhe reconheceram valor.
Quando morreu, por descuido, trocaram seu túmulo pelo de um figurão.
Acabou num caixão elegante, jazigo de mármore e granito.
Começou a ter romaria, reza forte em dia santo.
Um dia, correu notícia de que o túmulo fazia milagre.
O cemitério começou a encher, todos os dias.
E aí começaram a sumir pedacinhos pequenos do jazigo.
De madrugada, uma multidão depredou o lugar.
Milhares de lascas de pedras milagreiras desapareceram.
Só ficou o caixão.
E as pessoas começaram a tirar lasquinhas do caixão.
E depois, começaram a tirar lasquinhas do defunto.
No fim, não sobrou nada.
E com os pedacinhos de pedra, de osso e cabelo o povo fez colar, pedra fundamental, anel milagreiro.
E de tudo o figurão levou a fama.
Dele, o santo verdadeiro, ninguém sabe o nome.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Um pouco sobre rins e dentes
Encontrei um vizinho no estacionamento do prédio onde moro. É um sujeito que tem filhos gêmeos, da mesma idade que o meu filho mais velho. Sempre achei esse cara bem arrogante, quase prepotente. Apesar da idade dos nossos filhos ser a mesma, ele deve ser uns dez anos mais velho do que eu. Mas dessa vez havia alguma coisa diferente. Só de bater o olho dava para notar. Ele parecia mais velho. Mais humilde. Lembrei que ele havia falado alguma coisa sobre uma cirurgia na boca. Alguma coisa sobre os dentes.
_E aí, como foi a cirurgia? – perguntei, depois das perguntas de praxe. E aí dei uma olhada mais atenta para os olhos e para o rosto do meu vizinho.
_Tife que tivar tovos os denves – ele respondeu, manso, derrotado. Com a voz encovada, meu vizinho me explicou que um problema ósseo prejudicou toda a arcada dentária. O dentista extraiu todos os seus dentes.
_E o fior é a denvaduva. Vão confivo uvar. Ve va anfia di fômivo – ele explicou.
Lamentei junto com ele. Quando estou doente, a pior coisa que me acontece é uma sensação de humilhação. Eu me desespero no meu amor próprio e me sinto culpado por estar doente. Sei que é ridículo, mas é o que me acontece.
_Vão vevo nava a ninvém – disse o vizinho, depois de apertar a minha mão, com um pouco de força demais.
_Isso, você não deve nada a ninguém – repeti, tolamente.
Não me sinto confortável perto de pessoas sem dentes, que não conseguem usar dentaduras porque elas provocam ânsia de vômito. Fico pensando que isso poderá acontecer comigo.
Eu me afastei rapidamente e depois entrei no elevador.
Um outro vizinho subia da garagem. Lembrei que ele havia feito um transplante de rim, no ano passado.
_Como vai?
_Tudo bem. Tudo ótimo! – ele respondeu. E os olhos dele estavam bem confiantes e felizes. Bem diferentes dos olhos do meu outro vizinho.
Quando entrei em casa, as crianças brincavam de pular de um sofá para outro, rindo feito malucas. Eu tirei os sapatos e fui para junto delas, passar de um sofá para outro. Eu também ri feito doido.
_E aí, como foi a cirurgia? – perguntei, depois das perguntas de praxe. E aí dei uma olhada mais atenta para os olhos e para o rosto do meu vizinho.
_Tife que tivar tovos os denves – ele respondeu, manso, derrotado. Com a voz encovada, meu vizinho me explicou que um problema ósseo prejudicou toda a arcada dentária. O dentista extraiu todos os seus dentes.
_E o fior é a denvaduva. Vão confivo uvar. Ve va anfia di fômivo – ele explicou.
Lamentei junto com ele. Quando estou doente, a pior coisa que me acontece é uma sensação de humilhação. Eu me desespero no meu amor próprio e me sinto culpado por estar doente. Sei que é ridículo, mas é o que me acontece.
_Vão vevo nava a ninvém – disse o vizinho, depois de apertar a minha mão, com um pouco de força demais.
_Isso, você não deve nada a ninguém – repeti, tolamente.
Não me sinto confortável perto de pessoas sem dentes, que não conseguem usar dentaduras porque elas provocam ânsia de vômito. Fico pensando que isso poderá acontecer comigo.
Eu me afastei rapidamente e depois entrei no elevador.
Um outro vizinho subia da garagem. Lembrei que ele havia feito um transplante de rim, no ano passado.
_Como vai?
_Tudo bem. Tudo ótimo! – ele respondeu. E os olhos dele estavam bem confiantes e felizes. Bem diferentes dos olhos do meu outro vizinho.
Quando entrei em casa, as crianças brincavam de pular de um sofá para outro, rindo feito malucas. Eu tirei os sapatos e fui para junto delas, passar de um sofá para outro. Eu também ri feito doido.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Desenhar é bom
Lembro da feliz surpresa num museu quando descobri, ao lado de um quadro gigantesco de Salvador Dali(??), uma pinturinha em miniatura do mesmo quadro. Fiquei intrigado e li numa brochura ou na própria parede do museu que Dali(ou outro pintor, não importa) sempre fazia testes de cores das pinturas. Sempre em quadrinhos minúsculos. Foi nesse dia que nasceu a idéia de sempre carregar um bloquinho e uma caneta no bolso.
O pedaço de desenho acima eu fiz para ilustrar uma crônica escrita por meu pai. É um desenho minúsculo, de cinco por cinco centímetros, que aqui aparece um pouco ampliado. Foi desenhando nesses bloquinhos de cinco por sete que redescobri a vontade de desenhar e também de escrever. Hoje em dia, não abro mão desse exercício diário de liberdade, criatividade e curtição.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Todo dia acontece alguma coisa
Eu, às vezes, quando estou distraido, acho que não tem nada que sirva para fazer um post. Aí eu paro um pouco e penso no que aconteceu durante o dia. E sempre aconteceu alguma coisa. Na verdade, todos os dias acontecem zilhões de coisas, é só escolher uma.
Hoje, por exemplo, o Mr. Flowers veio conversar comigo. Ele rodeou. Falou sobre o tempo. Sobre o trabalho. Sobre novela. Sobre o ar-condicionado. Até sobre futebol.
E depois ele me perguntou como foi que eu fiz para parar de fumar.
Eu disse a ele o que dizem os alcoólatras. Eu parei porque sou viciado em cigarro. Sou um tabagista tão inveterado que às vezes eu sonho com cigarro. Tenho tanta certeza de que sou dependente de tabaco que não tenho coragem de colocar um cigarro, nem apagado, na boca. Também disse a ele que eu precisei de uma gripe forte e de um genérico do Ziban para largar o cigarro.
Por último, eu disse que nas primeiras semanas sem cigarro eu saía bem na hora do rush, para pegar o engarrafamento de janela aberta e sentir o cheiro de fumaça. Aliás, de vez em quando ainda faço isso. E de vez em quando, ainda sinto vontade de fumar.
Também disse que uma das coisas que me fazem manter distância do cigarro é a lembrança das primeiras semanas de abstinência. Eu me senti triste, sem-graça e deprimido. E teria sido bem pior sem o genérico do Ziban.
Mas parei. Foi a decisão certa, é claro.
Depois que eu falei tudo isso, o Mr. Flowers disse que fez um exame e descobriu que está com uma veia do coração prejudicada. Ele me perguntou se adesivo de nicotina funcionava. Eu disse que sim. E quando eu olhei para o Mr. Flowers ele me pareceu bastante animado e decidido. Acho que ele vai conseguir.
Todo dia acontece alguma coisa.
Hoje, por exemplo, o Mr. Flowers veio conversar comigo. Ele rodeou. Falou sobre o tempo. Sobre o trabalho. Sobre novela. Sobre o ar-condicionado. Até sobre futebol.
E depois ele me perguntou como foi que eu fiz para parar de fumar.
Eu disse a ele o que dizem os alcoólatras. Eu parei porque sou viciado em cigarro. Sou um tabagista tão inveterado que às vezes eu sonho com cigarro. Tenho tanta certeza de que sou dependente de tabaco que não tenho coragem de colocar um cigarro, nem apagado, na boca. Também disse a ele que eu precisei de uma gripe forte e de um genérico do Ziban para largar o cigarro.
Por último, eu disse que nas primeiras semanas sem cigarro eu saía bem na hora do rush, para pegar o engarrafamento de janela aberta e sentir o cheiro de fumaça. Aliás, de vez em quando ainda faço isso. E de vez em quando, ainda sinto vontade de fumar.
Também disse que uma das coisas que me fazem manter distância do cigarro é a lembrança das primeiras semanas de abstinência. Eu me senti triste, sem-graça e deprimido. E teria sido bem pior sem o genérico do Ziban.
Mas parei. Foi a decisão certa, é claro.
Depois que eu falei tudo isso, o Mr. Flowers disse que fez um exame e descobriu que está com uma veia do coração prejudicada. Ele me perguntou se adesivo de nicotina funcionava. Eu disse que sim. E quando eu olhei para o Mr. Flowers ele me pareceu bastante animado e decidido. Acho que ele vai conseguir.
Todo dia acontece alguma coisa.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Pequena lista de coisas que não posso esquecer
Minha memória curta é particularmente cruel às segundas-feiras. Aí eu apelo para as minhas listas.
1- Contar a história de Natalie, a emparedada
2- Imprimir o recibo do Imposto de Renda
3- Dizer para o Cabeça que o livro se chama "grande sonho do céu", informações em www.edarx.com.br
4- Encomendar mais um moleskine in folio A3 e A4 - são muito bonitos
5-...(Já esqueci. E isso devia ser o mais importante!)
1- Contar a história de Natalie, a emparedada
2- Imprimir o recibo do Imposto de Renda
3- Dizer para o Cabeça que o livro se chama "grande sonho do céu", informações em www.edarx.com.br
4- Encomendar mais um moleskine in folio A3 e A4 - são muito bonitos
5-...(Já esqueci. E isso devia ser o mais importante!)
domingo, 10 de maio de 2009
Rubinho, dê banana pra eles!
O dia das mães foi ótimo, mas falamos muito de corrida.
Eu, por exemplo, admiro o Rubinho Barrichelo. Ele ficou à sombra do Schumi muito tempo, porque o alemão era bom pra caramba! Sete campeonatos não é pra qualquer um. Teve aquela corrida que mandaram ele deixar o alemão passar, e ele o fez, com a maior humildade. Mas uma corrida não ganha o campeonato e o Schumi levou o caneco merecidamente. Rubinho é perseverante, sabe acertar os carros, gosta de guiar rápido e na chuva. É um piloto que veio de uma carreira impecável na F-3, tem história, coisa e tal. Na Ferrari, não foram poucas vezes, acertou o carro para o Schumi trocar, na última hora. Mas cumpriu o seu papel coadjuvante, numa boa.
Até porque, na F-1 e no Congresso Nacional, tirante os pilotos japoneses, não tem bobo. É óbvio que lá como cá, rola o negócio do patrocinador. Os patrocinadores europeus botam duas vezes mais dinheiro quando tem um europeu na corrida. Porque eles querem vender e vendem mais para os europeus, que se identificam com o europeu, etc,etc.
Mas hoje foi demais. É óbvio que o animal que para duas vezes tem mais chances de levar o caneco do que o animal que para três vezes. Ainda assim, Rubinho fez pose de surpreso com o resultado e cara triste no pódio.
A minha única esperança é que o Rubinho esteja guardando tudo para o final. E assim, se houver um decisão entre ele o número um da equipe, ele,Rubinho, na última curva, jogará o cara para fora da pista e cruzará a linha de chegada, em primeiro.
Na mão, Rubinho levará uma banana e jogará para a inglesada.
No pódio, ele dançará can-can e chamará Gavião de malão, Nelsinho de Piquêzinho, Massa de Massinha e Button de botãozinho.
E aí, solenemente, ele anunciará que vai pendurar as chuteiras depois de chutar a bundinha do Brawn.
Eu, por exemplo, admiro o Rubinho Barrichelo. Ele ficou à sombra do Schumi muito tempo, porque o alemão era bom pra caramba! Sete campeonatos não é pra qualquer um. Teve aquela corrida que mandaram ele deixar o alemão passar, e ele o fez, com a maior humildade. Mas uma corrida não ganha o campeonato e o Schumi levou o caneco merecidamente. Rubinho é perseverante, sabe acertar os carros, gosta de guiar rápido e na chuva. É um piloto que veio de uma carreira impecável na F-3, tem história, coisa e tal. Na Ferrari, não foram poucas vezes, acertou o carro para o Schumi trocar, na última hora. Mas cumpriu o seu papel coadjuvante, numa boa.
Até porque, na F-1 e no Congresso Nacional, tirante os pilotos japoneses, não tem bobo. É óbvio que lá como cá, rola o negócio do patrocinador. Os patrocinadores europeus botam duas vezes mais dinheiro quando tem um europeu na corrida. Porque eles querem vender e vendem mais para os europeus, que se identificam com o europeu, etc,etc.
Mas hoje foi demais. É óbvio que o animal que para duas vezes tem mais chances de levar o caneco do que o animal que para três vezes. Ainda assim, Rubinho fez pose de surpreso com o resultado e cara triste no pódio.
A minha única esperança é que o Rubinho esteja guardando tudo para o final. E assim, se houver um decisão entre ele o número um da equipe, ele,Rubinho, na última curva, jogará o cara para fora da pista e cruzará a linha de chegada, em primeiro.
Na mão, Rubinho levará uma banana e jogará para a inglesada.
No pódio, ele dançará can-can e chamará Gavião de malão, Nelsinho de Piquêzinho, Massa de Massinha e Button de botãozinho.
E aí, solenemente, ele anunciará que vai pendurar as chuteiras depois de chutar a bundinha do Brawn.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Mammy!!
Os seres humanos fazem homenagens às mães há muito tempo. E Al Jolson, pintado de preto com os círculos brancos em torno dos olhos e da boca, já disse tudo. O Cantor de Jazz, ajoelhado, de braços abertos, cantando seu amor aos prantos, mas com um sorriso enorme na boca, é inesquecível.
Na música do primeiro filme sonoro, Al Jonson canta que andou milhas e milhas só para reencontrar a mãe e obter um sorriso. É velho, é antigo, é umbilical. O olhar de aprovação da mãe é insubstituível. Sem aquele olhar de compaixão e perdão que só mãe consegue misturar com ternura, qualquer ser humano fica mais amargo e enfezado.
Nesse dia das mães eu não vou me pintar de preto, nem usar luvas brancas, nem cantar Mammy. Mas eu talvez vá me ajoelhar na frente da minha mãe e abrir os meus braços em busca de um sorriso de aprovação. Aquele, que ela sempre usou para me confortar e me colocar para cima. Valeu Mammy!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Focinho de porco não é tomada
E um espirro não é sinal de gripe.
Sam Sheppard
Estou com dó de terminar de ler o livro de contos. É muito bom.
Tempo
Estou com pouco.
A Orelha de Van Gogh
Selva Brasilis, link ao lado, chama a atenção para a nova versão da história da orelha cortada do gênio da pintura.
Quem se importa?
Eu tampouco.
Medo
De estar fora do alcance.
Aquela velha opinião sobre tudo
Nem sempre é a melhor, mas quase sempre é.
Sucesso
Tim-tim.
Sam Sheppard
Estou com dó de terminar de ler o livro de contos. É muito bom.
Tempo
Estou com pouco.
A Orelha de Van Gogh
Selva Brasilis, link ao lado, chama a atenção para a nova versão da história da orelha cortada do gênio da pintura.
Quem se importa?
Eu tampouco.
Medo
De estar fora do alcance.
Aquela velha opinião sobre tudo
Nem sempre é a melhor, mas quase sempre é.
Sucesso
Tim-tim.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Os melhores anos da sua vida
_O que você achou da estante ali? – perguntou a mulher.
Ele a examinou com o canto dos olhos. Ela, em geral, pedia a opinião dele apenas para descartá-la. Ela gostava de batalhas verbais.
_Ficou bacana assim. Tem bastante espaço e está bem arejado – ele disse, cauteloso.
Lá fora, os carros buzinam, impacientes, na avenida engarrafada. A rua parece um colar mal-humorado se despedaçando.
_Não está bom. Está apertado. E as cores não combinam. Além disso, os livros vão tomar muito sol.
_É, ninguém gosta de livro bronzeado – ele disse, conciliador.
De noite, quando chegou à casa, percebeu que a estante já havia voltado para o antigo lugar, dentro do quarto.
_O que achou da estante no quarto? – ela perguntou, assim que o viu na frente do computador.
_É como estava antes.
_Sim, mas o que achou?
_Ficou como antes, oras.
_Mas não ficou melhor?
_Ficou do mesmo jeito.
_Nossa, que grosso! Você fica insuportável quando está na frente do computador.
_Vai lavar uma louça, vai.
_Você é muito egoísta. E não gosta de conversar comigo.
E enquanto ela se afasta, ele olha para a janela. Lá fora, a chuva provocou um longo engarrafamento. As luzes dos carros brilham amarelas e fortes até onde a vista alcança. A avenida parece uma longa e sinuosa enguia salpicada de pontos luminosos.
Depois, com a cabeça entre dois travesseiros para abafar o barulho das buzinas, ele pensa que no futuro ainda vai achar que aqueles foram os melhores anos da sua vida.
Ele a examinou com o canto dos olhos. Ela, em geral, pedia a opinião dele apenas para descartá-la. Ela gostava de batalhas verbais.
_Ficou bacana assim. Tem bastante espaço e está bem arejado – ele disse, cauteloso.
Lá fora, os carros buzinam, impacientes, na avenida engarrafada. A rua parece um colar mal-humorado se despedaçando.
_Não está bom. Está apertado. E as cores não combinam. Além disso, os livros vão tomar muito sol.
_É, ninguém gosta de livro bronzeado – ele disse, conciliador.
De noite, quando chegou à casa, percebeu que a estante já havia voltado para o antigo lugar, dentro do quarto.
_O que achou da estante no quarto? – ela perguntou, assim que o viu na frente do computador.
_É como estava antes.
_Sim, mas o que achou?
_Ficou como antes, oras.
_Mas não ficou melhor?
_Ficou do mesmo jeito.
_Nossa, que grosso! Você fica insuportável quando está na frente do computador.
_Vai lavar uma louça, vai.
_Você é muito egoísta. E não gosta de conversar comigo.
E enquanto ela se afasta, ele olha para a janela. Lá fora, a chuva provocou um longo engarrafamento. As luzes dos carros brilham amarelas e fortes até onde a vista alcança. A avenida parece uma longa e sinuosa enguia salpicada de pontos luminosos.
Depois, com a cabeça entre dois travesseiros para abafar o barulho das buzinas, ele pensa que no futuro ainda vai achar que aqueles foram os melhores anos da sua vida.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Um livro de contos de Sam Sheppard
Comecei a ler um livro de contos do Sam Sheppard. Escritor super-premiado do teatro norte-americano, ganhador do Prêmio Pulitzer, o cara é fera. Para ler Sam Sheppard, restabeleci a velha tática de enganar a Rose. Como todos da minha kombi de leitores já sabem, só dá tempo para ler no banheiro, logo que acordo e antes de ir dormir. Os leitores dessa kombi também sabem que a Rose é a ajudante-cozinheira-doceira-babá e estudante universitária daqui de casa. Sim, isso é novidade. A Rose conseguiu uma bolsa de estudos e está fazendo curso superior, Serviço Social.
O que talvez alguns se lembrem é que, sendo universitária ou não, a Rose continua com a mania de pegar o livro que estou lendo no banheiro e colocar no meio dos outros livros da minha super-estante de livros. Mas graças à minha tática de pegar dois livros ao mesmo tempo, a Rose fica com medo de um livro ser da minha mulher e por isso não mexe em nenhum. Sim, para despistar, eu uso marcadores floridos nos dois livros. Com isso, a Rose não sabe se eu estou lendo o Tibor Fischer ou o Sam Sheppard. E assim consigo ler ambos.
Lembro de ter lido uma crônica do Paulo Francis em que ele dizia que Sam Sheppard era seu vizinho em Nova York. Ou seja, Francis também era vizinho de Jessica Lange, mulher de Sheppard. Nunca fui vizinho de um gênio escritor. Meu vizinho de porta, Mister "É" é um cara legal, mas acho que só escreve recados de geladeira. Meu vizinho não sabe que eu sou blogueiro. Mas ele outro dia me olhou impressionado no elevador.
_Nossa, a Rose está fazendo curso superior! E ainda trabalha pra você!!
_È um estágio de oito horas - eu disse. E ela mantém os livros sempre muito arrumados, na estante.
_Careca, você é um cara de sorte! - disse o Mister "É".
Sou obrigado a concordar.
O que talvez alguns se lembrem é que, sendo universitária ou não, a Rose continua com a mania de pegar o livro que estou lendo no banheiro e colocar no meio dos outros livros da minha super-estante de livros. Mas graças à minha tática de pegar dois livros ao mesmo tempo, a Rose fica com medo de um livro ser da minha mulher e por isso não mexe em nenhum. Sim, para despistar, eu uso marcadores floridos nos dois livros. Com isso, a Rose não sabe se eu estou lendo o Tibor Fischer ou o Sam Sheppard. E assim consigo ler ambos.
Lembro de ter lido uma crônica do Paulo Francis em que ele dizia que Sam Sheppard era seu vizinho em Nova York. Ou seja, Francis também era vizinho de Jessica Lange, mulher de Sheppard. Nunca fui vizinho de um gênio escritor. Meu vizinho de porta, Mister "É" é um cara legal, mas acho que só escreve recados de geladeira. Meu vizinho não sabe que eu sou blogueiro. Mas ele outro dia me olhou impressionado no elevador.
_Nossa, a Rose está fazendo curso superior! E ainda trabalha pra você!!
_È um estágio de oito horas - eu disse. E ela mantém os livros sempre muito arrumados, na estante.
_Careca, você é um cara de sorte! - disse o Mister "É".
Sou obrigado a concordar.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
O que você deve ler se pegar uma gripe
A suína não, é claro. Uma gripe leve, que dê para descolar um atestado. Digo isso porque acabo de ser mudado de sala, no trabalho. E agora estou bem debaixo da saída do ar-condicionado central. Faz um frio horroroso. Estou pensando em vir todos os dias de suéter, ou de deixar um casacão na sala.
Quando se pega gripe não dá vontade de fazer nada. Mas até isso cansa. Por isso, vamos às sugestões.
Filmes apocalípticos combinam com gripe, mas devem ser evitados. Livros apocalípticos também. É recomendável evitar ensaios críticos e literatura existencialista.
Eu lembro de “A Peste”, do Albert Camus. Foi o primeiro livro do Camus que eu li. Comecei a ler porque achei que era alguma ficção sobre o fim do mundo, no estilo do H.G Wells, ou aventuresco, como Victor Hugo. Acabou que a peste do livro do Camus marcou a minha adolescência. E me fez mergulhar em outros livros do Camus, em Sartre e num monte de escritores franceses. Se arrependimento matasse. Foi um erro crasso. Adolescentes não deveriam ler Albert Camus e nem Sartre. Aquele nhaca existencialista fica grudada na cabeça da gente, é um horror. E você começa a achar que é angustiado.
Meu pai, muito sabiamente, “recomendava” os livros do Eça de Queiroz para mim, ao dizer que eram livros muito “adultos” e “sérios”. Foi a minha salvação. Sem os livros do Eça, eu com certeza teria me atolado mais do que me atolei na bobageira depresssiva dos existencialistas. Então, mesmo se você não for careca e o seu nariz estiver entupindo, corra logo para a biblioteca, feche os olhos e pegue um livro qualquer do Eça.
Adolescentes gripados devem ler Patricia Highsmith. É mais divertido. Patrícia leu o Raskolnikov do Crime e Castigo do Dostoiévsky e inventou Ripley, o assassino sem drama de consciência. Highsmith é dramática sem suspiros e desmaios. Ela é genial. A não ser por um pequeno livro, Carol, que é insuportável. Tirante Carol, adolescentes devem fechar os olhos e mandar brasa nos livros da Patrícia.
Mulheres de trinta anos, gripadas ou não, devem ler Balzac. E evitar Simone de Beauvoir. “O Segundo Sexo”, escrito em 1949, é um ensaio crítico que dissemina a discórdia e a cizânia entre os casais, e acaba com a boa vontade entre os homens e as mulheres. É tudo verdade e muito bem escrito, mas homens de bom senso evitam contato com as mulheres que leiam ou ainda estejam sob a influência de Simone.
Mulheres de qualquer idade devem ler Hemingway. Homens de qualquer idade também podem ler Hemingway. Mas o melhor é ler Guimarães Rosa. Já que você tem uma boa desculpa para ficar de cama, ataque Grandes Sertões: Veredas. Ou alugue o vídeo, com a Bruna Lombardi. É bom à beça. Mas se cuide. Rosa vicia.
Eu me cuido. E quando alguém espirra por perto, eu assobio para disfarçar o sopro.
Quando se pega gripe não dá vontade de fazer nada. Mas até isso cansa. Por isso, vamos às sugestões.
Filmes apocalípticos combinam com gripe, mas devem ser evitados. Livros apocalípticos também. É recomendável evitar ensaios críticos e literatura existencialista.
Eu lembro de “A Peste”, do Albert Camus. Foi o primeiro livro do Camus que eu li. Comecei a ler porque achei que era alguma ficção sobre o fim do mundo, no estilo do H.G Wells, ou aventuresco, como Victor Hugo. Acabou que a peste do livro do Camus marcou a minha adolescência. E me fez mergulhar em outros livros do Camus, em Sartre e num monte de escritores franceses. Se arrependimento matasse. Foi um erro crasso. Adolescentes não deveriam ler Albert Camus e nem Sartre. Aquele nhaca existencialista fica grudada na cabeça da gente, é um horror. E você começa a achar que é angustiado.
Meu pai, muito sabiamente, “recomendava” os livros do Eça de Queiroz para mim, ao dizer que eram livros muito “adultos” e “sérios”. Foi a minha salvação. Sem os livros do Eça, eu com certeza teria me atolado mais do que me atolei na bobageira depresssiva dos existencialistas. Então, mesmo se você não for careca e o seu nariz estiver entupindo, corra logo para a biblioteca, feche os olhos e pegue um livro qualquer do Eça.
Adolescentes gripados devem ler Patricia Highsmith. É mais divertido. Patrícia leu o Raskolnikov do Crime e Castigo do Dostoiévsky e inventou Ripley, o assassino sem drama de consciência. Highsmith é dramática sem suspiros e desmaios. Ela é genial. A não ser por um pequeno livro, Carol, que é insuportável. Tirante Carol, adolescentes devem fechar os olhos e mandar brasa nos livros da Patrícia.
Mulheres de trinta anos, gripadas ou não, devem ler Balzac. E evitar Simone de Beauvoir. “O Segundo Sexo”, escrito em 1949, é um ensaio crítico que dissemina a discórdia e a cizânia entre os casais, e acaba com a boa vontade entre os homens e as mulheres. É tudo verdade e muito bem escrito, mas homens de bom senso evitam contato com as mulheres que leiam ou ainda estejam sob a influência de Simone.
Mulheres de qualquer idade devem ler Hemingway. Homens de qualquer idade também podem ler Hemingway. Mas o melhor é ler Guimarães Rosa. Já que você tem uma boa desculpa para ficar de cama, ataque Grandes Sertões: Veredas. Ou alugue o vídeo, com a Bruna Lombardi. É bom à beça. Mas se cuide. Rosa vicia.
Eu me cuido. E quando alguém espirra por perto, eu assobio para disfarçar o sopro.
domingo, 3 de maio de 2009
Acabou-se feriado
Justo quando começava a ficar muito legal, acabou-se o feriado. E eu estava com uma idéia sensacional para um post, mas nesse instante a idéia sumiu. Ô!
sábado, 2 de maio de 2009
Eu sou Robert de Niro
Às vezes, na minha ignorância das coisas da vida, eu busco pistas sobre a minha própria existência no meio da vida dos outros, nos registros, nas fotos. Nem sempre encontro muito sentido. Nem sempre encontro uma linha reta. Mas é bom para passar o tempo.
Eu tenho um grupo de amigos de muito tempo e comecei a pedir a todos as fotos em que eu aparecia, para copiar. E eu aparecia em muitas. Num instante, juntei um pacote com dezenas de fotos das mais diversas fases da minha vida. Comecei a montar um álbum por temas. Festa, viagem, formatura, casamento, filhos, batizado, aniversário. Aí parei. Perdi o interesse. Fui fazer outra coisa. Esqueci desse projeto de álbum.
Até aí, tudo bem. Mas hoje encontrei o pacote, com as fotos. E tentei revigorar o projeto original, abandonado após aquela primeira separação. Notei que havia uma porção de fotos que extrapolavam a temática etiquetada dos maços de fotografias. Em “Festas”, por exemplo, ali estava eu, com uma cara de perdido, vestido com uma fantasia de Barney Rubble, o amigo do Fred Flintstone. Sim, eu poderia deixar essa no álbum, mas preferi separar e colocar no canto.
Em uma outra foto, alguém colocava uma casca de melancia atrás da minha cabeça. Eu ficava com um par de chifres. Também separei essa. Havia um monte de fotos com gente fazendo chifrinho, mas essa com casca de melancia eu achei um abuso.
Numa terceira, alguém me flagrou pulando numa piscina com uma cadeira de plástico. Foi numa pousada em Pirinópolis. A mulher que tomava conta da pousada só faltou chamar a polícia. Felizmente, não quebrei nada. Coloquei de lado.
Não são fotos mostráveis para os filhos, embora sejam educativas: filhotes, não paguem mico desse jeito, faz favor. Aí cansei desse tema do álbum.
Folheando o maço “Viagens”, encontrei uma foto em que estou numa rede, em Jericoacoara, numa casa de pescador. É uma foto muito boa que me traz zilhões de recordações. Em outra, meus pés flutuam sobre o mar azul de Cancun, na minha primeira e única experiência de esportes radicais. Sentado e sem proteção alguma, fui puxado de para-quedas por uma lancha pela praia mexicana. Foram dez minutos de pura adrenalina a cinqüenta dólares. Faz vinte anos que fiz esse passeio, mas até hoje me lembro como se fosse ontem. A foto dos meus próprios pés, com a unha do meu dedão encravada, é a única prova da minha aventura. A câmara disparou sozinha e teria caído no mar, lá de cima, se não estivesse presa no meu pulso.
Resumindo. Passei um tempão vendo foto velha. Aí encontrei um pacote de fotos que não entraram no álbum de fotos do casamento. Fiquei um tempão olhando as fotos do que tempo em que eu e a minha mulher éramos mais jovens. Então encontrei uma foto sensacional. A minha foto Don Vito Corleone jovem. Eu, fazendo cara de mau, com chapéu, gravata e sobretudo. Nem sei onde tirei essa foto. Mas ali, de braços cruzados, com cara de bravo, a boca fazendo um arco para baixo, eu sou Robert de Niro. Sou mesmo.
Eu tenho um grupo de amigos de muito tempo e comecei a pedir a todos as fotos em que eu aparecia, para copiar. E eu aparecia em muitas. Num instante, juntei um pacote com dezenas de fotos das mais diversas fases da minha vida. Comecei a montar um álbum por temas. Festa, viagem, formatura, casamento, filhos, batizado, aniversário. Aí parei. Perdi o interesse. Fui fazer outra coisa. Esqueci desse projeto de álbum.
Até aí, tudo bem. Mas hoje encontrei o pacote, com as fotos. E tentei revigorar o projeto original, abandonado após aquela primeira separação. Notei que havia uma porção de fotos que extrapolavam a temática etiquetada dos maços de fotografias. Em “Festas”, por exemplo, ali estava eu, com uma cara de perdido, vestido com uma fantasia de Barney Rubble, o amigo do Fred Flintstone. Sim, eu poderia deixar essa no álbum, mas preferi separar e colocar no canto.
Em uma outra foto, alguém colocava uma casca de melancia atrás da minha cabeça. Eu ficava com um par de chifres. Também separei essa. Havia um monte de fotos com gente fazendo chifrinho, mas essa com casca de melancia eu achei um abuso.
Numa terceira, alguém me flagrou pulando numa piscina com uma cadeira de plástico. Foi numa pousada em Pirinópolis. A mulher que tomava conta da pousada só faltou chamar a polícia. Felizmente, não quebrei nada. Coloquei de lado.
Não são fotos mostráveis para os filhos, embora sejam educativas: filhotes, não paguem mico desse jeito, faz favor. Aí cansei desse tema do álbum.
Folheando o maço “Viagens”, encontrei uma foto em que estou numa rede, em Jericoacoara, numa casa de pescador. É uma foto muito boa que me traz zilhões de recordações. Em outra, meus pés flutuam sobre o mar azul de Cancun, na minha primeira e única experiência de esportes radicais. Sentado e sem proteção alguma, fui puxado de para-quedas por uma lancha pela praia mexicana. Foram dez minutos de pura adrenalina a cinqüenta dólares. Faz vinte anos que fiz esse passeio, mas até hoje me lembro como se fosse ontem. A foto dos meus próprios pés, com a unha do meu dedão encravada, é a única prova da minha aventura. A câmara disparou sozinha e teria caído no mar, lá de cima, se não estivesse presa no meu pulso.
Resumindo. Passei um tempão vendo foto velha. Aí encontrei um pacote de fotos que não entraram no álbum de fotos do casamento. Fiquei um tempão olhando as fotos do que tempo em que eu e a minha mulher éramos mais jovens. Então encontrei uma foto sensacional. A minha foto Don Vito Corleone jovem. Eu, fazendo cara de mau, com chapéu, gravata e sobretudo. Nem sei onde tirei essa foto. Mas ali, de braços cruzados, com cara de bravo, a boca fazendo um arco para baixo, eu sou Robert de Niro. Sou mesmo.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
A melhor coisa do mundo
Batmóvel
Demoramos um bocado, mas conseguimos. A montagem do carro do Batman demorou um total de 6 horas. A dificuldade toda não está no encaixe. Mas em encontrar a peça certa. Felizmente, o trabalho de separação por cor e tamanho se mostrou bem acertado.
Moleskines em novos tamanhos
Devo receber na próxima semana dois novos moleskines sketchbook nos tamanhos A3 e A4. Justo agora, descobri que a FNAC já está comercializando os moleskines aqui, nesta cidade. Entretanto, o preço é absurdo. Sai mais em conta importar de Portugal ou batalhar uma promoção especial na Amazon. Estou rabiscando dois sketchbook por mês. Até a metade do ano, terei bastante material. Ainda não sei direito o que fazer. Talvez use no blog ou faça um outro blog paralelo, só de ilustrações. Quero fazer um monte de coisas, mas não há tempo. E, sobretudo, falta tempo para ler, o que é um chute mortal na inspiração.
A melhor coisa do mundo
Tem muita coisa legal. E o bom mesmo é curtir uma coisa de cada vez. Nada de tudo ao mesmo tempo agora. Como dizia Martinho da Vila, é devagar, é devagar...
Rádio Careca
Encontrei uma nova versão de Sex on Fire e coloquei na rádio. Ainda estou em fase de arrumação de livros e discos. Mas a verdade é que não tenho recebido muitas dicas de músicas. É importante manter os ouvidos apurados para as coisas novas. Felizmente, tenho uns sobrinhos adolescentes e rockeiros para indicar novidades.
Demoramos um bocado, mas conseguimos. A montagem do carro do Batman demorou um total de 6 horas. A dificuldade toda não está no encaixe. Mas em encontrar a peça certa. Felizmente, o trabalho de separação por cor e tamanho se mostrou bem acertado.
Moleskines em novos tamanhos
Devo receber na próxima semana dois novos moleskines sketchbook nos tamanhos A3 e A4. Justo agora, descobri que a FNAC já está comercializando os moleskines aqui, nesta cidade. Entretanto, o preço é absurdo. Sai mais em conta importar de Portugal ou batalhar uma promoção especial na Amazon. Estou rabiscando dois sketchbook por mês. Até a metade do ano, terei bastante material. Ainda não sei direito o que fazer. Talvez use no blog ou faça um outro blog paralelo, só de ilustrações. Quero fazer um monte de coisas, mas não há tempo. E, sobretudo, falta tempo para ler, o que é um chute mortal na inspiração.
A melhor coisa do mundo
Tem muita coisa legal. E o bom mesmo é curtir uma coisa de cada vez. Nada de tudo ao mesmo tempo agora. Como dizia Martinho da Vila, é devagar, é devagar...
Rádio Careca
Encontrei uma nova versão de Sex on Fire e coloquei na rádio. Ainda estou em fase de arrumação de livros e discos. Mas a verdade é que não tenho recebido muitas dicas de músicas. É importante manter os ouvidos apurados para as coisas novas. Felizmente, tenho uns sobrinhos adolescentes e rockeiros para indicar novidades.
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