quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Um estouro de curtas
Uma crise na minha bolha
É extraordinário o número de avisos que todos nós recebemos, de todos os lados, sobre a possibilidade de estouro da bolha. As pombas começaram a carregar ramos de oliveira depois de cento e vinte dias sem chuva. As abelhas começaram a desaparecer, de todos os lugares. Uma baleia encalhou numa praia, na Austrália. Os cães fizeram amizade com gatas vadias. Começou a chover granizo em Minas Gerais e em Kuala Lumpur, dia sim e dia não. Um brasileiro voltou a ter chances de ser campeão na F1. E meu joelho esquerdo começou a doer horrores, desde uma sexta-feira de junho. Como sempre, apelei para o meu velho senso prático para desqualificar esses indicativos sólidos de algo estava para acontecer no velho reino da Babilônia. E nada fiz. Tivesse sido eu mais atento e sábio, poderia ao menos ter mandado uma carta aos irmãozinhos Lehman.
Cartinha que não mandei
Hello, Brothers, convém diminuir essa mania de querer ganhar sem fazer nada. Isso não está certo. Tudo bem, todo mundo quer encontrar um tesouro enterrado na areia. Mas esse negócio de enterrar areia e sair vendendo mapa não pode acabar bem. Eu não entendo nada de finanças e nem de derivativos, mas sei que entro pelo cano toda vez que eu pago caro por uma coisa que não vale nada e ainda assim não recebo coisa nenhuma. Sou, realmente, um sujeito tolo, que não sabe ganhar dinheiro, mas não sou maluco de queimar notas sem fumar charuto. Sempre me falaram da economia globalizada, mas nunca tive coragem de tirar dinheiro da poupança para investir fora das contas a pagar e do supermercado. Admiro esses gringos valentes, que chegam aqui com seus dólares suados e investem em empresas que não conseguem apresentar um balancete. São tipos assim que conquistaram o mundo, mas perderam até as cuecas. Enfim, se cuidem, Manés.
Ah, as possibilidades
Talvez, se eu tivesse mandado essa cartinha singela, conseguisse salvar os Brothers. Talvez, se eu tivesse mandado essa cartinha singela, a história do mundo teria sido diferente. Mas é totalmente provável que não fizesse a mínima diferença. Como não fez diferença aquele sinal evidente de estouro da bolha que aconteceu comigo na segunda-feira do mês passado.
Numa segunda-feira de agosto
Tive um encontro com C3PO, o mala da impressora onde eu trabalho. Um sinal evidente, evidentíssimo, de que o mar não estava para peixe e os céus estavam iniciando uma guerra estelar contra a humanidade. Na semana passada, novo encontro com C3PO, novamente na impressora. É uma impressora,xerox, scanner, fax, telefone, modem, tudo em uma. O C3PO estava xerocando a própria mão umas duzentas vezes. Ele colocava as duas mãos sobre a mesa de xerox e acionava o “copy” com o queixo. Percebi, com uma rápida olhada, que ele procurava escrever uma mensagem xerox utilizando a língua dos sinais. Uma boa idéia, a do C3PO. Para mandar uma mensagem forte para o C3PO eu só precisaria de um único xerox, de uma só mão e com apenas um dedo em riste. Mas depois desse encontro não vi mais o C3PO. Quisera aquele sujeito escabroso estivesse escrevendo o testamento com as xerox das mãos. Mas, em se tratando do C3PO, isso seria sorte demais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Careca, eu nunca entendi esse trem de mercado de ações e derivativos... nunca entendi alguém ganhar dinheiro sem produzir um único palitinho de fósforo que fosse. Agora, pode apostar, quem disse que essa crise é pior ou equivalente ao crash de 29, ganhou dinheiro com isso. E crise vai, crise vem, queimam café,declaram guerra, aumenta petróleo, diminui petróleo, aumenta dólar, diminui dólar, e o mundo continua a mesma porcaria de sempre. Duvide-o-dó que os donos do AIG ou do banco quebrado no fim de semana estão pobres, na rua da amargura, como a gente fica assim que perde emprego. Capitalismo é uma coisa maluca. Abraços!
Janaína, concordo em gênero, número e grau. E também acho capitalismo uma loucura. Mas só não gosto quando a minha grana acaba. Felizmente, isso acontece só vinte e nove dias por mês.
puta cara sinistro o do c3po. cuide-se!
Anna, estou tentando aprender a fazer Vudu para me livrar do C3PO. Afinal, como já disseram Caetano e Gil, o Haiti é aqui!
Postar um comentário