Deixamos a mesa do café-da-manhã arrumada. É uma estratégia que garante dois ou três minutos que podem fazer a diferença entre chegar na hora ou muito atrasado na escola do meu filho mais velho. Em geral, eu e minha mulher dividimos essa tarefa. Quem arruma a mesa do jantar fica automaticamente livre de arrumar a mesa do café-da-manhã. Mas não há rigidez. Eu às vezes arrumo as duas mesas. O importante é que os cinco minutos do período da manhã estejam garantidos.
Os físicos sabem muito bem que no período da manhã o tempo passa mais rápido, a velocidade da luz é atravessada pelo sono, a preguiça deixa a gente em câmera lenta e com os olhos embaçados. Só mesmo uma bela caneca de café quente e cheiroso para fazer com que sangue volte a correr no ritmo do mundo novamente. E sem uma fatia de pão tostado no forninho elétrico, crocante e quente, com manteiga dourada e deliciosamente derretida por cima, não é possível recuperar o dom da fala e abandonar de vez o irresistível planeta da complacência sonífera.
Com meu filho também não é muito diferente. Ele fica em silêncio inquebrantável por longos minutos até a primeira dentada na maçã ou pera. Só depois é que se anima. E é então que aqueles cinco minutos conquistados na noite anterior se mostram tão fundamentais, porque é possível encontrar tempo entre as mastigadas para dizer como será o dia, fazer o check-list do material diário e planejar a logística do leva-e-traz com a minha mulher.
Uma vez só esquecemos de deixar tudo preparado. Não foi bom. Tivemos que fazer tudo corrido pela manhã e nem deu tempo de conversar direito. Mas o principal problema foi o check-list. Sem ele, não é preciso dizer, esquecemos as coisas mais triviais e paradoxalmente fundamentais para o dia-a-dia. Fica evidente que é preciso usar o tempo da melhor maneira possível e aproveitar ao máximo todas as janelas em que estamos juntos para apreciar as boas coisas. Ou só para estarmos juntos.
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