quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Crime e Castigo



Arctic Monkeys - A Certain Romance

Os nomes russos sempre me impressionaram muito, desde o tempo em que li o primeiro romance de Dostoievski. Príncipe Mishkin, Sofia Marmeládova, Aliosha Karamazov, Svidrigáilov, Smerdiakov, Stavroguin, Maslobóiev, Fiódor Karamazov, Prince Valkorskii, e é claro, Rodion Românovitch Raskólnikov. Até hoje não sei se fiz bem, mas comecei a ler Fiódor Dostoievski a partir de Crime e Castigo e o nome do protagonista grudou inteiro na minha cabeça, para sempre. Talvez tivesse sido melhor ter começado pelos Irmãos Karamazov, O jogador, O idiota ou mesmo Recordações da Casa dos Mortos. Ou talvez não tivesse feito diferença. Raskólnikov é mesmo um nome inesquecível.

Para quem não se lembra, Ródia é um estudante pobre que se acha um gênio. Ele mata uma velhinha a machadadas como uma espécie de teste para sua própria teoria sobre os indivíduos. Para Raskolnikov, os homens se dividem em ordinários e extraordinários. Os ordinários estão condenados a viver na obediência e respeito às leis. Os extraordinários, por sua vez, poderiam cometer crimes e transgressões desde que fossem necessários para o alcance de suas excelentes intenções em benefício da humanidade. É. Lixo. E Rodka acredita ser da turma dos extraordinários. Ele mata e rouba a mulher para o que acha que é fazer um bem maior, mas acaba quase enlouquecendo de remorso. Aconselhado pela prostituta Sófia Siemionovna Marmiéladova, Rodka confessa o crime e é condenado ao exílio na Sibéria. A prostituta o acompanha na expiação de suas culpas.

O ministro Levianodóvski tem um nome com jeitão de russo ou polonês e parece comungar das idéias tortas de Raskolnikov. Ao absolver um Genuíno culpado, o Zé-que-saiu-de-lá-porque-o-Jefferson-mandou e, ao mesmo tempo, condenar o Tesoureiro Dilúvio, Levanudóvski também está dividindo os homens em ordinários e extraordinários. Os ordinários cometeram todos os crimes do mensalão, mas os extraordinários estavam distraídos, olhando pela janela e não podem ser condenados porque juram pela mãe que são inocentes.

Daqui a alguns anos não lembrarei de Livrandurróvski. Terei lembrança de que existiu sim, um ministro que fez de tudo para postergar ainda mais o processo do mensalão e depois, como não conseguiu, fez de tudo para livrar a cara de criminosos e corruptos. Liberuóvski? Levandonuóvski? Não lembrarei do nome, tenho certeza. Mas reservo a ele o lugar da memória dedicada aos piores assassinos de velhinhas. Para mim, só ontem e hoje Alivianduóvski acertou pelo menos duas machadadas na Justiça, coitada.

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