Era uma vez um livro para a menina que queria muito ler um livro.
A primeira página do livro para essa menina teria de ser cor-de-rosa.
E depois de uma folha azul com arco-íris de sete cores, viria uma página com os 10 dedos dos pés. E depois um monte de pés de centopéia.
Haveria então uma folha dupla na forma do trevo de quatro folhas, junto com anéis de cabelos, fios de seda, conchas e escamas de peixe.
E em algum momento, haveria uma cadeira de balanço ou uma rede, porque essa menina gosta muito de balançar.
E uma página deveria ter braços para abraçar e uma boca grande para dar beijos estalados.
E se tivesse jeito de ter colo, então esse livro teria um colo igual ao da mãe, onde a menina senta e joga os pés para frente e para trás.
Esse livro deveria ter um coração enorme, com janela aberta para um jardim florido.
E no meio das flores, haveria margaridas, rosas, cravos, camélias e violetas.
E bem no meio de tudo, haveria um dente-de-leão para a menina soprar.
Também haveria um apito e um relógio para a corrida que vai começar.
Já estão na pista a ema, o tamanduá, a anta e o lobo guará.
Também haveria água para o macaco, o sapo e o boi.
Lá pela metade, também haveria um canudinho, com um copo d’água, para que ela não precisasse se levantar para matar a sede. E biscoitos também, essa menina adora biscoitos.
E banana, laranja, maçã, manga, abacate e uva.
Uma página desse livro deveria ser feita com pedaços de nuvens.
E grudados nos pedaços, viriam palavras difíceis de ler mas fáceis de adivinhar.
Haveria tristeza, alegria, dor de espinho no dedo, raiva, soluço e medo.
E depois de raios, trovões e trovoadas, viram paz, amor e felicidade.
E o livro teria um monte de sonhos e pilhas de canções, todas gravadas numa fita cassete mágica para levar a gente para qualquer lugar.
E lá no final, o livro teria um nariz bem grande e macio.
Ué, e pra quê esse nariz? perguntaria a menina.
Para fazer cócegas e escutar a risada, é claro.
Se eu fosse mesmo um escritor eu tiraria o livro da estante e estenderia para ela.
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