Brasília é uma das cidades mais cheias de gramados que eu conheço. Todas as superquadras são gramadas. E é realmente um privilégio poder andar de manhã, bem cedo, em volta do gramado. Todos os dias eu passeio com o Rafa, o cãozinho shit-tsu da minha filha. No início, quando essa tarefa sobrou para mim, achei um saco. Mas hoje curto à beça o passeio com o cachorrinho.
A quadra é bem arborizada, existem algumas árvores frutíferas, como mangueiras, e de manhã é bem bacana porque é possível ver e escutar muitos pássaros. Já vi de tudo. Do currupião ao canário. De vez em quando chove, e por isso eu passeio de guarda-chuva. Mas no Planalto Central, basta uma chuvinha de nada para a grama crescer feito doida e virar matagal. Em poucos dias, o gramado amarelo ressecado se transformou em verde esmeralda.
Aí começou uma greve na empresa que cuida dos jardins da cidade. Era Novacap, mudou para Belacap, ou um nome parecido. Dezenas de jardineiros cruzaram os braços. O gramado da minha quadra sobe rapidamente. De manhã, o Rafa mergulha entre as moitas de gramado. Os pássaros enlouquecem. Cada pulo em moita levanta uma nuvem de insetos, comida fácil para os passarinhos. Os bichos estão gordões. Outro dia vi um João-de-Barro com dificuldades para entrar na casa dele.
A grama alta também dificulta o passeio com o Rafa. É que muita gente põe o empregado para passear com o cachorro. E os empregados não colocam a mão na massa, não recolhem o cocô do cachorro do patrão nem que a vaca tussa. Mas além dos empregados, muito patrão também faz cara de paisagem. Eu vejo muito marmanjo e muita dondoca fingindo que o cachorro não fez nada. Nessa hora dá vontade de ter um pitbull.
2 comentários:
tu jura que o joão de barro entalou na porta da casa?
Bom, ele podia estar tentando atravessar a parede, na marra...
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