terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os olhos de Malcom Macdowell em laranja mecânica

No trabalho, a turma está sempre procurando um motivo para faltar. Os mais jovens, vivem ficando doentes, é uma coisa incrível. E sempre trazem atestado.

_Olha, Careca, olhai o meu atestado.

_É bonito, é bonito! – eu elogio. É melhor não contrariar a juventude.

Aí esse meu colega começa a falar de uma mancha no olho. Mostrou para todo mundo. Ninguém sabia o que era.

_E aí, Careca, você sabe o que é isso? – ele perguntou, bem debaixo da luz. Lembrei logo da cena em que Alex, o anti-herói interpretado por Malcom Macdowell em Laranja Mecânica, implora para não usarem Ludwig Van Beethoven no seu tratamento anti-violência.

Vi uma mancha na beirada do olho. Sei tanto de manchas no olho quanto de física quântica. Alex, grita, chora, os olhos arregalados. Ludwig não!

_Nossa, precisamos chamar um padre! – eu disse, para a alegria da galera.

_Pô, Careca, não teve a menor graça!

_A única solução é a eutanásia. Não se preocupe. Dizem que no olho dói só um pouco, mas depois de morto você nem vai se lembrar.

Nunca sei quando parar uma gozação.

Lembro de ter lido “A Laranja Mecânica” em inglês, porque o professor tinha dito que era muito difícil. Não foi nada difícil. As acochambrações de palavras do A. Burguess são divertidas e fáceis de entender. Foi um dos poucos livros que comprei do Chiquinho, que na época mantinha um sebo improvisado no CA de Economia.

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