segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Fredo, o traidor

Em agosto, eu e minha mulher demoramos três finais de semanas revendo a trilogia do Poderoso Chefão. A saga dos Corleone é uma das melhores coisas já feitas no cinema. E assistimos aos sábados, com direito a pipoca e luzes apagadas, no aconchego do sofá. A sessão de vídeo em casa exigia uma preparação específica, quase um ritual, de fazer as crianças dormirem com antecedência, mas sem pressa. De preparar a pipoca com o tempero correto. De deixar um edredon no jeito, se fizesse frio. Essas coisas legais.

E aí, no final do segundo episódio, você sabe, a mãe Corleone está morta e no velório Michael faz um sinal bem de leve com a cabeça para um sujeito que está prestando a maior atenção ao abraço dele em Fredo. E você saca que é o fim do Fredo. É um momento de alta tensão.

Eu já vi o filme várias vezes, mas o primeiro passo hesitante do Michael em direção ao Fredo quase sempre me deixa em dúvida, como se o filme fosse mudar. Parece que ele vai dar uma porrada no Fredo. Mas aí seria uma catarse e quem sabe ele até perdoasse o irmão, né? Ao invés disso, o Michael, dá pra gente ver, está engolindo tudo e não vai deixar passar nada não. Nem tem música, de tanta tensão. Ou tem música, mas eu fico tão absorto que nem ouço nada. Nessas horas, não sei o motivo, eu sempre tenho que dizer alguma coisa nada a ver.

_ Eu sempre achei o ator que faz o Fredo igualzinho ao bartender dos Simpsons, o Moe. O cara parece que saiu de um cartoon – eu disse.

_Nossa, ele mandou matar o próprio irmão? Que bandido! – disse a minha mulher.

E depois na sequência, vimos o Fredo rezando no barco de pesca no lago, onde aquele cara que recebeu o sinal do Michael prepara uma arma. Michael olha pela vidraça da sala onde trabalha como Godfather. Ele vê tudo dali. Também foi ali que Michael disse que o Fredo não significava mais nada para a família.

_Canalha! Que cara mais frio! Mandou matar o próprio irmão! – diz a minha mulher, furiosa com o Michael Corleone.

_É, mas ninguém teve nenhuma dó do Michael, que quase morreu duas vezes por causa do Fredo!

_Ele é um fraticida! Como você pode defender um fraticida! – reclama a minha mulher.

_O Fredo é um idiota fraticida, parricida, matricida e familicida total. Se eu fosse o Michael, ele tinha dançado quando ainda estavam em Cuba, no meio da revolução.

Não tenho a menor pena do Fredo. É puro cartoon, o Fredo. Parece o patrão do Homer, com um bigodinho e sem a inteligência macabra.

2 comentários:

pevê disse...

Careca,
Estou contigo e não abro.
A trilogia é fantástica.
A mãe Corleone tem mais bolas que o Frodo.
A irmã Corleone tem mais bolas que o Frodo.
O cachorro dos Simpsons tem mais bola que o Frodo.
O Frodo é uma caricatura do Lopes, feita a cinco minutos do apagar das luzes do letreiro do Beirute.

Careca disse...

Pevê, é isso aí. Muito boa a frase da caricatura do Lopes.

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