segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O projeto Querer Menos

Dentre o monte de projetos que eu acho bacanas, mas que acabo deixando na gaveta, figura a ambiciosa “Operação Querer Menos”. Esse projeto consiste em deixar de querer possuir um monte de coisas que não cabem no meu orçamento. Ele também consiste em deixar de querer possuir um monte de coisas que cabem no meu orçamento, mas que não me fazem nenhuma falta. Perceba que existe um diferencial clássico desse projeto com a quase tradicional “lista de postergação de compras”.

Ninguém vive para ter coisas. Mas sem algumas coisas não se vive. Acho ótimo quando consigo manter uma rotina bem firme e atada às necessidades básicas. Simples e frugal.

Entretanto, por mais que eu esteja precisando fazer um corte radical de gastos, não se trata de economia e nem de poupança. Esse projeto consiste, principalmente, em deixar de querer. A minha operação é sobre a vontade. É deixar de querer ou querer menos.

Não é um ascetismo sobre o desejo. É mais um exercício sobre a minha vontade.
Obviamente, fazer as malas é a parte mais difícil dessa viagem. Entendo que o projeto exige primeiro uma espécie de limpeza mental. Reduzir o pensamento ao essencial. Usufruir da preguiça cerebral sem dor na consciência. Mas com preservação de qualidade do raciocínio. Sem nada de doideira, nem de lisérgicos. Essa purificação do pensar seria como reduzir a bagagem para o que é essencial, como se faz antes de uma peregrinação.

E é aqui que sempre empaco. De todas as coisas geniais que foram ditas e escritas por seres humanos geniais, o que é você faria questão de não apagar da sua cabeça? Qual seria a primeira coisa que você diria aos homenzinhos verdes do espaço logo após ser abduzido? Qual livro você levaria para a leitura noturna, na escalada do Everest? Se te fosse concedido um último pedido, para quem você dedicaria a música? Qual música? Ou seja, coisas importantes e fundamentais. Pelo menos para os homenzinhos verdes.

Tem muito tempo que estou com o Projeto Querer Menos na gaveta. E é bem verdade que só me lembro dele quando me pego ambicioso demais. Quando começo a querer aceitar riscos que faço melhor em não aceitar.

Ou talvez esse projeto seja só um pouco de covardia.

Ou prudência. Na dúvida, é melhor ficar na gaveta. Os homenzinhos verdes podem esperar.

2 comentários:

Paulo Bono disse...

pô, careca.
Sempre tive esse projeto.
às vezes me pego querendo ter muitas coisas, a maioria coisas que não me são úteis ou urgentes.
E isso é uma merda.

abraço

Careca disse...

Bono, é um projeto bom, exige muita força de vontade, pior que largar cigarro. Mas vou emplacar.

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