"Indo aonde se deve ir, fazendo o que se tem que fazer, observando o que há para se observar, qualquer um encontra e identifica material e instrumental para escrever uma história. Quanto a mim, prefiro trabalhá-la e poli-las bastante, prefiro ter de colocá-las, por assim dizer, numa espécie de bigorna, martelá-las até forjá-las a contento, ou mesmo apenas moldá-las numa pedra já formatada, e asim saber que tenho algo sobre o que escrever: prefiro isso a ter aquele material claro e brilhante, já pronto, e não ter nada a dizer, ou então tê-lo limpo e bem lubrificado, guardado no armário, mas fora de uso.
Então faz-se sempre necessário utilizar a bigorna. Gostariade viver o bastante para escrever mais três romances e mais vinte e cinco contos. Conheço alguns casos muito interessantes."
Ernest Hemingway (1938)
Esse pedaço de texto está na orelha do segundo volume de contos organizados pelo próprio Hemingway e publicado no Brasil pela Editora BB-Bertrand Brasil, em 2001. São 21 contos. Na maioria deles, um dos personagens morre. Num dos que mais gosto, Nick, o alter ego de Hemingway, testemunha a chegada de dois assassinos numa lanchonete.
É extraordinário como Ernest consegue colocar você ao lado do protagonista.
É extraordinário como, numa orelha de livro, ele parece falar do que aconteceria somente em julho de 1961, com sua espingarda de caça, na sua residência em Idaho.
Um comentário:
bigorna e tesoura, porque como dizia Drummond, 'escrever é cortar palavras'.
beijos, querido e boa semana
MM.
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