Meu computador pifou na sexta-feira. Tudo o que eu tinha no HD simplesmente desapareceu. Não me pergunte como. Eu não sei. Tinha um monte de coisas sem back-up, mas não me importei. A maior parte das coisas importantes está na web. Ou gravada em disco. Também perdi o gravador de CD. Talvez a coisa tenha acontecido por causa de um gravador de CD/DVD do PC. Depois que comprei o meu HD de 500 Gigas parei de me importar com esse gravador. Essas coisas eletrônicas são sensíveis, você sabe. E vingativas. Foi por isso que não postei nada no sábado e no domingo.
Também foi porque fiquei com preguiça, é verdade. No sábado, por exemplo, fiquei com preguiça o dia inteiro e nem fiz nada relevante. Quer dizer, a única coisa relevante foi tentar consertar o PC. O que efetivamente consegui, depois de umas três horas de peleja.
Aí fui almoçar num restaurante egípcio com o Cabeça, a Mulher do Cabeça e o Maurice. O Cabeça escolheu o restaurante.
_Vamos comer no egípcio, lá da Asa Norte.
_Kibe por esfiha, a gente podia ir num mais perto – tentei argumentar.
_Não, lá é que é o bom. O cara é realmente egípcio. Para ser mais típico só falta um camelo.
_Como chama, esse restaurante?
_Aqui, restaurante. Vem, aqui, aqui.
_Não, não, qual é o nome do restaurante?
_Descendo o Rio Nilo, uma coisa assim.
_Parece letra de música ruim e gente chata.
_Não, lá não tem música ambiente. Mas tem show de dança do ventre.
_Pô, Cabeça, dança do ventre me deixa de estômago embrulhado.
_Deixa de ser mala, Careca. Você não precisa imitar a dançarina.
_Eles usam talher, nesse restaurante?
_Claro que usam, né, Careca!
_Sei não, ouvi dizer que em restaurante egípcio típico só se come com as mãos.
_Nesse eles deixam você usar garfo e faca.
_Vou levar uns descartáveis, por via das dúvidas – eu disse, só pra chatear o Cabeça.
Fomos. Quando eu e minha mulher chegamos, o Cabeça já estava umas duas cervejas na minha frente, tive que correr para empatar. Depois chegou o Maurice e as filhotas. Pedimos e recebemos montes de kibes e cervejas. Enrolamos um bocado e resolvemos pedir o árabe completo. Quando você não sabe o que pedir no restaurante egípcio, vá de árabe completo. O Cabeça resolveu pedir um arroz de cordeiro. Contamos potocas e mais potocas. Pedimos kibes e aperitivos. O Maurice apresentou a sua nova Teoria da Zona de Conforto (que merece um post à parte) . Potocamos mais. Choveu. Parou de chover. Fizemos uma pequena pausa para encomendar mais kibes e aperitivos diversos. A comida estava demorando horrores.
_Cabeça, meu estômago está começando a digerir a minha coluna vertebral. Aqui sempre demora desse tanto? – eu perguntei, só para chatear o Cabeça.
_Não, olha aí, a comida está chegando.
E chegou. Um árabe completo. O arroz de cordeiro viria em instantes. Eu, minha mulher, a Mulher do Cabeça e o Maurice caímos matando. Estava uma delícia. O Cabeça suspirou. Recusou tocar no árabe completo. Num instante, nós acabamos com aquela comida toda, menos a salada. Nunca tinha visto uma salada daquele jeito.
_Gente, será que egípcio come salada assim? O ramo de hortelã inteiro? A rúcula e o alface com cara de braquiara? – eu perguntei.
O Cabeça estava com tanta fome que resolveu encarar a salada.
_Parece uma moita, essa salada – ele disse. E comeu.
Foi a sorte, porque o prato dele demorou mais uma hora para ser servido. E estava uma delícia.
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