sábado, 20 de julho de 2013

Filmes no sofá



The Walkmen: Orange Sunday

Assistimos a Piratas do Caribe no sofá, todos juntos, eu, minha mulher e as duas crianças. Rafa também estava, é claro. O pequeno shi-tsu foi levado peludo para o banho semanal no pet shop, mas voltou tosado. Os caras da loja ligaram pedindo autorização para cortar o pelo do cachorrinho de estimação. De acordo com o sujeito do pet shop, Rafa estava com o pelo todo encaroçado por causa de uma roupa com que resolvemos vesti-lo. Na verdade, foi burrice minha, achei que o Rafa estava sentindo frio de madrugada, porque eu estou sentindo frio de madrugada. A roupa deveria ser um benefício, mas acabou se transformando num pesadelo para o Rafa, que perdeu todo o pelo, até os bigodes. Com o pelo bem curtinho, Rafa ficou parecendo um pug.

_Por quê tosaram os bigodes? - perguntou a minha mulher.

_Não tenho a menor idéia. Li em algum lugar que não tem problema. Os gatos é que ficam desorientados sem os bigodes. Além disso, o Rafa, com ou sem bigodes, é um desorientado - eu disse.

_Por quê você autorizou? Ele está muito feinho, coitado - ela disse.

_Beleza não põe mesa. Além disso, o cara do pet-shop disse que o pelo encaroçado vira uma tortura para o cachorro, que fica estressado de tanto se coçar. Ele recomendou fortemente que fosse feita uma tosa - eu disse.

_Fortemente? - disse a minha mulher.

_É jargão de pet-shop. Se ele tivesse recomendado fracamente talvez eu tivesse deixado pra lá. Mas quando o cara diz "for-te-men-te" o assunto fica bem profissional, quase veterinário. Por isso eu preferi não arriscar - eu disse.

Depois disso, decidimos jantar. Fiz hamburguer. Saí para comprar comida para o Rafa e sorvetes de sobremesa. Então, finalmente estava tudo pronto para assistir ao filme. Houve uma pequena polêmica sobre qual filme assistir, invoquei a minha autoridade de pai e acabei decidindo pelo velho e bom Piratas do Caribe(2003), o filme que originou a série. Diversão garantida para toda família e uma trilha sonora instigante, uma peça clássica que tocam sempre no Natal, em Gramado. As crianças sabem os diálogos de cor, mas eu e a minha mulher ficamos um tempão sem ver esse filme. Ninguém resiste a um filme de pirata. E ainda havia sorvete.

Uma vez vi uma reportagem de TV que mostrava Johnny Deep atendendo a uma carta de fã-mirim na Inglaterra, onde se filmava uma sequência de Piratas do Caribe. Era uma menina de uma escola infantil que pedia a ajuda de Jack Sparrow para realizar um motim e tomar conta da escola. Deep resolveu atender ao pedido da menina e os amotinados, dezenas e dezenas de pirralhos chefiados por uma menina gordinha de óculos grossos, de 5 ou 6 anos de idade, tomaram o comando da escola. Naquele dia, eles aprisionaram professores e beberam sucos e comeram quantos sanduíches quiseram, na hora em que quiseram. Depois disso, Deep recebeu toneladas de cartas e crianças e adolescentes com planos mais ousados, mas o ator concordou com o seu agente e achou melhor parar com aquilo.

Não me lembro quando paramos de assistir aos filmes juntos, quando morava com meus pais e irmãos. Foi provavelmente em algum momento da adolescência. Aqui em casa, ainda cabemos todos juntos no velho sofá, que nos acompanha desde o velho apê. Com apenas poucos minutos de filme, os sorvetes já haviam acabado e Rafa veio se juntar a nós. Em pouco tempo, todos perceberam que coçar o pelo curto do Rafa era bem diferente e talvez mais gostoso do que coçar o Rafa com o pelo comprido. Pelo menos ninguém espirrava. As crianças diziam as melhores frases nas cenas mais impactantes e nos divertimos em torcer para quem sabíamos que iria ganhar: Jack, Jack Sparrow. No final, as crianças recitaram os diálogos com a mesma entonação dos dubladores.

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