domingo, 7 de julho de 2013
O país do futebol
Tame Impala - Elephant
_Se esse timeco ganhar a Copa das Confederações, todo mundo volta pra casa sorrindo - ele me disse, antes do jogo da final.
_Não, quê isso? É uma onda de indignação. É uma coisa inédita. Agora vai. As pessoas não aguentam mais os desmandos e a roubalheira. As pessoas querem mudanças. O gigante acordou - eu disse.
_Rá! Fogo de palha! Se levantarem o caneco, pode escrever no seu blog, fica tudo para depois do nunca - ele me disse.
_Vou discordar de você. Foram milhões de pessoas nas ruas, em mais de 400 cidades diferentes. É uma insatisfação muito grande. Não me lembro de ter visto coisa igual.
_Da mesma forma que veio, se vai. Daqui a seis meses não se fala mais nisso. Se esse selecionado mequetrefe ganhar da máquina bem treinada e azeitada da Espanha, as ruas se esvaziarão ainda mais rapidamente. Aqui é o país do futebol. Estou um pouco cansado disso. Desde muito tempo que esse é só o país do futebol. Queria que fosse o país dos justos. Queria que fosse o país dos estudiosos. Queria que fosse o país do bem estar. Queria que fosse qualquer outra coisa. Mas é só o país do futebol- ele disse.
Faz apenas uma semana, essa conversa. Na hora do jogo, eu pensei mesmo que era hora de uma mudança e que talvez uma derrota fosse mesmo o que estávamos precisando para que o país deixasse de ser somente o país do futebol. Mas acabei me empolgando logo no início da partida com o primeiro gol. E no final eu também queria estar lá, queria ter cantado o hino à capella.
Ao contrário do combinado eu nem escrevi nada no blog. Preferi ficar em silêncio, torcendo para que ele estivesse errado, embora eu soubesse lá no fundo que é verdade, aqui é só o país do futebol. É nele que reside a nossa pequena chance de vitória.
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