Na terça-feira eu passei debaixo do pé de jabuticabas no meu quintal e todas estavam absolutamente verdes. Cheguei a imaginar que as frutas só ficariam boas no final deste mês ou no início de dezembro. Mas hoje uma grande quantidade de frutas estava no chão. Quem percebeu que já era hora de apanhar as jabuticabas foi a minha mulher. De longe ela notou que debaixo da árvore já estava preto de tanta jabuticaba.
Então decidimos inventar uma estratégia de colheita, para aproveitar o máximo possível de frutas. Primeiro, catamos as jabuticabas que pudemos do chão. Selecionamos as frutas pelo tamanho e também pelo brilho. Gastei quase uma hora apanhando as pretinhas que estavam no chão. Enchi duas bacias, das médias. Em seguida, tratei de usar o rastelo para deixar o círculo debaixo da árvore o mais limpo possível. Nesse processo, foi inevitável pisar em dezenas de jabuticabas que ainda estavam no chão e não aproveitei. Era uma sensação curiosa, parecia com andar sobre uma espécie de plástico bolha silencioso.
A limpeza durou ainda mais tempo, porque fui atirado para o tempo da minha infância, quando em todos os quintais havia pés de jabuticabas. Enquanto passava o rastelo meticulosamente no círculo abaixo da copa da fruteira, eu me lembrava das frutas de antigamente, todas enormes e suculentas. Atacávamos as árvores em bandos de meninos, primos e amigos, todos gulosos e vorazes adoradores de jabuticabas. Não havia ninguém que não gostava. Bom, tinha uma prima que não participava daquela festança debaixo das jabuticabeiras, mas ela explicava que tinha medo de vespa. E jabuticaba sempre atraía muita vespa. Aqui não achei nenhuma, ainda bem. Devorei um monte de jabuticabas. Tem gente que engole o caroço, mas eu não faço isso. Tem gente que não come a casca, e eu adoro a casca.
Depois da limpeza, minha mulher teve a idéia de estender vários panos no chão, bem próximo do tronco da árvore. Na metade da tarde, sol e chuva, casamento de viúva no quintal. Colhi mais uma bacia de jabuticabas só com as frutas que caíram com o chuvisco. Depois fiz mais uma limpeza e aumentamos a área coberta com folhas de jornal abertas, presas com pedras ao chão. O ideal seria estender uma rede sob a toda a copa da árvore para colher mais frutos. Quem sabe não faço uma coisa assim?
Agora, estou com uma grande quantidade de jabuticabas lavadas e prontas para comer. Talvez eu separe um monte e coloque no congelador. Lembro que as jabuticabas congeladas são ótimas para dias quentes e também que o gelo não altera muito o sabor.
Sim, é muito bom ter um pé de jabuticabas no quintal.
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