O mundo dá muitas voltas. E parece que não vamos a lugar nenhum. Ainda outro dia, os brazucas estavam sendo barrados nos aeroportos da Europa. Agora, com a capa da The Economist, parece que estamos decolando para a prosperidade.
Mas não é bem assim. Já começamos a ver esse filme várias vezes. E acabamos do lado de fora, "estacionando os carros", como disse o Cazuza. Nossos problemas crônicos permanecem. Nossa ignorância. Nossas diferenças abissais.
Curiosamente, são nossos problemas que nos irmanam. São nossas deficiências e carências mútuas que sedimentam o nosso cadinho cultural. Nós somos brasileiros. Os desprezados orgulhosos. Os reis do improviso. Os pedros malasartes.
Somos nós. Nós que temos a solução de orelhada, a opinião do solavanco, o samba de breque, a batucada na caixa de fósforo, o jabuti na árvore, o doce de jabuticaba. Nós somos a nação do improvável, campeões do tiro no pé. Não desistimos nunca. Não cansamos de morrer na praia. Somos nós, os brazucas. Parecemos uma nação de crianças, que esperam a aprovação dos pais do norte. Somos infantis no riso, nosso humor é, no máximo, juvenil. Somos a nação de fraldas. Birrenta.
Ou então somos os tristes. Os melancólicos que o Scliar descreve, imitando Faulkner.
Desorganizados. Sem pensamento próprio. Deslocados. Somos de altos e baixos, mas aqui predomina o banzo, a tristeza do Jeca.
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