segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Tsunami de lama atinge o DF
Pessoal, o tsunami de lama no Distrito Federal é estarrecedor. Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão!
domingo, 29 de novembro de 2009
O Careca e o Planeta 51
Fomos ao cinema neste sábado, com as crianças a bordo. Um desenho muito louco. Um astronauta humano visita um planeta onde os alienígenas se comportam como se fossem os americanos em 1951. Muito louco e divertido.
No desenho animado, os alienígenas do Planeta 51 morrem de medo dos humanos porque nós seríamos comedores de cérebro.
É verdade.
No desenho animado, os alienígenas do Planeta 51 morrem de medo dos humanos porque nós seríamos comedores de cérebro.
É verdade.
sábado, 28 de novembro de 2009
Eu sou o que sou
Graças à Franka e também às maravilhas das tecnologias modernas, consegui encontrar a minha verdadeira face em outro.
Descobri que eu sou a cara do Barry Manilow de antigamente, só que no presente e um pouco mais sem cabelo.
Veja aí em cima a simulação computadorizada de como eu poderia ser encontrado e facilmente reconhecido pela minha crescente Kombi de Leitores.
Valeu demais, Franka!
Compras de Natal genéricas
Este ano nós decidimos que não vamos ser atropelados pelo tempo e que vamos caprichar nas compras de Natal. Nada de comprar presentes em série, como quase sempre fizemos. Você sabe, entrar numa loja e comprar logo um monte de presentes, sem personalização, como quem cumpre uma obrigação. No ano passado, eu, por exemplo, resolvi a maior parte dos presentes masculinos numa loja de roupas. É bem verdade que aproveitei uma promoção excelente de camisetas. E também é bem verdade que durante o ano eu vi as camisetas várias vezes, sinal de que as pessoas gostaram.
Mesmo assim, eu e a minha mulher decidimos partir para a "customização" total e absoluta. Nada de repetir sequer o tipo de presente. Se um cunhado ganhar uma camiseta, o outro não póde ganhar camiseta. Se uma sogra ganhar vestido, os vestidos estarão vetados para a outra sogra. E assim por diante. Originalidade, especificidade, total fitness, no acochambration.
Para dar tempo, decidimos começar as compras de Natal neste sábado. E começamos pelos presentes das crianças.
_Amor, pode repetir brinquedo genérico?
_Brinquedo no sentido genérico de brinquedo, pode. O que não pode é comprar bola de futebol pra todo mundo.
_E pode uma bola de futebol para um, bola de basquete para outro?...
_Não, claro que não, né Careca.
_E Lego?
_Lego é bem genérico.
_Então acho que vamos terminar essas compras rapidinho. As crianças adoram Lego.
Isso foi antes de chegarmos no shopping. A coisa não estava lotada. Estava prá lá de lotada. E os preços pareciam ter sido alavancados pelos temores de Dubai. Eu levantei as duas mãos bem alto ao entrar na loja, para mostrar que não ia reagir. Os vendedores não acharam graça. Mas o chegar nas prateleira dos brinquedos Lego, minhas mãos, involuntariamente, foram atraídas para o alto.
_Eu me rendo. Sem violência. Sou de paz - eu dizia, olhando os preços nas etiquetas.
Talvez a minha personalidade seja do tipo genérica, anti-customização.
Mesmo assim, eu e a minha mulher decidimos partir para a "customização" total e absoluta. Nada de repetir sequer o tipo de presente. Se um cunhado ganhar uma camiseta, o outro não póde ganhar camiseta. Se uma sogra ganhar vestido, os vestidos estarão vetados para a outra sogra. E assim por diante. Originalidade, especificidade, total fitness, no acochambration.
Para dar tempo, decidimos começar as compras de Natal neste sábado. E começamos pelos presentes das crianças.
_Amor, pode repetir brinquedo genérico?
_Brinquedo no sentido genérico de brinquedo, pode. O que não pode é comprar bola de futebol pra todo mundo.
_E pode uma bola de futebol para um, bola de basquete para outro?...
_Não, claro que não, né Careca.
_E Lego?
_Lego é bem genérico.
_Então acho que vamos terminar essas compras rapidinho. As crianças adoram Lego.
Isso foi antes de chegarmos no shopping. A coisa não estava lotada. Estava prá lá de lotada. E os preços pareciam ter sido alavancados pelos temores de Dubai. Eu levantei as duas mãos bem alto ao entrar na loja, para mostrar que não ia reagir. Os vendedores não acharam graça. Mas o chegar nas prateleira dos brinquedos Lego, minhas mãos, involuntariamente, foram atraídas para o alto.
_Eu me rendo. Sem violência. Sou de paz - eu dizia, olhando os preços nas etiquetas.
Talvez a minha personalidade seja do tipo genérica, anti-customização.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
O sucesso da educação moderna
Encontro o meu irmão na frente da sala de aula. Nossos filhos estudam no mesma escola nem-tão-esotérica-assim. Ele me conta que os seus dois filhos mais velhos entraram de férias nessa sexta-feira.
_Foi um prêmio para os garotos que tiraram nota maior do que 85 - ele me disse, encabulado.
_Uau, que legal - eu disse, sem entender a encabulação.
_O problema é que só ficamos sabendo essa semana, não deu tempo de planejar nada.
_Entendi. Duas semanas de ócio total e uma energia exorbitante de pré-adolescentes. É terrível.
_É. E como não estamos de férias, vou ter que dar tratos à bola para arrumar umas atividades para os meninos.
Quando eu era menino, dedicava boa parte das férias a ler. Nunca encarei a leitura ou a escrita como punição. Sempre foram atividades muito prazerosas, até hoje o tempo voa quando escrevo ou leio. Aí me lembrei de como meu pai fez todos nós gostarmos de ler. Primeiro, manteve pelo menos uma estante cheia de livros em casa - ninguém podia ficar sem ter o que ler, é alimento para o espírito. Segundo, meu pai lia na presença das crianças e sempre estudava muito(até hoje). Terceiro - meu pai fazia do livro uma recompensa. Quarto - ele mantinha alguns livros escolhidos fora do alcance, só para atiçar a curiosidade. Quinto - gibis, gibis a rodo para a meninada.
Aí me lembrei da minha enorme coleção de quadrinhos do Homem-Aranha, Tarzan, Capitão América, Hulk e Batman. Talvez eles curtam. Vou oferecer e ver no que dá.
_Foi um prêmio para os garotos que tiraram nota maior do que 85 - ele me disse, encabulado.
_Uau, que legal - eu disse, sem entender a encabulação.
_O problema é que só ficamos sabendo essa semana, não deu tempo de planejar nada.
_Entendi. Duas semanas de ócio total e uma energia exorbitante de pré-adolescentes. É terrível.
_É. E como não estamos de férias, vou ter que dar tratos à bola para arrumar umas atividades para os meninos.
Quando eu era menino, dedicava boa parte das férias a ler. Nunca encarei a leitura ou a escrita como punição. Sempre foram atividades muito prazerosas, até hoje o tempo voa quando escrevo ou leio. Aí me lembrei de como meu pai fez todos nós gostarmos de ler. Primeiro, manteve pelo menos uma estante cheia de livros em casa - ninguém podia ficar sem ter o que ler, é alimento para o espírito. Segundo, meu pai lia na presença das crianças e sempre estudava muito(até hoje). Terceiro - meu pai fazia do livro uma recompensa. Quarto - ele mantinha alguns livros escolhidos fora do alcance, só para atiçar a curiosidade. Quinto - gibis, gibis a rodo para a meninada.
Aí me lembrei da minha enorme coleção de quadrinhos do Homem-Aranha, Tarzan, Capitão América, Hulk e Batman. Talvez eles curtam. Vou oferecer e ver no que dá.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
O verme passeia na lua cheia
Os prédios da vizinhança já estão todos enfeitados, mas aqui em casa ainda não começamos os arranjos para o Natal. As crianças ainda não estão de férias. E os adultos também não. Temos um monte de planos de férias, mas a experiência diz que é melhor ter somente um plano e segui-lo à risca. Quem tem um monte de planos acaba trabalhando. Como o processo de contenção de despesas ainda não está concluído, exatamente porque é um processo, existe o risco de tirarmos poucas férias.
Na segunda semana de dezembro é que será possível respirar um pouco mais devagar e burilar os planos com cuidado. Mesmo assim fico pensando nos enfeites de Natal. Não sei quando começamos com isso, de colocar as luzinhas, de enfeitar os pinheirinhos chineses de plástico. Lembro que na minha infância não era assim.
Em casa, as bolas de Natal eram cuidadosamente guardadas numa caixa com fitas de palha de madeira e serragem. Eram caras e frágeis, muito frágeis. As bases tinham uns anéis de arame, que enferrujavam. Quando uma bola caía, ela se espatifava em mil pedacinhos, super-cortantes.
Não havia árvore de Natal. Não me lembro. Não havia o costume de se usar pinheirinhos. Minha mãe fazia uns arranjos super-caprichados, gostava de usar velas grandes. Havia uma preocupação com a brasilidade. Com o não fingimento de neve.
O clima era sempre de oração, lá em casa. Minha mãe fazia novenas. E nós todos participávamos. E a gente cantava um bocado as músicas de Natal que se cantava na Igreja Católica, Apostólica e Romana.
No centro-oeste, com o sol e o poeirão, eu achava que a neve das histórias da Disney era uma benção especial para as crianças do Norte. Eu pedia a paz mundial nas minhas orações de menino. Eu pedia o fim da fome no mundo. Eu pedia agasalho para quem tivesse frio e aqui fazia um calorão danado, não era como hoje. Eu pedia perdão pelos meus pecados e também pelo dos outros. Também tinha meus interesses. Negociava minha santidade de menino com os céus. Eu pedia um autorama estrela e uma bicicleta caloi. Eu pedia kichute e bola de cobertão. O bom velhinho me ouvia. Eu ia até o açougue com o meu irmão pedir sebo para esfregar nas costuras da bola de cobertão. E também pedia coisas mais difíceis. Eu pedia para ser um craque do futebol que nem o meu irmão. Eu pedia para pelo menos deixar de ter os pés chatos feito um pato. E eu um dia fiquei de joelhos e rezei de mãos postas, igual a ilustração de santinho de missa, porque deixei de usar as botas ortopédicas. Deve ter sido, com certeza, depois do Natal.
E bem depois disso, eu cantei no coral da universidade, onde muitas moças cantavam. Eu pedi uma moça bonita em namoro, mas ela não quis. Eu pedi a uma moça mais ou menos, mas ela não topou. Tinha uma feinha de olho em mim, então eu desisti de vez da minha curta temporada no coral. Nunca fui bom cantor, mesmo. Só era bom em contar vantagem, em exagerar meus exageros. Mesmo assim tenho saudades. Mas não gosto de lembrar muito, as lembranças parecem reflexos numa bola de Natal daquelas antigas, mil facetas difíceis de remontar.
Na segunda semana de dezembro é que será possível respirar um pouco mais devagar e burilar os planos com cuidado. Mesmo assim fico pensando nos enfeites de Natal. Não sei quando começamos com isso, de colocar as luzinhas, de enfeitar os pinheirinhos chineses de plástico. Lembro que na minha infância não era assim.
Em casa, as bolas de Natal eram cuidadosamente guardadas numa caixa com fitas de palha de madeira e serragem. Eram caras e frágeis, muito frágeis. As bases tinham uns anéis de arame, que enferrujavam. Quando uma bola caía, ela se espatifava em mil pedacinhos, super-cortantes.
Não havia árvore de Natal. Não me lembro. Não havia o costume de se usar pinheirinhos. Minha mãe fazia uns arranjos super-caprichados, gostava de usar velas grandes. Havia uma preocupação com a brasilidade. Com o não fingimento de neve.
O clima era sempre de oração, lá em casa. Minha mãe fazia novenas. E nós todos participávamos. E a gente cantava um bocado as músicas de Natal que se cantava na Igreja Católica, Apostólica e Romana.
No centro-oeste, com o sol e o poeirão, eu achava que a neve das histórias da Disney era uma benção especial para as crianças do Norte. Eu pedia a paz mundial nas minhas orações de menino. Eu pedia o fim da fome no mundo. Eu pedia agasalho para quem tivesse frio e aqui fazia um calorão danado, não era como hoje. Eu pedia perdão pelos meus pecados e também pelo dos outros. Também tinha meus interesses. Negociava minha santidade de menino com os céus. Eu pedia um autorama estrela e uma bicicleta caloi. Eu pedia kichute e bola de cobertão. O bom velhinho me ouvia. Eu ia até o açougue com o meu irmão pedir sebo para esfregar nas costuras da bola de cobertão. E também pedia coisas mais difíceis. Eu pedia para ser um craque do futebol que nem o meu irmão. Eu pedia para pelo menos deixar de ter os pés chatos feito um pato. E eu um dia fiquei de joelhos e rezei de mãos postas, igual a ilustração de santinho de missa, porque deixei de usar as botas ortopédicas. Deve ter sido, com certeza, depois do Natal.
E bem depois disso, eu cantei no coral da universidade, onde muitas moças cantavam. Eu pedi uma moça bonita em namoro, mas ela não quis. Eu pedi a uma moça mais ou menos, mas ela não topou. Tinha uma feinha de olho em mim, então eu desisti de vez da minha curta temporada no coral. Nunca fui bom cantor, mesmo. Só era bom em contar vantagem, em exagerar meus exageros. Mesmo assim tenho saudades. Mas não gosto de lembrar muito, as lembranças parecem reflexos numa bola de Natal daquelas antigas, mil facetas difíceis de remontar.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Um novo dia para a semana
Meu filho tem seis anos de idade e já quer implantar inovações na contagem do tempo. Ele não está satisfeito com a semana atual. Para ele, sete dias não é o bastante, falta pelo menos um dia na semana. Ficamos conversando no caminho para escola. A irmã cochilava, não prestava atenção na conversa. Depois de algumas perguntas, descobri que ele pretende a implantação de um dia novo entre o sábado e o domingo. Para ter um intervalo entre dois dias de muito video-game. Para descansar de ver TV e de mergulhar na piscina. Para passear com o Rafael. Para brincar só com a irmã. Para tomar sorvete, andar de bicicleta e jogar bola com os primos. Mas na hora de escolher um nome para o dia extra, pintou uma dúvida.
_Pai, que tal a gente chamar de camelo?
_Já é nome de bicho, filho. E dá a maior confusão ter um dia da semana com nome de bicho. As pessoas diriam "a gente se vê depois do camelo". Aí ficariam em dúvida se deveriam procurar um camelo, arrumar um banco e esperar sentado até encontrar as outras pessoas do combinado. Não daria certo.
_E que tal Juguduga?
_Blitika?
_Esponjura?
_Acablanca?
_Blastêmio?
_Balistra?
_Não.
_Pensando bem, juguduga é bem legal.
_É pai, e podia ter umas duas horas a mais.
_Podia ser na hora do almoço...
_Demais, véi.
Às vezes eu acho que consigo me comunicar com o meu filho.
_Pai, que tal a gente chamar de camelo?
_Já é nome de bicho, filho. E dá a maior confusão ter um dia da semana com nome de bicho. As pessoas diriam "a gente se vê depois do camelo". Aí ficariam em dúvida se deveriam procurar um camelo, arrumar um banco e esperar sentado até encontrar as outras pessoas do combinado. Não daria certo.
_E que tal Juguduga?
_Blitika?
_Esponjura?
_Acablanca?
_Blastêmio?
_Balistra?
_Não.
_Pensando bem, juguduga é bem legal.
_É pai, e podia ter umas duas horas a mais.
_Podia ser na hora do almoço...
_Demais, véi.
Às vezes eu acho que consigo me comunicar com o meu filho.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
O nome do escritor
O nome dele é Isaac Bashevis Singer. Tenho de me lembrar de agradecer ao Cabeça por ter me presenteado com um exemplar de "42 Contos de Isaac Bashevis Singer". Ando meio esquecido. E é por isso que ando repetitivo.
Ganhei o exemplar da edição da Companhia das Letras. Boa edição. Eu tinha uma outra mais antiga, com menos contos, talvez de uma outra editora. Já faz um mês que ganhei o livro, mas ainda não li nem a metade dos contos. Para variar, quando esqueço de usar o meu estratagema, o livro some do banheiro e fico uns dias sem ler nada.
É muito chato deixar um conto pela metade, por isso estou lendo fora da ordem. Por tamanho. Conto os números de páginas. Algo que dê para ler em meia hora, no máximo. Dez ou doze páginas. Eu acordo às seis da manhã, às vezes uns 10, 15 minutos mais cedo. Aí corro para ler o livro no banheiro. Como todos da minha kombi de leitores sabem, para conseguir manter o livro no banheiro, eu tenho que colocar um outro livro ao lado. Desse modo, a Rose(a faxineira-graduanda-cozinheira-babá) pensa que um é meu e o outro é da minha mulher. Mas sem que ela saiba qual é de quem. Se eu esqueço o livro "fake", a Rose guarda o livro na estante. E na estante eu não acho nunca o livro que eu estou lendo.
Outro problema que pode acontecer também é que o "fake" acaba tomando lugar do livro que eu estava lendo de verdade e ao invés de "fake"(farso) passa a ser o "real one"(das real). Aí esqueço qual é qual e deixo só um no banheiro, que é levado para a estante e recomeça o ciclo.
Li uns dez contos do I.B.Singer. Todos ótimos. Um que achei sensacional é intitulado "Poderes". Conta a história muito louca de um encanador que tem poderes sobre as mulheres. É engraçado. Lembrei do meu amigo Humberto, o canalha. Ele também tinha poderes sobre as mulheres. Não sei se ainda tem, faz tempo que não vejo.
Em outro conto, Singer conta a hístória de um homem que também era muito bem sucedido com as mulheres. Esse personagem, Max Persky, tem uma frase ótima: "No amor, não se faz favor", que só é dito no final de nove páginas bem cadenciadas. A frase ficou estalando na minha cabeça, do jeito estranho como só alguns paradoxos costumam estalar na cachola da gente.
Talvez Max tenha razão. Talvez não. Singer tem a delicadeza de não se meter nas convicções dos seus personagens. Tenho muito a aprender com Isaac Bashevis Singer. Esse é o nome do escritor. Tenho de lembrar de agradecer ao Cabeça.
Ganhei o exemplar da edição da Companhia das Letras. Boa edição. Eu tinha uma outra mais antiga, com menos contos, talvez de uma outra editora. Já faz um mês que ganhei o livro, mas ainda não li nem a metade dos contos. Para variar, quando esqueço de usar o meu estratagema, o livro some do banheiro e fico uns dias sem ler nada.
É muito chato deixar um conto pela metade, por isso estou lendo fora da ordem. Por tamanho. Conto os números de páginas. Algo que dê para ler em meia hora, no máximo. Dez ou doze páginas. Eu acordo às seis da manhã, às vezes uns 10, 15 minutos mais cedo. Aí corro para ler o livro no banheiro. Como todos da minha kombi de leitores sabem, para conseguir manter o livro no banheiro, eu tenho que colocar um outro livro ao lado. Desse modo, a Rose(a faxineira-graduanda-cozinheira-babá) pensa que um é meu e o outro é da minha mulher. Mas sem que ela saiba qual é de quem. Se eu esqueço o livro "fake", a Rose guarda o livro na estante. E na estante eu não acho nunca o livro que eu estou lendo.
Outro problema que pode acontecer também é que o "fake" acaba tomando lugar do livro que eu estava lendo de verdade e ao invés de "fake"(farso) passa a ser o "real one"(das real). Aí esqueço qual é qual e deixo só um no banheiro, que é levado para a estante e recomeça o ciclo.
Li uns dez contos do I.B.Singer. Todos ótimos. Um que achei sensacional é intitulado "Poderes". Conta a história muito louca de um encanador que tem poderes sobre as mulheres. É engraçado. Lembrei do meu amigo Humberto, o canalha. Ele também tinha poderes sobre as mulheres. Não sei se ainda tem, faz tempo que não vejo.
Em outro conto, Singer conta a hístória de um homem que também era muito bem sucedido com as mulheres. Esse personagem, Max Persky, tem uma frase ótima: "No amor, não se faz favor", que só é dito no final de nove páginas bem cadenciadas. A frase ficou estalando na minha cabeça, do jeito estranho como só alguns paradoxos costumam estalar na cachola da gente.
Talvez Max tenha razão. Talvez não. Singer tem a delicadeza de não se meter nas convicções dos seus personagens. Tenho muito a aprender com Isaac Bashevis Singer. Esse é o nome do escritor. Tenho de lembrar de agradecer ao Cabeça.
And so this is christmas, de novo
As ruas já estão enfeitadas, de novo. E hoje eu fiquei ao lado de um carro, no semáforo, e o cara ouvia enlevado, como se fosse a primeira vez, aquela clássica, do Jhon Lennon e da Yoko Ono.
So this is Christmas.
And what have you done ?
Another year over
and a new one just begun.
And so this is Christmas.
I hope you have fun,
the near and the dear ones,
the old and the young.
A very merry Christmas
and a happy new year.
Let's hope it's a good one
without any fear.
And so this is Christmas
for weak and for strong,
for rich and the poor ones.
The road is so long.
And so happy Christmas
for black and for white,
for yellow and red ones.
Let's stop all the fight.
A very merry Christmas
and a happy new year.
Let's hope it's a good one
without any fear.
So this is Christmas.
And what have we done ?
Another year over
and a new one just begun.
And so happy Christmas.
We hope you have fun,
the near and the dear ones,
the old and the young.
A very merry Christmas
and a happy new year.
Let's hope it's a good one
without any fear.
War is over if you want it.
So this is Christmas.
And what have you done ?
Another year over
and a new one just begun.
And so this is Christmas.
I hope you have fun,
the near and the dear ones,
the old and the young.
A very merry Christmas
and a happy new year.
Let's hope it's a good one
without any fear.
And so this is Christmas
for weak and for strong,
for rich and the poor ones.
The road is so long.
And so happy Christmas
for black and for white,
for yellow and red ones.
Let's stop all the fight.
A very merry Christmas
and a happy new year.
Let's hope it's a good one
without any fear.
So this is Christmas.
And what have we done ?
Another year over
and a new one just begun.
And so happy Christmas.
We hope you have fun,
the near and the dear ones,
the old and the young.
A very merry Christmas
and a happy new year.
Let's hope it's a good one
without any fear.
War is over if you want it.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Ovos orgânicos
Antes que você comece a pensar que eu aderi à pornografia da Internet, esclareço que falo mesmo dos ovos postos pelas galinhas, as cocós, galináceos, aves facilmente hipnotizáveis, que têm bico e penas.
Foi minha mulher que me perguntou hoje, à queima-roupa, na hora do almoço:
_Você sabe o que é um ovo orgânico?
Tive vontade de falar para ela não mencionar essas coisas na hora do almoço. E na frente das crianças. Mas um segundo depois aquele gene que não me deixa ouvir pergunta sem dar resposta se manifestou.
_Clara, né? Ovo inorgânico é aquele ovo espiritual, zen, que levita mesmo cozido...
_Não, chega, pare de deseducar as crianças. Ovo orgânico é o que é botado pela galinha que só come milho.
_Huuummmm – eu disse, enquanto mastigava o delicioso almoço feito pela Rose, a empregada-faxineira-babá-graduanda-cozinheira lá de casa. Hoje teve salada, purê de cenoura, arroz, feijão e aquelas coxinhas de asa que eu sempre esqueço o nome. As crianças adoraram.
_E ovo caipira? Você sabe a diferença entre o ovo orgânico e o caipira?
_Uai, o caipira num liga presses trem não sô, ele é largadão nesse mundão véio de...
_Careca, por favor, nada de piada de caipirês. Isso é intragável.
_Intragárvi? Mas...
_Ovo caipira...
_É aquele que não é de granja. E ovo de granja não faz dupla sertaneja, eu sei...
_Não, ovo caipira é o que é botado pela galinha caipira.
_Huummmm. Quer dizer que a galinha caipira que não come ração e que só come milho, bota ovo orgânico?
_Não. A galinha caipira bota ovo caipira.
_Discordo. Desse jeito você está impedindo a ascensão social dos ovíparos. E se o milho for transgênico, hein? Isso faz do ovo botado um ovo qualquer? Um mutante? Hã?Hã?
_(Suspiro).
_E se a galinha clonada comer só o que ela conseguir ciscar, com o suor do próprio bico...
_Careca, estou sem paciência...
_Foi você que perguntou. Por mim, prefiro ovos fritos.
Foi minha mulher que me perguntou hoje, à queima-roupa, na hora do almoço:
_Você sabe o que é um ovo orgânico?
Tive vontade de falar para ela não mencionar essas coisas na hora do almoço. E na frente das crianças. Mas um segundo depois aquele gene que não me deixa ouvir pergunta sem dar resposta se manifestou.
_Clara, né? Ovo inorgânico é aquele ovo espiritual, zen, que levita mesmo cozido...
_Não, chega, pare de deseducar as crianças. Ovo orgânico é o que é botado pela galinha que só come milho.
_Huuummmm – eu disse, enquanto mastigava o delicioso almoço feito pela Rose, a empregada-faxineira-babá-graduanda-cozinheira lá de casa. Hoje teve salada, purê de cenoura, arroz, feijão e aquelas coxinhas de asa que eu sempre esqueço o nome. As crianças adoraram.
_E ovo caipira? Você sabe a diferença entre o ovo orgânico e o caipira?
_Uai, o caipira num liga presses trem não sô, ele é largadão nesse mundão véio de...
_Careca, por favor, nada de piada de caipirês. Isso é intragável.
_Intragárvi? Mas...
_Ovo caipira...
_É aquele que não é de granja. E ovo de granja não faz dupla sertaneja, eu sei...
_Não, ovo caipira é o que é botado pela galinha caipira.
_Huummmm. Quer dizer que a galinha caipira que não come ração e que só come milho, bota ovo orgânico?
_Não. A galinha caipira bota ovo caipira.
_Discordo. Desse jeito você está impedindo a ascensão social dos ovíparos. E se o milho for transgênico, hein? Isso faz do ovo botado um ovo qualquer? Um mutante? Hã?Hã?
_(Suspiro).
_E se a galinha clonada comer só o que ela conseguir ciscar, com o suor do próprio bico...
_Careca, estou sem paciência...
_Foi você que perguntou. Por mim, prefiro ovos fritos.
domingo, 22 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
Um cão cheiroso
Desde que chegou para ficar aqui em casa, no apê em que moramos, Rafael era banhado apenas por mim e pelas crianças. E na última semana, com o calor que fez, nosso cãozinho shitsu tinha ficado um bocado fedido. Hoje de manhã, resolvemos levar o Rafa para um lava-jato de cachorro que tem aqui perto. Ele foi escoltado por toda a família.
_Fica pronto em 40 minutos - disse a moça do lava~-bicho.
_Rá, rá. Eu não sobreviveria com um banho venezuelano, mas nem eu gasto tanto tempo no banho - eu disse, brincando.
A moça do expresso-auau me olhou como se eu fosse um consumidor voraz de entorpecentes. Não liguei. Acho que gente que ganha a vida lavando cachorro tem direito a olhar a gente com outros olhos.
Fomos comer e tomar suco. Passeamos. E depois fomos pegar o cãozinho.
Valeu a pena. Rafael está cheiroso.
_Fica pronto em 40 minutos - disse a moça do lava~-bicho.
_Rá, rá. Eu não sobreviveria com um banho venezuelano, mas nem eu gasto tanto tempo no banho - eu disse, brincando.
A moça do expresso-auau me olhou como se eu fosse um consumidor voraz de entorpecentes. Não liguei. Acho que gente que ganha a vida lavando cachorro tem direito a olhar a gente com outros olhos.
Fomos comer e tomar suco. Passeamos. E depois fomos pegar o cãozinho.
Valeu a pena. Rafael está cheiroso.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Salomão e o jus embromandus
O Supremo Tribunal Federal decidiu que, no caso Cesare Battisti, sua decisão pode ser seguida ou não pelo Presidente da República, a critério do próprio Presidente.
Legal, né? É como decidir sem o cumpra-se, o que na prática significa "faça o que bem entender". Eu não entendi chongas. Para mim, os ministros do STF se parecem cada vez mais com atores do teatro kabuqui. Com exceção, é claro, do Ministro GM, que se parece com um ator de teatro kabuqui que fala alemão.
O placar foi apertado, cinco a quatro. Há cerca de dois meses, um outro caso teve um placar igualmente apertado. Suas Excelências Meritíssimas também se atropelaram em erudições e pedidos de vistas ao recusar a receber a denúncia de um caseiro. Naquela ocasião, o Ministro GM foi o fiel da Suprema Balança. Graças ao seu voto, o STF negou foro e ouvidos ao humilde. E agora, o Ministro A. Britto foi quem chutou a ceguinha, ao ser obscuro até aos próprios pares sobre sua decisão. Britto partiu sua decisão em duas metades. Na primeira, ele disse que Battisti é um criminoso comum, e não político. Na segunda metadinha, ele fechou com os Ministros favoráveis a que o Presidente decida(ou não) pela extradição.
Com suas bandas metades, Britto entregou espada, balancim e toga para o PR. Ele é quem decide.
Como assim, GM? Como assim, Britto?
No caso do caseiro, escrevi aqui, na sequência do voto GM: "A decisão do Supremo foi acachapante e humilhante. Cinco contra quatro. O Meritíssimo foi um dos cinco que mandaram fatos às favas. Estranhamente, pelo voto do Meritíssimo, só um dos acusados do trio será processado por uma das metades do crime, embora estivesse sendo acusado de partícipe de um crime inteiro."
No caso Battisti, Britto seguiu a invencionice de GM, a divisão do voto decisivo somada a uma aritmética pra lá de bizarra. Inovam os Ministros? Não sei, não acompanho o Supremo com a devida atenção. Talvez estejam tentando fazer como Salomão. Com erros de cálculo. Estão dividindo a criança ao meio e jogando fora a água da bacia.
É triste. Mas olhando de longe, me parece covardia a Suprema Gangorra demorar dois anos para, na hora h, se recusar a examinar um caso. Também me parece pusilânime demorar dois anos no exame de um caso para, na vigésima quinta hora, decidir que a decisão não cabe ao Supremo Pêndulo.
Nossas Supremas Togas parecem gostar de acertar os próprios pés de barro.
Legal, né? É como decidir sem o cumpra-se, o que na prática significa "faça o que bem entender". Eu não entendi chongas. Para mim, os ministros do STF se parecem cada vez mais com atores do teatro kabuqui. Com exceção, é claro, do Ministro GM, que se parece com um ator de teatro kabuqui que fala alemão.
O placar foi apertado, cinco a quatro. Há cerca de dois meses, um outro caso teve um placar igualmente apertado. Suas Excelências Meritíssimas também se atropelaram em erudições e pedidos de vistas ao recusar a receber a denúncia de um caseiro. Naquela ocasião, o Ministro GM foi o fiel da Suprema Balança. Graças ao seu voto, o STF negou foro e ouvidos ao humilde. E agora, o Ministro A. Britto foi quem chutou a ceguinha, ao ser obscuro até aos próprios pares sobre sua decisão. Britto partiu sua decisão em duas metades. Na primeira, ele disse que Battisti é um criminoso comum, e não político. Na segunda metadinha, ele fechou com os Ministros favoráveis a que o Presidente decida(ou não) pela extradição.
Com suas bandas metades, Britto entregou espada, balancim e toga para o PR. Ele é quem decide.
Como assim, GM? Como assim, Britto?
No caso do caseiro, escrevi aqui, na sequência do voto GM: "A decisão do Supremo foi acachapante e humilhante. Cinco contra quatro. O Meritíssimo foi um dos cinco que mandaram fatos às favas. Estranhamente, pelo voto do Meritíssimo, só um dos acusados do trio será processado por uma das metades do crime, embora estivesse sendo acusado de partícipe de um crime inteiro."
No caso Battisti, Britto seguiu a invencionice de GM, a divisão do voto decisivo somada a uma aritmética pra lá de bizarra. Inovam os Ministros? Não sei, não acompanho o Supremo com a devida atenção. Talvez estejam tentando fazer como Salomão. Com erros de cálculo. Estão dividindo a criança ao meio e jogando fora a água da bacia.
É triste. Mas olhando de longe, me parece covardia a Suprema Gangorra demorar dois anos para, na hora h, se recusar a examinar um caso. Também me parece pusilânime demorar dois anos no exame de um caso para, na vigésima quinta hora, decidir que a decisão não cabe ao Supremo Pêndulo.
Nossas Supremas Togas parecem gostar de acertar os próprios pés de barro.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Noel e a chuva
Está fazendo um calor infernal todos os dias. E depois chove quando volto para casa. Todo mundo fica doente no trabalho. Os humores também variam. Mas a chuva é um consolo para tudo. E depois nós, eu e as crianças, nos dedicamos a escrever cartas para o Papai Noel.
Querido Papai Noel,
eu quero ganhar uma máquina de fazer picolés das princesas.
Querido Papai Noel,
eu quero ganhar o video game novo do Naruto, mas só vou brincar com ele depois que fizer oito anos, porque a minha mãe não quer jogo de violência.
Querido Papai Noel,
muito obrigado.
Fiz três envelopes com papel azul. Endereçamos para o Pólo Norte, Avenida dos Ursos, Sem Número, Fábrica de Brinquedos do Papai Noel.
_Pai, qual é o CEP?
_Zero, zero, um.
Querido Papai Noel,
eu quero ganhar uma máquina de fazer picolés das princesas.
Querido Papai Noel,
eu quero ganhar o video game novo do Naruto, mas só vou brincar com ele depois que fizer oito anos, porque a minha mãe não quer jogo de violência.
Querido Papai Noel,
muito obrigado.
Fiz três envelopes com papel azul. Endereçamos para o Pólo Norte, Avenida dos Ursos, Sem Número, Fábrica de Brinquedos do Papai Noel.
_Pai, qual é o CEP?
_Zero, zero, um.
HINO À BANDEIRA NACIONAL
O mais bonito dos hinos, o que sempre me orgulhei de cantar.
HINO À BANDEIRA NACIONAL
Letra: Olavo Bilac
Música: Francisco Braga
Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do cruzeiro do sul.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa nação brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da justiça e do amor!
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
HINO À BANDEIRA NACIONAL
Letra: Olavo Bilac
Música: Francisco Braga
Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do cruzeiro do sul.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa nação brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da justiça e do amor!
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O Careca posterga mais uma
Como é habitual, estou em regime de contenção de despesas. É uma dieta restrita, que consiste em gastar somente no que está previsto na coluna de gastos da PLANILHA, e assim mesmo com cortes. A PLANILHA foi elaborada por mim no mês passado, depois que eu ouvi dizer que a melhor maneira de não gastar é colocar no papel, de maneira bem objetiva e exaustiva, sua renda, as despesas fixas, as eventuais e as coisas que você deseja. Parece bem tolo, mas é um exercício bem interessante listar tudo, tudo o que você consome todos os dias de um mês, sem esquecer nada, inclusive o cafezinho free da máquina de café e os copos de água. É preciso anotar, anotar, anotar. E com tudo anotado, inclusive os produtos que desejei, percebi quão poucas são as minhas reais necessidades e a grande tolice que são os meus desejos de consumo. Trivial. As melhores coisas que você pode fazer muitas vezes são também as mais óbvias. Com a PLANILHA feita, percebi que posso passar muito bem sem ceder aos impulsos e à minha queda por gastos desnecessários.
Mas como nessa cidade não é de bom tom dizer que você está tentando economizar, eu digo que estou postergando gastos.
_Bom dia, vizinho - diz o meu vizinho, que é um cara simpático.
_Bom dia, vizinho - eu respondo.
_E aí, comprou aquela TV LCD? - ele pergunta.
_Não, ainda não, talvez no ano que vem - eu digo e realmente não consigo me lembrar de algum dia ter comentado alguma coisa sobre comprar TV com o vizinho.
_Está cheio de oferta. Se mudar de idéia, fale comigo - ele diz.
E só então me ocorre que o vizinho tem uma loja. E talvez seja de TVs.
_Pode deixar. Falo sim. No ano que vem.
E depois de deixar as crianças na escola, encontro um outro conhecido, com quem trabalhei há muito, muito tempo.
_E aí, Careca! Soube que está querendo mudar. Já fez negócio?
_Ainda não, acho que vou deixar para o ano que vem - eu digo, meio constrangido.
E eu realmente não me lembro de ter comentado com esse conhecido que tenho vontade de mudar. Aliás, eu não me lembro de ter comentado patavina com esse conhecido. Para falar a verdade, tinha uns dois anos que eu não via esse sujeito. O que está acontecendo?, eu pensei comigo. Estou sonambulando pela cidade com meus planos escancarados? Minha PLANILHA vazou na internet? Mas aí me recordo que esse conhecido havia mudado de ramo e virado corretor de imóveis.
E então chego no edifício meio burrinho onde eu trabalho e encontro o C3PO no elevador. Raios! Desde que passei a evitar a impressora, fazia um tempão que eu não encontrava o C3PO. Ele é o tipo de sujeito que faz muito bem não se encontrar. Mas sorte grande não pode durar muito, eu sei.
_Fala, Careca! Já comprou aquele carro que você queria?
_Não. Vou deixar para o ano que vem, esperar o imposto abaixar de novo.
_Rá!Rá! Não vai abaixar de novo.
_Como pode ter certeza?
_Um passarinho me contou.
_Foi o mesmo que fez esse ... trabalho no seu terno?
_Onde?
_Ombro esquerdo.
_Aaah! Meu terno novo - choramingou o C3PO.
E nessa hora eu até pensei em comprar milho e alpiste, em doar recursos para a sociedade protetora dos pombos, em fundar a ONG "Protejam as Fezes Que Caem do Céu". Decidi até registrar a possibilidade dessas doações na PLANILHA. Quem sabe no ano que vem?
Mas como nessa cidade não é de bom tom dizer que você está tentando economizar, eu digo que estou postergando gastos.
_Bom dia, vizinho - diz o meu vizinho, que é um cara simpático.
_Bom dia, vizinho - eu respondo.
_E aí, comprou aquela TV LCD? - ele pergunta.
_Não, ainda não, talvez no ano que vem - eu digo e realmente não consigo me lembrar de algum dia ter comentado alguma coisa sobre comprar TV com o vizinho.
_Está cheio de oferta. Se mudar de idéia, fale comigo - ele diz.
E só então me ocorre que o vizinho tem uma loja. E talvez seja de TVs.
_Pode deixar. Falo sim. No ano que vem.
E depois de deixar as crianças na escola, encontro um outro conhecido, com quem trabalhei há muito, muito tempo.
_E aí, Careca! Soube que está querendo mudar. Já fez negócio?
_Ainda não, acho que vou deixar para o ano que vem - eu digo, meio constrangido.
E eu realmente não me lembro de ter comentado com esse conhecido que tenho vontade de mudar. Aliás, eu não me lembro de ter comentado patavina com esse conhecido. Para falar a verdade, tinha uns dois anos que eu não via esse sujeito. O que está acontecendo?, eu pensei comigo. Estou sonambulando pela cidade com meus planos escancarados? Minha PLANILHA vazou na internet? Mas aí me recordo que esse conhecido havia mudado de ramo e virado corretor de imóveis.
E então chego no edifício meio burrinho onde eu trabalho e encontro o C3PO no elevador. Raios! Desde que passei a evitar a impressora, fazia um tempão que eu não encontrava o C3PO. Ele é o tipo de sujeito que faz muito bem não se encontrar. Mas sorte grande não pode durar muito, eu sei.
_Fala, Careca! Já comprou aquele carro que você queria?
_Não. Vou deixar para o ano que vem, esperar o imposto abaixar de novo.
_Rá!Rá! Não vai abaixar de novo.
_Como pode ter certeza?
_Um passarinho me contou.
_Foi o mesmo que fez esse ... trabalho no seu terno?
_Onde?
_Ombro esquerdo.
_Aaah! Meu terno novo - choramingou o C3PO.
E nessa hora eu até pensei em comprar milho e alpiste, em doar recursos para a sociedade protetora dos pombos, em fundar a ONG "Protejam as Fezes Que Caem do Céu". Decidi até registrar a possibilidade dessas doações na PLANILHA. Quem sabe no ano que vem?
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Dois posts num só
Crachás da vaidade
Outro dia almocei no shopping, perto do trabalho. Não dava tempo de ir a casa e voltar. Quando isso acontece, coloco o crachá no bolso por uma questão de pudor e parto para o almoço. Pudor porque não gosto de ficar desfilando com o meu nome e foto numa tabuleta pendurada no pescoço, por cima da gravata. Acho isso uma violação da privacidade. É o mesmo que pendurar a identidade no pescoço, como se fosse uma melancia. Além disso, o edifício meio burrinho onde eu trabalho tem roleta eletrônica movida a crachá. Se você esquece o crachá, os guardas estupidozinhos do edifício meio burrinho ficam super-felizes em emprestar um crachá provisório para você. Mentira, é claro. Então, por causa da roleta, eu vou para o almoço com o crachá no bolso da camisa. Saco o crachá quando preciso passar na roleta. No pescoço, o tempo todo continua pendurado o cordão do crachá e o jacaré que morde o crachá.
_Ué, cadê o seu crachá? – perguntou uma colega de trabalho assim que voltei do almoço.
Fiquei com preguiça de responder o parágrafo acima. Então eu disse:
_Tá no bolso.
_Ué, e por que você põe o crachá no bolso?
_Porque eu não quero que ninguém saiba onde o “Mané” aqui trabalha.
_Então por quê deixa o cordão do crachá no pescoço, ô Mané?
_Porque eu quero que as pessoas olhem para o cordão e se perguntem “nossa, onde será que esse Mané trabalha”?
É tudo vaidade. Né?
Eleição 2010
Este blog fala de política o tempo todo, inclusive quando não fala. Acredito na Constituição e também no famoso preâmbulo, abaixo reproduzido: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
No último dia 15, a Folha de São Paulo publicou um bom artigo do Prof. Mangabeira Unger, intitulado “A sucessão presidencial e o futuro do Brasil”.
Repito abaixo a primeira frase:
“O futuro, não o passado, é o tema de uma grande eleição, como será a de 2010. O assunto central há de ser como superar a contradição central do Brasil: uma vitalidade imensa ainda coexiste, para a maioria dos brasileiros, com a falta de instrumentos e de capacitações.”
Para googlar e conferir.
Outro dia almocei no shopping, perto do trabalho. Não dava tempo de ir a casa e voltar. Quando isso acontece, coloco o crachá no bolso por uma questão de pudor e parto para o almoço. Pudor porque não gosto de ficar desfilando com o meu nome e foto numa tabuleta pendurada no pescoço, por cima da gravata. Acho isso uma violação da privacidade. É o mesmo que pendurar a identidade no pescoço, como se fosse uma melancia. Além disso, o edifício meio burrinho onde eu trabalho tem roleta eletrônica movida a crachá. Se você esquece o crachá, os guardas estupidozinhos do edifício meio burrinho ficam super-felizes em emprestar um crachá provisório para você. Mentira, é claro. Então, por causa da roleta, eu vou para o almoço com o crachá no bolso da camisa. Saco o crachá quando preciso passar na roleta. No pescoço, o tempo todo continua pendurado o cordão do crachá e o jacaré que morde o crachá.
_Ué, cadê o seu crachá? – perguntou uma colega de trabalho assim que voltei do almoço.
Fiquei com preguiça de responder o parágrafo acima. Então eu disse:
_Tá no bolso.
_Ué, e por que você põe o crachá no bolso?
_Porque eu não quero que ninguém saiba onde o “Mané” aqui trabalha.
_Então por quê deixa o cordão do crachá no pescoço, ô Mané?
_Porque eu quero que as pessoas olhem para o cordão e se perguntem “nossa, onde será que esse Mané trabalha”?
É tudo vaidade. Né?
Eleição 2010
Este blog fala de política o tempo todo, inclusive quando não fala. Acredito na Constituição e também no famoso preâmbulo, abaixo reproduzido: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
No último dia 15, a Folha de São Paulo publicou um bom artigo do Prof. Mangabeira Unger, intitulado “A sucessão presidencial e o futuro do Brasil”.
Repito abaixo a primeira frase:
“O futuro, não o passado, é o tema de uma grande eleição, como será a de 2010. O assunto central há de ser como superar a contradição central do Brasil: uma vitalidade imensa ainda coexiste, para a maioria dos brasileiros, com a falta de instrumentos e de capacitações.”
Para googlar e conferir.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
O Careca sem cardaços
O Rafael é o cãozinho de grife daqui de casa. É um shitsu. Tem uns cinco meses de vida. Minha mulher diz que ele nasceu em algum dia do mês de julho, está escrito em algum lugar do pedigree. Rafael agora disputa comigo o carinho das crianças. Se a minha filha vem me mostrar um desenho, ele rosna e late para mim. Se o meu filho vem me contar uma façanha do video-game, ele late para mim. Se a minha mulher começa a fazer cafuné em mim, ele morde o meu dedão do pé, justo aquele que dói. Às vezes, para evitar agressões caninas, eu tenho que dar atenção para as crianças às escondidas, de maneira disfarçada.
_Gostou do desenho, paiê?
_Gostei - eu digo, cochichando.
_O quê?
_Gostei muito. Cuidado para o Rafa não ouvir - eu falo.
_O quê?
_Adorei, filha! - e nhac!, Rafael me aplica uma dentada no dedão. É sempre no dedão que dói.
Com o meu filho é a mesma coisa, somos obrigados a cochichar sobre as melhores jogadas no video-game.
_Que massa, pai, eu tô zerando todas as fases do Batman Lego.
_O quê?
_Batman Lego, pai, eu sou fera.
_O quê?
_O Batman, pai, eu sou fera no Batman Lego.
E nhac!, levamos mordidas nós dois, porque o Rafael ama de paixão a minha filha e com o meu filho faz guerrinha de ciúmes.
_Amor, as crianças dormiram, finalmente. Quer ver um filme?
_Claro - eu digo. E nhac!, recebo outra mordida no dedão. No que dói.
Por isso, decidi abolir as meias, os pés descalços e os chinelos e passei a andar calçado em casa. É a maneira mais segura de evitar dentadas no meu dedão, no que dói. Durante duas semanas, meu estratagema funcionou às mil maravilhas. Mas Rafael é um cãozinho shitsu esperto. Ele roeu os cardaços dos sapatos. E eu nunca me lembro de comprar cardaços novos. Os cardaços estão em petição de miséria e para preservá-los, deixo os sapatos no armário, longe das dentadas de Rafael, o abominável.
Para piorar as coisas, descobri que além da minha filha, o Rafael morre de ciúmes de quem for para o computador. Se as crianças estão brincando, o Rafael fica rosnando e latindo para o PC. Se a minha mulher está no computador, ele range os dentes e late. Agora, além de falar baixo, eu também teclo baixo, para que ele não venha aqui, na mesa do computador e morda o meu dedão. No que dói. Ai.
_Gostou do desenho, paiê?
_Gostei - eu digo, cochichando.
_O quê?
_Gostei muito. Cuidado para o Rafa não ouvir - eu falo.
_O quê?
_Adorei, filha! - e nhac!, Rafael me aplica uma dentada no dedão. É sempre no dedão que dói.
Com o meu filho é a mesma coisa, somos obrigados a cochichar sobre as melhores jogadas no video-game.
_Que massa, pai, eu tô zerando todas as fases do Batman Lego.
_O quê?
_Batman Lego, pai, eu sou fera.
_O quê?
_O Batman, pai, eu sou fera no Batman Lego.
E nhac!, levamos mordidas nós dois, porque o Rafael ama de paixão a minha filha e com o meu filho faz guerrinha de ciúmes.
_Amor, as crianças dormiram, finalmente. Quer ver um filme?
_Claro - eu digo. E nhac!, recebo outra mordida no dedão. No que dói.
Por isso, decidi abolir as meias, os pés descalços e os chinelos e passei a andar calçado em casa. É a maneira mais segura de evitar dentadas no meu dedão, no que dói. Durante duas semanas, meu estratagema funcionou às mil maravilhas. Mas Rafael é um cãozinho shitsu esperto. Ele roeu os cardaços dos sapatos. E eu nunca me lembro de comprar cardaços novos. Os cardaços estão em petição de miséria e para preservá-los, deixo os sapatos no armário, longe das dentadas de Rafael, o abominável.
Para piorar as coisas, descobri que além da minha filha, o Rafael morre de ciúmes de quem for para o computador. Se as crianças estão brincando, o Rafael fica rosnando e latindo para o PC. Se a minha mulher está no computador, ele range os dentes e late. Agora, além de falar baixo, eu também teclo baixo, para que ele não venha aqui, na mesa do computador e morda o meu dedão. No que dói. Ai.
domingo, 15 de novembro de 2009
O Careca pimentão e os complôs interplanetários
Estou mais vermelho do que um pimentão, dos pimentões vermelhos. Sim, porque tem pimentão verde, amarelo e vermelho. Às vezes os pimentões amarelos são quase brancos. Desconfio que existe um complô universal dos cientistas para se modificar geneticamente as cores dos pimentões. Secretamente mancomunados, esses cientistas querem que os pimentões tenham as cores da bandeira do México, vermelho, verde e branco. Parte dos cientistas, inclusive, queriam que as cores fossem verde, vermelho e preto, as mesmas da bandeira da Alemanha. Mas descobriram que não há mercado para pimentões pretos e assim eles acabaram aderindo ao projeto México.
Existem outros complôs em andamento no mundo. Um dos mais terríveis é o que pretende impor o padrão de beleza de Tonga no mundo ocidental. O padrão masculino da ilha foi incorporado pelo Ronaldo Fenômeno, quando ele adotou aquele corte de cabelo parecido com o bigode de Hitler acima da testa. Existem poucas mulheres em Tonga, o que dificulta o estabelecimento de um padrão específico. Existem Tonguianas muito bonitas e feias, embora predominem as que se parecem com o Ronaldinho Gaúcho chegando de uma farra. Mas lembro de ter visto uma das moças de lá num concurso Miss Universo nos anos 90. Basta dizer que a candidata de Tonga ficou atrás da representante de Madagáscar, ali pelos centésimos. E que ela desfilou com um traje típico tão exuberante que foi adotado como fantasia de uma ala inteira da Mocidade Independente de Padre Miguel no carnaval do ano seguinte. E isso não é demérito. Vários trajes típicos de candidatas a miss já apareceram na Marquês de Sapucaí e algumas já ajudaram a vencer carnavais.
Um complô particularmente desprezível é o que pretende restringir o consumo de chicletes que fazem bola. Não tenho nada contra os chicletes que não fazem bola, inclusive costumo mascar alguns, desde que não sejam de hortelã. Mas daí a restringir os chicletes tipo "Ploc" há uma grande diferença. Os chicletes de hortelã sim, são desprezíveis e todas as pessoas deveriam evitar o seu consumo. Para o sabor hortelã, o melhor é aquela pastilha Garoto. Que é tão boa que está difícil de achar, repare. Tudo o que é bom dura pouco. Embora a pastilha de hortelã Garoto tenha pelo menos uns 40 anos de mercado. É uma pastilha inesquecível. Embora alguns críticos, como o Cabeça, digam que essa pastilha "não passa de pasta de dente solidificada."
Para tudo há um complô. Eu, inclusive, acho que sou vítima de um complô desde a manhã de sábado, quando fui para a piscina com as crianças. Esqueci de passar o protetor solar. Estou mais vermelho que a variedade genética da bandeira mexicana. Culpa de todos vocês, que acabaram com a camada de ozônio usando aqueles terríveis desodorantes spray de clorofluorcarboneto...
Existem outros complôs em andamento no mundo. Um dos mais terríveis é o que pretende impor o padrão de beleza de Tonga no mundo ocidental. O padrão masculino da ilha foi incorporado pelo Ronaldo Fenômeno, quando ele adotou aquele corte de cabelo parecido com o bigode de Hitler acima da testa. Existem poucas mulheres em Tonga, o que dificulta o estabelecimento de um padrão específico. Existem Tonguianas muito bonitas e feias, embora predominem as que se parecem com o Ronaldinho Gaúcho chegando de uma farra. Mas lembro de ter visto uma das moças de lá num concurso Miss Universo nos anos 90. Basta dizer que a candidata de Tonga ficou atrás da representante de Madagáscar, ali pelos centésimos. E que ela desfilou com um traje típico tão exuberante que foi adotado como fantasia de uma ala inteira da Mocidade Independente de Padre Miguel no carnaval do ano seguinte. E isso não é demérito. Vários trajes típicos de candidatas a miss já apareceram na Marquês de Sapucaí e algumas já ajudaram a vencer carnavais.
Um complô particularmente desprezível é o que pretende restringir o consumo de chicletes que fazem bola. Não tenho nada contra os chicletes que não fazem bola, inclusive costumo mascar alguns, desde que não sejam de hortelã. Mas daí a restringir os chicletes tipo "Ploc" há uma grande diferença. Os chicletes de hortelã sim, são desprezíveis e todas as pessoas deveriam evitar o seu consumo. Para o sabor hortelã, o melhor é aquela pastilha Garoto. Que é tão boa que está difícil de achar, repare. Tudo o que é bom dura pouco. Embora a pastilha de hortelã Garoto tenha pelo menos uns 40 anos de mercado. É uma pastilha inesquecível. Embora alguns críticos, como o Cabeça, digam que essa pastilha "não passa de pasta de dente solidificada."
Para tudo há um complô. Eu, inclusive, acho que sou vítima de um complô desde a manhã de sábado, quando fui para a piscina com as crianças. Esqueci de passar o protetor solar. Estou mais vermelho que a variedade genética da bandeira mexicana. Culpa de todos vocês, que acabaram com a camada de ozônio usando aqueles terríveis desodorantes spray de clorofluorcarboneto...
sábado, 14 de novembro de 2009
Os brazucas aparecem no mapa
O mundo dá muitas voltas. E parece que não vamos a lugar nenhum. Ainda outro dia, os brazucas estavam sendo barrados nos aeroportos da Europa. Agora, com a capa da The Economist, parece que estamos decolando para a prosperidade.
Mas não é bem assim. Já começamos a ver esse filme várias vezes. E acabamos do lado de fora, "estacionando os carros", como disse o Cazuza. Nossos problemas crônicos permanecem. Nossa ignorância. Nossas diferenças abissais.
Curiosamente, são nossos problemas que nos irmanam. São nossas deficiências e carências mútuas que sedimentam o nosso cadinho cultural. Nós somos brasileiros. Os desprezados orgulhosos. Os reis do improviso. Os pedros malasartes.
Somos nós. Nós que temos a solução de orelhada, a opinião do solavanco, o samba de breque, a batucada na caixa de fósforo, o jabuti na árvore, o doce de jabuticaba. Nós somos a nação do improvável, campeões do tiro no pé. Não desistimos nunca. Não cansamos de morrer na praia. Somos nós, os brazucas. Parecemos uma nação de crianças, que esperam a aprovação dos pais do norte. Somos infantis no riso, nosso humor é, no máximo, juvenil. Somos a nação de fraldas. Birrenta.
Ou então somos os tristes. Os melancólicos que o Scliar descreve, imitando Faulkner.
Desorganizados. Sem pensamento próprio. Deslocados. Somos de altos e baixos, mas aqui predomina o banzo, a tristeza do Jeca.
Mas não é bem assim. Já começamos a ver esse filme várias vezes. E acabamos do lado de fora, "estacionando os carros", como disse o Cazuza. Nossos problemas crônicos permanecem. Nossa ignorância. Nossas diferenças abissais.
Curiosamente, são nossos problemas que nos irmanam. São nossas deficiências e carências mútuas que sedimentam o nosso cadinho cultural. Nós somos brasileiros. Os desprezados orgulhosos. Os reis do improviso. Os pedros malasartes.
Somos nós. Nós que temos a solução de orelhada, a opinião do solavanco, o samba de breque, a batucada na caixa de fósforo, o jabuti na árvore, o doce de jabuticaba. Nós somos a nação do improvável, campeões do tiro no pé. Não desistimos nunca. Não cansamos de morrer na praia. Somos nós, os brazucas. Parecemos uma nação de crianças, que esperam a aprovação dos pais do norte. Somos infantis no riso, nosso humor é, no máximo, juvenil. Somos a nação de fraldas. Birrenta.
Ou então somos os tristes. Os melancólicos que o Scliar descreve, imitando Faulkner.
Desorganizados. Sem pensamento próprio. Deslocados. Somos de altos e baixos, mas aqui predomina o banzo, a tristeza do Jeca.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Uma opinião comum
Eu nem vi nada do apagão de ontem, já estava dormindo quando aconteceu. Mas lá em casa ninguém deixa pergunta sem resposta. Então, encontrei o Silvino. O nome é fictício. É um colega de trabalho, esse Silvino. Ele adora o governo. Ele é incapaz de criticar o governo. Qualquer governo. O Silvino tem adoração pelas autoridades. Coleciona discurso de presidente. De qualquer presidente. E foi justamente o Silvino que me perguntou o que eu tinha achado do apagão.
_Sou contra - eu disse.
_Como assim? - perguntou o Silvino.
_Abaixo o apagão. Sou contra apagão.
_Mas ninguém é a favor do apagão...
_Ah, aí é que você se engana. Conheço uns caras aí que gostam de tudo. De fila. De juro alto. Até de apagão. Há opinião pra tudo, Silvino. Eu sou contra. Para mim, apagão não está com nada.
_É lógico que não está com nada. Quem é que gosta de escuro? - disse o Silvino. Ele acha que eu sou maluco. Eu faço questão de que ele ache que eu sou maluco.
_Epa! Aí não. Tem muita gente que gosta. Eu mesmo gosto de ficar no escuro, de vez em quando. Até para poder dormir.
_Sim, é lógico - disse o Silvino.
_O quê? - eu disse.
_O quê o quê? - ele perguntou.
_O que é que é lógico?- eu perguntei de volta.
_Dormir, sem luz - disse o Silvino, candidamente.
_Quer dizer, no escuro? Você também gosta de dormir no escuro? - perguntei.
_Claro, quero dizer, é - ele disse.
_Então você é a favor do apagão?
_Quem, eu? - falou o Silvino.
_Você, hem, está sempre a favor, fala a verdade...
_Não, muito pelo contrário...
_Então você é contra?
_O apagão?
-É, você é contra o apagão?
_Claro! - ele disse.
_Eu também! - eu disse.
E por um instante, ele ficou feliz por finalmente compartilhar a mesma opinião comigo. Mas aí fechou a cara e saiu, apressado e resmungando.
_Sou contra - eu disse.
_Como assim? - perguntou o Silvino.
_Abaixo o apagão. Sou contra apagão.
_Mas ninguém é a favor do apagão...
_Ah, aí é que você se engana. Conheço uns caras aí que gostam de tudo. De fila. De juro alto. Até de apagão. Há opinião pra tudo, Silvino. Eu sou contra. Para mim, apagão não está com nada.
_É lógico que não está com nada. Quem é que gosta de escuro? - disse o Silvino. Ele acha que eu sou maluco. Eu faço questão de que ele ache que eu sou maluco.
_Epa! Aí não. Tem muita gente que gosta. Eu mesmo gosto de ficar no escuro, de vez em quando. Até para poder dormir.
_Sim, é lógico - disse o Silvino.
_O quê? - eu disse.
_O quê o quê? - ele perguntou.
_O que é que é lógico?- eu perguntei de volta.
_Dormir, sem luz - disse o Silvino, candidamente.
_Quer dizer, no escuro? Você também gosta de dormir no escuro? - perguntei.
_Claro, quero dizer, é - ele disse.
_Então você é a favor do apagão?
_Quem, eu? - falou o Silvino.
_Você, hem, está sempre a favor, fala a verdade...
_Não, muito pelo contrário...
_Então você é contra?
_O apagão?
-É, você é contra o apagão?
_Claro! - ele disse.
_Eu também! - eu disse.
E por um instante, ele ficou feliz por finalmente compartilhar a mesma opinião comigo. Mas aí fechou a cara e saiu, apressado e resmungando.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Gravetos
Um dos mais dedicados blogueiros que eu acompanho é o do Gravetos e Berlotas, link aqui do lado. O cara que mantém o blog é super antenado e descola todos os discos de rock que você já ouviu falar e nunca conseguiu encontrar. E ele colocou, não faz muito tempo, a íntegra do novo disco de uma super cantora branca, Joss Stone. Vale conferir.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
A estudante do vestido vermelho
Virou comoção a história da moça do micro-vestido vermelho-rosa. Também achei preconceito, expulsar a estudante por causa de mini-saia, decote e breguice. Acho que mau gosto não se discute, um mínimo de tolerância todo mundo deve ter. Até mesmo com as cores. Afinal de contas, é preciso reconhecer, a moça teve muita coragem para, acima do peso dessas difíceis decisões, usar cores berrantes para assistir aula.
Também achei uma hipocrisia grande daquela moçada vaiando. Aposto que na hora da onça beber água, de levantar e sentar, ou cruzar a perna, muitos dos que vaiaram procuraram um jeito de brechar a moçoila. Tanto os homens que gostam de fartura, quanto das mulheres que também invejam a opulência alheia, tanto em cima quanto na linha da cintura.
Para as pessoas que acham um exagero o assunto virar notícia nacional e internacional, recomendaria o esforço de tentar se colocar, nem que fosse por um minuto, naquele tubinho vermelho-rosa. Não é fácil. O preconceito é uma dieta difícil de se fazer, como teria dito Bussunda. É preciso firmeza, como teria dito Parkinson. É preciso abrir os olhos para ver, como teriam dito Borges e R. Charles. É preciso... preciso... o quê mesmo? teria dito Alzheimer.
Concordo com todos os sábios, inclusive o Paulo Bono, que também já falou sobre o preconceito. Tenho pouco ou nada a acrescentar. Eu só acho importante repetir, mais uma vez, o bom e velho clichê: nem tanto ao mar, nem tanto à saia.
Já lemos esse conto no Guy de Maupassant, em Bolinha de Sebo, já ouvimos essa música com a Geni, do Chico, já vimos centenas de vezes no cinema e na TV. E não cansamos de ver nos programas de auditório, onde o ridículo começa pelo apresentador e se espraia pela platéia, numa catarse coletiva de risos e exaltações para o que é extraordinário e também para o que é ordinário. Isso vale para o que nos deslumbra, o que nos encanta, o que nos ultraja e também o que nos causa horror. Essas cerimônias nos embevecem.
E nós gostamos, sobretudo, de escarnecer, é humano. Não é politicamente correto. E também gostamos da piedade com os escarnecidos. Coitado do escarnecido, que precisa fugir com escolta policial. Coitada da moça de mini-vestido vermelho-rosa, que foi esculachada, esculhambada, vaiada e expulsa da faculdade. Que botou a boca no trombone, recolocou o micro-vestido e falou para a TV. Coitada. Virou motivo de manifestação. De carro de som, de alto-falante. Coitada da moça, que foi, por fim, rematriculada.
Eu queria ver mais comoções assim. Mais carros de som assim. Queria mais dessas legítimas manifestações contra o que nos deixa indignados. Queria que elas não se limitassem à defesa do micro-vestido pinky-choque-protuberante. Queria que fosse além do apoio a quem descolore os cabelos, aos que precisam de cuidados alimentares. Mas nada de palavras de ordem. Nada de punhos fechados. Queria um pink-choque-maneiro de defesa da cidadania, cheio de gente bem-humorada. E com boa-vontade. Eu sei que eu quero demais.
Também achei uma hipocrisia grande daquela moçada vaiando. Aposto que na hora da onça beber água, de levantar e sentar, ou cruzar a perna, muitos dos que vaiaram procuraram um jeito de brechar a moçoila. Tanto os homens que gostam de fartura, quanto das mulheres que também invejam a opulência alheia, tanto em cima quanto na linha da cintura.
Para as pessoas que acham um exagero o assunto virar notícia nacional e internacional, recomendaria o esforço de tentar se colocar, nem que fosse por um minuto, naquele tubinho vermelho-rosa. Não é fácil. O preconceito é uma dieta difícil de se fazer, como teria dito Bussunda. É preciso firmeza, como teria dito Parkinson. É preciso abrir os olhos para ver, como teriam dito Borges e R. Charles. É preciso... preciso... o quê mesmo? teria dito Alzheimer.
Concordo com todos os sábios, inclusive o Paulo Bono, que também já falou sobre o preconceito. Tenho pouco ou nada a acrescentar. Eu só acho importante repetir, mais uma vez, o bom e velho clichê: nem tanto ao mar, nem tanto à saia.
Já lemos esse conto no Guy de Maupassant, em Bolinha de Sebo, já ouvimos essa música com a Geni, do Chico, já vimos centenas de vezes no cinema e na TV. E não cansamos de ver nos programas de auditório, onde o ridículo começa pelo apresentador e se espraia pela platéia, numa catarse coletiva de risos e exaltações para o que é extraordinário e também para o que é ordinário. Isso vale para o que nos deslumbra, o que nos encanta, o que nos ultraja e também o que nos causa horror. Essas cerimônias nos embevecem.
E nós gostamos, sobretudo, de escarnecer, é humano. Não é politicamente correto. E também gostamos da piedade com os escarnecidos. Coitado do escarnecido, que precisa fugir com escolta policial. Coitada da moça de mini-vestido vermelho-rosa, que foi esculachada, esculhambada, vaiada e expulsa da faculdade. Que botou a boca no trombone, recolocou o micro-vestido e falou para a TV. Coitada. Virou motivo de manifestação. De carro de som, de alto-falante. Coitada da moça, que foi, por fim, rematriculada.
Eu queria ver mais comoções assim. Mais carros de som assim. Queria mais dessas legítimas manifestações contra o que nos deixa indignados. Queria que elas não se limitassem à defesa do micro-vestido pinky-choque-protuberante. Queria que fosse além do apoio a quem descolore os cabelos, aos que precisam de cuidados alimentares. Mas nada de palavras de ordem. Nada de punhos fechados. Queria um pink-choque-maneiro de defesa da cidadania, cheio de gente bem-humorada. E com boa-vontade. Eu sei que eu quero demais.
domingo, 8 de novembro de 2009
Coelho
Fiquei lendo.
Existem um monte de autores que você lê e tem vontade de escrever.
Não é o caso do Ross Macdonald. Não é o caso de nenhum romance policial convencional.
É uma literatura que me deixa bem pastel. Tenho evitado ler romances policiais desde que descobri esse efeito narcótico que eles possuem sobre mim. Me sinto um Quixote lendo os romances da cavalaria, quando leio romances policiais. Mas de vez em quando, um desses livros me atrai e acabo sucumbindo. Foi o caso de "O Sorriso de Marfim". Que não tem nada a ver com a ilustração desse coelho.
sábado, 7 de novembro de 2009
Poses familiares para fotos
Um dos fenômenos mais inequívocos que acontecem com as mulheres da minha família é que elas "entortam o pé" para tirar fotografia. Minha mãe e minhas irmãs sentadas, em pé, fazendo pose para foto em ocasião especial, na piscina ou fora dela, em qualquer situação, as mulheres do meu lado da família embicam no mínimo um pé para dentro na hora do clic.
Esse fenômeno foi observado em auto-crítica fina, elegante e sincera pela minha própria mãe há algums milhares de anos.
_Olha, filho - ela me disse. Repara no meu pé. Viu? Eu tenho mania de "entortar" o pé para dentro. Na verdade, entorto os dois pés para dentro.
E fui ali, naquela foto de batizado, que eu reparei pela primeira vez nesse fenômeno. Minha mãe em pose e olhar completamente embevecidos pelo primeiro neto, com roupa elegante, colar de pérolas, coisa fina, foto de álbum de corretor de imóveis, daquelas para colocar em moldura de loja. Mas. Mas os pés da minha mãe estavam realmente apontando para dentro. Aliás, não estavam apenas apontando. Eles estavam curvados, arqueados e tensos, só que para dentro, como se fossem a expressão mais aguda de uma timidez de pés.
_É incrível, mãe. Seus pés parecem, hum, envergonhados? - eu falei, meio em dúvida sobre como definir aquela entortação de pés.
Desde que ela me mostrou aquela foto eu comecei a reparar nas outras fotos da minha mãe e também nas fotos das minhas irmãs. Com facilidade, localizei uma porção de fotos em que elas estavam ali, com os pés enviesados e tímidos, devidamente "entortados" para dentro.
E depois comecei a reparar nos pés delas quando conversavam, para ver se o fenômeno acontecia também distante das câmeras fotográficas. E não deu em nada. Aparentemente, a entortação de pés é um fenômeno exclusivamente fotográfico. Só espero também que seja feminino.
(A Franka fez um post super-engraçado sobre fotos. Será que ela também entorta os pés para tirar foto?)
Esse fenômeno foi observado em auto-crítica fina, elegante e sincera pela minha própria mãe há algums milhares de anos.
_Olha, filho - ela me disse. Repara no meu pé. Viu? Eu tenho mania de "entortar" o pé para dentro. Na verdade, entorto os dois pés para dentro.
E fui ali, naquela foto de batizado, que eu reparei pela primeira vez nesse fenômeno. Minha mãe em pose e olhar completamente embevecidos pelo primeiro neto, com roupa elegante, colar de pérolas, coisa fina, foto de álbum de corretor de imóveis, daquelas para colocar em moldura de loja. Mas. Mas os pés da minha mãe estavam realmente apontando para dentro. Aliás, não estavam apenas apontando. Eles estavam curvados, arqueados e tensos, só que para dentro, como se fossem a expressão mais aguda de uma timidez de pés.
_É incrível, mãe. Seus pés parecem, hum, envergonhados? - eu falei, meio em dúvida sobre como definir aquela entortação de pés.
Desde que ela me mostrou aquela foto eu comecei a reparar nas outras fotos da minha mãe e também nas fotos das minhas irmãs. Com facilidade, localizei uma porção de fotos em que elas estavam ali, com os pés enviesados e tímidos, devidamente "entortados" para dentro.
E depois comecei a reparar nos pés delas quando conversavam, para ver se o fenômeno acontecia também distante das câmeras fotográficas. E não deu em nada. Aparentemente, a entortação de pés é um fenômeno exclusivamente fotográfico. Só espero também que seja feminino.
(A Franka fez um post super-engraçado sobre fotos. Será que ela também entorta os pés para tirar foto?)
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
It´s a long way
Pessoas, tive duas semanas duríssimas, com pouco tempo para tudo. Vamos ver se agora normaliza.
Norma? Liza? Bengéu? Teilor?
Norma? Liza? Bengéu? Teilor?
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Sacações curtas de um feriado mínimo
A minha velha opinião sobre tudo
Sim, andei reparando bem, tenho uma velha opinião sobre quase tudo. Às vezes nem tenho opinião nenhuma. Não acho isso negativo. A maior parte das coisas já existe há muito tempo. Só mudaram algumas indumentárias. Às vezes, nem isso. Por isso, acho legal minhas opiniões estarem comigo há muito tempo. Minhas velhas opiniões estão envelhecendo com dignidade. Têm pequenos lapsos, claudicam um pouquinho, estão meio grisalhas, mas dão conta do recado. Outro dia mesmo, vieram me perguntar:
_Careca, o que você acha disso?
E então eu nem precisei raspar a garganta e pensar um pouquinho. Lá veio ela, minha velha opinião sobre isso e aquilo. Devagar, confiante em sua experiência, talvez até um pouco exagerada e rebuscada demais. Mas ainda assim, minha opinião, simples, elegante e sincera. Quem mandou perguntar?
O extraordinário instinto grupal
Quando mais jovem, muitas pessoas me chamavam de conservador. Agora, muitas das mesmas pessoas continuam a me chamar de conservador. Outros já não me chamam mais.
Terapia do grito
Conheci uma figura que fez a famigerada terapia do grito primal. Perguntei onde que era.
Era no mato? Um local isolado?
A figura me disse que era numa sala com tratamento acústico. Lá dentro você podia berrar à vontade. Funcionava numa sala no shopping do centro da cidade.
E como era? Era bom?
Não, era meio barulhento, ela me disse.
Sim, andei reparando bem, tenho uma velha opinião sobre quase tudo. Às vezes nem tenho opinião nenhuma. Não acho isso negativo. A maior parte das coisas já existe há muito tempo. Só mudaram algumas indumentárias. Às vezes, nem isso. Por isso, acho legal minhas opiniões estarem comigo há muito tempo. Minhas velhas opiniões estão envelhecendo com dignidade. Têm pequenos lapsos, claudicam um pouquinho, estão meio grisalhas, mas dão conta do recado. Outro dia mesmo, vieram me perguntar:
_Careca, o que você acha disso?
E então eu nem precisei raspar a garganta e pensar um pouquinho. Lá veio ela, minha velha opinião sobre isso e aquilo. Devagar, confiante em sua experiência, talvez até um pouco exagerada e rebuscada demais. Mas ainda assim, minha opinião, simples, elegante e sincera. Quem mandou perguntar?
O extraordinário instinto grupal
Quando mais jovem, muitas pessoas me chamavam de conservador. Agora, muitas das mesmas pessoas continuam a me chamar de conservador. Outros já não me chamam mais.
Terapia do grito
Conheci uma figura que fez a famigerada terapia do grito primal. Perguntei onde que era.
Era no mato? Um local isolado?
A figura me disse que era numa sala com tratamento acústico. Lá dentro você podia berrar à vontade. Funcionava numa sala no shopping do centro da cidade.
E como era? Era bom?
Não, era meio barulhento, ela me disse.
domingo, 1 de novembro de 2009
O Bobó do Borogodó
Ganhei um bermudão quadriculado de presente de aniversário da minha irmã mais nova. Achei bacana, o bermudão. Resolvi estrear hoje, no "Bobó de Camarão do Cabeção", um dos eventos mais tradicionais da alta gastronomia brasiliense.
O Bobó é um acontecimento para poucos e seletos. Você só consegue entrar na lista para acessar o edifício "chez Cabeçá", também chamado de "Maison de la Téte" se tiver pistolão ou se for da diretoria. A receita do "Bobó do Cabeção" segue a tradição oral dos iorubás morubixabas baianos e nordestinos e foi transmitida de boca de santo a orelha de virgem durante trocentos anos até que parou no ouvido do Cabeça. Diga-se de passagem, isso foi antes do Cabeça romper o tímpano. Ele diz que acrescentou um ou dois temperos secretos, que não revela nem sob tortura. Mas depois de umas cervejas geladas ele não se faz de rogado. O Cabeça é um cara generoso, ele gosta é da boa mesa. É por isso que ele está sempre de bem com a vida.
Quando o Cabeça nos convidou para essa fantástica tertúlia confesso que salivei em antecipação. O Bobó do Cabeça é o "ó do borogodó". Quem experimenta, repete, quer mais e come até que não se aguenta. E eu ainda coloco pimenta, que é para rimar mais um pouco. É muito bom. Portanto, considerei o Bobó como a ocasião mais que perfeita para estrear a minha bermuda nova.
_Você vai com essa bermuda? - perguntou a minha mulher.
_Vou sim, bermuda legal, tipo roqueiro. Vou arrasar.
E acho que o bermudão estreou muito bem, pois passou completamente despercebido pela nata da sociedade brasiliense presente ao evento. Enquanto estivemos lá, e foram mais de seis horas, tirando algumas abobrinhas, nós só falamos de comida de olho no Bobó. E depois do Bobó, só falamos do Bobó.
Não é exagero meu. Eu acho que deveria haver até um horário especial para quando se comesse o Bobó do Cabeção. É, sem dúvida, um marco do calendário. Uma referência no tempo. Pós-Bobó. Antes do Bobó. Eu, por exemplo, sempre vou saber que estreiei a minha bermuda quadriculada naquele dia primeiro de novembro de 2009. Uma bermuda tão bonita, que para comemorar, o Cabeça resolveu fazer Bobó de Camarão...
O Bobó é um acontecimento para poucos e seletos. Você só consegue entrar na lista para acessar o edifício "chez Cabeçá", também chamado de "Maison de la Téte" se tiver pistolão ou se for da diretoria. A receita do "Bobó do Cabeção" segue a tradição oral dos iorubás morubixabas baianos e nordestinos e foi transmitida de boca de santo a orelha de virgem durante trocentos anos até que parou no ouvido do Cabeça. Diga-se de passagem, isso foi antes do Cabeça romper o tímpano. Ele diz que acrescentou um ou dois temperos secretos, que não revela nem sob tortura. Mas depois de umas cervejas geladas ele não se faz de rogado. O Cabeça é um cara generoso, ele gosta é da boa mesa. É por isso que ele está sempre de bem com a vida.
Quando o Cabeça nos convidou para essa fantástica tertúlia confesso que salivei em antecipação. O Bobó do Cabeça é o "ó do borogodó". Quem experimenta, repete, quer mais e come até que não se aguenta. E eu ainda coloco pimenta, que é para rimar mais um pouco. É muito bom. Portanto, considerei o Bobó como a ocasião mais que perfeita para estrear a minha bermuda nova.
_Você vai com essa bermuda? - perguntou a minha mulher.
_Vou sim, bermuda legal, tipo roqueiro. Vou arrasar.
E acho que o bermudão estreou muito bem, pois passou completamente despercebido pela nata da sociedade brasiliense presente ao evento. Enquanto estivemos lá, e foram mais de seis horas, tirando algumas abobrinhas, nós só falamos de comida de olho no Bobó. E depois do Bobó, só falamos do Bobó.
Não é exagero meu. Eu acho que deveria haver até um horário especial para quando se comesse o Bobó do Cabeção. É, sem dúvida, um marco do calendário. Uma referência no tempo. Pós-Bobó. Antes do Bobó. Eu, por exemplo, sempre vou saber que estreiei a minha bermuda quadriculada naquele dia primeiro de novembro de 2009. Uma bermuda tão bonita, que para comemorar, o Cabeça resolveu fazer Bobó de Camarão...
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