segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O meu método para largar o cigarro



The Cactus Channel - Wooden Boy

Os filmes antitabagistas estão certos. Primeiro eu precisava me convencer da obviedade de que eu era um viciado. Isso parece simples, mas não é. Todo tabagista inveterado é também um cara cheio de si, que se acha o tal e que pode largar o cigarro quando quiser. Existem também os que não se acham grande coisa e que fumam para esquecer, para passar o tempo ou só porque acham bacana. Mas a verdade é uma só, você só vai parar de fumar se assumir que é um viciado e que só a abstinência total impedirá que a fumaça volte a subir à sua cabeça.

Alcoólatras que saem para tomar um traguinho recaem no vício. Jogadores que jogam só umazinha perdem até as calças. E tabagistas que fumam de vez quando, só de chinfra, também voltam aos dois maços por dia.

Uma vez convicto da necessidade de abstinência total, é preciso encontrar um mote, um solgan, uma motivação extra que sempre vai lembrar de você que a decisão de parar de fumar é irrevogável, intranferível, imediata e inabalável. Para isso, para mim não adiantava falar do mal que o cigarro faz à saúde, câncer, aqueles problemas todos. Todo mundo que fuma sabe que cigarro faz mal à saúde e fuma assim mesmo. Também não adiantaria usar pele, cabelo, fôlego, desempenho físico, prazer e cheiro como argumentos.

Ao invés de me aprofundar nesses bons motivos e argumentos, eu comecei a fazer contas. Dois maços por dia, 40 cigarros. Eu dormia 6 horas por dia, restavam 18 horas para 40 cigarros. Não. Resolvi tirar da conta outras duas horas para as necessidades básicas, escovar, almoçar, banho, jantar, vestir, etc. Sobraram 16 horas para 40 cigarros. Dois cigarros e meio para cada uma hora, o que dá um cigarro a cada vinte e quatro minutos. Digamos que eu gastasse quatro minutos para fumar cada cigarro, sobrariam para mim, líquidos, vinte minutos entre cada cigarro e outro, 800 minutos, o que dava mais de treze horas do dia sem cigarro. O tempo com cigarro, no entanto, chegava a 160 minutos, ou mais de duas horas e meia de pura fumaça.

Todos os dias, onze por cento do meu tempo era dedicado exclusivamente a inalar e exalar fumaça. Mas o tempo gasto com o cigarro era maior. Eu não podia mais simplesmente acender um e começar as baforadas. Era preciso sair de onde estivesse, ir para uma área ao ar livre e só então começar a fumar. As contas precisavam ser refeitas. Não eram apenas 4 minutos. Cada cigarro me tomava, tranquilamente, uns bons dez minutos considerando as idas e vindas e mais os pequenos incidentes de percurso, como uma conversa rápida com alguém, um elevador, uma parada no bebedouro, essas coisas sempre aconteciam. Ou seja, eu dedicava seis horas e meia do dia para pitar. Um expediente inteiro. Metade de um dia útil.

Foi quando cheguei a esse raciocínio simples, pueril e idiota que parei de fumar.

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