terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sempre errado



Latasha Lee - Guess Who

Houve uma época em que eu queria estar sempre certo. Não era mania de sabe-tudo, ou um mero complexo hiperbólico de megalomania. Eu queria ser brilhante, como se um estalo tivesse acontecido na minha cabeça e, por intervenção divina (aconteceu ao Padre Antônio Vieira), de repente, eu soubesse argumentar com força, raiva e inteligência. Mas nunca senti estalo nenhum. Caí do cavalo depressa e ainda assim demorei a baixar a cabeça. Depois o meu mundo diminuiu e agora tenho que evitar o problema inverso. Preciso encontrar um jeito de não acreditar que estou sempre errado.

Na época em que eu achava que estava sempre certo, eu gostava de procurar coisas novas no passado, embora isso pareça um contrasenso. Hoje em dia, procuro encontrar coisas novas em coisas novas, mas isso apenas redunda em repetição. Por fim, cheguei à conclusão de que estou ficando ruim para encontrar coisas, sejam elas velhas ou novas. Sobretudo, não aguento mais ouvir uma pessoa(até mesmo eu) dizer que está em busca de um caminho próprio, embora já seja tarde para procurar.

As questões importantes e ainda não respondidas se acumulam. Onde está aquele hai-kai perfeito que bolei no dia em minha filha nasceu? Por quê não consigo lembrar de mais nada? Onde andará a minha primeira paixão na terceira série do primário, Flávia Tatiana?

Outro dia falei da Espuma dos Dias, do Bóris Vian, e agora fico sabendo que relançaram o livro pela Cosac Naif e também fizeram uma nova adaptação cinematográfica. Vi o treiler. Achei sem graça. Quando a gente procura ser poético, em geral somos apenas patéticos. Opa, rimou e soa legal. Certamente alguém já disse isso antes. Vejamos no Google. Não, é incrível. Entre mais de um milhão e cem mil resultados, a frase inteira não aparece. Então essa é minha. vou repetir: quando a gente procura ser poético, em geral somos patéticos. Eu também, eu também.

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