quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Um pedido



Tonight - Kings of Leon

Eu pretendia escrever sobre outra coisa, mas a campainha tocou e fui correndo olhar a tela do visor do porteiro eletrônico. Eu tinha escutado o barulho do caminhão de lixo e fiquei com medo de ter acontecido alguma coisa. Hoje o jardineiro apareceu depois de um largo intervalo. As rotinas acumuladas resultaram em sete ou oito sacos de lixo lá fora e minha mente paranóica já havia registrado a possibilidade de uma reclamação por excesso de lixo, sei lá. No visor havia mesmo um gari, esbaforido, pedindo para falar com o dono da casa.

_Sou eu, pode falar.

_Será que você pode colaborar para eu comprar um lanche? - perguntou o gari.

Fiquei surpreso. Muito surpreso. E disse não. Ele disse que tudo bem, desejou boa noite e foi embora.

Um pouco depois, me peguei reexaminando a situação e percebi que a minha surpresa não era devida ao fato do gari ter pedido dinheiro. Hesitei porque fiquei pensando se havia esquecido alguma data festiva onde esses pedidos são feitos sem cerimônia e a recusa é considerada uma afronta.



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cartões Folksy Cards



PINK - "Who Knew"

Aqui vão alguns dos melhores cartões da Folksy Cards, a fictícia empresa que Donald E. Westlake inventou para Art Dodge, o sensacional personagem de Dois é Demais!. Art é o autor daqueles cartões tipo folder, com uma ilustração engraçada na capa e uma frase desconcertante assim que olha o que tem dentro.

"Beije-me outra vez... eu dou a outra face."

"Temos de parar de nos amar desse jeito... Vire de bruços."

"Amar é... nunca ter de dizer "quanto é?".

"Sare logo... meu médico disse que você também pegou."

Lembro que os cartões desse tipo um dia foram moda. Eu mesmo recebi alguns de amigos e familiares. As livrarias e papelarias consagravam seções inteiras para cartões bem-humorados. E havia também as camisetas, as almofadas engraçadinhas, as canecas de chá e chopp, os mousepads, etc. Depois dos cartões engraçadinhos, de humor negro, vieram os cartões musicais, os pop-ups, os cartões parecidos com cartões telefônicos plastificados e os cartões parecidos com cartões de crédito. Mas o insuperável cartão "De...Para" nunca saiu de moda.

No livro, Art conhece uma pesquisadora que escreve uma tese sobre a comédia humana. A moça faz uma entrevista rápida.

"O que é o humor, de fato?

"Fazer as pessoas rirem."

"Por baixo disso", ela falou. "O que significa o humor?"

"Aceitação. O cômico faz os outros rirem para que não o matem" - responde Art.

No final, depois de mil e uma peripécias divertidas, Art recebe um cartão da pesquisadora.

"Abrindo o envelope, encontrei um cartão do tipo que eu costumava publicar, apesar de não ser da minha empresa. A frente mostrava um homem vestido com a parte da frente de uma fantasia de cavalo, num cenário de palco de teatro. Dentro, dizia: "Não posso continuar sem você."

Art não acha graça e joga o cartão fora.



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Vivendo na selva



Black Joe Lewis & The Honeybears - Livin' In The Jungle

Aqui, nada funciona. O que pode ser bem exasperante, às vezes, mas acho que estamos todos acostumados. Só quando vamos ao exterior é que percebemos que as coisas poderiam ser bem melhores. Mesmo assim, acho que estamos perdendo as referências. A degradação lenta e contínua atrapalha a nossa percepção das coisas. Estamos ficando cada vez mais sem importância no mundo.

Mesmo assim, esmorecer não é a solução. Em primeiro lugar, quero um País onde seja possível obter educação de boa qualidade nas escolas públicas para os meus filhos. Nessas escolas, quero professores que não sejam obrigados a entrar em greve todos os anos para garantir melhores salários e melhores condições de ensino. Também gostaria que os professores fossem respeitados pelos alunos, pelos pais de alunos e pelos administradores públicos. Quero que esses professores transmitam conhecimento e estimulem o pensamento crítico, sem confundir as duas coisas com doutrinação ideológica e proselitismo. Da minha parte, continuarei a participar ativamente das reuniões e atividades na escola.

Quero um país com cidades limpas, iluminadas e seguras, onde as crianças possam brincar na rua e seja possível passear à noite com minha mulher sem medo de ser atacado. Da minha parte, continuarei a colaborar com a limpeza, inclusive com a observação das disposições que regulam a construção de calçadas, plantio de árvores, cuidado com os animais, etc. Quero as cidades com bons serviços de saúde, onde não seja preciso conhecer alguém (e nem pegar um avião) para conseguir uma consulta e tratamento adequado. Da minha parte, observo as orientações dos agentes de saúde no que se refere à proliferação de mosquitos, insetos e roedores. Adicionalmente, procuro manter hábitos saudáveis.

Quero que as estradas permitam o livre trânsito com segurança, sem buracos e sobressaltos. Que os aeroportos e portos sejam adequados.

Em suma, quero que as coisas funcionem e que o Estado garanta a cada um a liberdade de pensamento, expressão e de empreendimento.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ainda "Sobre a verdade"



Selah Sue - Explanations

Harry G. Frankfurt, no seu livrinho sensacional “Sobre a verdade”, diz uma coisa que eu gosto muito de repetir: “sem a verdade, simplesmente não temos uma opinião sobre as coisas, ou nossa opinião está errada".(pág. 68) As razões são constituídas de fatos. O que é verdadeiro não pode, ao mesmo tempo, ser percebido como falso. Quando isso acontece, ocorre a confusão e a loucura. A verdade não varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com a percepção de A ou B. Isso seria absurdo. Assim, só é possível ter um único tipo de relação com a verdade, o verdadeiro. Qualquer outro tipo é falso.

Mais ou menos na metade do livro, a parte que mais gosto começa pela repulsa de Kant e Montaigne pela mentira. Para Kant, a mentira prejudica a humanidade em geral. Para Montaigne, os mentirosos deveriam ser consumidos pelas chamas. Frankfurt, por sua vez, afirma que "o fato de que muitas pessoas se entregam a mentiras, e a outros tipos de comportamento fraudulento, dificilmente impossibilita um convívio proveitoso com elas ou impede qualquer conversa. Apenas significa que temos que ser mais cautelosos. Podemos nos sair muito bem num ambiente de fraude e de falsidade, desde que possamos contar razoavelmente com nossa própria capacidade de discernir confiavelmente entre casos em que as pessoas estão deturpando as coisas para nós e casos em que estão nos tratando com sinceridade."

Humberto, meu amigo canalha, se dizia apaixonado demais pelas mulheres para amar apenas uma. Ao pretender amar muitas, não amava nenhuma, embora estivesse apaixonado por todas. Uma vez Humberto foi a um restaurante com a amante, depois de ter pensado que havia despistado a esposa. A mulher invadiu o restaurante aos berros e ameaçava agredir Humberto e amante ali mesmo, depois dos palavrões. Humberto fez um gesto discreto para o garçom e quando o moço se aproximou, desviando com cuidado da mulher furiosa, Humberto cochichou que jamais havia visto aquela maluca em toda a sua vida. Foi o suficiente para a ultrajada fosse expulsa com energia do restaurante.

Há quem acredite(eu também, muitas vezes) que o mundo é binário, 0 ou 1, V ou F. As zonas cinzentas só existem até tomarmos uma decisão. Essa decisão, por sua vez, poderá se revelar acertada ou equivocada. Durmo melhor quando acredito estar tomando a decisão certa. Já acordei de madrugada com o coração batendo acelerado, o estômago na boca, só então descobrindo que não deveria ter feito o que fiz.


O livrinho que citei é “Sobre a Verdade’, Companhia das Letras, escrito por Harry G. Frankfurt, professor emérito de filosofia da Princeton University. Em 2005 Frankfurt virou best-seller com outro livrinho chamado “On Bullshit”, também traduzido e publicado pela Cia das Letras, que ainda não li.

domingo, 22 de setembro de 2013

Com que roupa?



Count Basie Orchestra - The Kid From Red Bank

Com que roupa?

Meu amigo C.F. postou no Facebook uma pequena dúvida sobre vestuário.


C. F. - Confesso minha quase total inabilidade para as formalidades sociais. Por isso, peço uma ajuda: o que significa, na prática, traje esporte fino para um evento matutino?

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D D e outras 14 pessoas curtiram isso.

I C L - Calça de tergal e camisa de popeline, rs
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C. F. - Popeline?Falou grego...
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V B - Já para os homens o básico entendimento do esporte fino são as roupas sociais e um blazer, a calça jeans ou as de brim, podem combinar com uma camisa de botão e um blazer. O uso de gravata fica a critério de cada um. As camisetas devem ser básicas, com...Ver mais
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M M - Calça Social ou de brim (nunca jeans), camisa social lisa e um blazer. Se for de manhã, e levando em consideração o calor (se o evento for ao ar livre), acho q pode dispensar o blazer, se não for casório.
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A G G - Camisa polo, bermuda, tênis? Ou bermuda não é fino? È churrasco, funeral, casamento, aniversário, batismo?
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C. F. - Compromisso em embaixada...não sei se posso dispensar o blazer...
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M M - Se é embaixada, vá de blazer, tudo combinando. Pode dispensar gravata.
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M M - Ah, e sapato social, é claro!
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D A C - Ex marido, calca social, camisa lisa e blazer , em ambientes mais formais, sapato social co meia fina lisa,.nos tons da calcq
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M A - Vai de sunga...
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G S S - Bermuda, camisa polo e uma raquete de tênis.
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O J P P - Se for hoje, domingo, é bermuda, camiseta, tênis (com ou sem meia) e um bonezinho. Como o sol tá escaldante, não esqueça o protetor solar... rsrs
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S B - Ao pé da letra teria q rolar uma calça social camisa e um paletó só q com esses calor dos infernos não rola, né? Uma calça social e uma camisa já está de bom tamanho com sapatos.
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R M O - Deve ser uma roupa esporte de marca... acho
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P L - Na prática pode tudo menos jeans
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M L M I - Eu acho que isso näo existe. Ou também tem que existir esporte grosso. Alguém inventou e caiu no gosto popular.
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R J - Alguém ainda usa determinar o traje para os convidados????
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M S - Significa anacronismo
Ver tradução
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T F - Esporte fino de manhã: uma sunga de seda.
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D L - Vai bonitinho, arrumadinho, eh isso... Gente... nos estamos no seculo 21 mesmo? affffff vai de pijama de seda, nao eh de manha?
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M F- Vai de jogador de golfe: esporte grã-fino.
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A R - Esporte fino significa que não é necessário o uso de terno e gravata - pode ser jeans com camiseta polo, pode usar um paletó - mas não exagere no esportivo e, portanto, não vá de qualquer tênis surradinho, qualquer calça já muito usada. vá, como o nome diz, fino. Isso se você se importar com essas coisas. Caso contrário, mande tudo à merda e vá como você quiser ir e segure a onda na base do charme.
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E M - Terno preto com tênis branco
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J M S - Querido,você deve ir conforme a orientação do convite porque se indica "Esporte Fino" o traje deve ser formal.Nada de Jeans, Tênis. Calça social e um paletó e como o evento é matutino faça opção por tons mais claros.Bjs.
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H C - Ir de Bermuda!
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R G G - Bermuda, jeans e tênis é esporte grosso. Coitado de você, C. kkkkkkkkkkkkk
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M A - Kkk Pelos comentários, eu te aconselho a ir de sunga de seda ou, mais comportado, bermuda, tenis e camisa polo. Mas como é fino, devem ser de marca! Kkk
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J C M H - Pode dispensar o blazer. Calca caqui, camisa Lacoste, mocassim marrom.
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B B I - C., acho que piorou... achava que sabia, mas depois desses comentários, fiquei com muita dúvida rsrsrs bj e saudade
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A U - O que eu queria mesmo era saber quem é que pratica esporte em traje esporte.
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D D - Sempre me pergunto essas coisas.
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TL - C., vá nu e quebre todas as regras
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A G G - Esporte fino? Deve ser polo, polo aquático ou cricket. Golfe? Truco, jamais.
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W W L - C., camisa de manga comprida e calça social, não jeans.
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M M - Com sua personalidade e caráter, qualquer traje, ou sem traje faz bem.
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A G G - Traje de gamão? Traje de xadrez? Bridge?
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A G G - "Esporte grosso" é havaiana e bermuda, com a barriga por cima da bermuda. Se você não tiver barriga, improvise com uma pochete. Um palito no canto da boca sempre vai bem, nessas ocasiões. Para demonstrar seu savoir-faire, braguilha aberta, mas apenas o terço superior. Corrente de oiro é um clássico.
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M B - Significa: frescura de quem escreveu! Kkkkk.
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M M - A propósito, pode buscar google images e GQ's website
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W W L - Cuidado, C., que a recepção não se pauta por personalidade nem caráter, mas pela apresentação do convite e do traje exigido. E quem te convida te considerou e, por isso, merece seu respeito
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V R - Jeans fora

L B - O esporte fino nada mais que um traje intermediário entre o estilo esportivo - informal e descontraído, e o traje passeio completo ou social. É muito utilizado em ambientes empresariais que não exigem roupas sociais (passeio completo) e para ocasiões que demandam uma certa formalidade, mas não exigem trajes completos.
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G H - Terninho ou blazer sem gravata...
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M B B B - Faço 52 anos agora, no dia 26. Não pedi traje, pedi a presença com qualquer traje. O que vale para mim é o coração de cada um e o recíproco amor. Se quiserem vir muito bem arrumados serão tão queridos como os mais mal arrumados, traje que, no final das contas, passa a ser apenas um pequeno detalhe...
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sábado, 21 de setembro de 2013

Os comentários de Urso



The Kills - The Last Goodbye

Existem comentaristas admiráveis sobre qualquer tema na Internet. Outro dia descobri um sujeito que gosta de deixar pequenos comentários sobre filmes trash. Ele é conciso como o Romário(aquele que...) e não teria medo de chutar o Barroso para longe da janelinha. O nome dele é Urso.

Selecionei alguns e publico abaixo o nome do filme, sinopse e comentário do Urso.

Virtuality
Doze seletos astronautas embarcam na nave Phaeton numa missão especial que durará 10 anos com o objetivo de pesquisar o sistema Epsilon Eridani. Para tornar a viagem mais leve, a NASA instala na nave um equipamento de realidade virtual onde os tripulantes poderão vivenciar novas experiências. Mas uma falha no sistema irá causar complicações.

Urso: “Uma bela de uma Bosta, nossa é ruim demais, e tem até casalzinho biba’s para agradar as bibas de plantão. Mais um para o trofeu “chuta que é macumba”.”

Spiders 3D
Após a queda de uma estação espacial soviética em um túnel no metrô de Nova York, uma nova espécie de aranha é descoberta entre os destroços. O grande problema é que as aranhas acabam sofrendo mutações, se tranformando em criaturas gigantescas.

Urso: “Olha já vi este filme, e quer saber, nunca mais quero ver.”

2-Headed Shark Attack
Durante um curso de navegação marítima, o Professor Babish e seus alunos acabam tendo problemas depois que uma carcaça de tubarão fica presa na hélice do motor do barco. Quando eles descobrem que a água está invadindo o barco o professor resolve levar os seus alunos até um atol para que o resto da tripulação tente consertar o casco.Com os estudantes na pequena ilha, a capitã vai tentar soldar o casco do barco mas acaba sendo atacada por um enorme tubarão de duas cabeças. Agora eles descobrem que entre o atol e barco há um monstruoso tubarão que vai atormentar a todos em sua busca pela sobrevivência. Então se prepare para ver um tubarão de duas cabeças feito em computação gráfica de terceira categoria destroçando a mulherada de bikini e seus amigos.

Urso: “Filme de tubarão sempre acaba em merda, agora de 2 cabeças, com certeza pode esperar merda dupla vindo por aí, e note que na sinopse está escrito “feito em computação gráfica de terceira categoria ” o que se poderia esperar de um filme destes?

Ferocious Planet
Um dispositivo é construído para visualizar universos alternativos. Porém a máquina apresenta um mal funcionamento e transporta um grupo de observadores para uma dimensão aterrorizante com alienígenas amedrontadores. Os observadores têm que usar sua sagacidade para sobreviver em um mundo hostil.

Urso: “Mais um clássico “chuta que é macumba” .”

Vampyre Nation / True Bloodthirst
Vampiros e humanos co-existem em um mundo futuro. Agora, os dois grupos encontram-se sob o ataque de uma nova espécie de vampiro. Agora devem unir forças para acabar com esse mal.

Urso: Mais um filme que dá desgosto, fica sempre a pergunta: como pode alguém produzir algo tão ruim assim, será que acha que vai dar certo ? será que comeu cocô demais quando criança ? porque este odio tão grande em relação ao pessoal que gosta de ver filmes ? não sei, só sei que é mais um grande Big Shit.

24h Para Sobreviver
Depois que a guerra devasta a civilização, um grupo de sobreviventes percebe que terá que fazer o que for preciso se quiserem continuar vivos. Perdidos, com fome e exaustos, eles encontram abrigo em uma fazenda abandonada. No entanto, enquanto buscam por comida e recursos, eles inadvertidamente liberam uma armadilha que avisa seus predadores que é hora de começar um ataque mortal. No período de 24 horas, o quinteto precisará empreender uma desesperada tentativa final de resistência, em luta por sua sobrevivência.

Urso: “Bem estilo aquilo que todos já sabem, no final torcemos para que todos morram rápido, só assim acaba esta desgraça de filme.”

Recreator
Um grupo de adolescentes sem querer descobre um novo laboratório secreto e encontram alguns clones de si mesmos porém com muito mais inteligência

Urso: “Bem estilo chuta minhas bolas que gosto.”

Mega Shark vs Crocosaurus
Depois de matar o polvo gigante, tubarão pré-histórico encara um novo oponente A produtora The Asylum, de clássicos modernos como Mega Piranha e Snakes on a Train, soltou o primeiro trailer da superprodução Mega Shark vs. Crocosaurus. Presencie: Na continuação do terror trash Mega Shark vs. Giant Octopus, o gigante tubarão pré-histórico.

Urso: “Pessoal não chora, basta ler a sinopse/ continuação do terror trash ;conclusão, é o que promete.”

Dragon Wasps
Um cientista pede ajuda do exército dos EUA para investigar o misterioso desaparecimento de seu pai, no meio da selva de Belize. Apanhados no fogo cruzado entre um exército de guerrilha brutal controlada por um senhor da guerra mística, eles também são confrontados por um terror ainda maior: vespas gigantes mutantes que são, por alguma razão, sedentas por sangue.

Urso: “Sim, é doloroso de assistir.”

100 Degrees Below Zero
Depois de um clima esquisito e eventos climáticos destruirem o mundo ao seu redor, um grupo de cientistas desonestos tentam reverter a nova era do gelo mortal.

Urso: “Imagina um filme safado, ruim, quinta categoria, péssimo, ridículo, chulo, enfim um chute no saco, tudo isto é este filme.”


Defcon 2012
No dia 30 de outubro de 2009, uma equipe de documentaristas independentes foi dada como desaparecida pelas autoridades, enquanto filmavam uma produção bastante controversa sobre o fim do mundo.
Investigadores tinham razões para crer que o que eles haviam descoberto sobre o futuro poderia ser o motivo do desaparecimento.
Em setembro de 2012, um agente da Agência Central de Extraterrestres encontra o que a equipe desaparecida havia filmado e percebe que eles poderiam estar certos sobre o apocalipse – que aconteceria em pouco tempo, mais precisamente em dezembro de 2012.

Urso: “Quer saber: mais um lixo galáctico, ninguém merece, é melhor dois chutes de bico no saco do que tentar ver esta coisa.”

Sharknado
Quando um furacão bizarro assola e alaga Los Angeles, milhares de tubarões começam a aterrorizar a população. E quando os ventos de alta velocidade formar tornados no deserto, o mais mortal assassino da natureza vai matar em água, terra e ar.

Urso: “Eu também não acreditava que poderiam fazer um filme tão ruim. Mas conseguiram. Esse filme é tão péssimo que me deu cãibras nos olhos.”

O sujeito que faz as sinopses também é divertido, mas não me dei ao trabalho de descobrir o nome.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Perdemos



Rival Sons - Until the Sun Comes

Perdemos de novo. Levamos de seis. Houve quem acreditasse que um sujeito cheio de recursos técnicos pudesse nos tirar do desempate e promover uma vitória de virada. Mas a partir do primeiro minuto da partida final, Mellou deixou claro que estava jogando para o outro time e que não iria deixar ninguém ir pra cadeia. E fez isso primeiro com os olhos, buscando o acolhimento da turma do time do contra. Depois ele disse o nome de cada um: Levianósky, Barriso, Viber, Zananauê e Tífoli. Caramba! Que time dos infernos!

É estranho ver na Internet as pessoas que lambem maçanetas dizerem que Mellou estava defendendo a democracia. Não estava. Ele usou um embrulhamento metido a técnico para apunhalar a democracia. Na prática, Mellou foi mais perverso. Com retórica rebuscada, ele já havia feito o discurso condenatório dos mensaleiros. Com o voto de hoje, ele lhes garantiu um novo julgamento e a impunidade. Algumas pessoas escreveram que respeitam Mellou por seu apego às franjas da lei. Eu respeito o apego às franjas da lei, mas Mellou não mais. Se eu um dia encontrá-lo na rua(isso não é impossível, em Brasília), não o cumprimentarei, não o saudarei como um juiz promotor da justiça. Ao contrário, vou virar o rosto, farei cara de paisagem.

Lembro de um tempo, no auge da indignação contra a corrupção no governo Collor, em que os carros dos moradores de Brasília eram atacados em outros estados. Todo mundo era marajá e corrupto por definição, nem precisava trabalhar para o governo. Não precisava ser um carro novo. Bastava ter a placa de Brasília.

Alguns anos precisaram se passar até que a raiva, a frustração, o desânimo e a sensação de desamparo provocada pela corrupção endêmica se dissipasse. Hoje, tudo isso voltou.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O passado, de novo



1.000.000 em Brasília


Técnicas mnemônicas:

1- Lewandoski é muito rigoroso com os bagrinhos pegos com camarões.

2 - Tóf-Tófoli não vê impedimento em ser amigo, empregado, cliente, parceiro, companheiro, cunhado, chegado e cupincha de qualquer pessoa, especialmente em julgamentos.

3 - Zavasckky só diz aos amigos no clube que gostaria de condenar os mensaleiros. É um pândego.

4 - Barriso é o novato que elogiou o réu convicto, criou o parlamentar presidiário e defendeu o mandato salame.

5 - Rosa Vibe é a defensora de recurso único para a primeira instância e de rejulgamento na última.

6 - E Celso de Mello?

Infelizmente, acho que ele vai lencar. Dará pra trás. Vai escorregar no quiabo. Derrapará na reta final. Queria estar enganado, mas hoje vi um corvo na beira da piscina, só pode ser mau presságio. Raven, raven, raven, blackbird me responde, o passado nunca mais.

domingo, 15 de setembro de 2013

Ao Min. Celso



Jessie J - It's My Party


Você é o cara que vai demolir a confiança de todos os brasileiros de bem na justiça. Você é o cara que vai sepultar todas as nossas esperanças. Mesmo a legião de puxa-sacos não foi capaz disso. Mas você é vaidoso o bastante. E partindo de você, que sempre posou de justo, a traição nos será mais dolorosa, todos os corações estarão dilacerados, vamos levar décadas para voltar a acreditar em qualquer coisa nesta república. Apesar da grande quantidade de idiotas prontos a elogiar os incapazes, os imorais e incompetentes que estão no poder, sempre acreditei que as pessoas sensatas em posições conquistadas por mérito iriam fazer valer o que é certo e o que é bom. Mas você já deu a entender que não vai mudar sua interpretação. Que é a pior, por não ser verdadeira.

Celso, as razões são constituídas por fatos. E os fatos ocorridos são incontestáveis. Não existe qualquer dúvida sobre a culpa dos réus, neste julgamento que enfim estava na dosimetria das penas. Eu, você e a torcida dos maiores clubes do Brasil sabemos que as provas obtidas são apenas uma pequena pontinha do gigantesco iceberg representado pelo mensalão. Se ao invés de estupradores da república esses caras fossem serial killers, ainda não teria sido possível contar o número de corpos desencavados, ou nem teríamos o número de vítimas estabelecido. Eu, você e todas as torcidas sabemos que todo o processo foi montado apenas com o que a PGR conseguiu sólidas provas. Ainda assim, por excesso de cuidado e também pela ação deletéria de alguns dos seus colegas e de advogados diabólicos, os criminosos do mensalão receberam penas leves e até levíssimas, se comparadas às penas estabelecidas para ladrões de galinhas e cidadãos que furtaram cremes em supermercados por esta mesma corte.

Esse post não tem a menor pretensão de devolver-lhe a razão. Sei que a sua cabeça já está feita. Vai votar pelo mal. Vai votar pela sacanagem absoluta. Vai votar pela prevalência da corrupção, da roubalheira e da falta de vergonha na cara. Vai nos condenar às trevas e permitir que os criminosos gozem da liberdade e riam da nossa cara. Quando isso ocorrer, mostrarei sua foto para os meus filhos e direi que essa é a face do traidor da república, do homem que beijou a justiça antes de entregá-la aos estupradores. Também direi para cuspirem sobre sua foto. E direi ainda que seu nome deve figurar junto a Tíffoli, Levianóvski, Barriso, Rose e aquele outro ridículo, o Zava.

Há quem diga que um erro não é suficiente para denegrir a biografia de um homem. Mas as pessoas dizem qualquer coisa. Eu só posso dizer que terei o maior prazer em publicar um post com desculpas se estiver enganado e você disser não para os infringentes.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Aprendendo com o mensalão



B B King - Just a little bit of Love

O que já aprendemos com o julgamento do mensalão?

1 – qualquer um com diploma de advogado, desde que deixe claro que votará com os homi, pode ser ministro.

2 – ser amigo de copo, namorado, amante, cacho, empregado, capacho, esparro ou advogado dos réus não é impeditivo para participar de um julgamento como juiz.

3 – nenhum julgamento é decisivo se os réus têm dinheiro e influência.

4 – até mesmo juízes velhuscos estão dispostos a abocanhar maçanetas.

5 – mequetrefes não têm direito a infringentes.

6 – nenhum argumento jurídico é capaz de vencer a vontade de favorecer culpados.

7 – ser chicaneiro é ser feliz.

8 – quanto mais pedantismo jurídico, subserviência e elogios aos réus, melhor.

9 – bobão é quem faz acordo para redução de pena.

10 – ser mensaleiro, compensa.

11 - nunca é tarde para demorar mais um pouco.

12 - não há nada como ser novato: agride os pares, bajula réus, cria o mandato-salame e inventa o presidiário-parlamentar.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O nosso 11 de setembro




Elton John - Oceans Away

Ao que parece, o mal triunfará. Depois de sete anos e 50 seções intermináveis, onze condenados estão muito perto de conquistar no STF o direito a um novo julgamento e, consequentemente, de escapar a qualquer punição pelos crimes que comprovadamente cometeram. Caso a vantagem dos criminosos condenados se mantenha e realmente seis juízes escarrem sobre a constituição brasileira e ainda limpem o rabo nas cortinas do tribunal, está liberado o caixa dois no Brasil, está liberada a corrupção na Casa Civil, está liberada a aquisição de votos de parlamentares, está liberado o uso de agências de publicidade e bancos para alimentar o fluxo dos milhões e milhões de reais dos cofres públicos para o bolso dos pilantras.

Espero estar errado, mas pelo desânimo no olhar do ministro Joaquim Barbosa, pela aflição legítima com que o ministro Luiz Fux apontou criteriosamente todos os pontos falhos nas argumentações dos ministros infringentes, os réus da ação penal do mensalão não vão pagar nenhum dia de cadeia por agir em quadrilha para roubar, desviar e lavar dinheiro dos cofres públicos. Ao que parece, a seleção do mensalão não será punida. Nunca. Até o deputado que não teve vergonha de usar a mulher para pegar bufunfa escapará. O maquiavélico mentor de todo o esquema, o número doze, terá dado uma sapatada na cara de todo cidadão que ainda acreditava na possibilidade de justiça.

Prevalecendo esse resultado, o STF terá também condenado todos nós, brasileiros de bem, ao escárnio dos aproveitadores e dos corruptos. Daqui pra frente, estaremos à mercê dos criminosos contumazes e impunes - e não somente do mensalão. Todo e qualquer condenado em matéria penal pelo STF terá direito a novo julgamento. Os ministros do Supremo Tribunal Federal que compactuaram com isso terão entregado os cidadãos inocentes aos lobos. O terror mostrou os dentes neste 11 de setembro. Mas só amanhã vamos saber se aqui é o fim do mundo.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sempre errado



Latasha Lee - Guess Who

Houve uma época em que eu queria estar sempre certo. Não era mania de sabe-tudo, ou um mero complexo hiperbólico de megalomania. Eu queria ser brilhante, como se um estalo tivesse acontecido na minha cabeça e, por intervenção divina (aconteceu ao Padre Antônio Vieira), de repente, eu soubesse argumentar com força, raiva e inteligência. Mas nunca senti estalo nenhum. Caí do cavalo depressa e ainda assim demorei a baixar a cabeça. Depois o meu mundo diminuiu e agora tenho que evitar o problema inverso. Preciso encontrar um jeito de não acreditar que estou sempre errado.

Na época em que eu achava que estava sempre certo, eu gostava de procurar coisas novas no passado, embora isso pareça um contrasenso. Hoje em dia, procuro encontrar coisas novas em coisas novas, mas isso apenas redunda em repetição. Por fim, cheguei à conclusão de que estou ficando ruim para encontrar coisas, sejam elas velhas ou novas. Sobretudo, não aguento mais ouvir uma pessoa(até mesmo eu) dizer que está em busca de um caminho próprio, embora já seja tarde para procurar.

As questões importantes e ainda não respondidas se acumulam. Onde está aquele hai-kai perfeito que bolei no dia em minha filha nasceu? Por quê não consigo lembrar de mais nada? Onde andará a minha primeira paixão na terceira série do primário, Flávia Tatiana?

Outro dia falei da Espuma dos Dias, do Bóris Vian, e agora fico sabendo que relançaram o livro pela Cosac Naif e também fizeram uma nova adaptação cinematográfica. Vi o treiler. Achei sem graça. Quando a gente procura ser poético, em geral somos apenas patéticos. Opa, rimou e soa legal. Certamente alguém já disse isso antes. Vejamos no Google. Não, é incrível. Entre mais de um milhão e cem mil resultados, a frase inteira não aparece. Então essa é minha. vou repetir: quando a gente procura ser poético, em geral somos patéticos. Eu também, eu também.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O meu método para largar o cigarro



The Cactus Channel - Wooden Boy

Os filmes antitabagistas estão certos. Primeiro eu precisava me convencer da obviedade de que eu era um viciado. Isso parece simples, mas não é. Todo tabagista inveterado é também um cara cheio de si, que se acha o tal e que pode largar o cigarro quando quiser. Existem também os que não se acham grande coisa e que fumam para esquecer, para passar o tempo ou só porque acham bacana. Mas a verdade é uma só, você só vai parar de fumar se assumir que é um viciado e que só a abstinência total impedirá que a fumaça volte a subir à sua cabeça.

Alcoólatras que saem para tomar um traguinho recaem no vício. Jogadores que jogam só umazinha perdem até as calças. E tabagistas que fumam de vez quando, só de chinfra, também voltam aos dois maços por dia.

Uma vez convicto da necessidade de abstinência total, é preciso encontrar um mote, um solgan, uma motivação extra que sempre vai lembrar de você que a decisão de parar de fumar é irrevogável, intranferível, imediata e inabalável. Para isso, para mim não adiantava falar do mal que o cigarro faz à saúde, câncer, aqueles problemas todos. Todo mundo que fuma sabe que cigarro faz mal à saúde e fuma assim mesmo. Também não adiantaria usar pele, cabelo, fôlego, desempenho físico, prazer e cheiro como argumentos.

Ao invés de me aprofundar nesses bons motivos e argumentos, eu comecei a fazer contas. Dois maços por dia, 40 cigarros. Eu dormia 6 horas por dia, restavam 18 horas para 40 cigarros. Não. Resolvi tirar da conta outras duas horas para as necessidades básicas, escovar, almoçar, banho, jantar, vestir, etc. Sobraram 16 horas para 40 cigarros. Dois cigarros e meio para cada uma hora, o que dá um cigarro a cada vinte e quatro minutos. Digamos que eu gastasse quatro minutos para fumar cada cigarro, sobrariam para mim, líquidos, vinte minutos entre cada cigarro e outro, 800 minutos, o que dava mais de treze horas do dia sem cigarro. O tempo com cigarro, no entanto, chegava a 160 minutos, ou mais de duas horas e meia de pura fumaça.

Todos os dias, onze por cento do meu tempo era dedicado exclusivamente a inalar e exalar fumaça. Mas o tempo gasto com o cigarro era maior. Eu não podia mais simplesmente acender um e começar as baforadas. Era preciso sair de onde estivesse, ir para uma área ao ar livre e só então começar a fumar. As contas precisavam ser refeitas. Não eram apenas 4 minutos. Cada cigarro me tomava, tranquilamente, uns bons dez minutos considerando as idas e vindas e mais os pequenos incidentes de percurso, como uma conversa rápida com alguém, um elevador, uma parada no bebedouro, essas coisas sempre aconteciam. Ou seja, eu dedicava seis horas e meia do dia para pitar. Um expediente inteiro. Metade de um dia útil.

Foi quando cheguei a esse raciocínio simples, pueril e idiota que parei de fumar.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Histórias subliminares



Irma Thomas...Don't Look Down

Nesta minha série de histórias(me desculpem, nunca gostei daquela diferenciação entre estória e história) o mal vence. Começo pelos três porquinhos. Prático e aquele outro porquinho músico traem o porco Mestre e, em conluio com o Lobo, conseguem capturar e jantar o honesto, justo e probo porquinho. Na minha versão, enquanto saboreia um pernil do irmão traído, Prático sinaliza que o próximo jantar deverá ser o porco musical. Está claro que o Lobo concorda em deixar Prático para o final, afinal alguém precisa cozinhar. Mas nem mesmo a malvadeza lupina suspeita que a casa forte construída pelo Mestre será arrasada por um tsunami de bacon. Uma manada de javalis em fuga desabalada destrói o castelo do Mestre. Tchans.

Em seguida, na minha versão de Cinderela, uma das meia-irmãs da Borralheira descobre que se cortasse o dedo mindinho de cada um dos pés, o maldito sapatinho de cristal serviria perfeitamente. A feiosa faz as contas, aprisiona Cinderela e decide mandar os dedos para o inferno. Com a ajuda de chás bolivianos a moçoila usa os sapatos de vidro antes, durante e depois do casamento com o príncipe. Muitos anos depois, Sua Majestade Feiúra durante a briga matinal revela ao príncipe que deseja o divórcio. No meio do ataque de fúria revela o estratagema que lhe custou dois dedos, mas lhe garantiu a vida de luxo no palácio. Cinderela é encontrada, mas os anos foram muito cruéis para ela, coitada, ela agora é um tremendo canhão. Tchans, tchans.

Na minha última história da noite, a pequena Sereia passeia tranquilamente pelo fundo do oceano quando uma terrível lula aparece, cheio de metáforas de futebol. O monstro marinho estava escondido atrás de um coral vermelho em formato de estrela. Quando a lula barbuda aparece, a pequena Sereia desce logo a porrada que ela não é besta. Tome um soco aqui, tome um soco de lá, a lula fica toda machucada e é levada para um hospital no fundo-do-mar. Lá falta tudo, o hospital é um lixo. Não tem remédio, cadeira, maca, raio-x, não tem coisa nenhuma, só um ou dois médicos cubanos receitando placebos. Mas a lula não se preocupa, ela está cheia da nota e vai para um hospital particular danado de bom e caro. Foi mais ou menos nessa hora que descobriram que um monte de amigos da lula estavam se entupindo de propinas todos os meses, entrando numa grana preta de caixa dois, caixa três e caixotão. No final apoteótico, amigos da lula são julgados por corrupção e condenados, mas juízes que venderam a alma ao diabo mandam a decência para o raio que os parta e decidem tentar melar o julgamento, que já dura uns sete anos. Na última hora, quando os amigos estão quase indo pra cadeia, os juízes sofrem um ataque de bundonite aguda que provoca mais um adiamento para o julgamento. Essa história não acaba nunca, inferno. Tchans, tchans, tchans.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Avaliações de setembro



Arctic Monkeys - 2013

Agora, com tantos dos blogs que eu costumava correr para ler fechados, acabo me perdendo nos circuitos dos vídeos do You Tube. As vezes eu me pego lendo os comentários. É extraordinário como tantas pessoas se dispõem a discutir sobre a qualidade do barulho produzido por bandas de rock. Navegar já não é mais como antigamente, já não tenho a mesma curiosidade e nem ânimo para entrar em discussões inócuas. Logo eu, que gostava tanto de uma disputa verbal para manter o raciocínio afiado. Acho que aos poucos estamos voltando ao tempo do cada um na sua. Nos vídeos em que o assunto é madeira, existem sempre os obcecados por segurança. No fundo é apenas ciúmes dos sujeitos que se dispõem, a troco de nada, a descrever suas experiências nas oficinas montadas em garagens. Também vejo os vídeos com os resumos dos gols da semana, e os vídeos sobre política. De vez em quando ainda me espanto de ver o tanto de baba-ovo que existe por aí, os caras(homens e mulheres de todas as idades) prontos para a inclinação submissa, a genuflexão humilhante para as palavras de ordem ditadas pelos poderosos. As coisas vão mal e a esperança anda mais pra lá do que pra cá. Decidi não perder mais tempo.

Faço uma lista de projetos. Ficou parecida com uma lista de compras. Rasgo a lista de projetos. Faço outra lista de projetos. É bem comprida. O ano já vai terminar e não tenho tempo para tudo isso. Decido estabelecer as prioridades das prioridades. Ganhei alguns livros no início do mês. Ando meio cansado de coisas que rimam com fantasia.



terça-feira, 3 de setembro de 2013

Vai tombando, chapéu de palha!



Janelle Monáe Ft. Prince - Givin Em What They Love

_Vai tombando, chapéu de palha! - a gente diz, rindo entre os dentes.

É assim - acompanhada de uma risada de deboche - que dizemos na casa dos meus pais, quando queremos que alguém desista de alguma idéia, seja ela boa ou ruim. É uma frase sutil. Repare que não há nada que explicite algum juízo de valor contra a idéia em si, ela nem sequer é mencionada. É apenas um aviso para você ir tirando o cavalinho da chuva, porque desse mato jamais sairá coelho algum. Não adiantará espernear, nem fazer beicinho. Também não vai adiantar espremer graça, fazer figa ou bater na madeira três vezes, pé-de-pato, mangalô.

Seria fácil se fosse só isso, mas a expressão também é usada quando queremos que alguém desista de nos querer fazer desistir. Bola pro mato que o jogo é de campeonato. Nem a pau, Nicolau! Mas nem que a vaca tussa e os porcos voem. Nem vem, que não tem. Nem aqui e nem na China.

_Vai tombando, chapéu de palha! - a gente diz, mordendo os dentes, até com um pouco de raiva, mas sem ser agressivo, só energia.

Por último, a depender do tom de voz em que é usada, a expressão também pode significar exatamente o oposto dos significados anteriormente mencionados: uma resignação quase campesina ante a inexorabilidade do inevitável! Agora é tarde, Inês é morta. Acabou-se o que era doce. Quem comeu, bem, quem não comeu, amém.

_Vai tombando, chapéu de palha! - a gente diz, batendo a mão no joelho, como quem perde uma aposta.

Essa expressão, como todas as que usamos desde a infância, tem uma penca de histórias grudadas como só as histórias contadas e recontadas em família podem ter. Ela sempre me lembra as conversas à volta da mesa, depois do almoço, bebendo café na xícara pequena de metal, que minha avó sempre usava. Também me lembra fogueira, violão, e a felicidade de estar perto das pessoas que nos querem bem.

_Vai tombando, chapéu de palha! - eu digo pra mim mesmo. Rá. Ainda estou bem longe de desistir.


P.S. : amigos, esse é o meu post de número 2040. Com ele chego também a 100 mil visitas ao blog e 146 mil pageviews na contagem do Sitemeter. Na contagem do Google, estou com pouco mais de 217 mil visitas. Está na hora de dar uma sacudida no blog.

domingo, 1 de setembro de 2013

Escorpião



Arctic Monkeys - Stop The World I Wanna Get Off With You

O domingo começou com meu filho encontrando um escorpião na piscina. Era bem pequeno e escuro. Não sei muita coisa sobre escorpiões, mas aplico em todos eles a lição da velha escola: mate sem piedade. Era o que eu pretendia fazer, mas o meu filho achou uma injustiça.

_Pai, isso não é certo. Nós invadimos o habitat dele. Construímos uma piscina onde antes era o caminho dele e dos ancestrais.

_Pirou? É isso que estão ensinando na escola?

_Você precisa ter mais consciência ecológica, pai.

_Consciência ecológica?! Com escorpiões!

_Ele não tem culpa de ser escorpião.

_E nem eu tenho de ser humano, de ter horror a escorpião e de querer todos eles longe daqui de casa, especialmente da piscina!

_Pai, não é justo. Ele é só um aracnídeo. Existem mais de mil e quinhentas espécies de escorpiões e pouquíssimas - só umas 25 - são venenosas - esse meu menino sabe tudo sobre bichos, eu pensei, orgulhoso.

_E se esse aí for um dos peçonhentos?

_É muito pouco provável.

_Não vou correr o risco.

_A gente poderia capturar ele e soltar em outro lugar.

_Soltar? E se ele for venenoso e picar uma criança? E se ele picar o Rafa? Eu? A sua mãe?

_Mamãe não entra na piscina faz um tempão.

_Não é disso que estamos falando!

_Do que é que vocês estão falando? - disse a minha mulher, que tinha acabado de chegar na beira da piscina, onde todo o debate ecológico acontecia. Inteirada do impasse, minha mulher sugeriu que o escorpião fosse colocado dentro de um vidro com álcool para ser levado para a escola e mostrado para todos os colegas.

_Mas o escorpião vai morrer! - disse meu filho.

_São mais de mil e quinhentas espécies e nenhuma está em extinção - eu disse.

Meu filho ensaiou um protesto quando viu o escorpião ser mergulhado num copinho com álcool. O bicho ficou imóvel, a cauda arqueada sobre a metade do corpo, em posição de ataque. Qualquer pessoa que visse acharia aquilo bem bacana.




Frase do dia