quinta-feira, 27 de junho de 2013

Bobo da corte



Wildebeest from Birdbox Studio

Todo mundo sabe que Hamlet segura o crânio de Yorick na peça de Shakespeare. Yorick é o Bobo da Corte. Eu nunca assisti a uma apresentação da peça. Já vi algumas versões para o cinema, nenhuma muito instigante. Aprendi pelo Google que a famosa cena em que Hamlet recita o "Ser ou não ser" acontece antes, na primeira cena do terceiro ato. No cinema, acho que já vi alguém levantando um crânio e declamar o "To be or not to be", mas talvez tenha sido numa comédia. De qualquer modo, se você vir algum Hamlet erguer o crânio de Yorick e recitar o "That´s the question" pode vaiar que é caco. Shakespeare não escreveu muita coisa que hoje é atribuída a ele. Não, não é como aquelas crônicas sobre bundas que também são atribuídas ao Jabor e ao Veríssimo. Os estudiosos trataram de documentar tudo o que foi escrito por Shakespeare e hoje são capazes de dizer com certeza que Yorick era mesmo o bobo da corte e que isso é tudo o que se sabe sobre ele. Mas sabemos muito mais sobre os bobos. Sabe-se que começaram a surgir nas cortes européias depois do fim das Cruzadas. Os bobos eram famosos e desempenhavam importante função: eram os sujeitos que diziam o que o povo gostaria de dizer para o rei e para a corte. Mas também eram os sujeitos que debochavam da sociedade para o rei, além de servirem de cavalinho para príncipes regentes. Por isso mesmo, apesar de famosos, os bobos não eram benquistos por ninguém.

Dizem que os bobos deixaram de existir no final do século XVII. Mas é mentira. Aqui, mesmo depois do fim do Império, da velha, da nova, e da novíssima República, sempre tivemos bobos da corte. Já tivemos inclusive presidentes fanfarrões que acumulavam os dois cargos. O problema é que nós nos cansamos de ouvir as suas bobagens.

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