sábado, 15 de junho de 2013
Ônibus errado
Larry David - Bald with Waitress
_ De graça, até ônibus errado - dizia o meu amigo Mauro, nos meus tempos de estudante do segundo grau.
Ônibus de graça parece ter sido o pretexto para manifestações enormes em São Paulo no decorrer da última semana. Mas não acredito nisso. Alguém tem sempre que pagar a conta, nada sai de graça, aprendemos desde cedo. Os manifestantes também sabem. A verdade, em geral, é mais simples. É a disputa política. A conversa fiada da juventude que sonha, do revival da insatisfação social nos moldes de 68, é tudo balela. Prefiro acreditar que as pessoas começaram a se dar conta de que muito dinheiro já foi gasto no que é acessório e não no que é importante. Que finalmente as pessoas perceberam que os investimentos foram feitos em coisas erradas e na hora errada, que mais uma janela de oportunidades se fechou, sem que conseguíssemos sair da periferia do mundo. Que os governos gastaram os tubos em estádios, que as obras de mobilidade urbana ficaram para depois ou foram esquecidas e que o legado dos mega-eventos esportivos é uma esperança apenas entre muito crédulos. Mas não é possível ser muito otimista. A maioria ainda se ufana ou não consegue ligar lé-com-cré, como querem fazer crer os resultados das pesquisas de opinião.
Antes do jogo da seleção brasileira neste sábado, algumas dezenas de pessoas foram reprimidas com violência, com o uso de tropas de choque, cavalaria e bombas de gás lacrimogênio. Helicópteros sobrevoavam a área onde os manifestantes estavam concentrados. A fumaça das bombas chegou a incomodar os torcedores que já haviam entrado no Mané Garrincha. Locutores recomendaram aos presentes que evitassem esfregar os olhos. Ao ver algumas fotos e imagens do ocorrido na internet fiquei pensando se um dia terei coragem de levar meus filhos a um jogo de futebol num estádio, sem me preocupar com segurança, bala perdida, spray de pimenta e bombas de gás. Mas a cada ano adio o projeto, e não apenas pelos preços proibitivos já praticados, mas simplesmente pelo receio de ser ferido ou simplesmente desrespeitado. Não deveria ser assim no país do futebol. Mas é.
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