quinta-feira, 20 de junho de 2013

É necessário fazer a reforma política



The Sopranos - Are You In The Mafia?

Hoje, dia 20 de junho de 2013, manifestações foram marcadas pelas redes sociais em mais de 60 grandes e médias cidades brasileiras. Em diversas, os militantes partidários da situação foram convocados pelos sites oficiais a usar vermelho e levar bandeiras para as ruas. As autoridades reforçaram as forças de segurança, com efetivos gigantescos. O não confronto era uma impossibilidade. Desde as quatro da tarde, as emissoras de TV estavam a postos. Era apenas uma questão de tempo. Todos conhecem a Lei de Murphy: se o pior pode acontecer, o pior vai acontecer. E aconteceu. As manifestações de hoje foram marcadas pela violência, destruição e vandalismo.

Em Brasília, a multidão fez um visível esforço para cercar o Palácio do Planalto e para invadir o Congresso Nacional. Como não conseguiu, a horda se voltou contra o Palácio do Itamaraty. Ali, divididos em grandes massas sobre duas passarelas em cima do espelho dágua, os manifestantes deixaram de ser pessoas pacíficas em protesto para se tornar vândalos. Os bagunceiros de uma das passarelas conseguiram romper a linha de policiais, atacaram e quebraram as vidraças do Palácio. Alguns invadiram o Itamaraty e voltaram correndo. Nesse momento, assistindo a cena pela Internet, tive como certa a invasão e depredação de um dos mais belos palácios de Brasília.

Na outra passarela, os vândalos quebravam os vidros e tocavam fogo em cortinas da parte de dentro. Policiais conseguiram repelir os vândalos mais exaltados com spray de pimenta e extintores de incêndio. Naquele instante, na outra passarela, seis PMs surgiram disparando jatos de extintores contra a multidão invasora. Conseguiram fazer a horda recuar sem violência até metade da passarela, antes que os reforços chegassem. Foram os heróis efêmeros de um dia trágico.

Depois disso, o festival de ocorrências tristes e criminosos foi amplificado e o país degringolou. Saques, violência, fogaréus, incêndios, depredações, excessos, correrias, bagunça e confusão. Ás onze da noite, à custa de dezenas de bombas de gás lacrimogênio, a polícia conseguiu dispersar a multidão no gramado em frente ao Congresso Nacional. O clima é de apreensão e de perplexidade.

Há um clima de revolta. É querer tapar o sol com a peneira não imaginar que protestos podem descambar para a violência, ou que multidões sem líderes e movidas pela insatisfação e descontentamento se manifestarão com bom-humor e estoicismo, como atores dentro de um comercial descolado. É ainda mais ingênuo imaginar que uma turma que repudia qualquer tipo de representante esteja querendo que alguém se apresente para representá-la. Essa mesma turma também é a primeira a reclamar a supressão de toda e qualquer cobrança de taxa, a começar da passagem de ônibus. Ou seja, é uma turma que deseja, como se fosse possível, que o Estado ofereça todos os serviços.

Estamos vivendo um impasse. Ele está sendo colocado nas ruas, sem que nenhuma das atuais lideranças políticas consiga interpretá-lo corretamente, sem uma resposta adequada das autoridades. Mas o que está sendo apresentado não é um mistério. A continuar assim, além dos insatisfeitos nas ruas, a classe política corre o risco de também perder a representatividade dos que ficaram em casa ou apenas se mobilizaram pela Internet, caso continuem a se negar a realizar a necessária reforma política. Ou, nas palavras da moçada, é preciso acabar com o latifúndio eleitoral. A nossa crise é com a forma como está sendo feita a nossa representação. Da maneira como está, com os políticos tão distantes dos anseios do povo e com seus esquemas e conchavos corporativos, com a corrupção e a impunidade, a maioria dos políticos não nos representa.

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