quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O início




O desligamento não me derrubou, fico feliz em constatar. As pessoas que eu amo me ajudaram a ficar firme. Mas não ter um emprego às vezes é um problema. E não é só por causa do dinheiro. É porque isso é associado a não fazer nada, a ficar parado e perder tempo.

Entretanto, desde o meu desligamento imediato tenho me sentido mais produtivo do que nunca. Todos os dias tenho me dedicado a fazer coisas com início, meio e fim. Mesmo que isso signifique apenas um simples trabalho de limpeza. Tenho me sentido desperto e bem disposto. Tenho despertado com mais ânimo. Tenho buscado a alegria de fazer coisas concretas, com tijolo, telha, madeira, massa corrida, cimento e rejunte. Fiz remendos, montei armários, troquei forros, lixei, cortei e aprendi a usar uma plaina número quatro. Tento fazer as coisas usando a luz do dia, nada de lâmpadas. Procuro ficar ao ar livre. Gosto de ficar um pouco debaixo da luz do sol. Faço pausas para tomar água gelada.

Em seis meses, terminei todos os projetos a que me propus, com exceção da troca do interfone, que devo fazer agora, em setembro. A maioria dos projetos está relacionada com a manutenção da casa. São coisas bobas e pequenas, mas que me dão imensa satifação de ver concluídas. Encaro cada pequeno problema e sua solução como um bom desafio. Já não é mais uma picuinha chata que fico feliz em pagar para alguém resolver. Os tempos são outros. Até mesmo porque dólar não está dando em abacateiro.

Não tenho saudade dos cubículos com lâmpadas fluorescentes. Nem das manhãs e tardes monótonos, nem dos dias tensos e frenéticos de reuniões e compromissos superimportantes. Também não sinto falta da sensação de estar falando ao vento,de ser um cara dispensável com uma atividade irrelevante, de estar fazendo mais do mesmo. Ou de viver para os finais de semana.

Sinto falta de algumas pessoas bem legais que conheci. De outras, não sinto nada, nem mesmo a lembrança.

Também tenho usado tinta, papel e a memória do computador. E ainda estou no começo.

Um comentário:

Paulo Bono disse...

Porra, Careca.
Isso foi do caralho. Vejo como o final de um filme.

abraço

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