Só vimos o aviso depois de apertar a campainha. Floyd, o schnáuzer do Cabeça, desatou a latir desesperadamente.
_Ele não gosta da campainha - explicou a Mulher do Cabeça.
_Deveríamos ter feito toc-toc - eu disse, em pedido de desculpas.
_Cabeça, é verdade que você se hospedou na Pousada do Toque?
_É, lá na Praia do Toque, um lugar muito bacana. Por quê?
_Foi legal, Cabeça?
_Foi, por quê?
_Deu tudo positivo, Big Head?
_Vá @#@!#@%#%#%@#%#$%##$$¨$¨!
Esse foi apenas um dos bizarros diálogos travados ontem à noite, quando a nata da sociedade brasiliense esteve reunida "chez Cabeçá" para as comemorações do quadragésimo quinto aninho do cara.
Estavam quase todos lá e quem faltou terá que esperar o final de 2011 para outra igual. O Cabeça serviu uma coleção de cervejas importadas para os convivas, que saíram de lá muitos felizes e enrolando a língua. Também foram servidos canapés e guloseimas em profusão. Os comes incluíram pálpebras de colibri ao mel de abelhas de Sumatra pisoteadas por virgens escandinavas seminuas ao som de Ravi Shankar.
Em outro momento prosaico da festança, descobrimos, eu e Rodrigão, que o subwooffer de trocentos mil dólares do som HD totally hi-fi hiper-duper-super-duca do Cabeça não estava funcionando.
_Como não está? - se irritou o Cabeça.
_Não está - confirmou o Rodrigão.
_Aposto como ele não leu as instruções - eu disse.
_Eu li sim - disse o Cabeça.
_Então você pulou a parte do subwooffer - eu disse, diplomaticamente.
_Cara, isso está ligado, super-ligado - insistiu o Cabeça.
_Vamos procurar uma opinião isenta - eu disse.
E o Igor confirmou que não estava funcionando. Depois eu convenci o Rodrigão de que o Cabeça tinha ligado o subwooffer no receiver, por engano. Mas pouco importa. Os discos de vinil do Hendrix são ótimos, mesmo sem o subwooffer.
A festa foi deliciosa. Parabéns, Cabeça.
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