quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Segredos berrados ao vento
As três meninas brincam no quintal, à beira da piscina. Elas são bem educadas, nenhuma fala antes que a outra termine de falar. Mas cada uma quer falar mais do que a outra. Então tem início uma conversa de tirar o fôlego. Antes de começar a falar, sentadas em roda, cada uma puxa a maior quantidade de possível de ar para dentro do peito. Mas uma menina só dispara a falar quando a amiga estiver de peito vazio. Ficam assim durante alguns minutos e daí a pouco falar muito e rápido já não é suficiente, é preciso também falar alto. Alguns minutos depois estão esbaforidas, atropelam as palavras uma da outra até que se dão conta que desse jeito não há como entender nada. Então param e riem como só as meninas conseguem, batendo as mãos nos joelhos uma das outras. E só aí é que me vêem e me apontam, fazendo caras e bocas de espantadas. Elas conversam baixinho e decidem enviar uma embaixadora para conversar comigo.
_Pai, você ouviu nossos segredos? - diz a minha embaixadora.
_O quê? - e finjo tirar dois tampões dos meus ouvidos.
_Desculpe, o que você falou? Pode repetir? - eu digo.
Ela nem se dá ao trabalho.
_A barra está limpa, meninas. Papai é surdo.
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