quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Nêmesis, de Philip Roth



Creedence Clearwater Revival - Good Golly Miss Molly (1969)

Tenho uma lista de coisas para fazer até o final da semana. Refiz as contas e ainda falta comprar dois presentes de Natal. São os dois presentes mais difíceis, é claro, que sempre ficam para o final. Também preciso de papel de presente para refazer uns embrulhos que comprei pela Internet. Planejei resolver todas as pendências nesta quinta-feira, mas não saí de casa. Eu me concentrei na horta e na limpeza do quintal, já que o jardineiro faltou. Recuperei os quatro canteiros da horta, mas isso levou boa parte da manhã.

No período da tarde eu me dediquei a terminar aqueles módulos de estante. Usei dois vernizes no acabamento, ambos à base de água. O primeiro foi um verniz semi-transparente, acetinado, e o segundo era jacarandá. Ficou com uma cor razoável, mas só nesta sexta-feira poderei terminar com as rodas(é preciso acrescentar rodas na lista) e passar pela Aprovação Final das Mulheres. Testo primeiro com a minha filha e só depois é que mostro para minha mulher.

Meu filho não se interessa muito por marcenaria. Não o culpo. Eu mesmo só comecei a me interessar por isso depois de ter sido demitido. Minha filha, não. Ela gosta tanto que no ano passado pediu de Natal um kit de marcenaria de brinquedo. Era um brinquedo muito fajuto, com ferramentas e parafusos de plástico e madeira de espuma, mas ela se divertiu um bocado. A madeira de espuma foi toda retalhada e picotada. Fui ver o preço do refill e quase caí de costas. É quatro vezes mais cara do que madeira de verdade.

Terminei Nêmesis, de Philip Roth, um belo livro com final triste. Preciso escrever sobre isso, mas agora não, agora não.

Estive revirando armários, procurando coisas que achava que tinham sumido e que realmente desapareceram. Não encontro a minha máquina fotográfica analógica, por exemplo. Sei que tinha uns quatro ou cinco filmes virgens, mas também não encontrei. Nas reviravoltas, encontrei o DVD SHALAKO, um bang-bang com Sean Connery e Brigitte Bardot, dirigido por Edward Dmytryk, que não sei quem é e nem vou googlar. Foi um presente que ganhei de um amigo. É filme de feira do interior. Algum aficcionado converteu uma fita VVHS num DVD. A capa foi impressa numa folha A4 cuidadosamente recortada e colocado num saquinho de plástico, daqueles de celofane que encontramos nas lojinhas de doces. Deixei ao alcance, quem sabe não o vejo amanhã?

Rafa dorme aos meus pés. Sobre a mesa, tenho um boneco do Justin Bieber. Minha filha me pediu para trocar as pilhas e concordei sem olhar. Não são filhas comuns, são aquelas baterias pastilhas, que eu só consigo encontrar em alguns relojoeiros ou na Feira dos Importados. Estou com preguiça de ir lá. Fui recentemente para trocar as baterias pastilhas de dois relógios de pulso. Um deles estava parado há anos. Na banca da feira, a moça chinesa me disse que eu poderia escolher entre uma bateria ruim(segunda classe, ela disse), que custava cinco reais, e uma bateria excelente, que custava 15 reais. Escolhi a ruim, é claro. A moça chinesa fez cara de desprezo e trocou rapidamente as baterias. Mas depois não conseguiu fechar um dos relógios e correu até a banca de um amigo. Demorou dez minutos e voltou sorridente com os dois relógios funcionando perfeitamente. Os dois ainda funcionam. Quando pifarem, voltarei a pedir pastilhas de segunda classe. Não manjo nada de classe de bateria.

Sem querer, piso no rabo do Rafa, que fica irritado comigo. Silêncio. Pô, Rafa! Já é quase meia-noite e continuo insone. Às vezes, depois de um dia longo e cheio de afazeres importantes, mas que são tão pouco valorizados no dia-a-dia, eu só vou ter uma pequena idéia para trabalhar por volta dessa hora. E assim mesmo, só depois que escrevi uns cinco ou seis parágrafos de aquecimento e comecei finalmente a encontrar uma linha reta para seguir. E então ela, aquela ideiazinha miúda, me escapa. É preciso começar tudo de novo, mas já não há tempo, amanhã será um novo dia. Talvez eu volte a falar de Nêmesis.

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