segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Atrasados com a árvore



The Seeker - The Who

Aqui em casa temos o costume de começar o mês de dezembro com a árvore de Natal já montada e com um monte de presentes embaixo. Mas este ano, por causa da idílica viagem do último final de semana, só conseguiremos montá-la nesta terça-feira. De qualquer modo, como acontece todos os anos, a primeira coisa que sempre me vem à cabeça na hora de montar a árvore de Natal é: onde estará aquela danada? Passei boa parte desta segunda-feira procurando por ela, sem sucesso.

Depois de vasculhar os quartos, todos os armários e até a oficina, cheguei a pensar que poderia ter perdido a velha árvore para sempre. Nessa hora senti um arrepio na coluna, pois a árvore de plástico verde, com um metro e oitenta de altura, nos acompanha há nove anos e tem brilhado com razoável espírito desde então. Como quase tudo aqui em casa, adquiri essa árvore numa promoção. Minha mulher jura que estou enganado. Ela afirma que eu comprei uma arvorezinha miúda, de uns meros 60 cm de altura quando nos casamos e que foi ela que comprou a nossa velha árvore atual. Ela pode estar certa, mas o que importa é que ambos admitimos que a árvore foi comprada numa promoção do supermercado. Para mim, a árvore é a comprovação em plástico de que é possível abrigar uma árvore falsa em casa, demorar três horas e meia para cobri-la com lâmpadas, bolas, contas douradas, anjinhos de metal, cornetas, pacotes de papel e enfeites que ficam onze meses guardados numa caixa e ainda ficar feliz com o resultado. Sim, eu adoro essa árvore e não iria sossegar enquanto eu não a encontrasse.

Quero dizer, sosseguei logo em seguida, porque já não havia mais onde procurar. Então, com o coração compungido, olhei para cima. Vi uma mancha no teto da sala. Vi duas manchas. E pensei: maldita infiltração! Os últimos dias de chuva provocaram um estrago no teto e também na pintura de uma coluna. A água infiltrada também amoleceu o rodateto e fez com que uma parte dele desabasse. Isso aconteceu na manhã de sábado, pouco antes de viajarmos. Lembro que na hora eu pensei que aquilo era um sinal dos céus me alertando para arrumar logo a árvore de Natal. Também pensei que era um sinal de senilidade pensar uma coisa dessas. E aí sacudi a cabeça e fui viajar.

Agora ali estava eu pensando onde poderia estar a minha querida árvore de plástico. Hoje em dia eles fazem umas árvores mais tecnológicas, sem o pretenso realismo da minha velha árvore. São coisas mais conceituais, com folhas falsas que não pretendem parecer folhas de verdade. Muitas nem se parecem com um pinheiro. Diversas nem sequer têm forma triangular ou, o que é pior, não permitem que se amarre uma estrela lá na ponta.

Acho que em matéria de árvore de Natal, sou um conservador. Tem que se parecer com um pinheiro piramidal. Tem que aguentar o peso de trezentas bolas coloridas e uma centena de bugigangas, além de ter espaço embaixo para se empilhar os pacotes de presentes. E sobretudo, tem que suportar uma estrela dourada ou prateada de tamanho razoável para chamar a atenção das crianças (Quando uma delas perguntar que estrela é aquela, esteja preparado para responder).

E só depois que pensei nisso é que me lembrei que deixei a árvore de Natal no sótão, sobre a laje da sala. Corri lá para verificar se estava inteira. Sem problemas. Amanhã montaremos a árvore.

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