Acabou o julgamento do mensalão. Parabéns aos ministros e ministras que agiram como pessoas de bem. Parabéns aos que usaram o bom-senso e fizeram a única coisa possível: condenar os culpados e absolver os inocentes. Durante anos duvidei que alguma condenação pudesse acontecer, cheguei a dizer para o meu amigo Cabeça que as penas seriam prescritas e que nenhum dos espertalhões veria o sol nascer quadrado. Tenho que dar a mão à palmatória. Ainda há juízes em Berlim e Brasília. Pelo menos cinco, considerando-se o resultado da última e importantíssima votação.
Assisti entusiasmado aos primeiros dias do julgamento, mas fui perdendo o interesse com o passar das semanas. Contribuíram para esse afastamento progressivo a retórica excessiva, o pedantismo, a empáfia e a vaidade incontrita dos ministros. No final, acho que os próprios ministros se cansaram de toda a lenga-lenga e começaram a ser um pouco mais objetivos em seus votos. Mais um ponto para o julgamento.
Por diversas vezes, pensei em visitar o plenário do Supremo e me sentar numa daquelas cadeiras bonitas de couro amarelo, mas não o fiz. Venceu a preguiça de colocar terno e caçar estacionamento no local. Prevaleceu a comodidade de assistir a tudo pela internet, quando quisesse.
O julgamento foi importantíssimo para as instituições e afeta diretamente a vida de todos os brasileiros. Por isso, os ministros e ministras que tergiversaram e fugiram de suas obrigações(condenar os culpados e absolver os inocentes) terão o meu eterno desprezo e quando seus nomes surgirem nas minhas conversas amenas e discussões fúteis, serão citados com escárnio e ridicularizados. Ao mesmo tempo, estou incorporando alguns novos verbos ao meu vocabulário.
Levanduiskar - Quando algum subterfúgio for usado para tentar aliviar a culpa de um óbvio culpado, chamarei a tentativa de manobra Lewandovski, ou levanduíscar.
Toffolizar - no futebol, na natação, no baskete, no vôlei, no box, no tênis e até no golfe, o impedimento e qualquer movimento fora das regras será por mim chamado de Tóffoli.
Delubiar - distribuir propina será para sempre "delubiar".
JPC - Receber cinquentinha, será "levar um João Paulo Cunha" ou "ganhar um JPC" ou ainda, pagar a videolocadora. Receber menos do que isso é "levar um luizinho".
Genoinar - Assinar papéis sem ler sempre foi agir como um ge-noí-no im-be-cil. Genoína na frente do X, na linha tracejada, faz favor.
Dirceucizar - mandar cartões e Natal para a galera dizendo que não está desesperado e agradecer aos participantes da vaquinha para juntar 676 mil merrecas para pagar a multa e a grana preta que ainda deve para os adevogados que arrumou. Sai daí, Zé!
Lular - Não saber de nada do que seus ministros fizeram e ao mesmo tempo ser traído pela ignorância é "lular".
Malfeito é, no mínimo, crime de responsabilidade.
Quando crianças forem batizadas, sempre lembrarei aos pais que aqueles primeiros nomes remetem a tais e tais juízes ou condenados, pessoas desprezíveis e abjetas.
Quando eu jogar truco, as cartas de menor valor serão nomeadas com os nomes dos condenados.
Joaquim Barbosa será o Zap, é claro.
É pouco, eu sei, mas é o que posso fazer.
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