quarta-feira, 25 de abril de 2012

Papel velho



The Wallflowers e Bruce Springsteen- One Headlight

Fiz uma boa limpeza no escritório e joguei um monte de papel velho fora. Eu devia ter pelo menos umas duas resmas de contas e recibos velhos. Joguei fora textos impressos que eu jamais leria, notícias de antigamente, artigos e até crônicas que um dia publiquei. Algumas coisas eu guardei, claro, quem sabe da próxima vez eu crio coragem e atiro no lixo. Mesmo assim, um dos armários continua lotado de velharias. Estive pensando sobre os quadrinhos, tenho cerca de mil revistas estocadas neste armário. Elas estão bem protegidas com plástico celofane, mas é impossível evitar que as páginas fiquem amareladas e quebradiças. Felizmente estão livres da umidade. Talvez seja melhor vender.

A arrumação do armário despertou a vontade de finalmente organizar melhor o escritório. Vou precisar de mais prateleiras para colocar os livros e os quilos de CDs e DVDs acumulados durante todos esses anos. Tenho algumas tábuas de pinus e duas grandes tábuas de assoalho que pretendo utilizar. Como já aconteceu em outros períodos, já faz tempo que não compro um livro novo para mim. Fico relendo os livros que gosto.

Nesta semana, reservei para reler o genial "Perturbação" de Thomas Bernhard. Comprei esse meu exemplar da editora Rocco lá pelo ano 2000. O original foi publicado em 1967, na Alemanha. Comprei o livro porque tinha sido atraído pela bela capa: um homem prestes a desembainhar a espada, assombrado por algo que não se vê - a orelha do livro informa que é um detalhe do quadro "O triunfo da Morte" de Brueghel, o velho. "Perturbação" é um livro delirante e trágico.

Depois de tantos anos, aproveito a internet para conferir o quadro de Brueghel. É uma tela impressionante, uma cena de Juízo Final com guerra e destruição, com esqueletos à pé ou montados em cavalos igualmente esqueléticos ceifando vidas e mais vidas. Localizo rapidamente o detalhe da capa - é o homem que está no canto inferior direito da cena, à frente de uma mesa de jogo onde existe uma bandeja com um crânio dentro. Ele observa paralisado de horror as pessoas sendo tocadas por um exército de esqueletos para dentro de uma espécie de contêiner. Os que tentam resistir são mortos por outros esqueletos que parecem usar mortalhas. A tela é de 1567. E continua muito, muito impressionante.

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