quinta-feira, 19 de março de 2009

Quase preso no elevador com a Franka

Eu quase fiquei preso no elevador ao lado do elevador da Franka, no meio daquela confusão de enchentes e apagões, em São Paulo. Eu tinha ido até o prédio onde a Franka divide uma sala com uma colega dela, que é arquiteta. Era uma visita surpresa. A gente nunca se viu pessoalmente. Só vi a Franka em fotos tarjadas. E a única foto minha que a Franka já viu é essa que enfeita o meu blog. O Careca sem rosto. Ia ser uma grande surpresa ver a Franka sem tarja. Aposto que ela também ficaria surpresa ao descobrir que eu tenho um rosto parecido com a foto do meu blog, meio apagado.
A Franka trabalha num prédio super-chique. A sala da Franka fica num dos últimos andares, lá em cima. Toquei campainha, não veio ninguém atender. Presumi que não tinha ninguém. Ou então a Franka olhou para o careca pela tela de vigilância e fingiu que não tinha ninguém na sala. Ou então ela estava no banheiro e não podia atender. Ou então ela havia descido para tomar um café. Achei que essa era uma boa alternativa. A Franka adora tomar café, ela vive escrevendo sobre café e no blog dela deveria ter pelo menos umas três propagandas de café. Mas o empresariado nacional não acredita em publicidade fora da TV. Aliás, o empresariado nacional é muito cético.
Resolvi descer para ver se encontrava a Franka lá no café do prédio. É um café com nome engraçado, porque no prédio tem muito analista e psiquiatra. Chama Pirado´s, Maluco´s, Crazy´s, Cuccoo´s, Louco´s, uma coisa assim. Fui para a frente dos elevadores e quase consegui entrar no elevador. Mas ele estava super-lotado. Um cara de 120 quilos e uma mulher de óculos escuros com um cão-guia dentro do elevador. Ainda bem que não entrei no elevador, porque em seguida acabou a luz. Pfuuu. Ficou um breu só. Eu não enxergava a ponta do meu próprio nariz. Até porque não gosto de olhar a ponta do nariz. Fico vesgo um tempão.
Fiquei quieto, no escuro, vendo o tempo passar. Pensei num monte de coisas. No escuro, eu penso muito. Eu sou um cara prudente quando a luz some. Na verdade, eu tenho tanta prudência de medo de dar topada no meu dedão de unha encravada. Fico imóvel no escuro, automaticamente. É o contrário da barata. Barata, quando você acende a luz, corre logo para o canto escuro. Eu, quando apaga a luz, fico quietinho, quietinho, protegendo o meu dedão do pé, procurando luz.
Aí escutei um barulho danado. No escuro eu escuto menos, fico meio surdo. Então devia ser um escândalo horroroso. Pessoas batiam nas paredes do elevador. Gritavam por socorro, um desespero só.
_Caramba! – eu pensei. Será que a Franka está presa no elevador? Com um cão-guia e um sujeito de 120 quilos. Coitada! Isso é de enlouquecer!! E se o cara quiser ir no banheiro? E se o cachorro quiser ir no banheiro? E se a mulher de óculos escuros achar que já chegou ao banheiro por causa dos dois?
Mas aí escutei umas pancadas mais leves, uma vozinha lá embaixo e era a voz da Franka. Só podia ser.
- Eeevertooon? – gritou a vozinha.
- É, sou eu - disse o porteiro - quem tá ai?
- A Lúúúcia, Everton.
- Oiii dona Luúúcia - disse o porteiro
- Ah! É a senhora que tá presa ai, é?
- Sou eu Everton - disse a vozinha, toda feliz.
- Calmaí dona Lúcia, que o Ricardo vai tirar a senhora dai, dona Lúcia.
Procurei as escadas e desci, lentamente, quatrocentos e quarenta e oito degraus e meio até o térreo. Demorei mais do que pensei, devido à minha prudência com o dedão do pé e também porque estava escuro. Quando estava chegando perto do térreo a luz voltou . Cruzei com um sujeito esquisito que falava ao celular sobre ter ficado preso com uma mulher que não parava de falar.
_Frankamente, eu pensei. Só pode ser a Lúcia Carvalho!
Apressei o passo e encontrei o porteiro do prédio, o Éverton. O elevador acabava de fechar as portas.
_Cadê a Dona Lúcia? – eu perguntei para o Éverton.
_Tomou um café e acabou de subir.
_Putz, ela não ficou com medo de ficar presa no elevador, de novo?
_Ela disse que duvidava que o elevador ficasse preso duas vezes no mesmo dia.
_Que loucura! – eu disse.
_Ela é assim mesmo – disse o Éverton, balançando a cabeça e rindo.
Esperei os elevadores um tempão, mas eles não voltavam. Ficavam brincando de subir e descer, longe do térreo. Olhei para as escadas, mas o meu dedão do pé já estava latejando. Resolvi deixar para a próxima.

(Gente, isso é mentira, claro. Só vou a São Paulo pra pagar promessa. É que achei a crônica da Franka tão engraçada que fiz uma paralela. Confira “presa no elevador”, lá no blog dela)

3 comentários:

Anônimo disse...

ahahahahahahahahahhahahahahah
que demais!
adorei!
careca, quiorgulho de você. olha a idéia que você deu. vou minspirar em histórias suas também e escrever posts mentiras total.

Anônimo disse...

Kareca:

H´,Há,Háá!!!!!! é da(do) Carvalho!!!)

Volto mais!

Günther.

Anônimo disse...

Nooossa! Eu tbm estava lá!! Vc não viu uma moça igualzinha a Gisele Bündchen saindo do elevador? Era eu!!

Frase do dia