Sou um cara que procura conviver razoavelmente bem com os outros seres humanos, respeitadas as devidas diferenças, sem apologias e sem desdém para o que é minoritário, para o que é de foro íntimo e para as diferenças no corpo-humano, da cor da pele ao número de membros inteiros. Não sou anti-gay, nem pró-boiola, estou mais para misantropo. Não sou anti-índio, nem pró-reserva, mas queria uma Lei do Índio melhor e uma Reforma Agrária bem-feita, inteligente.
Fora do contexto, com a mera observação de frases isoladas, como qualquer ser humano, sou aparentemente sexista. Como na frase “mulher ao volante nunca dá passagem”.
Tirante o fato de que isso é a mais pura verdade e que essa convicção está firmemente calcada na experiência do dia-a-dia, posso dizer, com tranqüilidade, que admiro e gosto muito da maioria das mulheres que conheço. No meio do balde, como em qualquer balde, existem algumas maçãs atrás do volante que não são muito boas, o que se há de fazer. Agora, não seja ingênuo ou melindrosa. Se você entrar na frente de uma mulher, acreditando que ela há de diminuir e dar passagem, esteja em dia com o seguro.
Toda essa longa introdução tem o objetivo maior de tecer comentários sobre dois palpitantes assuntos dessa semana, ó minha Kombi de leitores: a demarcação de terras na Raposa do Sol e o prêmio cultural pró-gay LGBT 2009 do Minc. A idéia do prêmio é reconhecer projetos que tenham contribuído para o combate à homofobia e para o aumento da visibilidade e da valorização do setor LGBT – clique no link :
Não acho legal usar recurso público para enfatizar e reforçar opção sexual e nem para combater homofobia ou agorafobia. Prêmio cultural é uma maneira bacana de dar dinheiro para os escritores, cineastas, poetas, jabazeiros e amigos sem grana que a gente gosta. Esse é um propósito nobre e para isso se constroem as networks, as igrejinhas e panelinhas. Mas é preciso disfarçar melhor a maneira como isso é feito. Até para motivar uma discussão mais inócua e elevada entre os intelectuais sobre critérios e outras filosofices.
Veja bem, um projeto que contribui para o combate à homofobia, como, por exemplo, hum, o filme “300” , é da maior validade. Só não acho que isso acrescente algo à minha parca e porca cultura. Também fico imaginando o Comitê de Avaliação de Projetos Inscritos para receber o prêmio. As discussões da tchurma.
_Meu querido, nunquinha que aquele projeto combateu a homofobia.
_Afe, não só combateu como até nocauteou a coitadinha.
_Não combateu.
_Combateu, combateu, combateu.
A mesma coisa vale para a reserva contínua de terras da Serra Raposa do Sol. Não acho legal que a terra da fronteira do MST seja distribuída para os arrozeiros. Por outro lado, os índios têm toda razão em querer ter um país só para eles. Mas para não perder território, deveríamos invadir algum país mais próximo do primeiro-mundo, senão jamais chegaremos lá.
Para encerrar, devo dizer que acredito que aqui se faz, aqui se paga. E nem quero aqui começar a acreditar em duendes e fadinhas após denunciar esse terrível hábito do mulherio em recusar a passagem no trânsito em qualquer lugar desse país. Existem exceções que confirmam a regra, é claro, mas elas estão concorrendo ao prêmio do MinC.
Ouvi dizer que na Argentina é diferente, mas mente-se muito sobre a Argentina e suas mulheres. E lá, o que é diferente, costuma ser pior. Maradona, por exemplo, é um Rivelino mais baixinho e sem bigode. Agora, na Espanha e nos EUA, eu sei que a regra brasileira é super-válida: mulher também não dá passagem.
Reforma do Apê do Careca: Apesar da extraordinária audiência desse blog, são tantos e tantos e-mails que só consigo responder a dois ou três, quero agradecer de público as centenas de mensagens que tenho recebido de empresas fantasmas e golpistas me oferecendo apoio, incentivo e pedindo dinheiro. Valeu!
Um comentário:
Concordo com você: além de não darem passagem, são mais violentas no trânsito!
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