terça-feira, 3 de março de 2009

O Careca mede a produtividade

(Mais um trecho de um livro inédito, que tem o título provisório de "Um hiena na selva de pedra".)

Tento estabelecer uma rotina para medir a minha produtividade. Os manuais dizem que é importante criar padrões para aferir exatamente como está a sua atuação profissional. Eles dão um monte de exemplos. Número de folhas datilografadas. Número de tarefas desenvolvidas. Número de produtos finalizados.

Tudo besteira. O melhor parâmetro é o número de cafezinhos que você deixa de tomar. Se você toma muitos cafezinhos, você não deve estar produzindo bastante. Se você toma muita água, você está se acabando de trabalhar. Historicamente, quando o ser humano rala, ele tem sede. Isso foi cientificamente provado por um cachorro chamado de Cachorro do Pavlov.

Por outro lado, a combinação desses indicadores pode induzir ao erro. Tem muito vagal que se acaba de beber água só para disfarçar que na verdade, queria mesmo era um cafezinho. E tem muito sujeito honesto, bom e trabalhador que bebe muita água mas, de vez em quando, não resiste a um cafezinho. O Cachorro do Pavlov não conseguiu provar a refutação dessa tese, pois insistia em abanar o rabo.

Mas nesses tempos bicudos, onde o desemprego campeia e a espada da demissão já foi desembainhada, o melhor é não deixar margem para dúvidas. Então, mantenha o indicador puro, sem margem nenhuma. Ou você bebe café ou você pede água.

Depois que decidir em que equipe você efetivamente está se colocando, você estará na mesma situação que antes. Ou seja, precisará medir a sua produtividade. No entanto, será mais simples. Vai ser fácil comparar a sua produção com a do seu colega, que também só bebe água. Se ele só beber café, vai ser mais fácil ainda, porque certamente não haverá muito que comparar.

Mas se você bebe café e depois bebe água, cuidado. Confira se não tem nada abanando por perto. Se tiver, tenho certeza de que não será o Cachorro do Pavlov. O cachorro já morreu faz tempo.

Nesses tempos de faca amolada, evite salivar no trabalho. Aliás, não chame a atenção. Fique quieto.

5 comentários:

Mwho disse...

Fiquei preocupado: não gosto de beber água e não posso tomar café...
E aí? Como é que fica a minha avaliação???

Anônimo disse...

Careca, sua metodologia é meio confusa. Eu, por exemplo, tenho de abandonar o posto de trabalho e reduzir minha produtividade tanto para pegar água quanto café. Os dois estão láaaaaaaaaaa na cozinha do outro lado. E o copo de água é maior do que o de café. Mas eu tomo mais copos de café. O que não significa que eu tome mais café, porque o copo é menor. Enfim, não sei como calcular minha improdutividade agora! Socorro! rsrsrs Abraços!

Careca disse...

Mwho, aí você é profissional liberal, autônomo.

Careca disse...

Janaína, é fácil. Abandone o posto de trabalho e vá até a cozinha. Conte os cafés até alguém gritar para você voltar. Aliás, quando alguém gritar com você no trabalho, procure outro emprego. E omita que abandonou o posto de trabalho. Isso não se faz.

Anônimo disse...

Ah, Careca, eu abandono porque eu vivo fazendo hora extra e não ganho nem folga nem adicional... rsrs Mas entendi, o negócio é tomar café até alguém gritar. Valeu! Abraços!

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