sábado, 24 de agosto de 2013
Quero ver Cuba lançar
Flamingokvintetten - Lazy River, 1964
Os médicos cubanos já começaram a chegar e dizem em alto e bom som que não estão aqui pela grana, mas por solidariedade. Para o governo, os médicos brasileiros não têm do que se queixar, afinal de contas foram abertas vagas de norte a sul do país. O governo ofereceu dez pilas para quem topasse e só uns poucos toparam. A turma da saúde disse que o governo não oferece condições dignas de trabalho, mas, tirante os parlamentares, que recebem ajuda de custo pra tudo, fora o mensalão, quem é que tem condições dignas de trabalho neste país?
Os cubanos chegaram e os médicos disseram que a turma é mal preparada e recomendaram não auxiliar os colegas com os tropeços que certamente acontecerão. A recomendação não pegou bem junto aos pacientes brasileiros, afinal de contas estamos acostumados com a solidariedade corporativa dos que juram com Hipócrates. Os médicos daqui que cometem erros crassos com os pacientes são quase sempre poupados pelos conselhos corporativos. Para o povo, é melhor ter um médico cubano num consultório montado numa saleta da prefeitura da cidade, do que não ter nenhum. É simples assim. Além disso, como todo mundo está careca de saber, no interior os médicos de qualquer nacionalidade, quando vêem que a coisa está preta, chamam a ambulância e mandam logo o sujeito para a capital. Raríssimas são as cidades que contam com hospitais e médicos eficientes. A regra geral é a ambulância. Com os cubanos, e a depender da disponibilidade de veículos, o máximo que pode acontecer é aumentar o trânsito de pacientes vindos do interior. As Santas Casas, como se sabe, durante muito tempo ajudaram a melhorar o quadro geral do sistema de saúde nacional, mas o governo deixou esses hospitais fenecerem, não renegociou dívidas, e a população perde uma alternativa de assistência a cada dia.
É aqui na cidade grande que o bicho pega, os cubanos estão livres dessa. As ambulâncias despejam a população desassistida às dezenas, todos os dias. E os hospitais públicos das capitais brasileiras estão aos cacos e pandarecos. É preciso ter estômago forte para uma visita a qualquer um deles. O governo, dizem no Facebook, tinha mesmo que fazer alguma coisa.
Ao que parece, o governo agiu a um custo muito alto e, mais uma vez, de olho somente no resultado eleitoral. Na campanha, em 2014, a motoqueira do planalto vai dizer que colocou médicos em milhares de cidades brasileiras que nunca tinham visto ninguém de jaleco branco. Se parar por aí, ninguém poderá dizer que faltou com a verdade. Mas como a mania de engrandecer o que é nanico parece arraigada, com certeza será instruída pelo marqueteiro a dizer uma pérola do tipo país com saúde é país sem doentes, ainda que os doentes estejam mortos.
Eu NÃO sei qual é a solução para o sistema de saúde do país. O governo brasileiro, se for mesmo pagar mais de 10 mil por cabeça cubana ao regime castrista, mostra que não quer saber de solução e topa torrar recursos públicos por um tampão precário. E além de pagar caro, o governo também se dispõe a aceitar que um intermediário receba o salário de cada médico cubano e só repasse um pegueno percentual a cada um. Acho que isso vindo de um governo trabalhista é, no mínino, desconcertante.
Os cubanos chegaram, eles são simpáticos e têm um discurso bonito e agradável. É provável que acreditem genuinamente que estão vindo nos ajudar, por solidariedade, assim como fizeram na Nicarágua e Venezuela. Isso não muda o fato de que não terão uma conta-corrente no BB igual a qualquer servidor público. Também não altera o fato de que não terão liberdade para atuar ou até mesmo passear fora das cidades onde viverão em células, junto com outros médicos e um controlador político. Também não altera o fato de que não poderão sair da célula sem permissão do controlador depois das 18 horas. E muito menos acesso a telefone, internet e correspondência. Eles NÃO vão resolver os gravíssimos problemas do sistema de saúde brasileiro. Talvez até contribuam para aumentá-los. E poderão decidir uma eleição a favor de um dos governos mais cabotinos que já tivemos.
Na minha opinião, as cidades devem receber os cubanos de braços abertos e cantando Guantanamera. Acho que, com um pouco de paciência e boa vontade, dá para libertar todo mundo.
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2 comentários:
Careca,
Eu ainda acho que importar enfermeiras suecas daria melhor resultado do que médicos cubanos...
Abraço!
Escravos cubanos e suecas? Isso parece roteiro do Tarantino.
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