terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cachorro pendurado



Parov Stelar - Jimmy´s Gang

Encontrei o doberman numa posição esquisita. Ele estava com as pernas traseiras encavaladas na cerca de arame de 70 cm de altura, com a cabeça no chão e as patas dianteiras trançadas em outras linhas de arame mais baixas. Latir e ganir exigiam esforços gigantescos mas o instinto falava mais alto. O cachorro jamais conseguiria se levantar sem ajuda. Era uma posição muito incômoda, pois as pernas traseiras estavam apoiadas na área da virilha. Se ficasse muito tempo pendurado, certamente o arame acabaria por fazer um corte profundo na região e o cão morreria por sangramento.

Fui atraído pelo barulho, o cachorro estava certo. Se não tivesse feito aquele estardalhaço eu não teria saído de casa para examinar o quintal do vizinho. Eu nem havia tomado café com as crianças. Qualquer coisa fora da rotina significa chegar atrasado na escola. Mas até nisso o cachorro deu sorte. Hoje foi o aniversário da minha filha, dia perfeito para se quebrar qualquer rotina.

Fiquei com medo de me aproximar e levar uma mordida do cachorro ao tentar desenganchá-lo. Achei melhor voltar com um alicate e cortar o arame. O pobre animal desabou no chão e saltou quase imediatamente por cima da cerca. Mas não estava agressivo, pelo contrário, estava agradecido. E também não parecia muito ferido.

Voltei para casa com uma sensação boa, como se tivesse feito alguma coisa importante. Fazia tempo que não me sentia assim. Isso me ajudou a preparar a casa para a festa da minha filha e seus amigos com o maior bom-humor do mundo. E ainda deu tempo de gravar a enorme lista de músicas que minha filha pediu no Ipod.

Um comentário:

leila disse...

claro que tu fez uma coisa MUITO boa :) abração!

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