A vida sem nenhuma ambição pode ficar um bocado monótona. Desde o meu desligamento imediato venho diminuindo drasticamente as minhas ambições. Não é que já não tenha nenhuma, longe de mim. É só que diminuí os quereres. Passei a chamá-los de projetos. Assim, ao invés de mero capricho a ser satisfeito, eu exercito a minha vontade de fazer.
Desde que mudamos para a casa nova, por exemplo, decidi perder um pouco de barriga. Eu estava acima do peso e não conseguia nem jogar adedonha por mais de cinco minutos. Quase comecei a correr, mas desisti a tempo. Meus joelhos agradeceram. Criei um programa de exercícios simples. De vez em quando eu paro o que estou fazendo e começo a fazer flexões de braço. Nos primeiros dias, eu conseguia fazer umas cinco flexões sem parar. Depois o número foi aumentando. Hoje consigo fazer trinta flexões. A idéia é conseguir chegar a quarenta flexões sem parar até dezembro. Numa boa. Fazer progressos aos poucos é o que me interessa. Quero melhorar a forma física, mas sem exageros, sem fazer careta e sem aporrinhações. Minha ambição para o corpo é controlar a endorfina.
Outra ambição é controlar melhor o tempo, especialmente o de leitura. Os anos de apartamento me deixaram viciado em ler começar o dia com um livro, no banheiro. Quando nos mudamos, tentei mudar a rotina, mas não consegui. Começo o dia com leitura. E também termino o dia com pelo menos meia hora de leitura de um livro.
O tempo de escrever vai do período pós-jantar até perto das onze e meia. Se a leitura me fisgar, estendo por mais meia hora. O único problema é que às vezes a fisgada é boa e me pego lendo às duas da manhã. No dia seguinte fico só pior que a capa do Batman.
Tenho desenhado menos do que gostaria e faz tempo que não atualizo o blog de desenhos. Tenho procurado ouvir coisas novas, de preferência música instrumental. As buscas no You Tube não tomam quase nenhum tempo e é fácil encontrar alguma coisa de qualidade. Encontrei uma cantora (Roxie Ray) com voz e estilo que lembra a Amy Winehouse e descobri que até a Beyoncé regravou "I´d rather go blind" na versão celebrizada pela Etta James.
Tenho pensado em coisas que não consigo colocar em palavras. Tenho ficado cada vez mais distante do que se pareça com fantasia e imaginação. Fica cada vez mais forte a sensação de que só consigo escrever para mim mesmo. E não adianta inventar projetos de escrever para os outros. Pareço sempre estar monologando. Falo sozinho e ao vento. Discurso.
_Parece que nunca acontece nada nesses seus textos - reclamou um dia, um grande amigo meu.
Ele tem razão.
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