quarta-feira, 27 de julho de 2011

Três histórias de pescador

Fomos pescar a três horas e meia de Brasília. O lugar estava repleto de tucunarés. Os peixes deviam estar com muita fome, pois até eu trouxe cinco peixes. Meus filhos pescaram com caniços e trouxeram, cada um, dois tucunarés para casa. Só é permitido trazer tucunarés maiores de 35 cm. Minha filha, de seis anos, ainda pescou duas piranhas. Foi muito divertido e um pouquinho cansativo. As treze pessoas do grupo saíram em quatro barcos, quatro vezes. As duas saídas matutinas foram as mais produtivas.

Às cinco e trinta eu acordava as crianças para o café da manhã. Elas já dormiam com a roupa debaixo do pijama, para não demorarmos muito. Tirado o pijama, vinham os casacos e as galochas. As crianças insistiram e eu acabei comprando uns óculos escuros. Eles ficavam se sentindo astros do cinema debaixo dos bonés.

A melhor parte foi a ausência completa de telefone, video-games, TV, rádio e computador. Nem relógio eu levei.

No barco, ficava inventando histórias para as crianças.

Na primeira eu falava que tinha jogado a isca bem longe da canoa. Tão longe que eu nem escutei o barulho dela caindo dentro dágua. E esperei. Esperei. Esperei. Esperei. Esperei. Até cansar. Aí veio um puxão bem forte e eu puxei a vara com força, para fisgar o peixe bem fisgado. Aí eu ouvi um ruído bem forte, MUUUUUUUUUUUUUU. Qual era o nome do peixe? Era o peixe-boi, é claro.

Na segunda história, eu jogava a isca longe, mas nem tanto. Para se pescar o tucunaré é preciso paciência. Ele é um peixe predador que abre o bocão e engole a isca inteira. Mas a isca precisa estar viva. O tucunaré só come peixe vivo. E nesta segunda história eu jogava a isca quase do lado de um grande tucunaré da represa. O bicho ficou observando. Eu também. Quando ele deu o bote eu puxei com força e ali estava o tucunaré, fisgado, irremediavelmente fisgado. No meio da puxada, outra sacudida forte na linha e eu torno a fisgar o peixe, com um puxão muito forte. E aí começa uma luta para trazer o peixe para o barco. Quando eu vou olhar direito, a pouca distância do barco eu vejo a linha sumir na boca de um grande tucunaré e o peixe sumindo na boca enorme de um jacaré. Qual era o nome do peixe? Esse era o famoso Tucujaca.

Na terceira eu jogava a isca um pouco mais perto, eu escutava o barulho dela caindo dentro dágua, glub. E era a mesma coisa. Eu esperava, esperava, esperava, até cansar. E de repente, vinha um puxão bem forte e a minha resposta imediata, um puxão violento na vara de pesca para fisgar o peixe. E dessa vez não tinha barulho de boi e nem de vaca. Era peixe mesmo. E eu puxava o peixe e dava pra ver que era tucunaré. E dos grandes. Nossa Senhora, eu nunca tinha visto um peixe daquele tamanho, era coisa de cinema. O bicho tinha um bocão gigante. Quando o peixe estava a uns cinco metros do barco eu vejo o peixe abrir a bocarra. Parecia um túnel. E a água da represa começou a escorrer para dentro dele. Era tanta, mas tanta água, que logo, logo eu estava no meio de um redemoinho. Que peixe era esse? Também não sei, mas era maior do que o Tucujaca.

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