Aqui estão quase todos os livros da casa. Estão bem do meu lado, enquanto escrevo. São catorze pilhas de livros, de um metro de altura cada uma. As estantes estão vazias, à espera de uma definição decorativa definitiva da minha mulher. Eu não me meto em decoração.
Ao alcance da minha mão direita, no topo das cinco pilhas mais próximas, estão "71 contos de Primo Levi", "Borges e Sábato - Diálogos", "Cartas a Théo"(Van Gogh), "A Linha de Sombra"(Joseph Conrad) e "Endurance"(Caroline Alexander).
O primeiro foi presente recente do Cabeça, os diálogos de Borges e Sábato foi achado no sebo há uns cinco anos, as cartas fazem parte da minha mania de Van Gogh há anos, o livro de Conrad comprei na banca junto com a Folha e o Endurance também foi um presente que ganhei de um casal de amigos da Bahia.
É gozado como não preciso fazer nenhum esforço para me lembrar de nada relacionado aos livros que eu gosto. Os que eu não gosto eu esqueço em algum lugar.
São onze da noite e fico com pena dos livros no chão.
_Amor, já posso colocar os livros nas estantes? - eu disse.
_Não, senhor. Ainda não sei se as estantes vão ficar desse jeito. Só amanhã é que eu vou pensar nisso - disse a minha mulher.
E aqui estou eu sem conseguir pensar direito, folheando os livros, esperando ser fisgado. Sempre faço assim, folheio um livro como quem não quer nada, lá pela metade. Se alguma coisa me agradou, vou até a primeira página e vejo se o início é uma puxada de anzol a seco ou se a isca está ali, brilhante e atraente. E aí, quando vejo, estou ali, me debatendo com os parágrafos aos saltos, feito uma truta pescada na América(Fishing Trout... - livro que o meu amigo Selva Brasilis me apresentou há muitos e muitos anos em Brasília - também está bem perto da minha mão, no topo da sexta pilha).
Mas já é tarde e amanhã será um dia cheio de compromissos.
Um comentário:
Estou sem estante, Careca.
Tá tudo numa caixa.
E vai demorar de conseguir uma agora.
abraço
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