sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um plano contra o "pardal"

No ano passado eu e minha mulher recebemos tantas multas por excesso de velocidade que tivemos que pedir a alguns motoristas da família para assumir algumas. Sobrou para o meu sogro e especialmente para a minha sogra, que tem carteira mas não dirige há um tempão. Aqui surgem sensores de velocidade nos recônditos mais insuspeitos. Tem placa e tudo, mas muitas vezes você só percebe a existência do sensor quando chega a multa.

A imaginação dos caras que instalam os "pardais" é de matar diretor de Hollywood de inveja. Você vê as placas e acha que já passou pelo "pardal" e só percebe o danado quando já é tarde demais. Já vi "pardal" em subida depois de curva. Depois de quebra-mola. No meio, logo depois do meio, no final e no finalzinho da mais longa subida do DF. Em grupos de três, um depois do outro, em decida com muitas árvores. Antes, durante, durante de novo e depois da ponte. É um horror.

Dá pra notar que eles capricharam. Os caras se colocaram no lugar do motorista comum para fazer esse trabalho. Eles calcularam com paciência o tempo de precaução e respeito total à lei do sujeito normal. Quando você relaxa, lá está a porra do "pardal" e 15 dias depois, lá está o aviso de multa na portaria. Sim, porque a multa não é simplesmente deixada na sua caixa de correio. É uma correspondência registrada, uma notificação de infração da qual você tem prazo para interpor recurso, ou apontar o nome do verdadeiro infrator, desde que ele também assine e você anexe cópia da identidade com a assinatura do indivíduo. Por isso, o primeiro a saber que você foi multado não é você, é o porteiro.

Talvez por isso, o porteiro daqui do prédio, o Antônio, me olhe com desdém quando me entrega as notificações de infração.

_Olha aí, Seu Careca, chegou mais uma daquelas - ele ri, irônico, da minha cara.

_Chegou o quê, ô Antônio? Chegou a minha encomenda de Portugal? A minha TV de trocentas polegadas de LSD? O caviar? Meu champagne françois? O Rolex que eu encomendei? - eu digo, sou muito bom para botar banca e posar de bacana.

_Não, Seu Careca, é mais uma daquelas multinhas do Detran - ele diz, com uma expressão desaforada na cara.

_Deve ser o resultado dos meu recursos. Aposto que estão anulando aquelas multas indevidas e comunicando a devolução do meu dinheiro.

_Seu Careca, pelo que deu pra ver essa dá até pra pagar sem dividir em quatro parcelas.

_Quatro par...me dê logo essa coisa.


Mas nem por isso sou contra "pardal". Acho que tem que ter mesmo. Quem for flagrado tem que ser multado. É isso aí. Mesmo não sendo contra, não gosto de "pardal". Acho muito tecnológico, é uma máquina besta, que só serve para tirar foto e emprego de guarda. Motoqueiro sim é que é bom. O velho e bom "Chips", o polícia de motocicleta que manda você parar para aplicar a multa. Igual a gente vê nos filmes de antigamente. Por isso, eu acho que deveriam substituir os "pardais" por gente. Fazer o contrário do que sempre fizeram, ué. Ao invés de trocar um mundo de gente por yuma máquina, troca uma máquina por um monte de gente. Tanta gente precisando de emprego, e então? Aposto como a violência no trânsito diminuiria.

Ou então algum pedestre podia inventar uma máquina de acionar o sensor de velocidade para aparecer nas fotas do Detran. Sei lá, dava um ensaio fotográfico sensacional. O pedestre multado. O bípede flagrado do trânsito caótico. Pois foi exatamente isso que aconteceu hoje comigo. No momento exato em que eu estava no meio da faixa de pedestre surgiu um carro em disparada, furando o sinal. O flash do "pardal" flagrou o infrator e esse Careca que vos fala. Quando aquele animal receber a multa, haverá um careca barrigudo, pulando com os braços e pernas abertos no meio da pista. Com certeza haverá uma tarja sobre os meus óculos. Tarja. Pô, vai ser uma fota parecida com as que aparecem no blog da Franka. Rá,rá.

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