Meninos, eu vi. Eu e a minha mulher. Nós deixamos os filhotes e um sobrinho que estava com a gente na minha sogra e corremos para o cinema. Foi o primeiro filme em 3D realmente 3D que eu vi em toda a minha vida. Confesso que meu queixo caiu. E olha que eu uso óculos. Então foram óculos 3D sobre os meus óculos para a minha miopia, mesmo assim as imagens me impressionaram. Positivamente.
Eu sou do contra, mas é preciso dar o braço a torcer. O filme é um show envolvente. Um monte de gente falou sobre a previsibilidade do roteiro, da enormidade de clichês que existem em Avatar, mas isso não é demérito. As histórias de amor são sempre um amontoado de clichês e o difícil é exatamente mostrar o encadeamento de uma maneira empolgante. Todo mundo sabe o final de Romeu e Julieta, mas você assiste à peça bem encenada até o final. Não precisa ser diferente. Avatar enche os olhos. É uma história de amor bem encenada, com ritmo, ação e aventura.
Mas tem um ou dois momentos de humor e não empolga os ouvidos. Os sons dos efeitos especiais são legais, nada de novo, e não gostei da música. É muito ôooÔOOoo. É meio tântrico demais, um abuso do clichê xamãnico, um excesso de tubas tibetanas. Fiquei com vontade de ter levado um Ipod com o rock que eu curto para algumas partes. Colocaria Wolfmother - Cosmic Egg em vários momentos, com certeza. A música do letreiro final, por exemplo, dá vontade de sair correndo do cinema. Parece Enya. É um New Age prálá de chato.
E talvez tenha sido o xarope sonoro que não tenha permitido uma maior imersão na fita. Mesmo assim, gostei.
Imersão é uma palavra chave para o cinema de Cameron. Ele fez O Segredo do Abismo antes de Titanic, lembra? E o próprio Avatar é um ser que só vive quando outro ser mergulha no interior da sua mente. Não é preciso ser James Cameron para saber que o objetivo de Hollywood (A Madeira Sagrada) e da indústria de efeitos especiais é fazer com que a gente mergulhe de cabeça e se sinta parte da história, mesmo que a gente pague caro por isso. E ele, se não fosse toda aquela música melosa e uns exageros ecochatos e muito metidos a sério, por pouco não conseguiu permitir que eu mergulhasse no filme durante mais de duas horas, junto com o personagem principal. Isso, entretanto, acontece em alguns momentos, especialmente nos momentos de imersão total. E num deles a câmera vai com você junto para debaixo dágua, de uma maneira muito bacana.
Por outro lado, mesmo sabendo que esse filme será a maior bilheteria da história no mundo, acho que será sempre considerado um filme brega. Cameron abusa da sua tentativa de aproximação conosco, os silvícolas. Ele flerta claramente com os cucarachas, com o povo do mato, com os dominados, com os perdedores. Os gringos, os poderosos e donos da poderosa máquina de guerra falam inglês e são marines, ou ex-marines. O povo do mato fala uma língua incompreensível que só os cientistas mais babacas têm paciência para estudar. Os fuzileiros americanos são tratados como lunáticos belicistas ou ingênuos pacifistas no limite da traição. O povo azul (não é preto, nem vermelho,nem amarelo, nem cucaracha) é todo interativo com a natureza e é totalmente do bem. Nenhum é ruim da cabeça, não tem ninguém doente do pé.
Mas isso é papo de boteco, daquela conversa mole sobre dominação cultural. A verdade, meninos, é que Avatar é uma fantasia das mais bacanas que assisti em 2010. Vale a pena sair de casa e usar aquela moedinha que o Chaplin e o Robert Downey Jr. jamais desdenharam.
sábado, 30 de janeiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Um plano contra o "pardal"
No ano passado eu e minha mulher recebemos tantas multas por excesso de velocidade que tivemos que pedir a alguns motoristas da família para assumir algumas. Sobrou para o meu sogro e especialmente para a minha sogra, que tem carteira mas não dirige há um tempão. Aqui surgem sensores de velocidade nos recônditos mais insuspeitos. Tem placa e tudo, mas muitas vezes você só percebe a existência do sensor quando chega a multa.
A imaginação dos caras que instalam os "pardais" é de matar diretor de Hollywood de inveja. Você vê as placas e acha que já passou pelo "pardal" e só percebe o danado quando já é tarde demais. Já vi "pardal" em subida depois de curva. Depois de quebra-mola. No meio, logo depois do meio, no final e no finalzinho da mais longa subida do DF. Em grupos de três, um depois do outro, em decida com muitas árvores. Antes, durante, durante de novo e depois da ponte. É um horror.
Dá pra notar que eles capricharam. Os caras se colocaram no lugar do motorista comum para fazer esse trabalho. Eles calcularam com paciência o tempo de precaução e respeito total à lei do sujeito normal. Quando você relaxa, lá está a porra do "pardal" e 15 dias depois, lá está o aviso de multa na portaria. Sim, porque a multa não é simplesmente deixada na sua caixa de correio. É uma correspondência registrada, uma notificação de infração da qual você tem prazo para interpor recurso, ou apontar o nome do verdadeiro infrator, desde que ele também assine e você anexe cópia da identidade com a assinatura do indivíduo. Por isso, o primeiro a saber que você foi multado não é você, é o porteiro.
Talvez por isso, o porteiro daqui do prédio, o Antônio, me olhe com desdém quando me entrega as notificações de infração.
_Olha aí, Seu Careca, chegou mais uma daquelas - ele ri, irônico, da minha cara.
_Chegou o quê, ô Antônio? Chegou a minha encomenda de Portugal? A minha TV de trocentas polegadas de LSD? O caviar? Meu champagne françois? O Rolex que eu encomendei? - eu digo, sou muito bom para botar banca e posar de bacana.
_Não, Seu Careca, é mais uma daquelas multinhas do Detran - ele diz, com uma expressão desaforada na cara.
_Deve ser o resultado dos meu recursos. Aposto que estão anulando aquelas multas indevidas e comunicando a devolução do meu dinheiro.
_Seu Careca, pelo que deu pra ver essa dá até pra pagar sem dividir em quatro parcelas.
_Quatro par...me dê logo essa coisa.
Mas nem por isso sou contra "pardal". Acho que tem que ter mesmo. Quem for flagrado tem que ser multado. É isso aí. Mesmo não sendo contra, não gosto de "pardal". Acho muito tecnológico, é uma máquina besta, que só serve para tirar foto e emprego de guarda. Motoqueiro sim é que é bom. O velho e bom "Chips", o polícia de motocicleta que manda você parar para aplicar a multa. Igual a gente vê nos filmes de antigamente. Por isso, eu acho que deveriam substituir os "pardais" por gente. Fazer o contrário do que sempre fizeram, ué. Ao invés de trocar um mundo de gente por yuma máquina, troca uma máquina por um monte de gente. Tanta gente precisando de emprego, e então? Aposto como a violência no trânsito diminuiria.
Ou então algum pedestre podia inventar uma máquina de acionar o sensor de velocidade para aparecer nas fotas do Detran. Sei lá, dava um ensaio fotográfico sensacional. O pedestre multado. O bípede flagrado do trânsito caótico. Pois foi exatamente isso que aconteceu hoje comigo. No momento exato em que eu estava no meio da faixa de pedestre surgiu um carro em disparada, furando o sinal. O flash do "pardal" flagrou o infrator e esse Careca que vos fala. Quando aquele animal receber a multa, haverá um careca barrigudo, pulando com os braços e pernas abertos no meio da pista. Com certeza haverá uma tarja sobre os meus óculos. Tarja. Pô, vai ser uma fota parecida com as que aparecem no blog da Franka. Rá,rá.
A imaginação dos caras que instalam os "pardais" é de matar diretor de Hollywood de inveja. Você vê as placas e acha que já passou pelo "pardal" e só percebe o danado quando já é tarde demais. Já vi "pardal" em subida depois de curva. Depois de quebra-mola. No meio, logo depois do meio, no final e no finalzinho da mais longa subida do DF. Em grupos de três, um depois do outro, em decida com muitas árvores. Antes, durante, durante de novo e depois da ponte. É um horror.
Dá pra notar que eles capricharam. Os caras se colocaram no lugar do motorista comum para fazer esse trabalho. Eles calcularam com paciência o tempo de precaução e respeito total à lei do sujeito normal. Quando você relaxa, lá está a porra do "pardal" e 15 dias depois, lá está o aviso de multa na portaria. Sim, porque a multa não é simplesmente deixada na sua caixa de correio. É uma correspondência registrada, uma notificação de infração da qual você tem prazo para interpor recurso, ou apontar o nome do verdadeiro infrator, desde que ele também assine e você anexe cópia da identidade com a assinatura do indivíduo. Por isso, o primeiro a saber que você foi multado não é você, é o porteiro.
Talvez por isso, o porteiro daqui do prédio, o Antônio, me olhe com desdém quando me entrega as notificações de infração.
_Olha aí, Seu Careca, chegou mais uma daquelas - ele ri, irônico, da minha cara.
_Chegou o quê, ô Antônio? Chegou a minha encomenda de Portugal? A minha TV de trocentas polegadas de LSD? O caviar? Meu champagne françois? O Rolex que eu encomendei? - eu digo, sou muito bom para botar banca e posar de bacana.
_Não, Seu Careca, é mais uma daquelas multinhas do Detran - ele diz, com uma expressão desaforada na cara.
_Deve ser o resultado dos meu recursos. Aposto que estão anulando aquelas multas indevidas e comunicando a devolução do meu dinheiro.
_Seu Careca, pelo que deu pra ver essa dá até pra pagar sem dividir em quatro parcelas.
_Quatro par...me dê logo essa coisa.
Mas nem por isso sou contra "pardal". Acho que tem que ter mesmo. Quem for flagrado tem que ser multado. É isso aí. Mesmo não sendo contra, não gosto de "pardal". Acho muito tecnológico, é uma máquina besta, que só serve para tirar foto e emprego de guarda. Motoqueiro sim é que é bom. O velho e bom "Chips", o polícia de motocicleta que manda você parar para aplicar a multa. Igual a gente vê nos filmes de antigamente. Por isso, eu acho que deveriam substituir os "pardais" por gente. Fazer o contrário do que sempre fizeram, ué. Ao invés de trocar um mundo de gente por yuma máquina, troca uma máquina por um monte de gente. Tanta gente precisando de emprego, e então? Aposto como a violência no trânsito diminuiria.
Ou então algum pedestre podia inventar uma máquina de acionar o sensor de velocidade para aparecer nas fotas do Detran. Sei lá, dava um ensaio fotográfico sensacional. O pedestre multado. O bípede flagrado do trânsito caótico. Pois foi exatamente isso que aconteceu hoje comigo. No momento exato em que eu estava no meio da faixa de pedestre surgiu um carro em disparada, furando o sinal. O flash do "pardal" flagrou o infrator e esse Careca que vos fala. Quando aquele animal receber a multa, haverá um careca barrigudo, pulando com os braços e pernas abertos no meio da pista. Com certeza haverá uma tarja sobre os meus óculos. Tarja. Pô, vai ser uma fota parecida com as que aparecem no blog da Franka. Rá,rá.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Rái-Tóim-Jô
A vida da gente é repleta de exemplos. Positivos e negativos. Desde criança, é muito difícil fugir dessa lógica de preto e branco. E nem sei se é bom ou ruim ter essas noções bem categorizadas na cachola. O bandido usa chapéu preto. O mocinho usa o chapéu branco. Darth Vader usa armadura preta. Luke Skywalker nem usa armadura.
Minha mãe sempre usou exemplos negativos para me corrigir.
_Não lê na mesa, senão vai ficar zarolho que nem o André Queijo - sendo o André Queijo um cara que vendia queijo de porta em porta onde a gente morava.
_Para de balançar a perna, que agonia, vai ficar manco que nem o Joaquim Paroba - sendo esse Joaquim um maluco de rua.
Às vezes a coisa atingia níveis globais, quase cósmicos.
_Come o fígado todo, tem menino morrendo de fome na África - na época eu acho que doaria com prazer aqueles pedaços de fígado do meu prato. Hoje eu disputaria a guloseima a tapas, minha mãe é uma senhora cozinheira.
_Acho bom estudar muito e aprender tudo, senão vai acabar pra trás - ela dizia.
_Pra trás, onde, mãe? - eu perguntava, chato.
_Atrasado num canto, sozinho, sem ninguém. Não há quem ature gente ignorante.
E ela tem razão. Eu mesmo tenho baixa tolerância à ignorância, inclusive à minha. E não posso dizer que esteja muito à frente de alguma coisa. Embora garanta que não haja ninguém atrás de mim. Por via das dúvidas, ando com as costas coladas na parede.
Mas nem tudo é tão simples, afinal em Guerra nas Estrelas os "starship troopers" usam armaduras brancas. E eles são da turma do Vader não? Bom, não importa muito. Embora seja verdade que às vezes, os exemplos também se confundam e nos deixem confusos. Tem uns sujeitos que às vezes são exemplos do bem e que depois, sem que a gente se dê conta, acabam se tornando perigosos exemplos de agentes do mal.
No meu tempo de menino, os principais exemplos oscilantes eram os irmãos Raimundo, Antônio e José. Individualmente, os irmãos cearenses eram excelentes. Rái era um atleta dedicado, campeão de judô. Tonho era um investigador da natureza, obcecado por temas científicos, enxadrista com medalha e troféu. E Jô era o melhor mecânico que havia nas redondezas desde os doze anos de idade. Era capaz de desmontar e montar um carburador de olhos vendados. E às vezes fazia isso mesmo, no escuro da garagem. Entretanto, juntos, os irmãos eram sinônimo de brigas e confusão da grossa.
Um dia, não lembro mais o motivo e nem sou capaz de inventar uma coisa dessa, minha mãe inventou a expressão "Rái-Tóim-Jô". Acabou por se tornar um dos principais exemplos negativos da minha meninice.
_Isso aí é muito Rái-Tóim-Jô! - ela dizia, e a gente sabia que aquilo era o fim da picada.
Essa minha primeira semana de trabalho depois das férias também está totalmente Rái-Tóim-Jô.
Minha mãe sempre usou exemplos negativos para me corrigir.
_Não lê na mesa, senão vai ficar zarolho que nem o André Queijo - sendo o André Queijo um cara que vendia queijo de porta em porta onde a gente morava.
_Para de balançar a perna, que agonia, vai ficar manco que nem o Joaquim Paroba - sendo esse Joaquim um maluco de rua.
Às vezes a coisa atingia níveis globais, quase cósmicos.
_Come o fígado todo, tem menino morrendo de fome na África - na época eu acho que doaria com prazer aqueles pedaços de fígado do meu prato. Hoje eu disputaria a guloseima a tapas, minha mãe é uma senhora cozinheira.
_Acho bom estudar muito e aprender tudo, senão vai acabar pra trás - ela dizia.
_Pra trás, onde, mãe? - eu perguntava, chato.
_Atrasado num canto, sozinho, sem ninguém. Não há quem ature gente ignorante.
E ela tem razão. Eu mesmo tenho baixa tolerância à ignorância, inclusive à minha. E não posso dizer que esteja muito à frente de alguma coisa. Embora garanta que não haja ninguém atrás de mim. Por via das dúvidas, ando com as costas coladas na parede.
Mas nem tudo é tão simples, afinal em Guerra nas Estrelas os "starship troopers" usam armaduras brancas. E eles são da turma do Vader não? Bom, não importa muito. Embora seja verdade que às vezes, os exemplos também se confundam e nos deixem confusos. Tem uns sujeitos que às vezes são exemplos do bem e que depois, sem que a gente se dê conta, acabam se tornando perigosos exemplos de agentes do mal.
No meu tempo de menino, os principais exemplos oscilantes eram os irmãos Raimundo, Antônio e José. Individualmente, os irmãos cearenses eram excelentes. Rái era um atleta dedicado, campeão de judô. Tonho era um investigador da natureza, obcecado por temas científicos, enxadrista com medalha e troféu. E Jô era o melhor mecânico que havia nas redondezas desde os doze anos de idade. Era capaz de desmontar e montar um carburador de olhos vendados. E às vezes fazia isso mesmo, no escuro da garagem. Entretanto, juntos, os irmãos eram sinônimo de brigas e confusão da grossa.
Um dia, não lembro mais o motivo e nem sou capaz de inventar uma coisa dessa, minha mãe inventou a expressão "Rái-Tóim-Jô". Acabou por se tornar um dos principais exemplos negativos da minha meninice.
_Isso aí é muito Rái-Tóim-Jô! - ela dizia, e a gente sabia que aquilo era o fim da picada.
Essa minha primeira semana de trabalho depois das férias também está totalmente Rái-Tóim-Jô.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
O maior tesouro do mar
Desenhei um bocado nessas férias. Fiz um caderno novo de sketchs. Como sempre, chego em casa e fico com preguiça de scanear o caderno. É bem verdade que poderia ter desenhado mais, mas é preciso deixar a preguiça vencer durante as férias. Levei um kit de aquarela, para ver se aprendia um pouco a mexer com isso. Mas não deu certo. Tenho pouca paciência para nuances e pequenas adições. Além disso, levei um papel que não é muito adequado para aquarela. As pinceladas não surtiam muito efeito naquele papel. Ou melhor, com a minha miopia, o único efeito era um sono profundo que me atirava para uma merecida soneca depois do almoço.
Então me agarrei à minha caneta 0.5 gel preta e comecei a desenhar conchinhas que eu encontrava na praia. Eu voltava com o boné cheio de búzios e conchas comuns. Aí desenhava. As crianças ficavam me observando. Não fiz nenhum desenho especial, nem nada. Só conchas.
As crianças não tiravam os olhos da mesa, onde eu havia separado as conchas meticulosamente. Dividi em quatro grandes grupos: conchas comuns, espirais pontudas, espirais tipo disco voador e búzios mini-ânforas. Essas últimas são um meio termo das espirais pontudas e as tipo disco voador, parecem umas garrafinhas pontudas com uma alça larga para segurar.
Uma hora fui ao banheiro e quando voltei não havia mais nenhuma concha à vista. Dei de ombros. No dia seguinte, aconteceu a mesma coisa. Separei os quatro tipos de conchas e desenhei alguns. As crianças ficaram me observando. Aí quando fui para o banheiro, guardei as conchas dentro do boné e coloquei o boné sobre um armário alto da casa. Quando voltei, o boné estava no armário, mas não havia nenhuma concha. E nenhuma criança por perto. Só um banco onde um menino se equilibrou para pegar as conchas.
E assim foi. Durante os dias que passamos na praia, todos os dias eu pegava um monte de conchas, separava em quatro tipos e desenhava um pouco. Quando voltava do banheiro, os búzios haviam desaparecido.
No penúltimo dia, as crianças estavam à espreita, esperando que eu fosse ao banheiro. Mas eu resisti. Usando o meu excelente poder de concentração, evitei pensar em cachoeiras, em água corrente, aquedutos, em torneiras pingando, em rios, mares, lagos e oceanos. Aguentei o máximo que pude. Fui o Cavaleiro Jedi da Uretra Presa.
Os meninos foram se aproximando. Pensei que estivessem curiosos para ver os desenhos, mas não tinham olhos para isso, só queriam as conchas. Um a um, os búzios foram desaparecendo da mesa. No final, pegavam as conchas aos montes. Não sobrou nada para desenhar. Dei de ombros.
No dia seguinte, localizei o esconderijo das conchas. Estavam todas juntas e misturadas, num grande caminhão baú de plástico. Parecia um tesouro. Por via das dúvidas, guardei uns búzios no bolso para desenhar quando tivesse vontade. Não são desenhos muito bons, nada disso. São pequenas coisas, que só têm sentido para mim. É como colecionar ventos. Engarrafar nuvens. São pequenas inspirações para um exercício diário de digressão, nessa minha vida minúscula.
Hoje encontrei duas conchas numa calça jeans.
Daqui a pouco vou cultivar lembranças.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Um acarajé com pimenta
Passei parte das férias no litoral bahiano. E foi tudo muito bom, fácil e sem coiserada. Com exceção do primeiro dia, quando banquei o teimoso e fui de chinelos e camiseta para a praia. Foi chato porque tive que carregar chinelo e camiseta à tôa. Depois disso aprendi e banquei o turista descolado. Só ia de sunga e boné para a praia. Não carregava nada. Deixava as mãos livres para ajudar as crianças com pranchas, baldes e outras tranqueiras. Mas até elas se cansaram de carregar coisas e daí a pouco ninguém levava nada para a praia. A não ser uma graninha para a água de coco e picolés.
Eu gostava de levar dinheiro trocado, para facilitar as transações. Nós íamos cedo para a praia e uma nota de dez já complicava o comércio com os picolezeiros e vendedores de água. Éramos os primeiros fregueses do dia e os caras não tinham troco. As barracas de praia nem estavam abertas, na maioria das vezes. A praia é grande e esperar o troco significaria ter de ficar a postos à espera do retorno do vendedor.
Durante vários dias, fiquei mapeando as bahianas do acarajé da praia. Todas as barracas tinham uma bahiana associada. Fiz pequenas enquetes com os moradores locais, buscando indicações. A bahiana mais indicada era também a que mais demorava a chegar. Como resultado, no horário em que a mulher estava a postos, com os acarajés prontos, eu já não tinha mais dinheiro no boné. Nem adiantava correr até a barraca.
Lá pelo sétimo dia na praia, eu decidi levar uma grana extra para o acarajé, a R$4,50. Torramos os trocados em água de coco e picolés. Minha mulher escoltou as crianças de volta para a casa onde fomos generosamente hospedados por uma família de amigos. Eu decidi empreender a minha missão acarajé. Fazia um sol doido de quente, era quase meio-dia, mas a bahiana não tinha chegado. Decidi esperar. Afinal, aquele era o melhor acarajé da praia. E nada melhor do que provocar a sua fome de acarajé até não aguentar mais e depois acabar de vez com ela com um delicioso...Aí a bahiana do acarajé chegou. Vestida a trabalho, com um monte de tranqueiras, auxiliada por um monte de meninos carregadores. Num instante ela organizou o espaço de trabalho e se sentou, senhora do acarajé. Era uma mulher de mais de vinte e menos de quarenta, com um sorriso largo que a deixava bonita. Mas não era simpática, o que não a deixava ser atraente. Não era feia, mas parecia irritada, o que a enfeiava.
Cumprimentei a bahiana. Tentei ser simpático, falei do sol inclemente. Mas acho que fui mal compreendido. Ela não foi muito amistosa com as respostas. Por fim, perguntei desastradamente em quanto tempo ela teria alguns acarajés prontos.
_Moço, isso aqui não é lanchonete. O acarajé vai ficar pronto quando ficar pronto - ela disse, irritada.
Pedi desculpas. Disse que não estava querendo apressar a bahianidade. Disse que o acarajé dela era o xodó da praia, todo mundo havia recomendado. Disse maravilhas e desfilei elogios rasgados para o acarajé da bahiana. Consegui arrancar um sorriso de desculpas aceitas. Mas depois ela fechou a cara e trabalhou sem pressa preparando os bolos e ajeitando as bandejas de camarão, vinagrete e pimenta. Por fim, acendeu o fogareiro para ferver o óleo.
Esperei pacientemente. Dei uma pequena saída com a idéia de comprar um refrigerante e conter a salivação intensa de vontade de comer acarajé. Mas nem comprei nada. Quando voltei, já não era mais o primeiro freguês, uma pequena fila já havia se formado. Cinco sujeitos, uma gangue de jogadores de basquete perdidos na Bahia, estavam na minha frente. Os caras eram altos, fortes e não sabiam o que significa ser "politicamente correto". Ou talvez soubessem e não dessem a mínima.
Todas as mulheres que passavam por perto eram saudadas com furor:
_Aê, gostosa!
_Aê, popozuda!
_Quero um filho teu!
_É disso que eu tô precisando!
As mulheres passavam resmungando. Eu olhava para baixo. Também cocei o boné. Acenei para um conhecido imaginário lá do outro lado da barraca de praia. Por sorte, um cara respondeu ao aceno, com o polegar, fazendo sinal de positivo. Aquilo deu a impressão de que eu não estava sozinho no pedaço. A baiana atendeu aos gigantes com um belo sorriso. Não vi nenhunm deles pagando. Ficaram ali perto, devorando os acarajés. Quando chegou a minha vez, pedi um acarajé com pimenta.
_Moço, essa pimenta é forte. Tem certeza de que vai ser com pimenta?
_Sim, por favor - eu disse, duvidando de mim mesmo. E já estendi a nota de dez para pagar o acarajé.
_Moço, não tem trocado?
_Não.
_Então vai ter que esperar troco, como eles - disse a bahiana. E os cinco caras sorriram ao mesmo tempo, começando uma nova sessão de assobios, apupos e epítetos para as mulheres que passavam.
_Aê, tesuda! Aê, sarada! Cabeluda! Tarada!
Era quase uma hora.
Achei melhor desistir do acarajé naquele dia.
Eu gostava de levar dinheiro trocado, para facilitar as transações. Nós íamos cedo para a praia e uma nota de dez já complicava o comércio com os picolezeiros e vendedores de água. Éramos os primeiros fregueses do dia e os caras não tinham troco. As barracas de praia nem estavam abertas, na maioria das vezes. A praia é grande e esperar o troco significaria ter de ficar a postos à espera do retorno do vendedor.
Durante vários dias, fiquei mapeando as bahianas do acarajé da praia. Todas as barracas tinham uma bahiana associada. Fiz pequenas enquetes com os moradores locais, buscando indicações. A bahiana mais indicada era também a que mais demorava a chegar. Como resultado, no horário em que a mulher estava a postos, com os acarajés prontos, eu já não tinha mais dinheiro no boné. Nem adiantava correr até a barraca.
Lá pelo sétimo dia na praia, eu decidi levar uma grana extra para o acarajé, a R$4,50. Torramos os trocados em água de coco e picolés. Minha mulher escoltou as crianças de volta para a casa onde fomos generosamente hospedados por uma família de amigos. Eu decidi empreender a minha missão acarajé. Fazia um sol doido de quente, era quase meio-dia, mas a bahiana não tinha chegado. Decidi esperar. Afinal, aquele era o melhor acarajé da praia. E nada melhor do que provocar a sua fome de acarajé até não aguentar mais e depois acabar de vez com ela com um delicioso...Aí a bahiana do acarajé chegou. Vestida a trabalho, com um monte de tranqueiras, auxiliada por um monte de meninos carregadores. Num instante ela organizou o espaço de trabalho e se sentou, senhora do acarajé. Era uma mulher de mais de vinte e menos de quarenta, com um sorriso largo que a deixava bonita. Mas não era simpática, o que não a deixava ser atraente. Não era feia, mas parecia irritada, o que a enfeiava.
Cumprimentei a bahiana. Tentei ser simpático, falei do sol inclemente. Mas acho que fui mal compreendido. Ela não foi muito amistosa com as respostas. Por fim, perguntei desastradamente em quanto tempo ela teria alguns acarajés prontos.
_Moço, isso aqui não é lanchonete. O acarajé vai ficar pronto quando ficar pronto - ela disse, irritada.
Pedi desculpas. Disse que não estava querendo apressar a bahianidade. Disse que o acarajé dela era o xodó da praia, todo mundo havia recomendado. Disse maravilhas e desfilei elogios rasgados para o acarajé da bahiana. Consegui arrancar um sorriso de desculpas aceitas. Mas depois ela fechou a cara e trabalhou sem pressa preparando os bolos e ajeitando as bandejas de camarão, vinagrete e pimenta. Por fim, acendeu o fogareiro para ferver o óleo.
Esperei pacientemente. Dei uma pequena saída com a idéia de comprar um refrigerante e conter a salivação intensa de vontade de comer acarajé. Mas nem comprei nada. Quando voltei, já não era mais o primeiro freguês, uma pequena fila já havia se formado. Cinco sujeitos, uma gangue de jogadores de basquete perdidos na Bahia, estavam na minha frente. Os caras eram altos, fortes e não sabiam o que significa ser "politicamente correto". Ou talvez soubessem e não dessem a mínima.
Todas as mulheres que passavam por perto eram saudadas com furor:
_Aê, gostosa!
_Aê, popozuda!
_Quero um filho teu!
_É disso que eu tô precisando!
As mulheres passavam resmungando. Eu olhava para baixo. Também cocei o boné. Acenei para um conhecido imaginário lá do outro lado da barraca de praia. Por sorte, um cara respondeu ao aceno, com o polegar, fazendo sinal de positivo. Aquilo deu a impressão de que eu não estava sozinho no pedaço. A baiana atendeu aos gigantes com um belo sorriso. Não vi nenhunm deles pagando. Ficaram ali perto, devorando os acarajés. Quando chegou a minha vez, pedi um acarajé com pimenta.
_Moço, essa pimenta é forte. Tem certeza de que vai ser com pimenta?
_Sim, por favor - eu disse, duvidando de mim mesmo. E já estendi a nota de dez para pagar o acarajé.
_Moço, não tem trocado?
_Não.
_Então vai ter que esperar troco, como eles - disse a bahiana. E os cinco caras sorriram ao mesmo tempo, começando uma nova sessão de assobios, apupos e epítetos para as mulheres que passavam.
_Aê, tesuda! Aê, sarada! Cabeluda! Tarada!
Era quase uma hora.
Achei melhor desistir do acarajé naquele dia.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Uma janela no sorriso
Meu filho está de janelinha. Com seis anos de idade, ele valentemente balançou o dente com os dedos e com a ponta da língua durante doze dias das férias. Quando aconteceu eu estava ao lado dele. Ele tentava pegar um "jacaré" numa ondinha fraca na praia maravilhosa onde estávamos e parou, de repente. Aí puxou o dente da frente com força e o dente saiu. Ele me mostrou o dente, orgulhoso. Saímos correndo do mar para colocar o dente em local seguro. Foi um momento especial, daqueles de cinema.
Fiquei imaginando como Spielberg faria essa cena. Não poderia ser no mar, a não ser que aparecesse um tubarão. Não. O menino correria para o quintal, onde amarraria o dente numa bola de beisebol que se transforma num disco voador e arranca o dente do menino. Uma música cheia de violinos começa a tocar quando o mini-disco voador devolve o dente para o menino que corre para abraçar o pai, um dedicado ET com quipá e relicário.
Scorcese usaria Di Caprio como o gangster que ajuda um menino a retirar o próprio dente com um taco de beisebol. É tudo muito doloroso e sangrento, pois o menino não sabe que o gangster é seu pai e que o taco de beisebol foi um empréstimo do chefão do bairro.
Guardei o dente dentro da minha carteira, para ser apresentado à Fada dos Dentes somente após o retorno a BSB. Corremos de volta ao mar.
Ele agora sorri orgulhoso da janelinha. Da coragem que teve de tirar o próprio dente sozinho. Eu também.
E acho que isso é muito perceptível porque a irmã dele, de cinco anos de idade, vem correndo me mostrar que o dente dela também está mole.
_Amanhã eu tiro ele, paiê! - diz a minha filha.
_Tudo tem o seu tempo, filhota - eu digo.
Depois fico pensando numa versão Woody Allen. E depois também numa versão Tarantino.
Fiquei imaginando como Spielberg faria essa cena. Não poderia ser no mar, a não ser que aparecesse um tubarão. Não. O menino correria para o quintal, onde amarraria o dente numa bola de beisebol que se transforma num disco voador e arranca o dente do menino. Uma música cheia de violinos começa a tocar quando o mini-disco voador devolve o dente para o menino que corre para abraçar o pai, um dedicado ET com quipá e relicário.
Scorcese usaria Di Caprio como o gangster que ajuda um menino a retirar o próprio dente com um taco de beisebol. É tudo muito doloroso e sangrento, pois o menino não sabe que o gangster é seu pai e que o taco de beisebol foi um empréstimo do chefão do bairro.
Guardei o dente dentro da minha carteira, para ser apresentado à Fada dos Dentes somente após o retorno a BSB. Corremos de volta ao mar.
Ele agora sorri orgulhoso da janelinha. Da coragem que teve de tirar o próprio dente sozinho. Eu também.
E acho que isso é muito perceptível porque a irmã dele, de cinco anos de idade, vem correndo me mostrar que o dente dela também está mole.
_Amanhã eu tiro ele, paiê! - diz a minha filha.
_Tudo tem o seu tempo, filhota - eu digo.
Depois fico pensando numa versão Woody Allen. E depois também numa versão Tarantino.
sábado, 23 de janeiro de 2010
O homem lagosta de Marte
Descobri rapidamente que não consigo contar nada cronologicamente. Também não tenho a menor aptidão para mímica, dança, música e pintura por números.
Portanto, vou contar as coisas que aconteceram nas férias fora da ordem cronológica.
Acho que vou seguir uma ordem aleatória. O que é quase desordem. Quando eu ia à praia, eu não costumava seguir o preceito lógico de me lambuzar de protetor solar e depois começar a andar na areia. Não. Isso me parecia um contrasenso para a atitude anárquica de simplesmente estar de férias, sem nenhuma programação estabelecida, sem rituais pré-ordenados ou sem andar na areia.
Metade da ida à praia para mim é andar, embora eu não considere andar um ritual. E como eu não costumava usar protetor solar, em geral, os primeiros dias eram sem protetor e bem dolorosos. Basta imaginar uma lagosta cozida tentando encontrar um ponto ileso rolando em água fervente para visualizar as minhas primeiras noites de praia, quando eu era apenas mais um rapaz latino-americano tentando dormir sobre um colchão qualquer. Felizmente, a quantidade de sofrimento que o ser humano pode suportar é muito grande. Por isso, naqueles dias a pele ardia muito e mesmo assim era super-legal estar na praia.
Ou talvez a memória seletiva trate logo de amenizar as coisas.
Agora tudo é um pouco diferente. Com as crianças é sempre bom fazer as coisas na ordem certa, para evitar maiores problemas. Então, todos os dias começávamos o dia com a lambuzação de protetor solar. Havia um fator 60, dois fator 30 e um fator 15. Optamos pelo fator 30. Em oito dias, esgotamos dois frascos. Em seguida passamos para o fator 60. Como resultado, as crianças ficaram super protegidas e mesmo assim pegaram uma cor superbacana. Ficaram com a cor da Bahia, uma morenice bonita e saudável.
Mas e eu?
Na véspera de vir embora eu olhei para o espelho e vi um Careca branquelo. Meninos, eu vi. Não era um branco azedo. Era mais um branco assim Moby Dick, calejado, enrugado, à espera do abate por uma embarcação clandestina do Japão. Eu não estava nada atraente com aquela cor. Minha mulher não faria fiu-fiu para mim nem se eu pedisse. E eu sei porque eu pedi.
_Mor(abreviação de Amor), você assobiaria para mim?
_Por quê?
_Sei lá, por segundas intenções?
_Meu bem, com essa forma de pêra e esse branco icterícia minha segunda intenção teria de ser uma viagem a Paris. Sozinha.
_Você anda muito romântica, benhê.
_Sua audição continua péssima, Mor.
Deixei passar. O segredo de um bom casamento consiste em saber apreciar comentários irônicos do parceiro. E naquele dia minha mulher estava inspirada. E eu também estava insatisfeito com a minha cor de "cheguei ontem à noite". Por isso, na véspera de vir embora, durante o ritual de lambuzar de protetor solar, eu deliberadamente não passei protetor solar.
Fiquei pensando nos velhos bons tempos. Na música tema de Rambo II.
O efeito foi rápido. Naquele mesmo dia, minha mulher se aproximou de mim na praia e disse:
_Careca, você está com uma cor sensacional! Parece... parece...
_Jambo? Cacau? Chocolate?
_Não, é aquela cor linda, daquele carro que tem um cavalinho...
_Ferrari?
_Isso, Mor, você parece uma Ferrari vermelha metálica. Está até brilhando.
Liguei os motores e fui até o chuveiro mais próximo, em velocidade máxima. Apesar da sensação de ter virado um lagosta humano, dormi como um príncipe naquela noite.
Portanto, vou contar as coisas que aconteceram nas férias fora da ordem cronológica.
Acho que vou seguir uma ordem aleatória. O que é quase desordem. Quando eu ia à praia, eu não costumava seguir o preceito lógico de me lambuzar de protetor solar e depois começar a andar na areia. Não. Isso me parecia um contrasenso para a atitude anárquica de simplesmente estar de férias, sem nenhuma programação estabelecida, sem rituais pré-ordenados ou sem andar na areia.
Metade da ida à praia para mim é andar, embora eu não considere andar um ritual. E como eu não costumava usar protetor solar, em geral, os primeiros dias eram sem protetor e bem dolorosos. Basta imaginar uma lagosta cozida tentando encontrar um ponto ileso rolando em água fervente para visualizar as minhas primeiras noites de praia, quando eu era apenas mais um rapaz latino-americano tentando dormir sobre um colchão qualquer. Felizmente, a quantidade de sofrimento que o ser humano pode suportar é muito grande. Por isso, naqueles dias a pele ardia muito e mesmo assim era super-legal estar na praia.
Ou talvez a memória seletiva trate logo de amenizar as coisas.
Agora tudo é um pouco diferente. Com as crianças é sempre bom fazer as coisas na ordem certa, para evitar maiores problemas. Então, todos os dias começávamos o dia com a lambuzação de protetor solar. Havia um fator 60, dois fator 30 e um fator 15. Optamos pelo fator 30. Em oito dias, esgotamos dois frascos. Em seguida passamos para o fator 60. Como resultado, as crianças ficaram super protegidas e mesmo assim pegaram uma cor superbacana. Ficaram com a cor da Bahia, uma morenice bonita e saudável.
Mas e eu?
Na véspera de vir embora eu olhei para o espelho e vi um Careca branquelo. Meninos, eu vi. Não era um branco azedo. Era mais um branco assim Moby Dick, calejado, enrugado, à espera do abate por uma embarcação clandestina do Japão. Eu não estava nada atraente com aquela cor. Minha mulher não faria fiu-fiu para mim nem se eu pedisse. E eu sei porque eu pedi.
_Mor(abreviação de Amor), você assobiaria para mim?
_Por quê?
_Sei lá, por segundas intenções?
_Meu bem, com essa forma de pêra e esse branco icterícia minha segunda intenção teria de ser uma viagem a Paris. Sozinha.
_Você anda muito romântica, benhê.
_Sua audição continua péssima, Mor.
Deixei passar. O segredo de um bom casamento consiste em saber apreciar comentários irônicos do parceiro. E naquele dia minha mulher estava inspirada. E eu também estava insatisfeito com a minha cor de "cheguei ontem à noite". Por isso, na véspera de vir embora, durante o ritual de lambuzar de protetor solar, eu deliberadamente não passei protetor solar.
Fiquei pensando nos velhos bons tempos. Na música tema de Rambo II.
O efeito foi rápido. Naquele mesmo dia, minha mulher se aproximou de mim na praia e disse:
_Careca, você está com uma cor sensacional! Parece... parece...
_Jambo? Cacau? Chocolate?
_Não, é aquela cor linda, daquele carro que tem um cavalinho...
_Ferrari?
_Isso, Mor, você parece uma Ferrari vermelha metálica. Está até brilhando.
Liguei os motores e fui até o chuveiro mais próximo, em velocidade máxima. Apesar da sensação de ter virado um lagosta humano, dormi como um príncipe naquela noite.
A janela frontal
As férias foram boas. Quinze dias do mais genuíno ócio. E longe dos computadores. Cumpri à risca o meu propósito de não abrir e-mails e nem de dar uma espiadinha na Internet. Foram férias do mundo eletrônico também. E dos jornais e telejornais.
Desliguei do mundo real, pra valer. O processo de desligamento é bem lento. Não se trata de apenas tirar o computador da tomada. Não basta arrumar as malas. É uma desaceleração construída, passo a passo.
É como sair de casa, conferindo cômodo por cômodo se todas as luzes estão realmente apagadas. Se todas as janelas estão fechadas. E se a geladeira está vazia. E também se não existe lixo em algum lugar. E depois, o lugar seguro onde guardar as chaves. Uma última olhada para ver se falta alguma coisa e finalmente trancar a porta. Etapa por etapa.
O retorno também é lento. As histórias são muitas e estão todas confusas, emboladas na minha memória. Terei que buscar aos poucos o sentido de cada uma. Aqui, na janela frontal deste blog.
Desliguei do mundo real, pra valer. O processo de desligamento é bem lento. Não se trata de apenas tirar o computador da tomada. Não basta arrumar as malas. É uma desaceleração construída, passo a passo.
É como sair de casa, conferindo cômodo por cômodo se todas as luzes estão realmente apagadas. Se todas as janelas estão fechadas. E se a geladeira está vazia. E também se não existe lixo em algum lugar. E depois, o lugar seguro onde guardar as chaves. Uma última olhada para ver se falta alguma coisa e finalmente trancar a porta. Etapa por etapa.
O retorno também é lento. As histórias são muitas e estão todas confusas, emboladas na minha memória. Terei que buscar aos poucos o sentido de cada uma. Aqui, na janela frontal deste blog.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
O Careca tira uma folga
O Careca e a família estarão bem longe dos computadores por alguns dias.
Na volta, eu conto como tudo se passou.
A todos que visitam o blog, um grande abraço e um excelente 2010.
Na volta, eu conto como tudo se passou.
A todos que visitam o blog, um grande abraço e um excelente 2010.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Coió, cotó e bocoió
No almoço, eu converso com o meu sobrinho, que tem nove anos de idade:
_Você sabe o que é coió?
_Não, tio.
_Você sabe o que é cotó?
_Não, tio.
_Você sabe o que é bocoió?
_Nããão, tio.
_ Caramba, o que eles ensinam na escola, afinal de contas? - é importante manter o suspense e fazer com que o menino pergunte. Se você entregar logo a resposta, ninguém dará a menor importância. Valorizar a conversa e o conhecimento é um dos itens mais fundamentais da paternidade e da "tionidade".
_...
_...
_E o que significa, tio?
_O quê?
_Coió, cotó e bocoió?
_Coió é o bicho que não tem rabo.
_E cotó?
_É o bicho que tinha rabo mas perdeu, ficou só com o cotoco, o cotó.
_E bocoió?
_É o bicho que fica de boca aberta assim, ó!
_Meu pai disse que esse é o bocó!
_Bocó é encurtamento. O certo mesmo é bocoió ou bocoiúdo. As três palavras significam a mesma coisa - "aquele que é bobo de cair o queixo".
_Tio Careca, por quê você sempre fala tanta bobagem?
_Seu pai não fala bobagem?
_Não.
_Rá, o dia que seu pai parar de falar bobagem, shampoo vai fazer nascer cabelo em maçaneta...
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
As meias amargas do Careca
Uma das melhores recompensas que um ser humano pode obter quando passa dos quarenta anos, como é o meu caso, é encontrar um outro ser que adora suas ... meias.
Sim, é importante compartilhar idéias. É fundamental encontrar na cara metade o apoio para os momentos de alegria, tristeza, insegurança, ardor e amor. Mas além disso, é preciso encontrar um ser que não se importe com o fato de você ficar de meias depois que chega do trabalho. É preciso encontrar uma criatura que goste quando você esfrega as costas com os pés vestidos de meias. É preciso encontrar um alguém que goste de retirar suas meias, nem que para isso tenha que usar a boca.
Peixes de aquário não fazem isso. Peixes que não são de aquário também não fazem. Pássaros idem. Gatos detestam meias. Porcos são muito pesados. Coelhos e porquinhos da Ìndia são roedores compulsivos e fétidos. Cavalos são grandes demais. Mas os cachorros, sim, os cachorros podem gostar das suas meias até mais do que você mesmo.
E o Rafael, o cãozinho shi tsu daqui de casa, faz tudo isso. Ele cheira, lambe, puxa, masca e adora as minhas meias. O único porém é que ele também as destrói. É um cãozinho que destrói tudo o que ama. Até os gúgous dos meus filhos. E ele ama cardaços, gúgous, meias e as barras das calças dos seres humanos. Felizmente, ele não se interessa por consoles de video-games.
Sim, é importante compartilhar idéias. É fundamental encontrar na cara metade o apoio para os momentos de alegria, tristeza, insegurança, ardor e amor. Mas além disso, é preciso encontrar um ser que não se importe com o fato de você ficar de meias depois que chega do trabalho. É preciso encontrar uma criatura que goste quando você esfrega as costas com os pés vestidos de meias. É preciso encontrar um alguém que goste de retirar suas meias, nem que para isso tenha que usar a boca.
Peixes de aquário não fazem isso. Peixes que não são de aquário também não fazem. Pássaros idem. Gatos detestam meias. Porcos são muito pesados. Coelhos e porquinhos da Ìndia são roedores compulsivos e fétidos. Cavalos são grandes demais. Mas os cachorros, sim, os cachorros podem gostar das suas meias até mais do que você mesmo.
E o Rafael, o cãozinho shi tsu daqui de casa, faz tudo isso. Ele cheira, lambe, puxa, masca e adora as minhas meias. O único porém é que ele também as destrói. É um cãozinho que destrói tudo o que ama. Até os gúgous dos meus filhos. E ele ama cardaços, gúgous, meias e as barras das calças dos seres humanos. Felizmente, ele não se interessa por consoles de video-games.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Uma raquete frenética e ketchup
A novidade apareceu na casa do meu pai, nesta terça-feira. Uma raquete de tênis elétrica para os pernilongos. É um aparelho interessante. Possui um plug embutido no cabo da raquete para ligar na tomada. As baterias carregadas têm uma longa autonomia para o morticínio de pernilongos. E lá tem muuuiito pernilongo. Em alguns minutos, iniciamos uma competição para ver quem provocava a maior devastação nos mosquitos da área. Ninguém ganhou. Havia mosquito para todo mundo, a raquete elétrica não parava de funcionar.
O barulho de estalo que a raquete produz ao queimar um inseto é meio hipnótico, num instante entramos em frenesi de tanto matar mosquito. Os insetos não tiveram muita chance.
_Matei sete!
_Matei dez!
_Matei uns quinze!
_Não senhor, no seu caso foram os mosquitos que se suicidaram, você nem mexeu a raquete.
_Suicídio mosquital também conta!
_Não, senhor, não vale.
_E no seu caso não foram quinze mosquitos, pelos estalos deve ter sido só uns dois ou três mosquitos durões, que ficaram se debatendo na raquete.
_Mosquito resistente vale mais, oras. É o mosquito Aédis Apagas...
Aí cansamos de matar mosquito e de falar bobagem.
Depois, quando todos estávamos sentados, conversando, minha filha de cinco anos se aproximou da raquete. Eu tentei não bancar o super-protetor tolhedor e só falei para ela tomar cuidado para não tocar na tela da raquete. Alguns segundos depois, minha filha se assusta com o choque e o estalo da raquete. Ela queimou o dedo. A primeira reação foi dizer que não havia doído. Depois desmoronou no meu colo, choramingando de vergonha e de dor por ter se queimado.
Cinco minutos de consolo não foram suficientes para aplacar o choro. Minha irmã teve uma saída providencial.
_Todo mundo sabe que o ketchup é o melhor remédio do mundo para queimadura de raquete. Quer passar ketchup? - ela perguntou.
_Quero - aceitou a minha filha, tendo o dedo totalmente lambuzado de ketchup. Ela lambeu o molho de tomate e bnum instante esqueceu o choro e abriu um sorriso.
Num instante, todos nós fingimos querer uma queimadura no dedo para se lambuzar de molho de tomate. Até que é bom.
O barulho de estalo que a raquete produz ao queimar um inseto é meio hipnótico, num instante entramos em frenesi de tanto matar mosquito. Os insetos não tiveram muita chance.
_Matei sete!
_Matei dez!
_Matei uns quinze!
_Não senhor, no seu caso foram os mosquitos que se suicidaram, você nem mexeu a raquete.
_Suicídio mosquital também conta!
_Não, senhor, não vale.
_E no seu caso não foram quinze mosquitos, pelos estalos deve ter sido só uns dois ou três mosquitos durões, que ficaram se debatendo na raquete.
_Mosquito resistente vale mais, oras. É o mosquito Aédis Apagas...
Aí cansamos de matar mosquito e de falar bobagem.
Depois, quando todos estávamos sentados, conversando, minha filha de cinco anos se aproximou da raquete. Eu tentei não bancar o super-protetor tolhedor e só falei para ela tomar cuidado para não tocar na tela da raquete. Alguns segundos depois, minha filha se assusta com o choque e o estalo da raquete. Ela queimou o dedo. A primeira reação foi dizer que não havia doído. Depois desmoronou no meu colo, choramingando de vergonha e de dor por ter se queimado.
Cinco minutos de consolo não foram suficientes para aplacar o choro. Minha irmã teve uma saída providencial.
_Todo mundo sabe que o ketchup é o melhor remédio do mundo para queimadura de raquete. Quer passar ketchup? - ela perguntou.
_Quero - aceitou a minha filha, tendo o dedo totalmente lambuzado de ketchup. Ela lambeu o molho de tomate e bnum instante esqueceu o choro e abriu um sorriso.
Num instante, todos nós fingimos querer uma queimadura no dedo para se lambuzar de molho de tomate. Até que é bom.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Começando o ano com o pé certo
Não sei qual é o pé certo para se começar o ano. Mas comecei este ano com o pé direito e um monte de coisas boas no coração. Dei um beijo na minha mulher na hora dos fogos da virada, no primeiro minuto do ano, com a minha filha nos braços, vendo os fogos de artifício. Fiz bons votos. Estou no maior capricho. Um pé depois do outro. O segundo pé depois do primeiro.
Aí hoje começou o ano de verdade, com o fim do recesso. Foi quase tudo muito bom, embora com um início crítico, é bem verdade. Faltou luz no prédio e eu fiquei preso no elevador. Foram só cinco minutos, mas pareceu uma eternidade ficar no escuro, no terceiro subsolo. Quando a luz voltou saí do elevador no mesmo instante. Subi dezesseis andares a pé, de medo da luz falhar novamente. Gastei quase dez minutos e suei um bocado. E o ar condicionado demorou a voltar a funcionar. Mesmo assim, foi legal.
Voltar ao trabalho não é revigorante. Antes é preciso revigorar para voltar ao trabalho. Mesmo assim, não foi ruim. Muita energia positiva, as pessoas conversando sobre o feriado, as viagens, as cidades que visitaram, as comidas que comeram, as bebidas que beberam e os presentes que ganharam.
_E aí Careca? Descansou? - perguntou o C3PO, um ser humano do meu trabalho. Para quem não conhece, se o C3PO tivesse nascido na Grécia, antipatia seria nome próprio. Se ele fosse índio, se chamaria "Mala-que-anda". Se fosse
_ô. Foi como trocar de pilhas - eu disse, com a boa vontade natural dos homens de boa vontade.
_Viajou? - insistiu o C3PO.
_Não. Fiquei aqui mesmo.
_Eu fui para os EUA - relatou o C3PO. Ele começou a contar, então, a enorme viagem que fez para San Francisco. Enquanto ele falava, eu imaginava o C3PO naquela cidade cheia de ladeiras, andando no meio da rua, sendo providencialmente atropelado por bondes sem controle. Mas San Francisco deixou o C3PO escapar, o que é imperdoável para uma cidade daquele tamanho.
Durante uns dez minutos, C3PO falou sem parar. Durante dez minutos eu concordei com a cabeça, sem falar nada. Mas até suflê de giló acaba. E o C3PO terminou de contar a história da viagem e foi-se embora.
Naturalmente chequei todos os passos dados, procurando os motivos que me levaram a ser castigado tão terrivelmente pelos céus. Mas, aparentemente, foi uma demonstração sem motivos e totalmente gratuita dos poderes celestiais de Greyskull.
O resto do dia transcorreu sem incidentes e sem nada inspirador para este blog diário. A rotina é uma rotina. A retomada da rotina é só uma coisa a se fazer.
E logo quando eu estava no estacionamente, achando que havia deixado tudo para trás, vejo o C3PO discutindo com o lavador de carros. Aparentemente, o serviço do lavador de carros deixou a desejar. Fui embora rápido, antes que ele me visse.
Cheguei em casa e procurei aqueles ramos do domingo de ramos que a minha mãe me deu. Coloquei dois na minha bolsa de trabalho.
Aí hoje começou o ano de verdade, com o fim do recesso. Foi quase tudo muito bom, embora com um início crítico, é bem verdade. Faltou luz no prédio e eu fiquei preso no elevador. Foram só cinco minutos, mas pareceu uma eternidade ficar no escuro, no terceiro subsolo. Quando a luz voltou saí do elevador no mesmo instante. Subi dezesseis andares a pé, de medo da luz falhar novamente. Gastei quase dez minutos e suei um bocado. E o ar condicionado demorou a voltar a funcionar. Mesmo assim, foi legal.
Voltar ao trabalho não é revigorante. Antes é preciso revigorar para voltar ao trabalho. Mesmo assim, não foi ruim. Muita energia positiva, as pessoas conversando sobre o feriado, as viagens, as cidades que visitaram, as comidas que comeram, as bebidas que beberam e os presentes que ganharam.
_E aí Careca? Descansou? - perguntou o C3PO, um ser humano do meu trabalho. Para quem não conhece, se o C3PO tivesse nascido na Grécia, antipatia seria nome próprio. Se ele fosse índio, se chamaria "Mala-que-anda". Se fosse
_ô. Foi como trocar de pilhas - eu disse, com a boa vontade natural dos homens de boa vontade.
_Viajou? - insistiu o C3PO.
_Não. Fiquei aqui mesmo.
_Eu fui para os EUA - relatou o C3PO. Ele começou a contar, então, a enorme viagem que fez para San Francisco. Enquanto ele falava, eu imaginava o C3PO naquela cidade cheia de ladeiras, andando no meio da rua, sendo providencialmente atropelado por bondes sem controle. Mas San Francisco deixou o C3PO escapar, o que é imperdoável para uma cidade daquele tamanho.
Durante uns dez minutos, C3PO falou sem parar. Durante dez minutos eu concordei com a cabeça, sem falar nada. Mas até suflê de giló acaba. E o C3PO terminou de contar a história da viagem e foi-se embora.
Naturalmente chequei todos os passos dados, procurando os motivos que me levaram a ser castigado tão terrivelmente pelos céus. Mas, aparentemente, foi uma demonstração sem motivos e totalmente gratuita dos poderes celestiais de Greyskull.
O resto do dia transcorreu sem incidentes e sem nada inspirador para este blog diário. A rotina é uma rotina. A retomada da rotina é só uma coisa a se fazer.
E logo quando eu estava no estacionamente, achando que havia deixado tudo para trás, vejo o C3PO discutindo com o lavador de carros. Aparentemente, o serviço do lavador de carros deixou a desejar. Fui embora rápido, antes que ele me visse.
Cheguei em casa e procurei aqueles ramos do domingo de ramos que a minha mãe me deu. Coloquei dois na minha bolsa de trabalho.
domingo, 3 de janeiro de 2010
O fim do recesso e a Lei de Murphy
O ano de 2010 começa para valer, amanhã, segunda-feira, dia 4 de janeiro. Estou adorando cada segundo que passo sem fazer nada. Por isso, hoje até acordei mais cedo. Até as leituras eu adiei. Com o retorno da rotina, deixarei para estrear amanhã o novo policial que comprei. Descuidei um pouco do esforço econômico. Nos últimos dias, para evitar o trabalho na cozinha, temos ido a restaurantes. Descobrimos um excelente restaurante no shopping, com comida decente bem servida e preços razoáveis. A descoberta coincidiu com o fim da temporada de ida a restaurantes, o que não foi uma surpresa para mim. Essa é uma variação da lei de Murphy, conhecida como postulado número 1.
Amanhã, quando retomar a rotina, lembrarei de um monte de coisas que deveria ter feito e não fiz, por pura preguiça. No que terei feito muito bem. Há tempo para tudo. E o bom mesmo de se ter tempo é deixar de fazer as coisas. E não fazer nada.
Amanhã, quando retomar a rotina, lembrarei de um monte de coisas que deveria ter feito e não fiz, por pura preguiça. No que terei feito muito bem. Há tempo para tudo. E o bom mesmo de se ter tempo é deixar de fazer as coisas. E não fazer nada.
sábado, 2 de janeiro de 2010
O Careca mostra a sua verdadeira cara!!
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
O primeiro post de 2010
Fiquei pensando no que escrever como primeiro post de 2010. Decidi que não poderia ser nada muito diferente do que costumo escrever por aqui. A banalidade dos meus dias, de preferência com uma pitada de humor. O difícil está sendo escrever. Mas hoje ainda consigo fazer um post.
Desde já, feliz 2010 a todos.
Desde já, feliz 2010 a todos.
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