"O Natal é triste pros pobres".Esse é o título do primeiro conto de John Cheever que li. E tive o enorme de prazer de ler esse conto perto do Natal, depois de ler um artigo do Paulo Francis elogiando o escritor. Cheever se tornou um dos escritores prediletos do Careca desde então. Mas os romances dele são sofisticados demais para o meu pobre mau-gosto. Prefiro as histórias curtas.
O conto é uma brincadeira com o espírito de Natal. Conta a história de um ascensorista de um prédio de apartamentos ricos. Na véspera de Natal, vai contando as suas mazelas e recebendo as migalhas dos moradores. Mas a generosidade é tanta que o ascensorista perde as estribeiras.
Pelo menos é isso que ficou na minha cabeça. Estou tentando encontrar esse livro de contos há duas semanas, mas não há jeito. Esqueci o nome do livro. Sei que a capa é branca, da Companhia das Letras. O problema é que boa parte da minha estante tem a mesma aparência. Se não me engano, o livro se chama "O Mundo das Maçãs", um troço assim. Uma coletânea de histórias curtas que abriu a minha cabeça para uma parte da literatura americana de que ninguém falava. Nada de beatnicks, nada de Bukowski, nada de policiais e nem de ficção científica. Houve uma época em que eu consumia em larga escala os grandes escritores que apareciam na New Yorker. E Cheever era um campeão da revista.
E o que me surpreende é que escritores profundamente originais ainda surjam de vez em quando, como o grande Tibor Fischer, Hornby e Palatchuk. E também me surpreende o quanto os nomes estão ficando cada vez mais complicados e difíceis de soletrar.
Mesmo assim, estou adotando o hábito rudimentar de não gugar. Estou com uma síndrome de google que nem te conto. É que percebi que toda hora eu estava gugando e isso torrou. Cansei de usar essa muleta. Agora, só de pirraça, eu não entro no google. Fico cultivando a dúvida. Será que é isso? Será que não é? E não entro no corredor gugolês. Mas sempre quando estou no auge do meu anti-guguês, vem aquela vacilada básica. Se estou distraído nas minhas convicções pró-dúvidas, acabo gugando. Ô vício.
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