Eu gosto de ir ao supermercado. Minha mulher não gosta. Mas adora fazer compras. Para ela, seria melhor se o supermercado viesse até ela. Embora não tenha nada contra uma saidinha para ir ao shopping.
Felizmente, consegui me livrar da minha obsessão por prateleiras. A minha mania de ferramentas também está contida pela minha meta de economia. Desde que estabeleci controle mais rígidos para os meus impulsos gastadores, ir ao supermercado se tornou mais prazeroso. Não é que eu seja masoquista. Mas a verdade é que me sinto super bem ao olhar para uma ferramenta multiuso mini-retífica Dremmel e nem parar para ler as especificações técnicas. Passo direto. Também parei de analisar alicates, parafusadeiras, lixadeiras, plainas, serras tico-tico e furadeiras. Não fico mais tanto tempo na seção de ferramentas. Não analiso a composição de colas, tintas e material de bric-a-brac como antes. Para não dizer que estou completamente curado, de vez em quando compro uma caixa, pequena, de parafusos com bucha e fita isolante. Tenho uma gaveta quase cheia de fita isolante. Devo ser o único sujeito do mundo com fita suficiente para se isolar, de corpo inteiro, do elétrico universo circundante.
Pura poesia, né? Na verdade, se fosse possível qualificar o meu instinto poético eu diria que eu sou do tipo desconfiado. Desconfio tão intensamente das coisas que eu sinto, que chego a sentir as coisas que desconfio. (continua)
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