terça-feira, 13 de outubro de 2009

A informação que não faz falta

Em um mês, sem fazer esforço, acumulei 763 arquivos em 64 pastas, com 4,1 gigabites. Resolvi me concentrar em downloads de revistas e e-books ligados a hobbys e manias de colecionar. São revistas de marcenaria e fabricação de utensílios. Encontrei um arquivo que ensina a fabricar facas de aço no estilo do velho oeste.

Fiz o download do livro de um expert em espadas japonesas, que trata do método samurai de afiar espadas. Descolei uma revista hippie do início dos anos 70, que ensina a fazer cadeiras com papelão. Um outro arquivo ensina como fazer qualquer coisa com nós e cordas. Tenho pelo menos dez arquivos com revistas sobre a melhor maneira de se fazer portas. Também tem um monte de revistas sobre pérgulas, retábulos e coretos para jardins. Um número da Woodworking ensina a afiar plainas.

Tenho exemplares com dicas completas para se produzir "dovetails", que são aqueles dentes/encaixes para se construir móveis sem parafusos. Tenho revistas sobre como aplicar uma camada de verniz com qualidade e precisão. Um arquivo ensina, em detalhes, como se escolhe a madeira certa para se construir um relógio-cuco. Tenho especial ciúme de um arquivo gigantesco, de mais de cem megabites, que trata da arte de se organizar guarda-roupas, o que inclui um pequeno e interessante apêndice sobre pequenos reparos no porta-gravatas e dicas para se personalizar cabides.

Já li quase todos os arquivos dessa pequena coleção eletrônica. É uma literatura fascinante, ainda mais envolvente que os livros de cavalaria consumidos pelo herói de Cervantes. Sim, não tenho a menor idéia do que está acontecendo comigo. Às vezes acho que esses arquivos poderão ser úteis algum dia, quando eu tiver vontade, tempo, dinheiro e espaço para montar uma pequena marcenaria em casa, quando houver uma casa.

Por outro lado, às vezes acho tudo uma perda de tempo. Estou juntando refugo eletrônico que jamais vou usar. Não tenho habilidade. Não tenho história. Não tenho parentes marceneiros. Nunca convivi com marceneiros. E não tenho aptidão para o bric-a-brac. Em geral perco muito material do que me meto a construir e fazer.

Mas sou teimoso. Montei todos os móveis daqui de casa, com exceção do sofá. Embora saiba muito bem que montar mesas, armários e estantes da Tok-Stok não me qualifiquem como marceneiro. Mesmo assim tenho orgulho de ter montado essas coisas. Algumas delas bem grandes e pesadas, que transportei sozinho, em carros de passeio, com cordas amarrando portas, lenços e camisas amarrados nas pontas. Talvez esteja só tentando provar para mim mesmo que eu consigo, que eu posso fazer. Mesmo assim, é um monte de informação que não faz falta.

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