Completei um calibre na quinta-feira da semana passada.
Estou numa correria tão grande que não consegui nem parar um pouco, para comemorar direito. Minha mulher fez uma surpresa anunciada, na sexta-feira. A Rose fez um jantar excelente. Todo mundo elogiou, inclusive minha mãe, que é uma cozinheira de mão cheia. Eu não cozinho nada, mas desenvolvi o sombrio senso crítico de quem não tem aptidão nenhuma para a cozinha. E é claro que elogiei, também. E agradeci.
Minha filha cantou para mim aquela música:
"Hoje eu sinto que cresci bastante,
Hoje sinto que sou um gigante,
Do tamanho de um elefante,
Porque hoje é meu aniversario,
E quando chega meu aniversário,
Eu me sinto bem maior, bem maior,
Do que eu era antes".
Foi realmente bonito.
E eu me senti bem maior, bem maior, do que eu era antes.
E bem piegas também.
Esta semana será mais corrida do que as anteriores. Estarei com um tempo reduzido, até para blogar. E espero que me perdonem, por estes dias, los muertos de mi felicidad...
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
Rafael e as borboletas na parede
Minha mulher grudou umas borboletas de cerâmica na parede do quarto da minha filha. São lindas a borboletas. Elas têm umas anteninhas coloridas, lantejoulas, glitter, brilham no escuro. Não sei quantas borboletas estão grudadas. É mais de cinco, menos de dez. São muitas. E elas são apenas borboletas, quero dizer, minha filha não colocou nome nenhum nos bichinhos. Ela gosta de dar nomes. E quando ganham nomes, as coisas dela também ganham pai, mãe e irmão adotivos.
Vejam o Rafael, por exemplo. Rafael é o cachorrinho daqui de casa. É um shitsu, dizem que é "marca" legal. Ela ganhou no aniversário de cinco anos, em setembro. Desde então, em dois meses, o bicho dobrou de tamanho. Antes, cabia num copo. Hoje, já entope a vasilha do liquidificador. Ele também dobrou de preguiça. Parafraseando aquele ex-ministro do Trabalho, o único ser humano daqui de casa com mais preguiça que o cachorrinho sou eu. É uma companhia perfeita. Para assistir televisão. Para exercitar os olhos. Para suspirar de vontade de não fazer nada. Rafael é um convite para o livre ócio. Um estímulo para se ficar a tarde inteira grudado no sofá.
Desde que ganhou nome, Rafael também ganhou um pai(eu), um irmão(meu filho), e duas mães(minha filha e minha mulher). Meu filho o alimenta. Eu dou banho e cuido de alguns descuidos do Rafael. Minha mulher o penteia. Minha filha é quem o mima. E cobre de beijos.
Descobri depois de uma sessão prolongada de beijos e abraços que tenho ciúmes do Rafael. E que a recíproca também é verdadeira. Se eu me aproximo da minha filha quando o Rafael está com ela, o bicho muda a personalidade. De quadrúpede pacato e bonachão, companheiro da nobre arte de não fazer coisa alguma, Rafael passa a bancar o valentão. Late. Rosna. Chateia.
Como é um cachorrinho muito diminutivo, não dá para levar a sério. Mas ele se leva. Por isso, para não magoar o pequeno onívoro, procuro evitar recriminações a beijos e abraços no cachorro quando ele está por perto. Sim, eu achava que essas eram típicas recomendações higiênicas, mas não é nada disso. É ciúme. É ciúme disfarçado de recomendação higiênica. Sim, porque sou eu que dou banho no Rafael e posso garantir que o bicho é limpo. Uso um shampoo bem legal. Eu mesmo poderia dar beijos nesse cachorro. Mas não faço isso. Não dou beijo em bicho nenhum. Nem em peixe. Principalmente em peixe. Talvez seja por preconceito, ou por uma opção de vida diferente, hetero, mais recatada, sem grudação e exagero, coisas que são difíceis para se explicar para uma criança. Eu nem tento. Mas um cafuné eu faço, sem frescuras.
Então? Então é isso. Às vezes, é preciso admitir, tenho ciúmes do Rafael. Mas também entro na fila para fazer carinho nele. O que me consola é que, como qualquer outro ser humano, o Rafael também tem ciúmes de mim. E assim como acontece comigo, às vezes também espera na fila pelo carinho da minha filha. A única diferença é que late.
Vejam o Rafael, por exemplo. Rafael é o cachorrinho daqui de casa. É um shitsu, dizem que é "marca" legal. Ela ganhou no aniversário de cinco anos, em setembro. Desde então, em dois meses, o bicho dobrou de tamanho. Antes, cabia num copo. Hoje, já entope a vasilha do liquidificador. Ele também dobrou de preguiça. Parafraseando aquele ex-ministro do Trabalho, o único ser humano daqui de casa com mais preguiça que o cachorrinho sou eu. É uma companhia perfeita. Para assistir televisão. Para exercitar os olhos. Para suspirar de vontade de não fazer nada. Rafael é um convite para o livre ócio. Um estímulo para se ficar a tarde inteira grudado no sofá.
Desde que ganhou nome, Rafael também ganhou um pai(eu), um irmão(meu filho), e duas mães(minha filha e minha mulher). Meu filho o alimenta. Eu dou banho e cuido de alguns descuidos do Rafael. Minha mulher o penteia. Minha filha é quem o mima. E cobre de beijos.
Descobri depois de uma sessão prolongada de beijos e abraços que tenho ciúmes do Rafael. E que a recíproca também é verdadeira. Se eu me aproximo da minha filha quando o Rafael está com ela, o bicho muda a personalidade. De quadrúpede pacato e bonachão, companheiro da nobre arte de não fazer coisa alguma, Rafael passa a bancar o valentão. Late. Rosna. Chateia.
Como é um cachorrinho muito diminutivo, não dá para levar a sério. Mas ele se leva. Por isso, para não magoar o pequeno onívoro, procuro evitar recriminações a beijos e abraços no cachorro quando ele está por perto. Sim, eu achava que essas eram típicas recomendações higiênicas, mas não é nada disso. É ciúme. É ciúme disfarçado de recomendação higiênica. Sim, porque sou eu que dou banho no Rafael e posso garantir que o bicho é limpo. Uso um shampoo bem legal. Eu mesmo poderia dar beijos nesse cachorro. Mas não faço isso. Não dou beijo em bicho nenhum. Nem em peixe. Principalmente em peixe. Talvez seja por preconceito, ou por uma opção de vida diferente, hetero, mais recatada, sem grudação e exagero, coisas que são difíceis para se explicar para uma criança. Eu nem tento. Mas um cafuné eu faço, sem frescuras.
Então? Então é isso. Às vezes, é preciso admitir, tenho ciúmes do Rafael. Mas também entro na fila para fazer carinho nele. O que me consola é que, como qualquer outro ser humano, o Rafael também tem ciúmes de mim. E assim como acontece comigo, às vezes também espera na fila pelo carinho da minha filha. A única diferença é que late.
sábado, 24 de outubro de 2009
Gosto não se discute
Eu gosto de pão com macarrão. Tem gente que gosta de pão com feijão. Tem gente que gosta de bolacha maizena com chocolate e ketchup. Um monte de pessoas que eu conheço não suporta alcaparras. Eu gosto. E que dizer de alcachofras? Tem gente que nem olha para alcachofras. Eu mesmo posso passar anos sem perceber que fiquei mais de 365 dias sem comer alcachofras. O mesmo vale para aspargos. Posso ficar meses sem cogumelos. E adoro tomate. Um dia ainda vou para aquela festa do tomate, na Europa. Jogar tomate numa multidão deve ser divertido. É melhor do que pisar no tomate. Aliás, deixa pra lá...
Se você me perguntar eu terei prazer em lhe dizer que aprendi a gostar de pão com macarrão num acmpamento que fiz. Foi há muitos anos. Eu fui acampar com um monte de gente e as mochilas molharam. Estragou tudo. Os únicos comestíveis que sobraram foram o pão e o macarrão. Então eu comi pão com macarrão. E gostei. No dia seguinte, também só havia pão com macarrão. Era pegar ou largar. Eu peguei. No terceiro dia, ou você voltava para casa ou encarava o pão com macarrão. Eu encarei. No quarto dia, sim, eu já estava cansado daquilo. Mas era a única coisa que havia. E naquela época, não havia esses programas de sobrevivência na selva passando na TV. Eu não sabia como me alimentar de raízes e brotos, vermes e seres desprezíveis. Hoje também não sei, aliás, tenho o maior nojo dessas coisas. Ugh! Portanto, comi pão com macarrão.
Foi um acampamento memorável. Nunca esqueci daquele acampamento. E nem do pão com macarrão e da vodka. Natasha. Era o nome da vodka. A gente usou também para acender a fogueira. E também como repelente de mosquitos. E também para o motor a álcool. Era uma vodka polivalente. Nunca mais tomei vodka depois daquele acampamento. Fiquei anos sem comer pão com macarrão. Não podia. Me lembrava aquele acampamento. Outro dia, minha mulher e as crianças não estavam em casa. A Rose, a empregada-babá polivalente e graduanda lá de casa, não fez o jantar porque eu havia esquecido de comprar coisas básicas, tipo comida. Só tinha pão e macarrão. Estava muito bom.
Se você me perguntar eu terei prazer em lhe dizer que aprendi a gostar de pão com macarrão num acmpamento que fiz. Foi há muitos anos. Eu fui acampar com um monte de gente e as mochilas molharam. Estragou tudo. Os únicos comestíveis que sobraram foram o pão e o macarrão. Então eu comi pão com macarrão. E gostei. No dia seguinte, também só havia pão com macarrão. Era pegar ou largar. Eu peguei. No terceiro dia, ou você voltava para casa ou encarava o pão com macarrão. Eu encarei. No quarto dia, sim, eu já estava cansado daquilo. Mas era a única coisa que havia. E naquela época, não havia esses programas de sobrevivência na selva passando na TV. Eu não sabia como me alimentar de raízes e brotos, vermes e seres desprezíveis. Hoje também não sei, aliás, tenho o maior nojo dessas coisas. Ugh! Portanto, comi pão com macarrão.
Foi um acampamento memorável. Nunca esqueci daquele acampamento. E nem do pão com macarrão e da vodka. Natasha. Era o nome da vodka. A gente usou também para acender a fogueira. E também como repelente de mosquitos. E também para o motor a álcool. Era uma vodka polivalente. Nunca mais tomei vodka depois daquele acampamento. Fiquei anos sem comer pão com macarrão. Não podia. Me lembrava aquele acampamento. Outro dia, minha mulher e as crianças não estavam em casa. A Rose, a empregada-babá polivalente e graduanda lá de casa, não fez o jantar porque eu havia esquecido de comprar coisas básicas, tipo comida. Só tinha pão e macarrão. Estava muito bom.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Cara a cara
Minha filha me esperou o dia inteiro para jogar "Cara a Cara". É um jogo de tabuleiro. Cada jogador recebe uma espécie de prancheta com 24 "crachás" de pessoas diferentes. Cada jogador escolhe uma carta entre as 24. A carta que você escolhe tem o rosto de uma das pessoas dos "crachás" da prancheta. Ganha o jogo quem conseguir adivinhar ou descobrir a carta do outro, por meio de perguntas.
Minha filha é muito boa nesse jogo. Ela ganhou as três primeiras partidas. Consegui empatar com dificuldades. Depois ela ganhou a quarta partida. Ainda me esforcei, mas ela ganhou a última das cinco partidas. Pedi a chance de uma revanche, mas ela não gosta de fazer nenhuma concessão.
Amanhã, ou talvez no sábado, eu sei que vou ter que esperar um tempão até que ela decida jogar uma nova partida comigo.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Quem viver, viverá
Sempre achei que haviam economizado no ditado.
O certo é: quem viver, viverá.
Afinal, os cegos vivem. E muitos deles não enxergam patavina.
Por falar nisso, preciso ir ao oculista.
Essa é uma legítima frase de antigamente.
Hoje as pessoas vão no oftalmo, que é a abreviatura de oftalmologista.
Todo mundo tem preguiça de falar e de escrever.
É por isso que o cara do Tweeter ganha milhões.
Todo mundo tem pregui!
Inclusive eu.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Fantasma que anda
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O mistério doido do sumiço das notas de 1
Sim, minha querida kombi de leitores, eu não gosto de andar com moedas. Não é que não goste de moedas. Pelo contrário. Gosto tanto de moedas que eu tenho uma coleção delas. Só moedas de dez centavos. Não vale nada, mas é feita com muito esmero. O fato é que não gosto de andar com moedas. Elas tilintam no bolso. Chacoalham. E uma moeda nunca está sozinha, vem sempre acompanhada. Por isso, tilintam. E por causa desse barulho irritante, eu me sinto desconfortável como um cofrinho participando de uma parada militar. Por isso, ao contrário da maioria das pessoas, quando falta troco eu não me importo de pegar os centavos que faltam em balinha. Com isso eu faço o dia da pessoa do caixa mais feliz. E eu gosto de balinhas. Elas não fazem barulho no bolso.
_Moço, não tem troco. Aceita balinha? - pergunta a moça do caixa.
_Hum, não sei não. Que balinha que cê tem aí? - eu digo. Eu gosto de quase tudo quanto é balinha, mas não é bom se fazer de fácil para a moça do caixa.
_Só tem bala de menta.
_Ah, bala de menta eu não gosto. Enjoei. Tem de canela?
_Não, senhor. Só tem de menta e uva. Vai aceitar? - e aí eu não gostei do tom de voz. Soou como se ela estivesse me fazendo um favor e não o contrário.
_Bala de uva deixa a lingua roxa. Bala de menta não tem quem aguenta. Então eu quero o troco em dinheiro, papel-moeda.
_Mas a minha menor nota é de dois reais, senhor.
_Não tem nota de um?
_Não senhor, faz tempo que eu nem vejo nota de um. Só tem moeda de um real.
_Então, me dê a moeda.
_Não, senhor. Eu não tenho moeda nenhuma.
_Mas você não disse que tinha uma moeda de um real.
_Não, senhor. Eu não disse isso. Eu disse...
_Não tem importância. Eu não levar nada - eu digo, e vejo a moça empalidecer. Ela já registrou e é um inferno desregistrar. Ela engole a raiva e inicia o discurso.
_Eu sei o que é isso, senhor. É o horário de verão. Deixa todo mundo irritado. O governo quer que a gente acorde mais cedo, trabalhe e gaste menos energia. Mas o que acontece é que todo mundo acorda mais cedo, trabalha mais e gasta o dobro da energia. Sim, porque quando eu acordo está escuro, não se enxerga nada. E quando eu volto pra casa, está escuro do mesmo jeito, é um horror. E o freguês tem sempre razão, então o senhor já é o terceiro freguês que fica irritado hoje porque eu não tenho troco, não posso fazer nada se aquele rapaz que sempre me ajuda a buscar troco hoje nem apareceu por causa desse maldito horário de verão...
_Não, moça. Você tem razão. Eu também odeio horário de verão. Eu vou levar bala de uva. Não tem a menor importância - e é extraordinário como a irritação mais profunda pode, de repente, se transformar num sorriso de cumplicidade e gratidão.
E as crianças gostaram das balas de uva.
_Pai, o bom da bala de uva é que ela deixa a boca roxa - eles me explicaram.
E o grande mistério permanece. Só acho nota de dois. Acabaram as notas de 1?
_Moço, não tem troco. Aceita balinha? - pergunta a moça do caixa.
_Hum, não sei não. Que balinha que cê tem aí? - eu digo. Eu gosto de quase tudo quanto é balinha, mas não é bom se fazer de fácil para a moça do caixa.
_Só tem bala de menta.
_Ah, bala de menta eu não gosto. Enjoei. Tem de canela?
_Não, senhor. Só tem de menta e uva. Vai aceitar? - e aí eu não gostei do tom de voz. Soou como se ela estivesse me fazendo um favor e não o contrário.
_Bala de uva deixa a lingua roxa. Bala de menta não tem quem aguenta. Então eu quero o troco em dinheiro, papel-moeda.
_Mas a minha menor nota é de dois reais, senhor.
_Não tem nota de um?
_Não senhor, faz tempo que eu nem vejo nota de um. Só tem moeda de um real.
_Então, me dê a moeda.
_Não, senhor. Eu não tenho moeda nenhuma.
_Mas você não disse que tinha uma moeda de um real.
_Não, senhor. Eu não disse isso. Eu disse...
_Não tem importância. Eu não levar nada - eu digo, e vejo a moça empalidecer. Ela já registrou e é um inferno desregistrar. Ela engole a raiva e inicia o discurso.
_Eu sei o que é isso, senhor. É o horário de verão. Deixa todo mundo irritado. O governo quer que a gente acorde mais cedo, trabalhe e gaste menos energia. Mas o que acontece é que todo mundo acorda mais cedo, trabalha mais e gasta o dobro da energia. Sim, porque quando eu acordo está escuro, não se enxerga nada. E quando eu volto pra casa, está escuro do mesmo jeito, é um horror. E o freguês tem sempre razão, então o senhor já é o terceiro freguês que fica irritado hoje porque eu não tenho troco, não posso fazer nada se aquele rapaz que sempre me ajuda a buscar troco hoje nem apareceu por causa desse maldito horário de verão...
_Não, moça. Você tem razão. Eu também odeio horário de verão. Eu vou levar bala de uva. Não tem a menor importância - e é extraordinário como a irritação mais profunda pode, de repente, se transformar num sorriso de cumplicidade e gratidão.
E as crianças gostaram das balas de uva.
_Pai, o bom da bala de uva é que ela deixa a boca roxa - eles me explicaram.
E o grande mistério permanece. Só acho nota de dois. Acabaram as notas de 1?
sábado, 17 de outubro de 2009
O Cabeça e o pé da mesa do Bob
Fomos almoçar hoje, depois de vários finais de semana sem nos encontrarmos. Nosso tradicional almoço de sábado com o Cabeça e a Mulher do Cabeça teve lugar no célebre Tétiateti, um lugar metido a afrancesado num shopping da cidade. Antes o Cabeça me avisou para evitar as ruas que estavam congestionadas.
A capital brasileira passa por profundas reformas em suas vias de acesso. E os engarrafamentos aumentam a olhos vistos. Convocaram os engenheiros e resolveram ampliar as vias. Esses caras são determinados. Trabalham quase todos os dias, especialmente quando podem receber horas extras. Eles gostam de produzir engarrafamentos durante a semana. Mas os bons mesmo acontecem no final de semana. Esses caras parecem fazer parte de um complô universal contra o relaxamento e lazer. O que era ruim, deve piorar. Mas graças às dicas do meu amigo, conseguimos chegar ao Tétibitati rapidinho.
O Cabeça e a Mulher do Cabeça estavam vendo tapetes.
_Pô Cabeça, pra quê cê qué tapete? - eu perguntei.
_É pro meu aquário - ele respondeu, com a fleuma britânica que o caracteriza desde a mais tenra idade. Pergunta besta, resposta imbecil, ensinava a Revista Mad. Nada mais verdadeiro.
Papo vai, papo vem. Eu começo a contar alguma coisa. Começo a contar de quando o Cabeça iniciava protestos nos cinemas de filmes intelectualizados que a gente frequentava, nos tempos da universidade. O Cabeça iniciava o burburinho no cinema, comentando em voz alta que a ordem dos rolos havia sido trocada. Em geral, era filme alemão: Herzog, Fassbinder. Ou então sueco, Bergman de preferência.
_Trocou o rolo. Esse cara aí já morreu, olha lá. E aquela mulher ali, olha, é a mesma que faz o papel de faxineira nas primeiras cenas. O projecionista confundiu tudo. Esse projecionista é uma anta!
E pronto. O reboliço estava formado. Daí a pouco ele comentava de novo e as pessoas começavam a protestar contra o projecionista. A ignorância é a mãe de todas as solidariedades, como todo mundo está careca de saber.
A Mulher do Cabeça, que é a psicóloga que faz a cabeça da elite do Distrito Federal, fez uma observação super-inteligente. Algo sobre a intimidade e a interrupção. Ela observou que alguns casais são engraçados, porque um está sempre interrompendo o outro para consertar detalhes e fazer comentários críticos sobre o que o outro está falando. Isso, no mínimo, não é gentil. Mas acontece.
É por isso que a Mulher do Cabeça ganha por hora de trabalho e eu tenho que esperar no mínimo trinta dias para receber. É por isso que eles vão assistir aos jogos da Copa do Mundo na África do Sul e eu vou esperar a Copa do Rio. Demais, a Mulher do Cabeça.
E foi engraçado porque aí eu fiquei me policiando. Eu reparei na quantidade de vezes em que iria interromper as histórias da minha mulher para corrigir um ponto ou outro, um deslize, uma bobagem qualquer da história contada que não faria a menor diferença. Percebi, em mim mesmo e após apenas alguns minutos de auto-observação, que a intimidade pode ser uma coisa bem invasiva. A gente fica assim, meio íntimo e já acha que pode fazer xixi de porta aberta. Especialmente com a conversa dos outros. E o que é pior, muitas vezes a gente quer consertar as conversas dos outros e acaba deixando tudo sem pé nem cabeça. Por isso, decidi, pelo menos pelo resto do dia, ser um Careca mais proativamente positivo. Não interferir. Deixar a coisa fluir. Apenas acompanhar. Ser le-gal. E não o chato de sempre.
E então mudamos de assunto. Falamos de coisas à tôa. E também de coisas importantes. Tivemos notícias do Bob e da Sabrina, que estão muito felizes em São Paulo.
_Lembra daquela mesa do Bob? - perguntou o Cabeça.
_Aquela da garra de bicho? - eu disse.
_Não, aquela, que tinha uma pata, com unhas grandes, esculpidas - ele falou.
_Uma que era assim, meio rústica? - questionei.
_Isso, essa daí - disse o Cabeça.
_Acho que lembro. Tinha umas unhas, né? - confirmei, ainda em dúvida.
_Tenho medo daquela mesa - disse a Mulher do Cabeça.
_Você vai superar isso. Um dia. Ou noite - comentei, em franco apoio à esposa do meu amigo.
_O Bob adora aquela mesa - disse a Mulher do Cabeça.
_É uma mesa adorável - concordei.
_Não sei, acho que não conheço - disse a minha mulher.
_Você compraria uma mesa daquelas? - perguntou o Cabeça.
_Ele está vendendo? - indaguei.
_Não.
_Então não poderia comprar - respondi.
_Não, lá em casa não cabe mais nada - disse a minha mulher.
É bem difícil. Fluir. É bem difícil.
A capital brasileira passa por profundas reformas em suas vias de acesso. E os engarrafamentos aumentam a olhos vistos. Convocaram os engenheiros e resolveram ampliar as vias. Esses caras são determinados. Trabalham quase todos os dias, especialmente quando podem receber horas extras. Eles gostam de produzir engarrafamentos durante a semana. Mas os bons mesmo acontecem no final de semana. Esses caras parecem fazer parte de um complô universal contra o relaxamento e lazer. O que era ruim, deve piorar. Mas graças às dicas do meu amigo, conseguimos chegar ao Tétibitati rapidinho.
O Cabeça e a Mulher do Cabeça estavam vendo tapetes.
_Pô Cabeça, pra quê cê qué tapete? - eu perguntei.
_É pro meu aquário - ele respondeu, com a fleuma britânica que o caracteriza desde a mais tenra idade. Pergunta besta, resposta imbecil, ensinava a Revista Mad. Nada mais verdadeiro.
Papo vai, papo vem. Eu começo a contar alguma coisa. Começo a contar de quando o Cabeça iniciava protestos nos cinemas de filmes intelectualizados que a gente frequentava, nos tempos da universidade. O Cabeça iniciava o burburinho no cinema, comentando em voz alta que a ordem dos rolos havia sido trocada. Em geral, era filme alemão: Herzog, Fassbinder. Ou então sueco, Bergman de preferência.
_Trocou o rolo. Esse cara aí já morreu, olha lá. E aquela mulher ali, olha, é a mesma que faz o papel de faxineira nas primeiras cenas. O projecionista confundiu tudo. Esse projecionista é uma anta!
E pronto. O reboliço estava formado. Daí a pouco ele comentava de novo e as pessoas começavam a protestar contra o projecionista. A ignorância é a mãe de todas as solidariedades, como todo mundo está careca de saber.
A Mulher do Cabeça, que é a psicóloga que faz a cabeça da elite do Distrito Federal, fez uma observação super-inteligente. Algo sobre a intimidade e a interrupção. Ela observou que alguns casais são engraçados, porque um está sempre interrompendo o outro para consertar detalhes e fazer comentários críticos sobre o que o outro está falando. Isso, no mínimo, não é gentil. Mas acontece.
É por isso que a Mulher do Cabeça ganha por hora de trabalho e eu tenho que esperar no mínimo trinta dias para receber. É por isso que eles vão assistir aos jogos da Copa do Mundo na África do Sul e eu vou esperar a Copa do Rio. Demais, a Mulher do Cabeça.
E foi engraçado porque aí eu fiquei me policiando. Eu reparei na quantidade de vezes em que iria interromper as histórias da minha mulher para corrigir um ponto ou outro, um deslize, uma bobagem qualquer da história contada que não faria a menor diferença. Percebi, em mim mesmo e após apenas alguns minutos de auto-observação, que a intimidade pode ser uma coisa bem invasiva. A gente fica assim, meio íntimo e já acha que pode fazer xixi de porta aberta. Especialmente com a conversa dos outros. E o que é pior, muitas vezes a gente quer consertar as conversas dos outros e acaba deixando tudo sem pé nem cabeça. Por isso, decidi, pelo menos pelo resto do dia, ser um Careca mais proativamente positivo. Não interferir. Deixar a coisa fluir. Apenas acompanhar. Ser le-gal. E não o chato de sempre.
E então mudamos de assunto. Falamos de coisas à tôa. E também de coisas importantes. Tivemos notícias do Bob e da Sabrina, que estão muito felizes em São Paulo.
_Lembra daquela mesa do Bob? - perguntou o Cabeça.
_Aquela da garra de bicho? - eu disse.
_Não, aquela, que tinha uma pata, com unhas grandes, esculpidas - ele falou.
_Uma que era assim, meio rústica? - questionei.
_Isso, essa daí - disse o Cabeça.
_Acho que lembro. Tinha umas unhas, né? - confirmei, ainda em dúvida.
_Tenho medo daquela mesa - disse a Mulher do Cabeça.
_Você vai superar isso. Um dia. Ou noite - comentei, em franco apoio à esposa do meu amigo.
_O Bob adora aquela mesa - disse a Mulher do Cabeça.
_É uma mesa adorável - concordei.
_Não sei, acho que não conheço - disse a minha mulher.
_Você compraria uma mesa daquelas? - perguntou o Cabeça.
_Ele está vendendo? - indaguei.
_Não.
_Então não poderia comprar - respondi.
_Não, lá em casa não cabe mais nada - disse a minha mulher.
É bem difícil. Fluir. É bem difícil.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
De lá mandarei flores
Quando eu penso em você,
eu procuro me lembrar de todos os passos
Primeiro, o local e a data
Um ponto
para marcar o lado oposto
de onde devo começar
E o início,
de quase sempre,
um artigo barato
um nome e o verbo
Caso eu encontre um predicado
ainda que esteja perdido
não estarei tão longe
para que você, meu bem,
possa me alcançar
De lá,
vou mandar flores
em versos sem rima
e beijos sem medidas
E antes mesmo de terminar
sei que estarei distante demais
para um possível retorno
Mesmo assim,
vou mandar flores
em estrofes capengas
incertas carícias
em linhas tortas
Por último,
te darei um título
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Todas as cartas de Van Gogh
Todas as cartas escritas por Van Gogh para seu irmão Theo e um monte de cartas escritas para Van Gogh estão disponíveis no endereço http://www.vangoghletters.org/vg/.
Escrevi há algum tempo sobre essas cartas, de como são pitorescas e pueris. Elas completam os quadros e a arte de Van Gogh. Sem as cartas, não haveria o pintor. Talvez não houvesse dois pintores, pois Vang Gogh trocou correspondência muito interessante com Gauguin, que também era um escritor compulsivo.
Li muitas dessas cartas antes de ler os textos clássicos da Escola de Frankfurt e também os fenomenologistas(principalmente Ernmest Gombrich) e seus tratados sobre arte. Foi também antes de ler o célebre livro de Tom Wolfe, "A Palavra Pintada". Hoje em dia não sei mais dizer quais leituras foram mais importantes. Mais livros para tirar do baú e reler.
Mas enquanto escrevo me vem à lembrança os quadros das cadeiras. O que Van Gogh pintou da cadeira de Gauguin e seu cachimbo. E o que pintou da sua própria cadeira e seu cachimbo. É um barato.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Mais uma saudade antecipada
As crianças dormem cedo aqui em casa. Dá um trabalho danado, mas é bem legal colocar as crianças para dormir. Basicamente, isso exige que você fique ao lado da criança até que ela durma. E isso exige que você ouça e conte histórias de criança. É uma questão de hábito.
Meu filho já tem seis anos de idade, então já está ficando apertado ficar ao lado dele. Nem dá para dividir bem o travesseiro. Fico num canto da cama, às vezes na cadeira da escrivaninha do quarto dele. Mas de vez em quando a gente se encolhe um pouco e ainda divide o travesseiro. É quando ouço suas histórias que me lembro da minha infância com mais clareza. Sua voz é a lanterna no meu ouvido, como disse a propósito das suas próprias memórias, o grande Elias Canetti. É como uma viagem no tempo sem a máquina de H.G.Wells.
O menino, quase sempre, demora mais para dormir. Começamos uma leitura do livro de criança que eles escolhem no quarto de casal. Mas isso, só quando minha mulher dá aula na universidade, à noite. Em geral, dividimos. Minha mulher fica com a menina até que ela durma. Eu fico com o menino. É raro, mas algumas vezes trocamos. Outras vezes, fico aqui, futricando no blog, enquanto escuto a voz do meu filho, que agora lê as histórias antes de dormir.
Minha filha exige mais espaço e os cabelos longos impedem uma divisão de travesseiro. Ela é a menina dos cachinhos dourados e eu sou um urso desastrado, que prende o cabelo dela sem querer. Em compensação, ela é mais leve. Em geral, a carrego adormecida até a sua cama. O menino está mais pesado. É mais difícil de carregar.
Daqui a algum tempo, não faremos mais isso. Não será preciso ficar ao lado deles até que durmam. Aliás, já não é mais preciso. Só é preciso ficar ao lado deles para que durmam cedo.
Náááá.
A verdade é que esse hábito de fazer as crianças dormir cedo evita que nós simplesmente liguemos a televisão. Por causa disso, é preciso dizer, perdi a reprise de um monte de séries da tv a cabo. A grande vantagem, admito, é que já lançaram todas essas séries em caixas de DVDs super-baratos. Hoje é possível assistir qualquer coisa, sem intervalos comerciais. Mas desde que eles durmam cedo. É como um círculo vicioso.
Náááá.
(O bom de escrever sem objetivo definido é que às vezes surgem algumas boas idéias, algumas boas lembranças. Elias Canetti, por exemplo, foi o escritor que mais li no início da minha vida adulta. É preciso buscar alguns livros dele no meu baú.)
Meu filho já tem seis anos de idade, então já está ficando apertado ficar ao lado dele. Nem dá para dividir bem o travesseiro. Fico num canto da cama, às vezes na cadeira da escrivaninha do quarto dele. Mas de vez em quando a gente se encolhe um pouco e ainda divide o travesseiro. É quando ouço suas histórias que me lembro da minha infância com mais clareza. Sua voz é a lanterna no meu ouvido, como disse a propósito das suas próprias memórias, o grande Elias Canetti. É como uma viagem no tempo sem a máquina de H.G.Wells.
O menino, quase sempre, demora mais para dormir. Começamos uma leitura do livro de criança que eles escolhem no quarto de casal. Mas isso, só quando minha mulher dá aula na universidade, à noite. Em geral, dividimos. Minha mulher fica com a menina até que ela durma. Eu fico com o menino. É raro, mas algumas vezes trocamos. Outras vezes, fico aqui, futricando no blog, enquanto escuto a voz do meu filho, que agora lê as histórias antes de dormir.
Minha filha exige mais espaço e os cabelos longos impedem uma divisão de travesseiro. Ela é a menina dos cachinhos dourados e eu sou um urso desastrado, que prende o cabelo dela sem querer. Em compensação, ela é mais leve. Em geral, a carrego adormecida até a sua cama. O menino está mais pesado. É mais difícil de carregar.
Daqui a algum tempo, não faremos mais isso. Não será preciso ficar ao lado deles até que durmam. Aliás, já não é mais preciso. Só é preciso ficar ao lado deles para que durmam cedo.
Náááá.
A verdade é que esse hábito de fazer as crianças dormir cedo evita que nós simplesmente liguemos a televisão. Por causa disso, é preciso dizer, perdi a reprise de um monte de séries da tv a cabo. A grande vantagem, admito, é que já lançaram todas essas séries em caixas de DVDs super-baratos. Hoje é possível assistir qualquer coisa, sem intervalos comerciais. Mas desde que eles durmam cedo. É como um círculo vicioso.
Náááá.
(O bom de escrever sem objetivo definido é que às vezes surgem algumas boas idéias, algumas boas lembranças. Elias Canetti, por exemplo, foi o escritor que mais li no início da minha vida adulta. É preciso buscar alguns livros dele no meu baú.)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
A informação que não faz falta
Em um mês, sem fazer esforço, acumulei 763 arquivos em 64 pastas, com 4,1 gigabites. Resolvi me concentrar em downloads de revistas e e-books ligados a hobbys e manias de colecionar. São revistas de marcenaria e fabricação de utensílios. Encontrei um arquivo que ensina a fabricar facas de aço no estilo do velho oeste.
Fiz o download do livro de um expert em espadas japonesas, que trata do método samurai de afiar espadas. Descolei uma revista hippie do início dos anos 70, que ensina a fazer cadeiras com papelão. Um outro arquivo ensina como fazer qualquer coisa com nós e cordas. Tenho pelo menos dez arquivos com revistas sobre a melhor maneira de se fazer portas. Também tem um monte de revistas sobre pérgulas, retábulos e coretos para jardins. Um número da Woodworking ensina a afiar plainas.
Tenho exemplares com dicas completas para se produzir "dovetails", que são aqueles dentes/encaixes para se construir móveis sem parafusos. Tenho revistas sobre como aplicar uma camada de verniz com qualidade e precisão. Um arquivo ensina, em detalhes, como se escolhe a madeira certa para se construir um relógio-cuco. Tenho especial ciúme de um arquivo gigantesco, de mais de cem megabites, que trata da arte de se organizar guarda-roupas, o que inclui um pequeno e interessante apêndice sobre pequenos reparos no porta-gravatas e dicas para se personalizar cabides.
Já li quase todos os arquivos dessa pequena coleção eletrônica. É uma literatura fascinante, ainda mais envolvente que os livros de cavalaria consumidos pelo herói de Cervantes. Sim, não tenho a menor idéia do que está acontecendo comigo. Às vezes acho que esses arquivos poderão ser úteis algum dia, quando eu tiver vontade, tempo, dinheiro e espaço para montar uma pequena marcenaria em casa, quando houver uma casa.
Por outro lado, às vezes acho tudo uma perda de tempo. Estou juntando refugo eletrônico que jamais vou usar. Não tenho habilidade. Não tenho história. Não tenho parentes marceneiros. Nunca convivi com marceneiros. E não tenho aptidão para o bric-a-brac. Em geral perco muito material do que me meto a construir e fazer.
Mas sou teimoso. Montei todos os móveis daqui de casa, com exceção do sofá. Embora saiba muito bem que montar mesas, armários e estantes da Tok-Stok não me qualifiquem como marceneiro. Mesmo assim tenho orgulho de ter montado essas coisas. Algumas delas bem grandes e pesadas, que transportei sozinho, em carros de passeio, com cordas amarrando portas, lenços e camisas amarrados nas pontas. Talvez esteja só tentando provar para mim mesmo que eu consigo, que eu posso fazer. Mesmo assim, é um monte de informação que não faz falta.
Fiz o download do livro de um expert em espadas japonesas, que trata do método samurai de afiar espadas. Descolei uma revista hippie do início dos anos 70, que ensina a fazer cadeiras com papelão. Um outro arquivo ensina como fazer qualquer coisa com nós e cordas. Tenho pelo menos dez arquivos com revistas sobre a melhor maneira de se fazer portas. Também tem um monte de revistas sobre pérgulas, retábulos e coretos para jardins. Um número da Woodworking ensina a afiar plainas.
Tenho exemplares com dicas completas para se produzir "dovetails", que são aqueles dentes/encaixes para se construir móveis sem parafusos. Tenho revistas sobre como aplicar uma camada de verniz com qualidade e precisão. Um arquivo ensina, em detalhes, como se escolhe a madeira certa para se construir um relógio-cuco. Tenho especial ciúme de um arquivo gigantesco, de mais de cem megabites, que trata da arte de se organizar guarda-roupas, o que inclui um pequeno e interessante apêndice sobre pequenos reparos no porta-gravatas e dicas para se personalizar cabides.
Já li quase todos os arquivos dessa pequena coleção eletrônica. É uma literatura fascinante, ainda mais envolvente que os livros de cavalaria consumidos pelo herói de Cervantes. Sim, não tenho a menor idéia do que está acontecendo comigo. Às vezes acho que esses arquivos poderão ser úteis algum dia, quando eu tiver vontade, tempo, dinheiro e espaço para montar uma pequena marcenaria em casa, quando houver uma casa.
Por outro lado, às vezes acho tudo uma perda de tempo. Estou juntando refugo eletrônico que jamais vou usar. Não tenho habilidade. Não tenho história. Não tenho parentes marceneiros. Nunca convivi com marceneiros. E não tenho aptidão para o bric-a-brac. Em geral perco muito material do que me meto a construir e fazer.
Mas sou teimoso. Montei todos os móveis daqui de casa, com exceção do sofá. Embora saiba muito bem que montar mesas, armários e estantes da Tok-Stok não me qualifiquem como marceneiro. Mesmo assim tenho orgulho de ter montado essas coisas. Algumas delas bem grandes e pesadas, que transportei sozinho, em carros de passeio, com cordas amarrando portas, lenços e camisas amarrados nas pontas. Talvez esteja só tentando provar para mim mesmo que eu consigo, que eu posso fazer. Mesmo assim, é um monte de informação que não faz falta.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
domingo, 11 de outubro de 2009
Uma caneta que desafia a gravidade
Tenho uma caneta que fica em pé. É uma esferográfica-termômeto-relógio-cronômetro-despertador. Uma maravilha como essa teria custado a vida de duzentas concubinas chinesas há cem anos. Não sei quanto custou, mas parece ter custado pouco. Foi minha mulher que trouxe essa caneta e colocou sobre a mesa. As crianças gostaram.
Ela parece levitar, dependendo do ângulo que se olha. Não parece muito resistente. É feita com um plástico bem leve. Eu uso essa caneta para anotar recados e coisas que preciso me lembrar, quando estou ao telefone. É bem útil. Mas o termômetro não funciona bem. E o relógio é difícil de acertar. Mas funciona corretamente. O cronômetro não tem muita utilidade pra mim. Uso para brincar de prender a respiração, brincando com as crianças. Também gosto de cronometrar o Rafael, quando jogo a bola de poliuretano para ele pegar. É bastante rápido esse cachorrinho. E esperto. Ele sabe que não dá conta de frear no piso do apartamento e já conta com a derrapagem e o toque na parede com apoio para impulso. Ele está reduzindo seus tempos, desde que começamos a brincadeira.
Minha caneta parece desafiar a gravidade. Ela oscila sob o relógio digital embutido, equilibrada sobre a ponta esferográfica de tungstênio. Sei que é só um pequeno imã que a sustenta, em suspenso. É bem cômodo manter a caneta assim, dessa maneira.
Ela parece levitar, dependendo do ângulo que se olha. Não parece muito resistente. É feita com um plástico bem leve. Eu uso essa caneta para anotar recados e coisas que preciso me lembrar, quando estou ao telefone. É bem útil. Mas o termômetro não funciona bem. E o relógio é difícil de acertar. Mas funciona corretamente. O cronômetro não tem muita utilidade pra mim. Uso para brincar de prender a respiração, brincando com as crianças. Também gosto de cronometrar o Rafael, quando jogo a bola de poliuretano para ele pegar. É bastante rápido esse cachorrinho. E esperto. Ele sabe que não dá conta de frear no piso do apartamento e já conta com a derrapagem e o toque na parede com apoio para impulso. Ele está reduzindo seus tempos, desde que começamos a brincadeira.
Minha caneta parece desafiar a gravidade. Ela oscila sob o relógio digital embutido, equilibrada sobre a ponta esferográfica de tungstênio. Sei que é só um pequeno imã que a sustenta, em suspenso. É bem cômodo manter a caneta assim, dessa maneira.
sábado, 10 de outubro de 2009
Quero ser Q. Tarantino
Eu e a minha mulher fomos ver Bastardos Inglórios. Ri à beça. Tarantino é um dos caras mais divertidos que o cinema inventou. E os caras que fazem filmes para ele parecem estar, visivelmente, também se divertindo. Aí lembrei (não sei o motivo, talvez pela sensação de estranheza) de um outro filme, o "Quero ser John Malkovich. Se você não viu, corra e pegue numa locadora. Ou compre. Mas veja.
Em "Quero ser..." uns caras descobrem um jeito de entrar na cabeça e corpo de John Malkovich. Eles não se transformam nele. Simplesmente entram na cabeça e "ficam sendo" J. Malkovich. É super-hilário. Então, eu saí do filme do Tarantino com minha mulher. E nós ficamos conversando sobre o filme do Tarantino e eu só ficava pensando em "Quero ser J. Malkovich". E nem preciso dizer que os dois filmes são muito diferentes. Um não tem nada a ver com o outro. Foi só uma idéia que surgiu.
A idéia do post do "Quero ser Quentin Tarantino". Quero dizer, eu não tenho a menor vontade de ser outra pessoa, gosto de ser eu mesmo, até mesmo quando eu sou só um pedaço de mim, o Careca. Mas se fosse possível entrar na cabeça de uma pessoa e "ficar sendo" ela por alguns minutos, então eu gostaria de ser Tarantino por algumas horas. Aí fiquei pensando, puxa, em "Quero ser J. Malkovich" os caras encontram uma passagem secreta para a cabeça do Malkovich num meio andar de um prédio de salas comerciais. Super estranho aquele túnel até o Malkovich. E como seria a passagem secreta para a cabeça de Tarantino? Teria que ser uma passagem secreta super diferente. Teria que ser num banheiro grande, com azulejos brancos, igual àquele da cena do policial infiltrado, em Cães de Aluguel. Um banheiro comum, mas com uma carga de tensão. Ou descarga. O típico banheiro de clube. E teria que ser uma passagem que só se abriria durante festas de debutantes, por algumas horas. E a melhor passagem para a cabeça de Tarantino seria como em "Trainspotting", quando o cara mergulha no vaso e continua o mergulho em profundidade, como em "Imensidão Azul".
E depois que eu paro pra pensar, é que eu me dou conta de que a maior parte do imaginário da minha cabeça já está tomada pela iconografia e subcultura que não é propriamente minha. É importada. Minha cabeça está tomada pelas figuras que não estão nem um pouco próximas do que eu sou. Quero dizer, como seria a passagem secreta de "Quero ser Caetano Veloso"? "Quero ser Chico Buarque"? Ney Matogrosso? Renato Aragão? E a do filme "Quero ser Vera Fischer"? "Quero ser Daniela Mercury"?
É, ridículo, não queria ser nenhum deles. Mas com alguns atletas, talvez fosse diferente. Talvez Romário. Seria um barato "ficar sendo" Romário por uma hora. Falando "peixe, isso", "peixe, aquilo". Peixe. Pensei em Ronaldinho, mas gosto de ficar sóbrio. E quanto ao melhor de todos os Ronaldos, bom, eu também quero emagrecer.
Ou então, pensei, que tal ser um escritor? João Ubaldo. Queria "ficar sendo" João Ubaldo, algumas horas. Mas a passagem secreta seria em algum lugar na Alemanha, com certeza, o que seria fora de mão. O Ivan Lessa? Não, ele mora em Londres. Além disso, teria que ser num horário em que ele fosse tomar banho de sol, lá é muito nublado, um horror.
Ou então, eu poderia encontrar a passagem secreta para a cabeça de um blogueiro, ou uma blogueira, quem sabe?
Te cuida, Bono. Proteja-se Franka.
Em "Quero ser..." uns caras descobrem um jeito de entrar na cabeça e corpo de John Malkovich. Eles não se transformam nele. Simplesmente entram na cabeça e "ficam sendo" J. Malkovich. É super-hilário. Então, eu saí do filme do Tarantino com minha mulher. E nós ficamos conversando sobre o filme do Tarantino e eu só ficava pensando em "Quero ser J. Malkovich". E nem preciso dizer que os dois filmes são muito diferentes. Um não tem nada a ver com o outro. Foi só uma idéia que surgiu.
A idéia do post do "Quero ser Quentin Tarantino". Quero dizer, eu não tenho a menor vontade de ser outra pessoa, gosto de ser eu mesmo, até mesmo quando eu sou só um pedaço de mim, o Careca. Mas se fosse possível entrar na cabeça de uma pessoa e "ficar sendo" ela por alguns minutos, então eu gostaria de ser Tarantino por algumas horas. Aí fiquei pensando, puxa, em "Quero ser J. Malkovich" os caras encontram uma passagem secreta para a cabeça do Malkovich num meio andar de um prédio de salas comerciais. Super estranho aquele túnel até o Malkovich. E como seria a passagem secreta para a cabeça de Tarantino? Teria que ser uma passagem secreta super diferente. Teria que ser num banheiro grande, com azulejos brancos, igual àquele da cena do policial infiltrado, em Cães de Aluguel. Um banheiro comum, mas com uma carga de tensão. Ou descarga. O típico banheiro de clube. E teria que ser uma passagem que só se abriria durante festas de debutantes, por algumas horas. E a melhor passagem para a cabeça de Tarantino seria como em "Trainspotting", quando o cara mergulha no vaso e continua o mergulho em profundidade, como em "Imensidão Azul".
E depois que eu paro pra pensar, é que eu me dou conta de que a maior parte do imaginário da minha cabeça já está tomada pela iconografia e subcultura que não é propriamente minha. É importada. Minha cabeça está tomada pelas figuras que não estão nem um pouco próximas do que eu sou. Quero dizer, como seria a passagem secreta de "Quero ser Caetano Veloso"? "Quero ser Chico Buarque"? Ney Matogrosso? Renato Aragão? E a do filme "Quero ser Vera Fischer"? "Quero ser Daniela Mercury"?
É, ridículo, não queria ser nenhum deles. Mas com alguns atletas, talvez fosse diferente. Talvez Romário. Seria um barato "ficar sendo" Romário por uma hora. Falando "peixe, isso", "peixe, aquilo". Peixe. Pensei em Ronaldinho, mas gosto de ficar sóbrio. E quanto ao melhor de todos os Ronaldos, bom, eu também quero emagrecer.
Ou então, pensei, que tal ser um escritor? João Ubaldo. Queria "ficar sendo" João Ubaldo, algumas horas. Mas a passagem secreta seria em algum lugar na Alemanha, com certeza, o que seria fora de mão. O Ivan Lessa? Não, ele mora em Londres. Além disso, teria que ser num horário em que ele fosse tomar banho de sol, lá é muito nublado, um horror.
Ou então, eu poderia encontrar a passagem secreta para a cabeça de um blogueiro, ou uma blogueira, quem sabe?
Te cuida, Bono. Proteja-se Franka.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Um trecho de Tibor Fischer
O problema no teclado se manisfesta novamente. Isso me tira a vontade de escrever.
"É um pouco deprimente pensar que ajudar os outros não nos ajuda em nada. Podemos passar a vida inteira fazendo favores, mas não vamos conseguir nem um copo de água ou cinco minutos de alívio numa sinusite por causa disso. Talvez a coisa deva ser assim mesmo, mas não há dúvida de que os egoístas e insensíveis têm a vida mais fácil." (pág. 198 de Viagem ao Fundo da Sala, de Tibor Fischer - Ed. Rocco)
É só um trecho do escritor mais genial e divertido que li nos últimos dois anos.
"É um pouco deprimente pensar que ajudar os outros não nos ajuda em nada. Podemos passar a vida inteira fazendo favores, mas não vamos conseguir nem um copo de água ou cinco minutos de alívio numa sinusite por causa disso. Talvez a coisa deva ser assim mesmo, mas não há dúvida de que os egoístas e insensíveis têm a vida mais fácil." (pág. 198 de Viagem ao Fundo da Sala, de Tibor Fischer - Ed. Rocco)
É só um trecho do escritor mais genial e divertido que li nos últimos dois anos.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Emergência médica
É, meu olho esquerdo fechou de vez. O olho direito começa a ficar inchado. Fui a uma clínica especializada. A pomada que me indicaram no trabalho era mesmo a mais adequada. Tenho que usar compressas de água quente. É terçol. Sempre ouvi a palavra, achava que era só um nome ridículo para um pretexto ainda mais rdículo, para se faltar ao trabalho. Mas não. É uma inflamação da glândula sebácea do olho. Incha que é um horror. Estou mais feio que De Niro em Raging Bull. Meu olho Jake De la Motta parece ter sido trabalhado por um boxeador peso médio durante dois dias. Dói. E o meu outro olho também está doendo um pouco. É melhor me poupar.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Eye of the tiger
As pessoas não estão mais olhando umas para as outras. Não tem a ver só com a falta de preocupação com o outro. Tem a ver com a pouca importância que se dá a se olhar para o outro. Percebi isso na minha própria pele, com clareza.
Não, está tudo errado. Não posso generalizar o que acontece comigo dessa maneira. Na verdade, as pessoas não estão mais olhando muito para mim. Não tem só a ver com a falta de preocupação comigo. Mas com uma espécie de fastio em me olhar. Nunca fui muito olhável, mesmo. E acho que sou um tipo fácil de enjoar de olhar. Sou perfeitamente enquadrável numa longa série de estereótipos. Baixinho, barriga de chopp, careca, míope, bocó, caipira, provinciano, etc. A maior parte das pessoas tende a sacar o meu tipo com uma olhadela rápida, com o canto do olho, meio de esguelha, sem muito interesse em detalhes. Detalhes são para quem se dá importância.
Na segunda-feira, amanheci com um olho inchado, quase fechado. Ruim mesmo. Eu parecia ter sido vítima de um golpe bem aplicado de judô na pálpebra. Meu olho estava vermelho e inchado. Ele parecia um lutador de sumô, liso e rosado, como se tivesse bebido muita água.
Agi naturalmente. Como se não tivesse nada no olho. Beijei as crianças, brinquei com elas, joguei video game. Beijei a minha mulher, brinquei, não joguei video game. Fui levar as crianças para a escola, normalmente. Cumprimentei todo mundo. Fui trabalhar como sempre. Cheguei cedo, o primeiro a chegar. Falei com todo mundo. Ninguém reparou.
Não mudei o meu jeito de agir. Eu converso olhando as pessoas nos olhos. Sou um bocado metido e acho que não devo desviar o olho de quem conversa comigo, por uma questão de respeito. Para mostrar que estou prestando atenção. Pra mostrar concordância. Para mostrar que meus argumentos são mais convincentes e melhores. Para um monte de coisa. Inclusive para não mostrar subserviência. Quem desvia o olho, também costuma recuar em argumentos.
Na terça-feira, meu olho estava do mesmo jeito e aconteceu a mesma coisa.
Hoje, quarta-feira, meu olho piorou. De meio fechado, passou àquele jeito meio Virgulino de ser, caidaço. A primeira a perceber, foi minha filha. Depois minha mulher. Meu filho. Me olharam consternados. Na escola, algumas pessoas me olharam com um misto de asco e medo de contágio. No trabalho, depois de duas horas alguém percebeu e a notícia se espalhou, rapidamente.
Recebi a solidariedade das pessoas que trabalham comigo. Me recomendaram uma pomada. Água boricada. Em casa, me olham com uma simpatia benevolente. E agora, meu olho dói um pouco, bem pouco. E não é tanto o olho, é mais o amor-próprio que dói. Durante dois dias inteiros fiquei andando de olho inchado e ninguém percebeu. Será que ando fazendo a mesma coisa? Ignorando tudo o que não se passa ao redor do meu umbigo?
Provavelmente, sim. Da mesma falta do que nos queixamos dos outros, também estamos cheios. Não sou diferente. Eu me enquandro perfeitamente nesse e em outros estereótipos.
Amanhã eu sei que estarei bem melhor.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
O post número 700
Era para ser diferente. A esta altura, milhares de mensagens já estariam entupindo a minha caixa de e-mail com hurras e vivas. Minha conta bancária estaria repleta de dólares e euros. Flores chegariam ao meu apê. Cartões de felicitações transbordariam da minha caixa de correios. Mocinhas voluptuosas trajando biquínis de bolinha amarelinha cantariam telegramas fonados na porta de casa. Da minha janela, eu veria as faixas das fãs: "Nós Coração Careca"! Me too, me too!
Cheguei ao post número 700. Uma porção dessas coisas ainda não aconteceu. A porção restante nunca vai acontecer. Não tem problema. Estou me sentindo bem. Amanhã será um outro dia. Mas começo a achar que começo a enfrentar um princípio de inferno astral. Caí na malha fina e demoro a encontrar o bom humor. Era para ser diferente. Para melhorar, escuto "Dancin til dawn" do Lenny Kravitz. Está aí, na Rádio Careca.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Obama não recebe Dalai Lama em Washington
Obama quebra precedente e não recebe Dalai Lama em Washington. Essa é a manchete completa. Há 18 anos, todos os presidentes dos EUA recebem o Dalai Lama quando ele faz uma visita. Obama quebrou um ótimo precedente, uma antiga tradição.
"A decisão de romper com o precedente e adiar qualquer encontro foi comunicada ao Dalai Lama no mês passado, quando Valerie Jarrett, conselheira-sênior de Obama, e Maria Otero, vice-secretária do Departamento de Estado, viajaram a Dharamsala, na Índia, para explicar a abordagem do governo em relação ao Tibete."
"Obama prefere esperar até depois de sua reunião com o presidente chinês, Hu Jintao, em novembro, antes de se encontrar com o Dalai Lama, possivelmente em dezembro, disseram autoridades."(Agência Reuters)
Não morro de amores pelo Dalai Lama, mas tenho enorme respeito pelo sujeito que sempre falou de paz e agiu pacificamente. A quebra de precedente, e o aparente condicionamento de um encontro ao resultado de uma reunião com o líder da China, é o mesmo que rasgar uns vinte ou trinta discursos politicamente corretos.
O que acontece caso o Presidente dos EUA não receba o Dalai? Um massacre? Nada?
E para a China, tudo?
"A decisão de romper com o precedente e adiar qualquer encontro foi comunicada ao Dalai Lama no mês passado, quando Valerie Jarrett, conselheira-sênior de Obama, e Maria Otero, vice-secretária do Departamento de Estado, viajaram a Dharamsala, na Índia, para explicar a abordagem do governo em relação ao Tibete."
"Obama prefere esperar até depois de sua reunião com o presidente chinês, Hu Jintao, em novembro, antes de se encontrar com o Dalai Lama, possivelmente em dezembro, disseram autoridades."(Agência Reuters)
Não morro de amores pelo Dalai Lama, mas tenho enorme respeito pelo sujeito que sempre falou de paz e agiu pacificamente. A quebra de precedente, e o aparente condicionamento de um encontro ao resultado de uma reunião com o líder da China, é o mesmo que rasgar uns vinte ou trinta discursos politicamente corretos.
O que acontece caso o Presidente dos EUA não receba o Dalai? Um massacre? Nada?
E para a China, tudo?
A qualidade da música
É super-importante passar o final de semana a ouvir música de qualidade. A exposição a música de má qualidade acaba com o bom humor do ser humano e provoca desânimo. Música ruim é um embaraço. É triste. Provoca tristeza. É entristecedora.
E cansa.
Li em algum lugar que os tímpanos, como os elefantes, não se esquecem. Eles são acumuladores de decibéis. Se você ouvir muito barulho, não vai adiantar ficar muito tempo sem ouvir barulho. Todas as vezes que ouvir muito barulho você estará mais próximo da surdez. E quando a música é ruim, a acumulação é maior, é uma coisa impressionante.
No fim, é quase o contrário do que diz o ditado. Nossos ouvidos pedem penico.
domingo, 4 de outubro de 2009
A empatia necessária
Houve uma época em que eu me preocupava com o fato de não despertar simpatia imediata. Sim, eu queria que todas as pessoas gostassem de mim, sem que eu precisasse fazer nada.
Plim! Bastaria eu aparecer para que todos quisessem meu autógrafo tatuado na testa, meu poster central, rir das minhas piadas e gostar das minhas histórias e estórias.
É óbvio que o que acontecia era o contrário.
Eu despertava os piores impactos possíveis, os mais nulos. Eu era um campeão de sem-graceza. Um paladino do canto mudo. Ninguém jamais me pediu autógrafos, a não ser em cheques pré-datados. As minhas piadas são fracas, fracas. E conto na minha kombi as pessoas que gostam das minhas historias e estórias.
Mas desencanei. E nada melhorou. Continuo a ser um terrível causador de péssimas primeiras impressões.
Agora estou trabalhando duro para entrar em forma. Tudo para a minha pose de poster central.
Plim! Bastaria eu aparecer para que todos quisessem meu autógrafo tatuado na testa, meu poster central, rir das minhas piadas e gostar das minhas histórias e estórias.
É óbvio que o que acontecia era o contrário.
Eu despertava os piores impactos possíveis, os mais nulos. Eu era um campeão de sem-graceza. Um paladino do canto mudo. Ninguém jamais me pediu autógrafos, a não ser em cheques pré-datados. As minhas piadas são fracas, fracas. E conto na minha kombi as pessoas que gostam das minhas historias e estórias.
Mas desencanei. E nada melhorou. Continuo a ser um terrível causador de péssimas primeiras impressões.
Agora estou trabalhando duro para entrar em forma. Tudo para a minha pose de poster central.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Dancei na minha folga
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