domingo, 11 de dezembro de 2011

No canto do assoalho



Mr President - The Best Is Yet to Come

Às vezes, não é sempre, tenho a impressão de que perdi todas as minhas fichas e chances, cheguei ao fundo do poço. E como estou lá embaixo, trato de olhar para cima e começar a me erguer lentamente. Faço um grande esforço, mas nada vem à minha mente, tudo me escapa, meus sentidos falham, meu instinto fraqueja. Nessas horas procuro escutar uma música, ver alguma coisa bonita, uma foto, um quadro, uma pintura. Recupero uma lembrança, busco um sonho numa gaveta. Procuro um livro na estante, folheio um deles ao acaso. Faço dessas coisas companhia. Ficar sozinho é uma questão de escolha, e eu mesmo fiz todas as minhas escolhas, ninguém me obrigou a isso. É assim que me acalmo, quando percebo que o caminho que eu faço, sou eu mesmo que traço todos os dias, sou o único responsável. Depois de me encarar no espelho, é que procuro vencer meus medos. Nem sempre consigo.

Noutras vezes, acredito em milagres, que as coisas vão se resolver sozinhas e que não existem motivos óbvios para os exageros do meu bruxismo. É lógico que nada se resolve por si mesmo.

Logo que nos mudamos, montei dois grandes armários no escritório. Eles pareciam absolutamente necessários para acomodar um sem número de objetos e documentos. Mesmo assim ficaram praticamente vazios por algum tempo. Nesse período, eu os abria todos os dias à procura de papéis e objetos que me eram muito úteis e imprescindíveis. Depois, a pretexto de organizar as coisas, comecei a enchê-los de coisas que não poderiam ficar em outros lugares. Rapidamente os dois armários ficaram lotados de bugigangas. Hoje percebi que não abro esses armários há pelo menos dois meses.

Ás vezes temo que este blog tenha se tornado algo parecido com aqueles armários, uma espécie de depósito de frivolidades e coisinhas sem importância e insignificantes. Outras vezes temo que a minha vida esteja se tornando também muito frívola e insignificante. É nessas horas que me vejo no fundo do poço e procuro olhar para cima. Talvez seja tudo verdade, todas essas coisas desimportantes jamais me levarão a lugar algum. São apenas murmúrios e lamentos sobre os meus fracassos. Mas quando só uma coisa nos resta, será que é possível prescindir justamente dessa coisa? Para mim, não.

Já estive em diversas encruzilhadas e talvez essa seja a pior. Acabaram as cartas na manga, a esperança de uma reviravolta, a confiança em um resgate, coisas que me salvaram em outras ocasiões. Estou como aquele sujeito que enverniza o assoalho da casa e se vê espremido no canto, sem ter como sair do corner. Tenho que esperar o verniz secar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bobagem véi,
Isso aí é depressão pura e simples, nada que um bom e honesto comprimido de fluoxotina não resolva.
Até mesmo o cabeça tem capacidade para diagnosticar isso.

Abraço, Jocka

Careca disse...

Jocka, acho que vou seguir aquele conselho sobre a birita terapêutica. Afinal, é tempo de festa. Abç,

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