Gosto muito de esculturas. Minha fascinação por estátuas começou ainda menino, olhando para os anjos de Ceschiatti pendurados em cabos de aço, fazendo rapel sem as mãos, direto do teto da Catedral de Brasília sobre a minha cabeça. São lindos e impressionantes, assim como os profetas do lado de fora. Ah, os profetas. Todo mundo que passou um pedaço da infância em Brasília tem uma foto ao pé de algum profeta, pendurado num dedo gigantesco, sentado sobre pés de bronze verde escuro. E todo mundo tem ainda uma foto em frente à cópia da Pietá, de Michelangelo, em exposição permanente também na Catedral. Todas as vezes que vou lá acabo com torcicolo, de tanto esticar o pescoço para ver os anjos, de tanto forçar a vista para engolir os detalhes da Pietá com os olhos. Também eu insisto com as crianças para que façam poses perto dos profetas e lá vão eles se encostar numa das estátuas gigantes. Desde pequeno, portanto, escultores para mim eram dois: Michelangelo e Ceschiatti.
Isso só durou até o dia em que vi uma fotografia do Davi, de Bernini. O magnífico Davi de Michelangelo é uma estátua perfeita do herói em repouso. O Davi de Bernini é o herói no exato momento em que morde o lábio e ajeita a pedra na funda, com o corpo a ponto de romper a tensão que o fará acertar a testa do gigante Golias. Michelangelo é um mestre, um colosso. Mas Bernini fez o mármore se metamorfosear em árvore, folha, pena, escama, carne, água, pele e no êxtase de Santa Teresa. Bernini foi até onde ninguém mais será capaz de ir. Ele extrapolou todos os limites e alcançou a total maestria.
Agora estou procurando uma boa biografia ilustrada de Bernini e não encontro boas referências de nenhuma. O escultor e arquiteto responsável pela praça da basílica de São Pedro, com suas colunas e estátuas, não tem uma biografia consolidada, pairam muitas dúvidas sobre diversos aspectos de sua vida. De qualquer maneira, não existe questionamento sobre a sua arte. Era um escultor genial, que trabalhava em ritmo frenético, com uma produtividade fenomenal.
Também não encontrei uma boa biografia sobre Ceschiatti. Depois de uma busca na internet eu li uma história da Vera Brant que falava um pouco sobre Ceschiatti, o gênio que os pais inicialmente pensaram que fosse retardado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário