domingo, 18 de novembro de 2012

As jabuticabas estão quase no fim


Meu amigo Velho Tom perguntou outro dia como estavam as jabuticabas, mas estive enrolado com uma série de pequenos reparos na casa e acabei me esquecendo de responder. Choveu forte ainda na metade da semana passada e tive que secar o sótão duas vezes. Acho que terei que aplicar uma nova camada de impermeabilizante na parte de cima da casa. Algumas telhas de barro não suportam a variação de temperatura nessa época, o frio intenso e úmido das madrugadas e o sol forte e seco do meio-dia. As mais frágeis trincam. O processo se repete várias vezes e as telhas acabam com rachaduras. Na sequência, uma chuva forte completa o processo e as telhas se quebram. E basta uma telha quebrada durante uma chuvarada para que o sótão se inunde e a água comece a se infiltrar para o teto da minha sala, do escritório e de outros locais da casa. O trabalho não é complicado, mas exige tempo para ser feito. A aplicação do produto é simples, só preciso que tudo esteja limpo no local. Isso é super chato de se fazer porque o teto é baixo e não suporto ficar muito tempo curvado. Mas agora não posso mais postergar a limpeza, dessa semana não passa.

Como esperado, a jabuticabeira não produziu tanto quanto no ano passado, mas mesmo assim enchemos alguns baldes. Agora está quase no fim, só sobraram as que ficam em lugares muito altos. Estranhamente, apesar das caras idiotas de felicidade que eu e minha mulher fazemos comendo jabuticabas, as crianças não ligam a mínima para elas. E também não se importam com cajus, abacates, jambos, jacas, romãs, amoras, goiabas, mangas, mexericas, laranjas, cajás, acerolas, ameixas, caquis e figos que despencam das árvores no quintal dos avós. Meu filho só gosta de maçãs e peras. Minha filha só come bananas.

Tentei convencê-los a experimentar coisas novas. Eu disse que minha mãe colocava o chinelo em cima da mesa e bastava isso para me convencer a experimentar o máximo de coisas novas que eu pudesse.

_Mas pai, nós somos diferentes, isso não funcionar.

Então eu falei sobre o Tio Moa.

_O Tio Moa está chegando aos 50 e só come arroz, feijão, batata frita e bife sem cebola. Alguém já viu ele comer outra coisa? Não! Nunca! Jamais! Porque ele, desde menino nunca quis experimentar mais nada. A mãe dele, a Dona Cândida, vivia fazendo promessa pra ele experimentar outra coisa, comer um tomate, macarrão, xuxu, abobrinha, frango. Mas nada. O Tio Moa só queria saber de fritas e bife, arroz e feijão. Um dia, depois de uma novena inteira e de rezar duas semanas ajoelhada em cima de milho, a D. Cândida resolveu que era hora de apelar. Ela encheu o prato do Tio Moa de alface, cenoura, tomate, cebola, agrião, rúcula, azeitona e disse que enquanto ele não comesse tudo o que tinha no prato não poderia se levantar. As horas foram passando, passando, passando e nada do Tio Moa experimentar o que tinha no prato. Então a D. Cândida pegou a salada do prato do Tio Moa, colocou no liquidificador com meio copo dágua e bateu tudo até transformar a salada em suco. E o Tio Moa só teve permissão para se levantar depois de ter tomado aquele copão de salada suco. Isso durou um tempão. Todos os dias a D. Cândida...

_Mas pai, isso não adiantou, o Tio Moa não come salada até hoje!

_Mas vocês são diferentes, talvez valha a pena experimentar...

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