segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Tranqueira

Uma das resoluções de fim-de-ano que pretendo cumprir à risca em 2014 é a de não juntar nenhuma tranqueira e me livrar de todas as tranqueiras já juntadas. Pretendo começar por essa moldura de árvore de Natal, que acaba de se queimar. É uma pequena armação de metal por onde corre um fio de lâmpadas led, dentro de uma mangueira transparente, levemente esverdeada. A armação imita a silhueta de um pinheirinho geométrico, com uma estrela na ponta. Armada, media uns oitenta centímetros e ficava parecendo uma árvore de luz neon, tridimensional. Estava conosco há anos, mas ainda me lembro quando minha mulher a trouxe para casa. As crianças eram bebês e estávamos preocupados com a possibilidade de alguma alergia a pó, que mais tarde acabou se confirmando. A preocupação não era exagerada. A árvore de plástico verde já havia entrado em nossas vidas, ensacada e escondida em algum lugar escuro e poeirento do armário na garagem do velho apê. Usávamos pouco porque tínhamos medo das crianças mexerem nas lâmpadas e se machucarem. E usar pouco é uma característica marcante de qualquer tranqueira.

A tendência anti-tranqueira vem sendo reforçada aqui em casa. Neste ano a tranqueiragem diminuiu e foi bem mais fácil arrumar os armários do escritório, por exemplo. Não é uma inteira novidade, todos os anos esvaziamos os armários, não é mesmo? A diferença é que não voltamos a encher tudo com aquelas coisas que um dia terão conserto ou guardam uma gostos lembrança. Não, senhor. Paramos com aquela história de ganhar espaço para perdê-lo cinco minutos depois. Para isso foi fundamental romper o ciclo da tranqueiragem e jogar coisas no lixo. Não é um processo fácil. Quero dizer, algumas pessoas tiram isso de letra, mas não eu. Eu me apego a tranqueiras. Não é que eu seja um acumulador inveterado. Eu sei que a minha coleção de garrafas de Gatorade, de tampinhas de cerveja e de chumbo de balanceamento de rodas podem causar uma impressão adversa, mas a verdade é que essas são coleções respeitáveis, não podem ser confundidas com tralha sem serventia.

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